sexta-feira, 28 de agosto de 2015

As origens do sofrimento no trabalho


Postado em: 25/08/2015

Arthur Lobato, psicólogo

Marie-France Hirigoyen (pesquisadora francesa, psiquiatra, psicanalista) afirmou que na origem do sofrimento no trabalho está o isolamento das pessoas, o medo, a insegurança, a falta de reconhecimento e respeito, e, a perda do sentido. No entanto, com relação aos efeitos do assédio moral sobre a saúde do trabalhador, o assédio moral não pode ser confundido com a “síndrome de burnout”, quando há um esgotamento emocional, físico e psíquico de pessoas muito envolvidas com o trabalho.
Três elementos são essenciais no assédio moral: o agressor, o alvo (vítima), e o contexto que permite que o assédio aconteça (organização do trabalho). Por isso, só se muda o ambiente de trabalho, se a instituição estiver envolvida na mudança.
Apesar de as agressões serem sutis e direcionadas a uma pessoa, Marie-France Hirigoyen, destacou 4 categorias de análise com relação aos atos hostis de assediar o outro:
  •  atitudes que geram isolamento e recusa de comunicação,
  • atitudes que deterioram as condições de trabalho,
  • atitudes contra a dignidade,
  • violência verbal ou física.
O objetivo do assédio moral é se livrar de alguém. E, o adoecer é causado pela humilhação e degradação da vítima frente a pequenos ataques difíceis de serem identificados. A desumanização da relação com o outro causa perda da motivação e o assédio persiste no tempo, já que as injúrias e humilhações não são esquecidas. Portanto, o assédio moral é um atentado à dignidade e autoestima das pessoas, sendo que, a vítima continua buscando respostas. – Por que estão fazendo isso comigo? – O que esta acontecendo? Já que existe uma recusa da comunicação e ambivalência no discurso do assediador.
Quando há diálogo, há explicações, e isto, ajuda a superar o problema, mas quando a vítima não entende o que aconteceu, não sabe o que fazer. É isto o que adoece: a recusa da alteridade do outro. Enquanto a inveja e o ciúme são os motivos do assediador, a culpa e a vergonha são os sintomas do assediado. No assédio moral há uma dominação unilateral, o que constitui o problema não é nomeado, e visa imobilizar a pessoa a fim de eliminá-la.
Quando a violência é “naturalizada” ela é menos visível. Por isso, é essencial inserir a prevenção ao assédio moral nos riscos profissionais, já que na prevenção primária busca-se reduzir riscos e consequências, repensando a organização do trabalho. Na prevenção secundária busca-se a erradicação do problema. E, na prevenção terciária o acompanhamento do indivíduo com sofrimento, pois, é necessário reintroduzi-lo em sua dimensão humana.
ARTHUR LOBATO É PSICÓLOGO/SAÚDE DO TRABALHADOR

Publicado em: http://www.sitraemg.org.br

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