quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O ASSÉDIO MORAL NAS ORGANIZAÇÕES



O assédio moral é um processo realizado ao longo do tempo, no espaço do trabalho, mas as conseqüências para a saúde do trabalhador continuam além da jornada de trabalho. É um processo envolvendo o assediador, os atos de assediar e a vítima. Há intencionalidade em prejudicar através de ataques sistematizados e repetidos, o que influi na saúde do trabalhador e na produtividade da instituição.

Muito importante é o posicionamento da instituição, coibindo as práticas de assédio moral, não sendo conivente com o adoecimento do trabalhador, nem tampouco com a banalização, e a deturpação do conceito de assédio moral.

Em todo assédio moral há o problema da discriminação, da não aceitação do outro, do abuso do poder, da negação do sujeito. O assédio moral adoece o trabalhador, e prejudica o ambiente de trabalho, mas nem tudo é assédio moral. As agressões pontuais e a violência moral também são comportamentos que adoecem o trabalhador.

Um dos maiores problemas nas relações de trabalho é a banalização e naturalização de atitudes hostis como gritos, humilhações, perseguições, com justificativas como “sou assim..”, “se não pressionar não funciona”, “isto é conversa de preguiçoso e incompetente...” “o trabalho aqui é estressante mesmo...”

Não somos contra a hierarquia e a autoridade imanente ao cargo, mas não se pode aceitar práticas desumanas no ambiente de trabalho, como humilhações, chantagem, discriminação, impedimento de ascensão funcional, perseguições, fofocas, zombarias, gritos, violência moral e física, atitudes e comportamentos que também adoecem o trabalhador.

O que deve ser combatido é o autoritarismo, o abuso de poder, impedir as humilhações constantes que vão adoecendo o trabalhador, impotente em reagir. A violência moral não deixa marcas como a violência física, mas machuca. Dor invisível só vivida e sentida por quem a sofre, dor que não purga, ferida que não cicatriza. Somente respeitando nosso próximo poderemos ser respeitados, mas uma relação desigual de poder faz com que o humilhado se cale, introjete a violência, e por isso adoece emocionalmente e psiquicamente.

Arthur Lobato, psicólogo.

Publicado no Jornal Expressão Sinjus 169

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