Por Arthur Lobato, psicólogo, responsável técnico pelo Departamento de
Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG.
De repente tudo mudou!
O trabalho agora é em casa para quem tem
esta possibilidade, como os servidores, servidoras, magistrados e
magistradas do Judiciário Federal. No entanto, a questão do comodato,
cessão pela instituição aos trabalhadores dos meios e equipamentos
necessários para realização do trabalho pode não estar ocorrendo. É o
trabalhador que está adaptando sua casa e seu equipamento para o
teletrabalho. Deve transformar uma parte de sua casa em um setor virtual
da Instituição. Os custos com eletricidade, internet, mesa, cadeira
ergonômica, estão entre pontos a serem debatidos pelos Sindicatos e
federação, com os setores responsáveis por estes assuntos no judiciário
federal, seja no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ou nos Tribunais
Federais de cada estado. O CNJ já prorrogou o teletrabalho. Temos,
agora, que reivindicar os nossos direitos no home office, pois analistas
dizem que o teletrabalho será irreversível.
Outro tema importante é a questão do
acidente de trabalho e a necessidade imperativa de critérios humanos,
nas relações de trabalho, no relacionamento entre chefia e subordinados e
entre colegas.
Vamos dizer não ao assédio moral. Queremos respeito, pois urbanidade é dever do servidor.
Necessitamos ter mais empatia (se colocar
no lugar do outro), tentar entender seu problema, e não só criticar. A
saúde tem que ser nossa meta e a vida é mais importante que a economia.
Para sermos produtivos no trabalho, temos que ter um mínimo de
equilíbrio emocional, disciplina e rotina, e tudo isso é uma construção,
a rotina surge no dia a dia e se adaptar a novas rotinas é um processo
lento.
O primeiro período de confinamento e
teletrabalho, este que estamos vivendo há 3 semanas apenas, é o tempo de
adaptação, de compreensão e não de imposição de vontades. Por isso, é essencial a flexibilização da política de metas de produtividade,
principalmente quando o servidor ou familiar for acometido pelo
Covid-19. Mesmo que seja só suspeita, a família pode passar de
isolamento social para quarentena, o que agrava o estado emocional dos
envolvidos. Ele não terá como trabalhar, portanto, além deste exemplo,
em outras situações os critérios de produtividade devem ser
flexibilizados e analisados caso a caso.
Não podemos esquecer que as mulheres são
maioria nos tribunais, e todos sabemos que, histórica e culturalmente, a
nossa sociedade ainda é patriarcal, machista, autoritária,
conservadora, com a violência doméstica contra a mulher aumentando no
confinamento. A mulher além de oprimida,trabalhava fora de casa, ia e
voltava do trabalho, agora fica em casa, em confinamento social.
Geralmente no lar a mulher tem diversos afazeres, como cuidar dos
idosos, a educação das crianças, com os pais muitas vezes assumindo
também o lugar de professor. Assim, temos que conseguir tempo para
ajudar no ensino dos filhos, de matérias há muito tempo esquecidas em
nossa mente, ter que assistir vídeo aula pela internet, entre outras
atividades que o confinamento social impõe. Não estou nem falando das
atividades caseiras: limpeza, refeição, lavar, passar, etc.
Mas como fazer isso tudo e ainda manter índices de produtividade no trabalho?
Como lidar com crianças, cheias de energia
ou filhos “aborrecentes” fixados em suas telas de smartphone, com seus
fones de ouvido que impedem qualquer comunicação?
Não é fácil conviver com filhos, filhas,
maridos, que se recusam a executar qualquer atividade caseira, criando
tensão e discussões em casa. Quem é pai ou mãe, sabe o estresse que é o
convívio familiar. São múltiplas tarefas em casa e ter que bater metas
no trabalho, sem adaptação, sem margem para erro, sem respeito aos
limites de cada um. O resultado de uma política de metas e produtividade
que não leva em conta as transformações físicas, psíquicas e emocionais
causadas pela pandemia, pelo isolamento social, pelo alto risco de
contaminação, a angústia gerada pelas informações contraditórias, fake
news, posicionamentos antagônicos entre o governo federal, municipal e
estadual. Toda esta configuração pode gerar para o trabalhador pânico,
depressão, ansiedade, exaustão e o adoecimento pela síndrome de burn
out, ou seja, esgotamento profissional por excesso de trabalho aliado a
múltiplos fatores descritos neste texto.
Pela flexibilização da política de metas e produtividade.
Pelos direitos do teletrabalhador.
Equipamento de Proteção Individual (EPI) para quem está em atendimento externo.
A justiça não pode parar, mas a sua vida, a sua saúde mental e emocional tem que ser preservada.
FIQUE EM CASA.
CONTE COM O APOIO DO SITRAEMG.
CONTE COM O APOIO DO SITRAEMG.
Arthur Lobato
Psicólogo/Saúde do trabalhador
Psicólogo/Saúde do trabalhador
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