domingo, 8 de março de 2009

ASSÉDIO SEXUAL E ASSÉDIO MORAL


*Arthur Lobato

A mulher, discriminada no trabalho ao exercer as mesmas funções do homem com salário inferior, pode ainda, sofrer na própria carne um crime que é o assédio sexual. No assédio sexual a mulher se transforma em objeto de desejo do homem, o qual usa da relação de poder, da força bruta, e até mesmo da conivência da empresa para exercer seu papel de “macho”. Cabe a mulher resistir, manter sua honra e dignidade, e denunciar esta prática criminosa.

O assédio moral, muitas vezes, acontece com a funcionária que não ficou passiva ao assédio sexual. Ao negar transformar-se em objeto sexual, a mulher pode sofrer perseguições, além de fofocas e maledicências sobre sua honra. Caso não tenha o apoio do grupo de trabalhadores, vive um inferno pessoal. De vítima de assédio sexual, passa a vítima de assédio moral.

Apesar do assédio sexual, na maioria dos casos, ser vertical – não podemos esquecer que a estrutura de trabalho autoritária e centralizadora é campo fértil para o exercício do autoritarismo -, existe também o assédio horizontal, praticado pelos próprios colegas de trabalho. Citarei um caso verídico: uma profissional competente sofreu assédio sexual por seu superior hierárquico. Ela não se sujeitou e denunciou. Passou então a sofrer assédio moral, com a conivência da empresa. Conseqüência: distúrbios psíquicos e afastamento do trabalho; desenvolvimento de sintomas paranóicos (sente-se culpada, acha que suas roupas e seu corpo provocaram o assédio sexual). Vivenciou a culpa como se fosse dela (mulher/vítima), e não do assediador.

A mulher, ao sofrer o assédio moral, começa a questionar sua subjetividade. Não percebendo ser vítima de assédio, acha que o problema se deve ao fato dela ser “feia”, ou “gorda” ou “velha”. Questões que não tem relação com seu trabalho, mas com o seu corpo e sua subjetividade. Também não podemos esquecer que em todo assédio há um problema com relação à diferença; há intencionalidade de prejudicar; as agressões são sistematizadas; as humilhações são constantes. Por isso, a mulher, seja vítima de assédio sexual ou moral, deve procurar alianças com os colegas de trabalho, não se distanciar do grupo e denunciar ao SINDICATO e à CORREGEDORIA. Somente lutando, ela preservará sua integridade física e mental.

*Arthur Lobato é psicólogo, pesquisador do assédio moral no trabalho e membro da Comissões de COMBATE AO ASSÉDIO MORAL DO SINJUS, SERJUSMIG e SITRAEMG

Publicado no jornal EXPRESSÃO SINJUS 173, março 2009

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