sexta-feira, 28 de junho de 2019

O vírus, a vontade e o sofrimento mental



Por Arthur Lobato, psicólogo, responsável técnico pelo Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral.

Recentemente fui acometido de um vírus que me deixou gripado, com tosse, faringite, me deixando impossibilitado para o trabalho: todos conhecemos estes sintomas, são as gripes ou resfriados. 

Neste estado doentio, o corpo pede descanso, repouso. O cérebro não consegue exercer suas atividades cognitivas. É impossível escrever um texto no computador, abrir e-mail, ler um livro e ver um filme, só dá sono. Como diriam os antigos, só há um remédio: vitamina C e cama, e esperar a luta dos anticorpos contra o vírus com ajuda de medicação. Entretanto, a mente teima em tentar trabalhar, pois, de tão condicionados ao trabalho parece que não é permitido ficar doente, mas o corpo se recusa, dizendo estou doente, não adianta a mente querer fazer algo, pois a vontade, que é um ato mental, é insuficiente para comandar o corpo doentio. O processo mental envolve uma enorme demanda de fluxo sanguíneo para o cérebro, e para isso o corpo tem de estar descansado e bem alimentado – é por isso que nas gripes e resfriados ficamos impossibilitados de trabalhar. O organismo não está apto para fornecer energia ao cérebro, pois encontra-se em luta para vencer a doença. 

Concluímos portanto, que a vontade de se curar pouco influi na evolução da doença. A vontade só vai permitir que, para me curar, tenho que tomar medicamentos e repousar. Estes são os únicos atos da vontade na luta contra o vírus. 

Falei deste caso que todos conhecemos por tê-lo vivenciado, afinal, quem não ficou resfriado, achando que dava conta de trabalhar, mas foi impedido pelo corpo fatigado, pela coriza que não para de escorrer pelas narinas, pela tosse seca ou com catarro e espirros. Até mesmo o semblante de quem está gripado é alterado e os colegas mesmo dizem: você não está bem, vá a um médico. Muitas vezes, só com a confirmação do olhar do outro, com a autorização do chefe, reconhecemos que não temos condições de trabalhar. 

Este olhar do outro, que evidencia em nós a doença, é importante para que a mente assuma que estamos doentes e temos que descansar. Muitas vezes, vamos gripados ou adoecidos ao trabalho, espirrando, tossindo, assoando o nariz para que os outros vejam nossa doença e não achem que é fingimento, de tão obcecados e necessitados que estamos diante deste significante que é a essência de nossa vida, o trabalho. Mas, no caso do sofrimento mental, não há sintomas visíveis como no caso de gripes e resfriados. 

Talvez um semblante mais triste, olhos inchados de tanto chorar, uma face que revela o cansaço de uma noite sem dormir, mas o sofrimento mental é algo totalmente subjetivo. Só pode ser revelado pelo discurso de quem sofre, e quem sofre não quer revelar seu sofrimento, com medo de parecer fraco, fingido, pois racionalmente pode ser uma pessoa jovem, bonita, com emprego, boa família e situação financeira estável – ou seja, pela lógica não teria motivos para estar deprimida. 

O maior sofrimento de uma pessoa deprimida se deve ao fato de sua impotência de sair da depressão. Mais uma vez a vontade é um argumento dos que não sabem o que é uma depressão, como se vontade fosse uma força mágica que curaria a depressão. Já vimos que, no caso das gripes e resfriados, a vontade não tem nenhuma influência na cura, mas nos casos de depressão, exige-se que a pessoa tenha vontade de sair deste quadro depressivo quando ela é a doença em que a ausência de vontade é um dos fatores que a caracterizam como tal. 

Assim, o deprimido, ou aqueles que estão em sofrimento mental, sofrem duplamente: primeiro, com a doença que o incapacita para o trabalho e para a vida; depois, com o olhar de desaprovação dos colegas de trabalho, amigos e companheiros ou companheiras amorosos. Como se, num passe de mágica, a vontade pudesse superar a depressão. Isto é o que dói mais, a não aceitação de dor vivida, pelo outro. 

Voltando ao caso da gripe, sabemos que existe um vírus, que é a causa do resfriado, há remédios, vacinas que vão atacar a causa (vírus) para conter o efeito (doença). Mas, e no caso de sofrimento mental, onde está a origem do sofrimento? No cérebro? No coração – como se achava antigamente, mas que com os transplantes provou-se que todo processo de sofrimento mental e emocional está no cérebro, pois se o amor estivesse localizado no coração, quando se fizesse um transplante este órgão recebido manteria os amores do doador, o que de fato não acontece? 

Então voltamos ao grande conflito da medicina: onde se localiza, no cérebro, o sofrimento mental? Uma incógnita, pois o cérebro seria como o hardware de um computador, mas o que nos faz relacionar com o mundo e conosco são os chamados processos mentais, sendo a mente os softwares que serão usados pelo cérebro. Temos vários “aplicativos” mentais: emoções, cognição, volição, memória, entendimento, raciocínio, os quais atuam de forma interativa, se compararmos o modelo cérebro/mente com o computador. Mas, diferentemente das máquinas, que até podem raciocinar como no caso da Inteligência Artificial, temos algo que só os humanos têm — a emoção—, e a emoção é sempre mais forte que a razão. Somos governados por nossas emoções. E o que podemos falar da paixão senão como uma emoção que suplanta qualquer lógica ou raciocínio? Assim como a emoção é mais forte que a razão, a vontade é limitada nos casos de sofrimento e adoecimento mental. 

Sempre me lembro de uma paciente jovem, bonita, que foi aposentada por invalidez por um quadro de depressão crônica, a qual, nas sessões de atendimento psicológico, me relatava que o que mais doía era o fato das pessoas não acreditarem em seu sofrimento, e dizerem frases como “falta vontade”, “você é tão nova”, “falta deus em sua vida”. Ou seja: é como se ela estivesse fingindo ou não tivesse vontade de sair do quadro depressivo. 

Termino com uma frase que ela me falou e me autorizou a compartilhar. Ela me disse que poderia usar em meus textos e palestras para ver se as pessoas entenderiam melhor o que é o sofrimento mental e emocional: —“queria ter sido atropelada em vez de estar deprimida, pois se fosse atropelada, estivesse no hospital com as costelas e pernas quebradas, enfaixada com ferimento no rosto e no corpo, as pessoas veriam o meu sofrimento; mas no caso da depressão, que é um sofrimento, que não deixa marcas no corpo, parece que as pessoas não veem o deprimido como alguém que sofre mais que o atropelado”. 

Por isso, penso ser necessário ter muito carinho e apoio para quem retorna ao trabalho depois de um quadro depressivo, pois a pessoa está se reequilibrando no mundo de novo, e o apoio dos amigos e colegas de trabalho é essencial para ajudar o portador de sofrimento mental a enfrentar e superar sua dor. 

O DSTCAM do SITRAEMG está à disposição de todos os servidores e servidoras que estejam passando por sofrimento e transtornos psíquicos emocionais. Conte conosco no SITRAEMG. 

Arthur Lobato

Psicólogo/saúde do trabalhador

Publicado em: http://www.sitraemg.org.br

quarta-feira, 26 de junho de 2019

SITRAEMG convida para o Encontro Regional em Juiz de Fora


O Encontro Regional em Juiz de Fora será realizado no dia 29 de junho (sábado), a partir das 9 horas, no Ritz Hotel (Av. Barão do Rio Branco, 2000, Centro). O evento será aberto aos filiados do SITRAEMG lotados em órgãos do Judiciário Federal da região da Zona da Mata. As inscrições deverão ser feitas através do e-mail margareth@sitraemg.org.br, preferencialmente, até o dia 26/06 (quarta-feira), informando o nome completo, cidade e órgão em que é lotado e o número do telefone.
Para os filiados que residem fora da cidade-sede, o Sindicato arcará com as despesas de transporte, mediante reembolso posterior dos recibos dos tickets de ônibus ou NF de abastecimento, sendo 1 litro para cada 8 km rodados, e hospedagem em apartamento duplo com outro filiado – imprescindível confirmação prévia (pelo mesmo e-mail de inscrição) e cancelamento, no caso de desistência, no mínimo de 24h antes do ckeck-in.
Os participantes receberão certificado de comparecimento.
PROGRAMAÇÃO
Encontro Regional do SITRAEMG em Juiz de Fora
9h às 9h15 – Abertura: Diretoria do SITRAEMG.
9h15 às 10h30 – Palestra seguida de debate sobre a “Conjuntura político-econômica: Consequências para os servidores”.
Palestrante: Cacau Pereira – Advogado especialista em Direito Público, Consultor no Instituto Classe de Consultoria e Formação Sindical.
10h30 às 12h – Palestra seguida de debate sobre os “Impactos da Reforma da Previdência para o servidor público”.
Palestrante: Aracéli Rodrigues – sócia-fundadora do escritório Cassel Ruzzarin Santos Rodrigues, especializado na defesa dos servidores públicos. Graduada em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria, RS. Desde 2004 atua na defesa dos servidores públicos, integrando a Assessoria Jurídica de diversas entidades sindicais de servidores públicos.
12h às 13h – Informes: “Ações Parlamentares de interesse dos Servidores”
Palestrante: Alexandre Marques – Bacharel em Direito e pós-graduando em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes. Assessor Parlamentar de várias entidades sindicais do Judiciário.
13h às 14h – Almoço
14h às 14h30 – Informes específicos para os Oficiais de Justiça: apresentação de relatório protocolado no CNJ sobre violência contra Oficiais de Justiça; demandas oriundas de reuniões com o segmento realizadas em Belo Horizonte anteriormente e seus encaminhamentos.
Apresentação: Elimara Cardoso Bernardes Gaia, Oficial de Justiça do TRT e Coordenadora Executiva do SITRAEMG e psicólogo Arthur Lobato – Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG.
14h30 às 15h – Informes específicos sobre as Ações do Jurídico do Sindicato
Apresentação: Daniel Felipe de Oliveira Hilário – Advogado do escritório Cassel Ruzzarin Santos Rodrigues, responsável pelo Setor Jurídico do SITRAEMG. Graduado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Desde o início da carreira, trabalhou na área de Previdência Social. Advogou em Direito Previdenciário e Administrativo, para trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos. Possui cursos nas áreas de Auditoria de Folha de Pagamento de Órgãos Públicos e de Processo Administrativo Disciplinar. Integra a Equipe de Causas Coletivas.
15h às 16h – Palestra seguida de debate sobre “Metas e Produtividade, Assédio Moral e o Adoecimento do Servidor do Judiciário Federal”.
Palestrante: Arthur Lobato – Coordenador técnico do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG e membro do Comitê Gestor de Saúde da 3ª Região. É consultor na área de saúde do trabalhador e combate ao Assédio Moral no Trabalho, nos sindicatos SERJUSMIG e SITRAEMG. Ministrou diversos cursos de Combate ao assédio moral.  Apresentou trabalhos em Congressos Internacionais sobre Assédio Moral no Brasil, Argentina, México e Colômbia. Colaborador na redação do projeto da Lei Complementar 116/2011 – combate ao assédio moral no serviço público do Estado de Minas Gerais. Responsável pelo blog assediomoralesaudenotrabalho.blogspot.com.br.
16h às 16h15 – Intervalo
16h15 às 17h15 – Palestra: “Autorresponsabilidade com inteligência emocional: usando o seu potencial a seu favor.” Visa propiciar ao público, a partir de perguntas, reflexões e experiências pessoais, a mudança de hábitos e comportamentos que permitam o desenvolvimento da autorresponsabilidade, da alta performance profissional e da conquista de sonhos, metas e objetivos que levem ao alto nível de resultados para si mesmo e do seu entorno pessoal e profissional. É um início de uma jornada pelo autoconhecimento e da visualização de novas possibilidades em meio à instabilidade apresentada.
Palestrante: Igor Sixcel – 18 anos de experiência nas áreas de Recursos Humanos e Educação Corporativa. Gerente de Projetos de Grande e Médio Porte na Indústria de Óleo e Gás e Consultor em Gestão Organizacional. Atua como palestrante, professor, mentor, consultor organizacional – Gestão e Processos, bem como Designer e Facilitador nos processos de Aprendizagem Corporativa. Mestre em Engenharia de Transporte pela COPPE/PET com MBA em Gestão de Negócios e Graduado em Administração de Empresas.
17h15 às 18h15 – Reforma do Estatuto do SITRAEMG: objetiva colher sugestões dos presentes que deverão ser encaminhadas ao Grupo de Trabalho responsável pelo estudo e elaboração da minuta do Estatuto que será levado em Assembleia para aprovação oportunamente.
18h15 às 18h30 – Encaminhamentos finais – encerramento
18h30 às 22h30 – Happy Hour (no local do evento). Observação: os participantes do Encontro poderão levar um acompanhante para o happy hour, mediante confirmação prévia até o dia 26/06.

Presidente do TJ visita sala de atendimento de assédio moral em BH



O presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador Nelson Missias de Morais, visitou hoje, 24 de junho, a sala de escuta e mediação de assuntos relacionados ao assédio moral no trabalho. A visita marcou o início do funcionamento do espaço, localizado no terceiro andar do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte.
A presença do presidente dá continuidade às ações que visam ampliar a visibilidade e a capacidade de atuação da Comissão Paritária e Multidisciplinar de Estudos, Prevenção e Recebimento de Reclamações do Assédio Moral do TJMG.
Na oportunidade, foi exibido também o vídeo produzido pela Assessoria de Comunicação Institucional (Ascom) que traz informações sobre o assédio moral, os meios de preveni-lo e a atuação da comissão. O vídeo integra o material de divulgação que será enviado a todas as comarcas do estado.
Para o presidente do TJMG, o início do funcionamento da sala de escuta e mediação é só o começo das ações de combate ao assédio moral
Nelson Missias de Morais destacou a importância, para todos os servidores e magistrados, de ampliar o protagonismo da comissão no sentido de prevenir e, principalmente, conter situações de assédio moral, construindo um ambiente de trabalho harmônico e humanizado. Ele lamentou que situações como essa ainda aconteçam e enfatizou que devem ser combatidas em qualquer instituição, em especial no TJMG, onde precisam ser banidas.
A presidente da comissão, juíza Maria Isabel Fleck, agradeceu a atual gestão do Tribunal, que não tem medido esforços para criar melhores condições de trabalho para os servidores. A instalação de uma sala para escuta e mediação, segundo ela, materializa e intensifica o alcance dos objetivos da comissão.


A desembargadora Áurea Maria Brasil Santos Perez, 2ª vice-presidente do TJMG e superintendente da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), também celebrou a importância da sala para a visibilidade da comissão. Áurea Brasil reforçou a disponibilidade da Ejef como parceira na construção de um ambiente de trabalho saudável, fundamental para o funcionamento profícuo do Judiciário.
O vídeo institucional produzido em parceria pela comissão e Ascom foi apresentado pela servidora Sheila Augusta Ferreira Fernandes Salomé, membro da comissão que representa o Sindicato dos Servidores da Justiça de 1ª Instância do Estado de Minas Gerais (Serjusmig).
Além de servidores e magistrados, prestigiaram a inauguração da sala os demais membros da Comissão Paritária e Multidisciplinar de Estudos, Prevenção e Recebimento de Reclamações do Assédio Moral do TJMG: os juízes Carlos Roberto Loiola, Flávia Birchal de Moura e Riza Aparecida Nery; os servidores Emerson Mendes de Figueiredo, representante do Sindicato dos Oficiais de Justiça Avaliadores do Estado de Minas Gerais (Sindojus); Etna Barbieri Marques, cirurgiã-dentista lotada na Coordenação de Qualidade de Vida no Trabalho (Covit); Fátima Salomé Barreto, assistente social do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), secretária-geral da comissão; Felipe Rodrigues e Rodrigues do Carmo, representante do Sindicato dos Servidores da Justiça de 2ª Instância do Estado de Minas Gerais (Sinjus).
Atuação
De acordo com a juíza Maria Isabel Fleck, quando a comissão recebe uma queixa, a primeira tentativa é pacificar o conflito; mas, quando isso não é possível, busca-se estabelecer pelo menos a convivência profissional. Se a comissão avaliar que a intervenção deve ir além disso, pode-se recomendar a troca de setores ou até mesmo de comarca, tanto do assediador quanto do assediado. Se o caso extrapolar a competência da comissão, é encaminhado à Corregedoria-Geral de Justiça.
Veja aqui a Resolução 748/2013, que disciplina o funcionamento da Comissão Paritária e Multidisciplinar de Estudos, Prevenção e Recebimento de Reclamações do Assédio Moral do TJMG.
Fonte: TJMG


OIT inclui Brasil na lista de países suspeitos de violar direitos trabalhistas

RIO — O Organização Internacional do Trabalho (OIT) incluiu o Brasil na lista de países suspeitos de violar direitos trabalhistas. Representantes de empregadores e trabalhadores que participam da 108ª Conferência Internacional do Trabalho, realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra (Suíça), definiram nesta terça-feira a lista com os 24 países denunciados por violação das normas internacionais do trabalho que serão analisadas pela Comissão de Aplicação de Normas da OIT. Além do Brasil, integram a lista Turquia, Etiópia, Iraque, Líbia, Myanmar, Nicarágua, Tajiquistão, Uruguai, Iêmen, Zimbábue, Argélia, Bielorrúsia, Bolívia, Cabo Verde, Egito, El Salvador, Fiji, Honduras, Índia, Cazaquistão, Laos, Filipinas e Sérvia. O Brasil terá que apresentar explicações ainda durante a conferência.
— O Brasil ficou de responder sobre o impacto da reforma trabalhista, como a geração de emprego. Não houve geração de emprego, e o governo editou medida provisório que impediu o desconto das contribuições sindicais na folha de pagamento quando esse desconto foi decidido em assembleia. As centrais sindicais trabalharam na OIT para que o governo brasileiro fosse novamente chamado a dar explicações — afirmou Milton Neco, secretário internacional da Força Sindical. 
Segundo Neco,  o assassinato e perseguição a  dirigentes sindicais também levaram à inclusão do Brasil na 14ª posição.  
O secretário de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, o relator da reforma trabalhista no Congresso em 2017, usou uma rede social para rebater a decisão da OIT.  “A decisão de incluir o Brasil na lista curta da OIT não tem fundamento legal e nem técnico. Não foi apresentada prova de redução de direitos ou violação à Convenção 98. Está clara a politização do processo de escolha. É lamentável alguns sindicatos trabalharem contra o Brasil.”
Uma das entidades de empregadores presentes na Conferência Internacional do Trabalho, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota reafirmando que as novas regras trabalhistas brasileiras não violam tratados internacionais. "Há um ano, a OIT analisou nossa legislação sob as mesmas premissas e não apontou qualquer violação da Convenção 98. Não há embasamento técnico, jurídico ou caso concreto que justifiquem que o Brasil seja objeto de novo exame”, afirma, na nota, o presidente do Conselho de Relações do Trabalho da CNI e vice-presidente para a América Latina da Organização Internacional dos Empregadores (OIE), Alexandre Furlan.
Este é o segundo ano consecutivo que o Brasil figura na lista devido à denúncia apresentada por entidades sindicais brasileiras que sustentam que as mudanças nas leis trabalhistas que entraram em vigor em novembro de 2017 contrariam a Convenção nº 98 da OIT, da qual o Brasil é signatário. 
Aprovada pela OIT em 1949 e ratificada pelo Brasil em 1952, durante o governo de Getúlio Vargas, a Convenção 98 estabelece regras de proteção aos direitos de trabalhadores, como a filiação sindical e a participação em negociações coletivas.
A segunda inclusão do Brasil
No ano passado, já com as novas regras em vigor, o Brasil foi incluído entre os 24 países suspeitos de violar as normas internacionais. No entanto, ao fim da 107ª Conferência Internacional do Trabalho, a OIT decidiu pedir ao governo brasileiro mais explicações sobre os possíveis impactos da reforma trabalhista. A organização também determinou que o país discutisse o tema internamente, promovendo reuniões com representantes do governo, dos empregadores e dos trabalhadores. 
Secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Antônio de Lisboa Amâncio Vale está em Genebra, participando da Conferência Internacional do Trabalho. Para ele, a inclusão da denúncia contra o Brasil na lista é uma vitória para a classe trabalhadora do país, dando a chance de as entidades sindicais provarem que a Reforma Trabalhista contraria normas internacionais. “De antemão, queremos dizer que a inclusão do Brasil pelo segundo ano consecutivo é a prova de que a Reforma Trabalhista aprovada com o argumento de que geraria empregos e fortaleceria a negociação coletiva resultou no contrário”, pontuou Lisboa. 
Em nota, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho afirma que a decisão de incluir o Brasil na lista  é injustificada e necessita de fundamentação legal ou técnica. No texto, a secretaria afirma que "não foi apresentado qualquer caso concreto que mostre redução de direitos ou violação à Convenção 98". Para o governo, há uma politização do processo de escolha dos países.  
A delegação brasileira em Genebra conta com representantes da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia e do Itamaraty; das centrais sindicais e de confederações de empregadores. A comitiva governamental é chefiada pelo secretário de Trabalho, Bruno Dalcolmo. A empresarial é coordenada pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro (CNF), e a dos sindicatos de trabalhadores, pela Força Sindical.
Cássia Almeida, com Agência Brasil / Foto: Marcos de Paula / Agência O Globo
Fonte: O Globo


domingo, 23 de junho de 2019

Conferência da OIT aprova convenção contra assédio no trabalho


Norma entra em vigor 12 meses após ratificação por pelo menos dois Estados-membros da OIT. Febraban se abstém. Sindicalista brasileiro aponta retrocesso no país
São Paulo – No encerramento de sua 108ª Conferência, nesta sexta-feira (21), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprovou uma convenção contra a violência e o assédio nos locais de trabalho. É a primeira aprovação desde 2011. Foram 439 votos a favor e sete contra (Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Malásia – dois dos três representantes), República Dominicana e Singapura), com 30 abstenções, incluindo de um representante empresarial brasileiro, o presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal. A nova convenção, que terá o número 190, entrará em vigor 12 meses após ratificação por dois Estados-membros. Também foi aprovada uma recomendação específica.
Segundo a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), o texto abrange violência e assédio “no local de trabalho, em locais de pausa, em instalações sanitárias, em programas de treinamento, em viagens, entre outras atividades sociais de natureza profissional”. “A norma chama a atenção da comunidade internacional para os meios de proteção, prevenção e estancamento das múltiplas violências laborais, com drásticas consequências físicas e psíquicas aos trabalhadores, trazendo um repensar para as organizações empresariais e entidades sindicais em termos de produção e no modo de execução das atividades desempenhadas”, afirma a direta da entidade Luciana Conforti.
A OIT desenvolve gestões nesse sentido pelo menos desde 2015. Mas a pressão aumentou, principalmente, após a #MeToo, campanha surgida a partir de denúncias de dezenas de atrizes contra um diretor de cinema. Pela nova convenção (confira aqui o texto em inglês), a violência e o assédio no trabalho representam violação dos direitos humanos e comprometem a igualdade de oportunidades.
Durante o evento em Genebra, o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, na coordenação da bancada sindical, registrou o atual momento de retrocesso no mundo do trabalho no Brasil, em oposição aos avanços da história recente. “No governo Lula, houve um período, segundo o Dieese, de quase pleno emprego, mais de 90% das negociações coletivas com aumento real de salários, mais de 40 milhões de pessoas saíram da linha de extrema pobreza, valorização do salário mínimo como forma de aquecer nossa economia e distribuição de renda, fortalecimento do diálogo social e da nossa democracia. Lamentavelmente, o Brasil, neste momento, caminha na contramão das recomendações da memória do diretor-geral (o inglês Guy Ryder) e das conclusões da comissão do Futuro do Trabalho e das normas internacionais do trabalho da OIT.”
“As centrais sindicais brasileiras estão unidas na resistência e na luta, junto com os movimentos sociais, para impedir a retirada de direitos e os retrocessos em nosso país. Realizamos com sucesso a greve geral de 14 de junho de 2019, com a adesão de mais de 45 milhões de pessoas”, acrescentou Miguel. “Denunciamos nesta importante Conferência as graves violações às normas internacionais do trabalho por parte do governo e setores empresariais no Brasil.”


Publicado em: https://www.redebrasilatual.com.br


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terça-feira, 18 de junho de 2019

O psicólogo Arthur Lobato fala sobre assédio moral no trabalho

Humilhar, perseguir, prejudicar, desprezar o outro de forma sistemática e repetitiva é assédio moral. Informe-se. 
Confira o vídeo e procure ajuda em seu sindicato.




segunda-feira, 17 de junho de 2019

II CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE COOPERAÇÃO JUDICIÁRIA 17 A 19 DE JUNHO DE 2019 Lisboa / Coimbra Portugal


Acontece nos dias 17, 18 e 19 de Junho, o II Congresso Ibero-Americano de Cooperação Judiciária em Lisboa e Coimbra, Portugal e 3.ª Edição do Fórum de reflexão, partilha e criação de redes colaborativas entre Juízes - PACED - Lisboa e Coimbra, PT- em parceria com a União Iberoamericana de Juízes e o Tribunal da Relação de Coimbra .


No evento o psicólogo Arthur Lobato apresenta artigo de sua autoria, juntamente com o professor da Faculdade de Direito da UFMG, Antônio Gomes Vasconcelos, sobre a importância do NÚCLEO INTERSINDICAL DE CONCILIAÇÃO TRABALHISTA - NINTER, no Programa de Pós-graduação (mestrado/doutorado) da Faculdade de Direito da UFMG, como instrumento mediador das relações laborais, buscando a partir da criação dos conselhos bipartites e tripartites, em que empregadores e empregados representados pelos seus sindicatos, possam dirimir conflitos evitando a judicialização desnecessária e propondo alternativas para elaboração de cláusulas sociais para o acordo ou negociação coletiva. 

Com a reforma trabalhista brasileira implementada por intermédio da lei 13.467/17, onde o negociado prevalecerá sobre o legislado, o NINTER tem um papel importantíssimo para diminuir os conflitos entre o capital e o trabalho. A base é o princípio da boa fé entre as partes. 

A instituição Núcleo Intersindical de Conciliação Trabalhista introduzida na organização do trabalho nacional, pela lei 9.958/2000 (Art. 625-H) pode se tornar instrumento de grande importância na prevenção e na resolução dos conflitos decorrentes das disfuncionalidades e inconstitucionalidades advindas da nova legislação trabalhista, especialmente no que diz respeito à "prevalência do negociado sobre o legislado", por meio das técnicas do diálogo social e da concertação social (interinstitucional) no exercício do denominado "tripartismo de base"/tripartismo local. 


Confira a programação completa:

 II Congresso Ibero-Americano de Cooperação Judiciária em Lisboa e Coimbra - Portugal 



DIA 17 DE JUNHO DE 2019 – SEGUNDA-FEIRA – LISBOA

LOCAL: ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, SALA DO SENADO DO PARLAMENTO DE PORTUGAL, Rua de São Bento, 1249-068, Lisboa, Portugal.

CREDENCIAMENTO

8:30 horas – Credenciamento

SOLENIDADE DE ABERTURA

9:00 horas - Abertura: Sala do Senado do Parlamento de Portugal

ALMOÇO - 12:30 horas - Almoço Oficial

CONFERÊNCIAS

15:00 horas - Conferências na Sala do Parlamento de Portugal

JANTAR - 21:00 horas - Jantar Oficial

Rua de Entrecampos 11, 1000-151 Lisboa, Portugal

DIA 18 DE JUNHO DE 2019 – TERÇA-FEIRA - LISBOA

LOCAL: UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS
Auditório U.O.8 e Auditório U.O.12
Campo Grande 376, 1749-024, Lisboa, Portugal.

CONFERÊNCIAS

9:00 horas - Conferências na Universidade Lusófona

ALMOÇO

12:30 horas - Almoço livre

VISITAS TÉCNICAS

14:30 horas - Visita Técnica ao Supremo Tribunal de Justiça

16:00 horas - Visita Técnica ao Tribunal da Relação de Lisboa

17:00 horas - Porto de Honra no Tribunal da Relação de Lisboa

DIA 19 DE JUNHO DE 2019 – QUARTA-FEIRA - COIMBRA

LOCAL: SALÃO NOBRE DO PALÁCIO DA JUSTIÇA DO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE COIMBRA - Rua Sofia, 3000-182 Coimbra, Portugal

LISBOA/COIMBRA – DIA 19 – QUARTA FEIRA

– 8:30 horas - Deslocamento para Coimbra (ônibus)

ALMOÇO: 12:30 horas -  Palácio da Justiça

CONFERÊNCIAS

SALÃO NOBRE DO PALÁCIO DA JUSTIÇA DO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE COIMBRA - Rua Sofia, 3000-182 Coimbra, Portugal

15:00 horas - Conferências no Salão Nobre do Palácio da Justiça do Tribunal da Relação de Coimbra

17:00 horas - Cerimônia de Encerramento do Congresso

JANTAR OFICIAL DE ENCERRAMENTO ÀS 21:00 HORAS

O jantar Oficial será oferecido pelo PACED, no MUSEU NACIONAL MACHADO DE CASTRO, Largo Dr. José Rodrigues, 3000-236 Coimbra, Portugal. 



3.ª Edição do Fórum de reflexão, partilha e criação de redes colaborativas entre Juízes - PACED - Lisboa e Coimbra, PT- em parceria com a União Iberoamericana de Juízes e o Tribunal da Relação de Coimbra

Programa de dia 19:

TEMÁTICA: Cooperação judiciária internacional em matéria penal

09:30H- 11:15H - Estado de direito e da cooperação judiciária internacional em matéria penal
Questões institucionais e jurídicas (substantivas, processuais e organizativas). Novos desafios
Dinamizadores: 
- Mouraz Lopes e Nuno Coelho (consultores científicos do PACED) e 
- Flávia Viana (juíza e Presidente da UIJLP – Brasil)
Formato do fórum em debate participativo

11:15H - 11:30H - Pausa para café

11:30H- 13:00H - Sessão de discussão e partilha de experiências por parte dos juízes dos PALOP e de Timor-Leste 
Formato do fórum em debate participativo / Elaboração de conclusões

Almoço

Seminário de encerramento do II Congresso Ibero-americano UIJ 
Estado de direito e cooperação judiciária internacional em matéria penal

14:30H - 15:00H - Sessão de abertura do Seminário 

15:00H - 16:15H Painel Único – Estado de direito e cooperação judiciária internacional em matéria penal 
Moderador: Marcello Piragibe (Juiz e Vice-presidente da UIJ – Brasil)

O papel do juiz penal na democracia contemporânea 
- Luís Salas (Juez de Câmara Penal -Tribunal Nacional – Argentina)

Administração da justiça penal, bancos de perfis genéticos e suas implicações jurídico-constitucionais
- Denise Hammershimidt (Juíza 2.º grau Tribunal de Justiça– Brasil)

Meios tecnológicos de prova em processo penal: desafios e direitos fundamentais
- Sérgio Ricardo de Sousa (Juiz e Diretor da ENM - Brasil)
- Eugenio Jiménez Rolón (Magistrado e Presidente de la Corte Suprema – Paraguai)
Debate

16:15H – 16:30H - Pausa para café

16:30H – 16:45H - Leitura das Conclusões / Recomendações do 3.º Fórum de Juízes PALOP-TL 

17:00H - 17.30H - Sessão de encerramento do 3.º Fórum de Juízes e do II.º Congresso UIJ

Para mais informações contacte directamente o Tribunal da Relação de Coimbra ou consulte o programa em anexo.

Hora: 09h30
Local: Tribunal da Relação de Coimbra
Organização: PACED, União Iberoamericana de Juízes e Tribunal da Relação de Coimbra


quinta-feira, 13 de junho de 2019

Projeto Saúde do Trabalhador do SERJUSMIG


O SERJUSMIG foi um dos sindicatos pioneiros no combate ao assédio moral quando, em 2007, criou o Plantão de Atendimento às vítimas de assédio moral, com a participação do psicólogo Arthur Lobato idealizador do projeto, que conta com a presença de um advogado e um sindicalista.
O objetivo é o pronto atendimento de vítimas de assédio moral, evitando assim que se repita o discurso de sofrimento da vítima, que gera mais sofrimento no falar e lembrar. Após a primeira sessão, os profissionais debatem o caso e em uma segunda sessão apresentam à vítima de assédio opções como o apoio psicológico, jurídico e sindical.
O SERJUSMIG criou um grupo de estudo que evoluiu para um grupo de trabalho e, atualmente, desenvolve uma política de combate ao assédio moral através de artigos, palestras, participação em congressos científicos, sempre em prol da saúde do servidor e servidora do Judiciário mineiro de primeira instância.
O SERJUSMIG teve um papel fundamental na aprovação da lei estadual 116/2011, que coíbe o assédio moral na administração pública estadual. Com a regulamentação da lei pelo TJMG, o SERJUSMIG tem participação na comissão paritária de combate ao assédio moral do TJMG.
Em 2016, o SERJUSMIG publicou uma cartilha com análise de 53 casos com indícios de assédio moral, projeto de pesquisa e análise sob responsabilidade do psicólogo Arthur Lobato e da jornalista Taís Ferreira.
A nova forma como se organizou o trabalho no Judiciário a partir da política de metas e produtividade implementada pelo CNJ, ampliou o projeto de combate ao assédio moral, para um núcleo de saúde visando desenvolver análises e críticas a esta política e sua relação com o sofrimento e adoecimento do trabalhador, conforme diversos estudos realizado pelos bancários, que sofrem até hoje com uma política de metas e produtividade a qual leva ao adoecimento e até mesmo ao suicídio, o qual queremos evitar com nosso trabalho no SERJUSMIG.
Tanto o atendimento psicológico quanto o jurídico não tem custos para o servidor sindicalizado.
Convidamos todos aqueles que estão em processo de sofrimento ou adoecimento por causa da política de metas e produtividade a procurarem o SERJUSMIG. Queremos entender quais são as reflexões do trabalhador sobre essa política. Para desenvolvermos uma crítica precisamos do saber do trabalhador. A finalidade é elaborarmos documentos e dossiês a serem levados à direção do TJMG e do CNJ, que desenvolve uma Política de Atenção Integral à saúde do Servidor e do Magistrado (PAISSM).
É fundamental entender melhor a relação da política de metas e produtividade com as condições da vara ou secretaria para executa-la. Por exemplo, se o número de funcionários é suficiente, se a demanda de processos está acima dos limites e demais variáveis, como gestão autoritária, sem diálogo, um campo fértil para o assédio moral.
Afinal, com a constante judicialização da sociedade brasileira, o número de processos é cada vez maior. Com o PJE, o processo pode entrar no sistema do TJMG 7 dias por semana, 24 horas por dia, sendo impossível o andamento processual, no ritmo exigido por chefias e magistrados, que também são cobrados pelo CNJ. Assim, a jornada de trabalho é insuficiente para atender à demanda e muitos servidores acabam ultrapassando sua jornada ou levando trabalho para casa, o que aumenta o desgaste mental e emocional.
O Projeto Saúde do Trabalhador é uma política permanente do SERJUSMIG, sob a coordenação do psicólogo Arthur Lobato, e busca analisar a relação entre como a nova forma de trabalho se organiza e as novas doenças laborais.
Assim, serão escritos artigos, realizaremos palestras, rodas de conversa, refletindo sobre este novo mundo do trabalho; e a sua participação, servidor e servidora, é essencial.
Procure o SERJUSMIG e ajude nossa luta para que o trabalho não seja fonte de sofrimento e adoecimento.
Arthur lobato é psicólogo, especializado no campo da saúde do trabalhador.
Contato: lobato@serjusmig.org.br
Agendamentos: (31) 3025 3500

Psicólogo fala sobre assédio moral no ambiente de trabalho em palestra no TRF1

No encerramento das atividades da II Semana de Saúde Ocupacional, no dia 31 de maio, o TRF 1ª Região realizou a palestra “Estratégias solidárias para enfrentamento do assédio moral”, ministrada pelo psicólogo Antônio Lima e voltada exclusivamente para gestores do Tribunal.
Em sua preleção, Antônio ressaltou a diferença entre conflito e violência. Ele explicou que é natural haver conflitos nas relações interpessoais, já que divergências são inerentes ao ambiente de trabalho, porém, deve-se prestar atenção para perceber quando o conflito deixa de ser democrático e se transforma em problema mal resolvido, gerando violência no ambiente.
Com o intuito de divulgar informações sobre a promoção de um ambiente saudável e ético, o palestrante tratou sobre a relação entre trabalho e identidade pessoal, as manifestações mais comuns de violência e assédio e as consequências dessa violência.
Ele destacou, ainda, estratégias de prevenção e enfrentamento, tais como a abertura de canais de acolhimento de denúncias, a criação de espaços públicos de discussão sobre o trabalho, as realizações de pesquisas sobre incidência de violência e a capacitação de profissionais da saúde e de gestão de pessoas para identificarem possíveis situações de violência.
A diretora do Núcleo de Colocação e Avaliação de Desempenho (Nucav), Maria de Jesus Mendes, participante da palestra, afirma que iniciativas como essa são importantes, pois se baseiam “primordialmente na informação, que é extremamente importante para a saúde dos trabalhadores e também para o sucesso da organização”.
Semana da Saúde Ocupacional – Durante quatro dias de evento, de 28 a 31 de maio, o corpo funcional do TRF1 contou com diversas atividades, como palestras, exames, aulões e massagens.
A segunda edição da Semana da Saúde Ocupacional teve como tema “Mente e Cérebro” e foi uma realização das Seções de Saúde Ocupacional (Sesao), de Promoção de Qualidade de Vida no Trabalho (Sevid) e da Divisão de Saúde Ocupacional (Disao), todas unidades integrantes da Secretaria de Bem-Estar Social (Secbe).
Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Tribunal Regional Federal da 1ª Região

Extinção do servidor público?

Por Francisca Reis, filiada, servidora pública e Doutoranda em Ciências Jurídicas.
Uma das frases de Martin Luther King, que marcou sua luta pelos direitos civis, na América, em prol dos negros, diz: “o que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. Qual a importância dessa frase para o servidor público no Brasil?
Eu digo: muita.
Vejamos: O ingresso do serviço público, antes da Constituição de 1988, em regra, decorria de mera contratação, sem concurso público ou sem qualquer outro procedimento para se aferir a capacidade técnica, intelectual do pretenso ocupante do cargo ou emprego público. Era, portanto, uma porta aberta para a proliferação do nepotismo, do clientelismo e do apadrinhamento, que beneficiava determinado grupo social privilegiado pela conjuntura política.
Uma das conquistas do povo brasileiro, com a redemocratização do país, foi à inclusão dos direitos e garantias fundamentais no texto da Constituição de 1988, que alberga como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, a dignidade da pessoa humana (artigo 1º, Inciso III da CF).
O princípio da dignidade da pessoa humana, adotado como pilar dos Estados Democráticos de Direito do pós-Segunda Guerra Mundial, é, portanto, a bússola para toda ordem jurídica que, recheada de princípios e regras, destina-se a promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e outras formas de discriminação como prescreve artigo 3º, inciso IV da CF.
Entre os princípios magnos consagrados na Constituição de 1988, tem-se o direito de igualdade que está previsto em seu artigo 5º caput, o qual decorre dos ideais revolucionários franceses,  pautados no Iluminismo e consagrada na fórmula, “liberté, egalité e fraternité“, que se espraia sobre todos os ramos do direito, devendo ser observado em todas as relações sociais.
O direito de igualdade se evidencia sob o aspecto formal, ou seja, no sentido de que a lei deve, em regra, tratar todos de forma igual; e no sentido material quanto se confere privilégios para que determinados grupos tenham acesso à inclusão social.
Vale dizer que a igualdade material (igualdade de acesso ao usufruto de direitos) pressupõe “um tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, na medida de suas desigualdades”. Frase de Aristóteles, repetida por Rui Barbosa e que, atualmente, é vista como a fórmula para a realização da justiça substancial necessária para a promoção da dignidade humana em um Estado Democrático de Direito, preocupado com a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, em que o ser humano vale pela simples existência.
Na Administração Pública, o concurso público é a forma ética de promoção da igualdade, pois possibilita a todas as pessoas que preencham os requisitos legais, a oportunidade para ingressar no serviço público, com aferição da capacidade técnica, intelectual e até moral do pretenso servidor público, cuja previsão repousa no artigo 37, inciso II da CF. A própria Carta Magna prevê princípios e regras que consagram outros direitos, bem como deveres a serem observados pelos agentes públicos.
No dia 11 de dezembro de 1990, a lei 8.112 regulamentou a Constituição Federal nesse aspecto e um rol de direitos e deveres foi consagrado aos servidores públicos. Todavia, essa norma vem, ao longo desses anos, sofrendo diversas alterações legislativas, como as consagradas nas  Lei 8.270/ 91,  9.527/97, 9.624/08, 11.784/08, 11.907/09, 12.627/11, 13.172/15, entre outras leis infraconstitucionais, medidas provisórias e Emendas Constitucionais, com destaque para EC 19. Todo esse rol de leis, em regra, suprime direitos dos servidores públicos.
E pergunto: o que estamos fazendo para impedir essa derrocada de direitos? Estamos satisfeitos? Estamos com medo? Por que não nos incomodamos?  Por que estamos calados?
E a resposta a essas perguntas precisa ser objeto de reflexão.
Estamos calados e inertes diante do mal que, gradativamente, vem assolando nossos direitos e como diz Martin Luther King “quem aceita o mal sem protestar, coopera com ele”. Portanto, está na hora de acordarmos, pois nenhum cavalheiro montado em um cavalo branco, com sua armadura de ouro e sua espada reluzente vem nos salvar.
Estamos diante do projeto de Reforma da Previdência (PEC 6/2019), denominada jocosamente de “PEC da morte” por ser extremamente nociva aos trabalhadores, dentre eles, o servidor público, que é o grupo mais prejudicado por essa pretendida nova previdência. Dessa forma, precisamos nos unir e nos levantar para nos defender.
Não podemos ser punidos por um rombo na previdência do qual não temos culpa, isto porque restou demonstrado no relatório final da CPI do Senado que as empresas  privadas devem R$ 450 bilhões à Previdência, que em dados atualizados chega perto de um trilhão, exatamente a quantia que o governo quer retirar dos trabalhadores, em benefícios de sonegadores, que deveriam ser processados, punidos e obrigados a reparação dos danos.
Estamos correndo o risco de trabalhar até morrer, sem poder desfrutar de uma velhice saudável e farta.
Mas, muitos dirão: vamos viver até 120 anos; vamos ganhar o valor equivalente ao teto da previdência e ainda podemos juntar um dinheirinho na previdência privada.
A primeira reflexão que sugiro é: indagar. Será que vou ganhar o teto da previdência mesmo? Será que o valor desse teto vai acompanhar os índices da inflação? Qual a segurança jurídica que se tem? A previdência privada vai complementar satisfatoriamente a minha aposentadoria? Por quanto tempo? E se a previdência privada sucumbir, quem vai pagar os meus proventos?
Os brasileiros, em regra, não pensam no futuro e, por via de consequências, não costumam fazer planejamentos. Está na hora de mudar, pois o futuro está na nossa porta e não se apresenta com ar de boas visitas.
Não se deve acreditar que se algum dia houver mudanças nessas circunstâncias atuais de crise, algum governo vai querer mudar para melhor a vida do servidor público. Uma vez promulgada essa nociva reforma ou nova previdência, jamais haverá uma melhoria.
Com efeito, o cenário tem tendência a ficar pior e o seu emprego também está em jogo. Ora, os dois direitos que hoje nos dão uma certa tranquilidade por sermos servidores  públicos é a estabilidade, que já está ameaçada e a garantia de uma aposentaria integral, que até para os que ingressaram no serviço público, antes de 2003, poderá não mais ser assegurada. A pretensão desse governo é destruir as garantais e direitos dos trabalhadores.
Um dos fenômenos jurídicos da atual conjuntura política, que já se traduz numa ameaça aos servidores públicos estáveis, é a permissão irrestrita da terceirização no serviço público, que aos poucos substituirá os cargos públicos, e como consequência o retorno do nepotismo, do clientelismo e do apadrinhamento, ante a inexistência de exigência do concurso público. É uma forma de burlar a Constituição e atender os desejos retrógrados de um grupo social, que sempre se beneficiou com a politicagem, corrupção e desrespeito à coisa pública.
Na Justiça do Trabalho, os efeitos desse retrocesso social serão bem mais nocivos, pois basta uma simples análise da Reforma Trabalhista, que pode-se perceber que foi idealizada com intuito de esvaziar essa Justiça especial e, com isso, torná-la desnecessária, o que vai justificar sua extinção. A consequência disso será nefasta: a perda de emprego dos servidores públicos vinculados a esse ramo do Poder Judiciário.
Muitos poderão dizer: isso é pessimismo e nunca vai acontecer. Eu digo: já está acontecendo a olhos nus. A política de fim do concurso público defendida pelo governo é bem clara.
Outros dirão: essa reforma não vai me atingir, pois já tenho direito adquirido. E digo: quem garante que direito adquirido é respeitado nesse País, pois segundo a fala de determinado Ministro, a Constituição Federal deve ser interpretada de acordo com os anseios sociais, logo, se a classe dominante quiser, basta usar a imprensa e utilizar a técnica de repetição de mentiras pelos meios de comunicação, que ela conseguirá o desejo social para mudar a interpretação de qualquer norma. A realidade está a demonstrar a manipulação das pessoas, como o ódio disseminado por meios de notícias falsas em redes sociais.
Na verdade, o que temos por certo é a insegurança jurídica e, por isso, devemos nos unir por uma causa comum para assegurar nosso direito a manutenção do emprego e da aposentadoria.
Devemos nos despir de conceitos ideológicos e partidários para buscamos a coesão na luta contra os opressores. Uma democracia forte é aquela em que o povo age e exige de seus representantes o cumprimento das leis e respeito à dignidade da pessoas humana.
Essa nova previdência é uma afronta à dignidade da pessoa humana e simplesmente caminha na contramão dos objetivos da República em construir uma sociedade livre, justa e solidária com a promoção do bem de todos, sem discriminações.
Democracia é luta diária, é persistência, é briga, é revolução, enfim, é o povo nas ruas. Afinal, “é o governo do povo, para o povo e pelo povo” como disse  Abraham Lincoln.
Servidor Público! Vamos à luta!
Francisca Reis 
Filiada, servidora Pública e Doutoranda em Ciências Jurídicas.

O vírus, a vontade e o sofrimento mental


Como essas três forças influenciam na evolução da doença e dos problemas psicológicos? Confira neste artigo.


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  • Recentemente fui acometido de um vírus que me deixou gripado, com tosse, faringite, me deixando impossibilitado para o trabalho: todos conhecemos estes sintomas, são as gripes ou resfriados. Neste estado doentio, o corpo pede descanso, repouso. O cérebro não consegue exercer suas atividades cognitivas. É impossível escrever um texto no computador, abrir e-mail, ler um livro e ver um filme, só dá sono. Como diriam os antigos, só há um remédio: vitamina C e cama, e esperar a luta dos anticorpos contra o vírus com ajuda de medicação. Entretanto, a mente teima em tentar trabalhar, pois, de tão condicionados ao trabalho parece que não é permitido ficar doente, mas o corpo se recusa, dizendo estou doente, não adianta a mente querer fazer algo, pois a vontade, que é um ato mental é insuficiente para comandar o corpo doentio.
    O processo mental envolve uma enorme demanda de fluxo sanguíneo para o cérebro, e para isso o corpo tem de estar descansado e bem alimentado, é por isso que nas gripes e resfriados ficamos impossibilitados de trabalhar. O organismo não está apto para fornecer energia ao cérebro pois encontra-se em luta para vencer a doença.
    Concluímos neste caso, que a vontade de se curar pouco influi na evolução da doença. A vontade só vai permitir que para me curar tenho que tomar medicamentos e repousar, estes são os únicos atos da vontade na luta contra o vírus.
    Falei deste caso que todos conhecemos por tê-lo vivenciado, afinal, quem não ficou resfriado, achando que dava conta de trabalhar, mas foi impedido pelo corpo fatigado, pela coriza que não para de escorrer pelas narinas, pela tosse seca ou com catarro e espirros. Até mesmo o semblante de quem está gripado é alterado e os colegas mesmo dizem: você não está bem, vá a um médico. Muitas vezes, só com a confirmação do olhar do outro, com a autorização do chefe reconhecemos que não temos condições de trabalhar.
    Este olhar do outro que evidencia em nós a doença é importante para que a mente assuma que está doente e tem que descansar. Muitas vezes, vamos gripados ou adoecidos ao trabalho, espirrando tossindo, assoando o nariz para que os outros vejam nossa doença e não achem que é fingimento, de tão obcecados e necessitados que estamos diante deste significante que é a essência de nossa vida, o trabalho. Mas, no caso do sofrimento mental, não há sintomas visíveis como no caso de gripes e resfriados.
    Talvez um semblante mais triste, olhos inchados de tanto chorar, uma face que revela o cansaço de uma noite sem dormir, mas o sofrimento mental é algo totalmente subjetivo. Só pode ser revelado pelo discurso de quem sofre, equem sofre não quer revelar seu sofrimento, com medo de parecer fraco, fingido, pois racionalmente pode ser uma pessoa jovem, bonita, com emprego, boa família e situação financeira estável, ou seja, pela lógica não teria motivos para estar deprimida.
    O maior sofrimento de uma pessoa deprimida se deve ao fato de sua impotência de sair da depressão. Mais uma vez a vontade é um argumento dos que não sabem o que é uma depressão, como se vontade fosse uma força mágica que curaria a depressão. Já vimos que no caso das gripes e resfriados, a vontade, não tem nenhuma influência na cura, mas nos casos de depressão exige-se que a pessoa tenha vontade de sair deste quadro depressivo quando a depressão é a doença em que a ausência de vontade é um dos fatores que caracterizam a doença.
    Assim o deprimido, ou aqueles que estão em sofrimento mental, sofrem duplamente, primeiro com a doença que o incapacita para o trabalho e para a vida. Depois, com o olhar de desaprovação dos colegas de trabalho, amigos e companheiros ou companheiros amorosos. Como se num passe de mágica a vontade pudesse superar a depressão. Isto é o que dói mais, a não aceitação de dor vivida, pelo outro.
    Voltando ao caso da gripe, sabemos que existe um vírus, que é a causa do resfriado, há remédios, vacinas que vão atacar a causa (vírus) para conter o efeito (doença). Mas e no caso de sofrimento mental? Onde está a origem do sofrimento? No cérebro? No coração como se achava antigamente, mas que com os transplantes provou-se que todo processo de sofrimento mental e emocional está no cérebro, pois se o amor estivesse localizado no coração, quando se fizesse um transplante de coração, este coração transplantado manteria os amores do doador, o que de fato não acontece.
    Então voltamos ao grande conflito da medicina, onde se localiza no cérebro o sofrimento mental? Uma incógnita, pois o cérebro seria como o hardware de um computador, mas o que nos faz relacionar com o mundo e conosco são os chamado processo mentais, sendo a mente os softwares que serão usados pelo cérebro. Temos vários “aplicativos” mentais: emoções, cognição, volição, memória, entendimento, raciocínio, os quais atuam de forma interativa, se compararmos o modelo cérebro/mente com o computador.
    Mas diferente das máquinas que até podem raciocinar como no caso da Inteligência Artificial temos algo que só os humanos têm — a emoção—, e a emoção é sempre mais forte que a razão. Somos governados por nossas emoções, e que podemos falar da paixão senão como uma emoção que suplanta qualquer lógica ou raciocínio. Assim como a emoção é mais forte que a razão, a vontade é limitada nos casos de sofrimento e adoecimento mental.
    Sempre me lembro de uma paciente jovem, bonita, que foi aposentada por invalidez por um quadro de depressão crônica, a qual nas sessões de atendimento psicológico me relatava que o que mais doía era o fato das pessoas não acreditarem em seu sofrimento, e dizerem frases como: falta vontade, você é tão nova, falta deus em sua vida, ou seja, como se ela estivesse fingindo ou não tivesse vontade de sair do quadro depressivo.
    Termino com uma frase que ela me falou e me autorizou compartilhar. Ela me disse que poderia usar em meus textos e palestras para ver se as pessoas entenderiam melhor o que é o sofrimento mental e emocional:
    Queria ter sido atropelada em vez de estar deprimida, pois se fosse atropelada, estivesse no hospital com as costelas e pernas quebradas, enfaixada com ferimento no rosto e no corpo as pessoas veriam o meu sofrimento, mas no caso da depressão que é um sofrimento, que não deixa marcas no corpo, parece que as pessoas não veem o deprimido como alguém que sofre mais que o atropelado.
    Por isso penso ser necessário ter muito carinho e apoio para quem retorna ao trabalho depois de um quadro depressivo, pois a pessoa está se reequilibrando no mundo de novo, e o apoio dos amigos e colegas de trabalho é essencial para ajudar o portador de sofrimento mental a enfrentar e superar sua dor.