*Arthur
Lobato
O
psicanalista francês Jacques Lacan afirmava que, na mente humana
circulam três registros psíquicos: o real, o simbólico e o
imaginário. No aspecto imaginário, temos a construção de nossa
autoimagem, sempre referendada pelo outro. Assim, pensamos sobre o
que somos e o que os outros pensam de nós.
Mas
só nos conflitos temos acesso ao que os outros realmente pensam de
nós – quando o desabafo revela o que estava oculto nas
brincadeiras, sempre com uma verdade transmitida de forma
ambivalente, com duplo sentido, nos atos falhos e lapsos de linguagem
(que são manifestações do inconsciente no discurso racional),
revelando algo que estava oculto.
A
autoestima e o outro
Ter
autoestima quer dizer gostar de si próprio. Mas, para isso,
precisamos dos sinais positivos do outro, para que nossa autoestima
fique em alta. Sabemos o quanto um elogio, ou reconhecimento de nosso
valor, faz bem; e como é difícil aceitar a crítica, o erro. Assim,
nossa autoestima varia “economicamente”, podendo estar em alta ou
em baixa, como ações na Bolsa de Valores.
A
autoestima tem, na família e no meio social, fatores preponderantes
que vão marcar o sujeito pelo resto da vida. A genética também é
importante, mas insistimos no “outro” como formador e
“combustível” de nossa autoestima.
Trabalho
e auto estima
Hoje
em dia, o trabalho ocupa a maior parte do nosso tempo e é onde nos
relacionamos com os outros. A autoestima é um valor subjetivo, mas
está provado que pessoas que suportam melhor os desafios e sabem
lidar de forma positiva com conflitos e problemas têm mais
autoestima.
Por
outro lado, quem está com a autoestima em baixa tem tendência a não
suportar conflitos, mesmo sendo muito competente e eficaz.
Racionalmente, são indivíduos capacitados; mas, emocionalmente, são
vulneráveis. Assim, muitas vezes, brincadeiras de mau gosto,
zombarias, piadas sobre o corpo, o gênero e a idade têm
consequencias danosas sobre pessoas com baixa autoestima.
Afinal,
as constantes humilhações, as injustiças, a perseguição e a
discriminação causam marcas profundas no psiquismo. Dor que não
tem fim, como as crises de choro (sintoma, dessa dor emocional), e a
eterna dúvida: o que esta acontecendo? O que fiz de errado? Por que
estou sendo discriminado e isolado?
Atacada
e acuada, sem o referencial do outro, com a autoestima em baixa, a
vítima não percebe que está sofrendo uma das formas mais torpes de
se destruir um ser humano: o assédio moral. Prática
que devemos combater, como um compromisso ético em prol da saúde
mental e emocional de todos os trabalhadores.
Segundo
a doutora Margarida Barreto, Esther Freitas e o professor doutor
Roberto Heloani o conceito de assédio moral é:
Uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que ocorre no ambiente de trabalho, e que visa diminuir, vexar, constranger, desqualificar e demolir psiquicamente um indivíduo ou um grupo, degradando as condições de trabalho, atingindo sua dignidade e colocando em risco sua integridade pessoal e profissional.
Procure
um psicólogo se você estiver com os sintomas descritos neste
artigo, ou vivenciando conflitos, ou assédio moral no trabalho.
*Arthur
Lobato, psicólogo cadastrado para atendimento on line pelo Conselho
Federal de Psicologia
Artigo
foi publicado no
site:
Nenhum comentário:
Postar um comentário