segunda-feira, 6 de junho de 2016

Teletrabalho gera dúvidas entre servidores. Faltam respostas do TJ.

Psicólogo Arthur Lobato coordenando a roda de conversa sobre teletrabalho


Quem não gostaria de trabalhar em casa, sem ter que enfrentar o trânsito, a violência urbana, além de passar mais tempo com a família? Por este ponto de vista, o "home office" parece tentador. Mas é preciso pensar um pouco mais sobre este tema e amadurecer esta ideia. E foi isso que fizeram os servidores, no Núcleo de Saúde do Sindicato, na edição deste mês da Roda de Conversa, que ocorreu no dia 2/6.

A ideia de se debater este tema surgiu desde o momento em que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) iniciou, em abril, o projeto-piloto do teletrabalho com servidores da Justiça Comum de 1ª Instância, dos Juizados Especiais da comarca de Belo Horizonte e da Segunda Instância. O propósito do encontro foi de debater os prós e os contras sobre este modelo de trabalho, bem como levantar eventuais problemas que podem ocorrer com a implementação do teletrabalho e encaminhar este levantamento à Administração do TJ.

A principal questão levantada durante a Roda de Conversa foi a mudança de paradigma do trabalho - trazida por este modelo que o TJMG está testando - em que os servidores não desempenhariam mais suas atividades por jornada, mas pelo trabalho de produtividade e metas. A comodidade de se trabalhar em casa, que atrai muitas pessoas no primeiro momento, também foi colocada em debate.





A coordenadora-geral em exercício do Sindicato, Viviane Callazans, defendeu que este modelo tem que ser benéfico para todos. Tanto para o Tribunal de Justiça, quanto para o servidor (de modo que a qualidade de vida do mesmo não fique abalada) e também para a sociedade, de modo que a prestação jurisdicional não fique comprometida.

IMPACTOS

Todos os presentes da Roda de Conversa falaram que trabalhar em casa parece ser bom por gerar comodidades e sensação de autonomia, em contrapartida, esse modelo tem potencial de gerar isolamento social, visto que um dos aspectos do trabalho é a sua sociabilização permanente. Essa questão pode enfraquecer a identidade do servidor como ser inserido em um grupo, assim como as mobilizações para reivindicações trabalhistas e sindicais. "Não podemos deixar de pensar no trabalho como gerador de produtividade, num sentido coletivo e um meio de socialização", defendeu o diretor de Assuntos Sociais, Culturais e de Saúde, Jonas Araújo.


DÚVIDAS

Os servidores demonstraram preocupação com a vida privada e particular, uma vez que o trabalho estaria dentro de casa. 
Como seria a relação do servidor com seu superior? 
Como se dará a comunicação entre os dois? 
Seria via telefone ou bate-papo virtual? 
Como seria medida a produtividade? 
São mais perguntas que precisam ser esclarecidas pelo TJMG.

"A vigilância será subjetiva. Os servidores irão introjetar as cobranças", falou o psicólogo, especialista em saúde do trabalhador, Arthur Lobato, que integra a Comissão de Combate ao Assédio Moral do SINJUS-MG e SERJUSMIG, sobre o risco que este modelo pode gerar na vida do servidor, sendo que a pessoa corre o risco de não distinguir mais a casa do local de trabalho e assim, não conseguir descansar e aproveitar os momentos íntimos com a família e amigos.


 



CRITÉRIOS

O teletrabalho é por produção. De acordo com o Tribunal, o servidor tem que produzir 20% a mais do que quem trabalhar por jornada nas unidades do TJMG. 

Como ficaria essa questão caso o sistema falhasse? 
Qual seria o critério para a escolha de servidores entrarem no teletrabalho? 
Quem seria responsável pelos equipamentos e insumos básicos? 
Como seria o desligamento do servidor do teletrabalho e a volta do mesmo ao trabalho de jornada, caso não goste do novo modelo?

Nesse sentido, os participantes da Roda de Conversa sugeriram que o Tribunal propiciasse um tempo de experiência ao servidor, de modo que ele pudesse avaliar a viabilidade do teletrabalho.

SEGURANÇA

Caso haja a institucionalização do teletrabalho, os servidores defenderam que o TJMG precisa dar suporte material, como por exemplo, fornecimento de internet e computador."Não seria justo eu pagar a conta de luz, internet e usar o meu computador, correndo risco de ocorrer algum problema nele, sem que o Tribunal não tenha parte nisso", questionou um servidor.

TERCEIRIZAÇÃO

O servidores falaram que o suporte técnico da área de informática para o teletrabalho tem que ser feito por servidores efetivos, que detém o conhecimento sobre a rotina de trabalho e sobre o Judiciário. Os participantes da Roda de Conversa mostraram preocupação também se, no futuro, os teletrabalhadores seriam transformados em terceirizados.

PRÓXIMOS PASSOS

Ficou estabelecido que na próxima Roda de Conversa, a ser realizada na primeira quinta-feira do mês de julho, dia 7, serão desenvolvidas propostas para serem encaminhadas ao Tribunal. Durante este período, o Núcleo de Saúde entrará em contato com os demais sindicatos do Judiciário para analisar como está ocorrendo a implementação do teletrabalho no Judiciário. Além disso, farão contato com os colegas do TJ que participam do projeto-piloto e estudarão a cartilha de teletrabalho que o TJMG distribuiu para os servidores que integram o projeto.

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Publicado em: http://www.sinjus.com.br


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