quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Humanização no Trabalho

*por Arthur Lobato


Um dos objetivos do trabalho é inserir o ser humano no processo produtivo. Por trabalho saudável entendo aquele feito com prazer, onde há um bom relacionamento interpessoal, e condições materiais de se executar a tarefa. O trabalho é saudável quando há diálogo, escuta e respeito às opiniões de quem trabalha junto.


Como o modelo de trabalho no mundo atual visa o lucro e a produtividade através de metas absurdas, e este modelo está sendo implementado no serviço público, lutamos dentro do projeto saúde do trabalhador, por um modelo de gestão humanizado e não este modelo de gestão que trata os seres humanos como se fossem máquinas, um processo de desumanização do trabalhador reduzido a uma simples cifra, uma peça na engrenagem produtiva.

Quando propomos a humanização do trabalho, queremos entender o ser humano não só enquanto força produtiva, mas naquilo que nos diferencia dos animais: somos seres racionais. E, por racional entendo a relação entre a percepção, sentimentos, inteligência, e nossa capacidade de refletir sobre si próprio e sobre o mundo, afinal, tenho consciência que existo, tenho consciência do tempo que passa, do espaço que se modifica com o tempo, sabemos de nossa finitude e nossa necessidade de sobrevivência só pode ser conseguida através do trabalho que é composto de vários processos de relações, entre humanos e humanos, humanos e máquinas, força de trabalho e capital, entre tantos fatores.

Humanização do trabalho é uma luta do Sinjus e de todos nós trabalhadores para que instituições e empresas entendam que cada ser humano é diferente e que não somos máquinas de produção, mas seres humanos racionais e emocionais, temos consciência, razão e afetos.

Um exemplo claro da falta de humanidade no trabalho é caracterizado pela volta dos adoecidos ao local do trabalho. Suas queixas na clínica do trabalho se referem aos próprios colegas e percebemos que a solidariedade foi substituída pela individualidade, pela competitividade, o outro ausente deixa de ser humano, mas um estorvo, pois “diminuiu a produtividade do grupo”.

Somos enquanto seres humanos este amálgama de razão e emoção, antagônicos que devem ser governados pela consciência, domando e direcionado a força da razão e da emoção, os alazões que conduzem a biga/corpo, metáfora já descrita por Platão, o filósofo grego em seus diálogos, com a consciência sendo o cocheiro e a biga, o corpo. Razão e emoção os cavalos (potências) que levam a biga na direção e velocidade pretendida.


Se somos seres racionais, temos a linguagem para nos comunicar e transmitir experiências em busca de uma evolução humana e científica, e para isso precisamos de humanizar o trabalho, via diálogo, missão de todos nós.


*Arthur Lobato é psicólogo/saúde do trabalhador


Publicado em: http://www.sinjus.com.br


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