Transtornos mentais e comportamentais foram motivo de afastamento de 19.903 catarinenses do trabalho em 2023, segundo dados do Ministério da Previdência, com base no número de benefícios concedidos pelo INSS por incapacidade temporária. O total de pessoas afastadas já supera os números dos anos anteriores.

No ano passado, foram concedidos 209.124 benefícios por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença) em todo o país, sendo 15.122 em Santa Catarina. Já em 2021, foram 200.244 no Brasil, e 15.002 no Estado.

Os dados registrados até então não incluem transtornos mentais como Burnout, ansiedade, depressão e tentativa de suicídio, que foram adicionadas à lista de doenças relacionadas ao trabalho, conforme anunciado pelo Ministério da Saúde no dia 29 de novembro.

Uma portaria foi publicada incluindo 165 novas patologias, apontadas como responsáveis por danos à integridade física ou mental do trabalhador. Com as mudanças, o poder público deverá planejar medidas de assistência e vigilância para evitar essas doenças em locais de trabalho, possibilitando ambientes laborais mais seguros e saudáveis.

De acordo com a psicóloga Melissa Nórcio, que atua há 23 anos em psicologia clínica, apesar do aumento de registros de doenças mentais relacionadas ao trabalho, há subnotificação de casos.

— Algumas pessoas podem não estar cientes de que o que estão experimentando poderia ser considerado uma doença mental relacionada ao trabalho. Outros podem sentir medo ou vergonha de admitir que estão cansados mentalmente, devido ao estigma associado às doenças mentais. Falta de tempo e de recursos, e a falta de consciência e compreensão das organizações e empregadores sobre como identificar e lidar com problemas de saúde mental, também são fatores que contribuem para a subnotificação — explica a psicóloga.

Burnout: a nova síndrome do trabalho

A síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um estado de exaustão física, mental e emocional resultante do acúmulo prolongado de estresse no ambiente de trabalho.

A psicóloga Melissa Nórcio conta que já recebeu três casos diagnosticados com Síndrome de Burnout em 2023, mas não consegue mensurar o número de casos atendidos ao longo dos anos, já que, apesar de ser estudada há décadas, somente em 2019 a doença foi oficialmente incluída na Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) pela Organização Mundial da Saúde.

— A principal diferença entre a síndrome de Burnout e o cansaço normal é a duração e intensidade dos sintomas. No caso do Burnout, os sintomas persistem por longos períodos de tempo e interferem significativamente na vida pessoal e profissional da pessoa. Já o cansaço normal é temporário e tende a desaparecer com um descanso adequado. Por isso é muito importante consultar um profissional capacitado para fazer um diagnóstico adequado — destaca a especialista.


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Doenças mentais afastaram 20 mil catarinenses do trabalho em 2023 - NSC Total