quarta-feira, 22 de maio de 2013

O sofrimento no trabalho segundo Christophe Dejours

http://www.sinjus.com.br/

Expressão SINJUS - 218 - MARÇO E ABRIL DE 2013

espaço do servidor








O sofrimento no trabalho segundo Christophe Dejours

página 9 
 
*Arthur Lobato



Segundo Dejours, as contradições da relação entre capital e trabalho são os motivos que conduzem ao adoecer do trabalhador e ao sofrimento físico, psíquico e emocional. A dignidade humana, portanto, tem que ser o valor supremo no mundo do trabalho. 


Dejours considera que as estratégias de defesa podem ser conscientes ou inconscientes, mas representam em ambos os casos uma recusa em sofrer, uma elaboração psíquica sobre o que faz sofrer aprofundando a contradição entre a realidade vivenciada pelo trabalhador e a organização do trabalho, já que neste “real do trabalho” a vivência é de fracasso e sofrimento. Isto se manifesta no burn-out, que é o sofrimento de quem se envolve muito com o trabalho, ou na insônia e sonhos com o trabalho. Curiosamente, o especialista afirma que “muitas vezes é preciso fracassar para se ter boas ideias”, ou seja, aprender com o erro, para poder resistir e vencer as dificuldades do trabalho, mas isso nem todos conseguem, daí o adoecer, o sofrimento, o fracasso.

 
“Trabalhar é sofrer resistências” e o trabalhador se engaja nos esforços, em toda sua subjetividade, e nos relacionamentos com os colegas. Portanto, afirma Dejours, “falar ao colega é um modo de nos reapropriarmos de nossa inteligência”, pois somos seres relacionais, o outro constrói minha subjetividade, e tanto no amor como no trabalho a construção da identidade é através do reconhecimento. Entretanto, como evitar sofrimento do trabalhador e ao mesmo tempo manter as regras rígidas da organização do trabalho? 

O trabalhador não é uma máquina, portanto, precisa interpretar as ordens e não apenas obedecer a regras e normas. O perigo é a interpretação individual, que pode causar riscos à segurança. Por isso, deve haver este espaço para falar do trabalho e discutir as contradições entre a teoria e a prática. Só assim se chega a uma arbitragem sobre as deliberações e opiniões dos trabalhadores para adaptar a norma à experiência do trabalhador.

No SINJUS-MG, a comissão de combate ao Assédio Moral e a todo tipo de violência laboral, da qual participo como coordenador, percebe claramente que muitos casos que levam ao adoecer do trabalhador estão no conflito em que o superior hierárquico não aceita o diálogo e usa da hierarquia para práticas autoritárias, negando o saber do trabalhador. E muitas vezes a prática do servidor agiliza o processo produtivo, mas, pela recusa ao diálogo, este servidor é perseguido, pois até hoje a instituição TJMG continua com o autoritarismo como forma de domínio sobre os servidores, não se importando com as consequências para a saúde do trabalhador. 
 

Comissão Paritária de Assédio Moral





A realização de palestras e a produção de uma cartilha
institucional foram algumas das ações estabelecidas na primeira reunião da Comissão Paritária de Assédio Moral do TJMMG, realizada em março. O SINJUS-MG foi representado pelo coordenador-geral do Sindicato, Robert França, que é membro da Comissão. No encontro, foram discutidas medidas preventivas de combate ao assédio moral e criação de comissões de conciliação para buscar soluções aos casos de assédio.
A implantação de um canal interno para recebimento de denúncias e reclamações também está em estudo.
“O Tribunal não quer que o Assédio Moral ocorra, mas ao não deixar isso claro, favorece o seu aparecimento”, explicou o coordenador-geral do SINJUS-MG, defendendo
a importância da Instituição para a coibição da prática.


 Publicado em: http://www.sinjus.com.br/

Nenhum comentário: