quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Roda de Conversa vai discutir Metas, Produtividade e Assédio Moral


Metas e produtividade são duas palavras que os servidores da Justiça estão acostumados a lidar diariamente no ambiente de trabalho. Elas aparecem pela cobrança rotineiras das chefias, ou surgem quando a Administração do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) almeja atingir algum número estatístico. Com as novas ferramentas eletrônicas e virtuais, por exemplo, as cobranças por metas e produtividades só aumentaram.

Mas, e quando os níveis de exigência e pressão ultrapassam o normal? Temos então uma porta aberta para vários problemas, entre eles, o assédio moral. É sobre a relação dessas questões que o Núcleo de Saúde do SINJUS pretende discutir com os servidores na próxima edição da Roda de Conversa, dia 1º de setembro, na Sala de Atividades do Sindicato (10º andar).

Para dar a oportunidade a todos que quiserem participar, serão duas turmas: uma na parte da manhã, de 10h às 12h e a outra à tarde, de 15h às 17h. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo telefone (31) 3213-5247. O SINJUS vai emitir um certificado de participação que poderá valer pontos para a Promoção Vertical. 

A Roda de Conversa será intermediada pelo diretor de Assuntos Sociais, Culturais e de Saúde do SINJUS, Jonas Araújo, e pelo especialista em saúde do trabalhador, Arthur Lobato, que integra a Comissão de Combate ao Assédio Moral do SINJUS-MG/SERJUSMIG. De acordo com ambos, muitos servidores enfrentam problemas graves de exigências incabíveis no ambiente de trabalho, o que acarreta em estresse e adoecimento. 

Servidor, para que o SINJUS possa elaborar uma política de intervenção no modo de produção dentro do TJMG, é importante a sua participação. Relate os problemas enfrentados, apresente críticas e sugestões. Compareça à Roda de Conversa!

DINÂMICA
O objetivo dos encontros da Roda de Conversa é reunir os servidores e especialistas para debaterem juntos os problemas relacionados ao trabalho no Judiciário e buscar as melhores soluções. Implementação do Processo Judicial eletrônico (PJe) no TJ; teletrabalho (home office)  e plano de ações sobre o teletrabalho já foram temas de edições anteriores.

SERVIÇO
Evento: Roda de Conversa
Tema: Metas, Produtividade e Assédio Moral
Quando: 1º/9
Horário: 10h às 12h; 15h às 17h
Local: Sala de Atividades do Sindicato (10º andar)
Inscrições: tel 3213-5247

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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Oficiais de justiça do STM denunciam assédio moral e desvio de função


Sindjus/DF
Desvio de função e assédio moral praticados por parte da administração e de magistrados do Superior Tribunal Militar são apenas dois dos diversos problemas relatados pelos oficiais de justiça desse ramo do Judiciário Federal. Em assembleia virtual, realizada no dia 1º de agosto, que contou com a participação de oficiais de justiça do DF e de outros estados, foram relatados e apresentados vários documentos que comprovam que essa tem sido uma prática recorrente do tribunal em relação ao trabalho desempenhado por esse setor da categoria.
Os dados confirmam que juízes de todo o país, alegando contenção de despesas, vêm retirando várias atribuições dos oficiais de justiça e repassando para outros servidores. Ou mesmo colocando-os para desenvolver trabalhos burocráticos, fora do escopo de suas atribuições.
Do rol de desvio de funções, comprovados por documentos encaminhados pelos servidores e praticados especialmente na 2ª Auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar (CJM), em Brasília-DF, vale destacar a realização de demandas cartorárias determinadas verbalmente pela Diretora de Secretaria; inquirição de testemunhas por telefone, o que deveria ser praticado por magistrado; acompanhamento de advogados e partes para tirarem cópias dos processos; e verificação de presença ou ausência de todos os intimados ou requisitados antes de iniciar a audiência.
Na 1ª Auditoria da 11ª CJM, em Brasília-DF, para que o oficial de justiça não realize a atividade externa, há documentos que comprovam a citação de réus, por meio de intimação via postal de audiência de inquirição de ofendido e/ou testemunhas, em que caso o acusado atenda à solicitação e compareça ao local é citado, inquirido e qualificado na hora, sem tempo hábil pra ler a denúncia com calma e sem ter a possibilidade de exercer seu direito de escolher entre defensor público ou advogado particular para realizar a sua defesa.
Na 2ª Auditoria da 3ª CJM, em Bagé-RS, foi editada Portaria na qual determina que as citações, intimações e notificações pessoais de acusados, testemunhas e ofendidos sejam realizadas pelas Unidades Militares e não por oficiais de justiça. Enquanto nas Auditorias da 5ª CJM, em Curitiba-PR, e da 12ª CJM, em Manaus-AM, foram editadas portarias para vedar que o oficial de justiça exerça o seu pleno direito do uso de carro próprio no cumprimento das diligências judiciais.
Há ainda documentos que comprovam a determinação feita por um dos juízes auditores da 2ª Circunscrição da Justiça Militar, em São Paulo-SP, para que os mandados sejam entregues, preferencialmente, via e-mail, telefone ou whatsapp. Para esses casos, o oficial de justiça fica obrigado a dizer qual meio foi utilizado para entregar a intimação e informar os números de telefone, whatsapp e e-mail para que no futuro, em caso de novas intimações, a pessoa possa ser encontrada. Os argumentos para tamanho absurdo são os cortes orçamentários que atingem o Poder Judiciário Federal.
Para os servidores presentes à assembleia, a “inovação” adotada na 2ª CJM esvazia as funções, pode gerar nulidades, causando prejuízos à causa, e por em risco a privacidade do réu, além de desrespeitar os direitos constitucionais do cidadão.
Outros relatos confirmam, também, que há diretor de secretaria retirando da alçada dos oficiais o trabalho externo e designando motorista para cumprir mandados ou até mesmo militares do quadro.
Reunião com presidente
Preocupados com essa série de irregularidades, representantes de várias entidades, dentre elas o Sindjus-DF e a Fenajufe, se reuniram, no dia 22 de dezembro do ano passado, com o presidente do STM, ministro William de Oliveira Barros. Na ocasião, eles apresentaram alguns casos que caracterizam assédio moral e desvio de função e reivindicaram a elaboração de uma resolução que normatize, de forma justa e legal, o trabalho dos oficiais de justiça da JMU.
Como resultado da reunião, ficou acertado um novo encontro este ano com a finalidade de debater e elaborar essa referida resolução, conforme pleito dos servidores. No entanto, segundo informações obtidas pela categoria, William de Oliveira se reuniu com juízes auditores das Auditorias do DF para tratar do assunto. Depois disso, a reunião com as entidades não mais ocorreu e o fato é que os próprios juízes da circunscrição de Brasília participam da elaboração da resolução, prevista para ser publicada nos próximos dias, regulamentando os trabalhos dos oficiais de justiça, sem qualquer debate com representantes da categoria sobre o seu conteúdo.
Tal iniciativa acirrou ainda mais o desconforto da categoria. Para as entidades que participaram da reunião com o presidente do STM, há indícios que atitudes temerárias e arbitrárias poderão ser praticadas pelo tribunal a partir da resolução. Além disso, conforme destacado na assembleia virtual, editar uma resolução sem sequer ouvir as entidades presentes na reunião e também sem consultar os juízes-auditores lotados nas demais circunscrições judiciárias militares é uma atitude autoritária e unilateral.
Importante destacar, ainda, que dirigentes sindicais da categoria também foram ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tentar uma mediação, com o objetivo de reverter o quadro de assédio moral e desvio de função contra os oficiais de justiça. Na ocasião, apresentaram um requerimento, reivindicando que: “o Superior Tribunal Militar abstenha-se de realizar qualquer restrição da atuação dos oficiais de justiça no âmbito da Justiça Militar da União, determinando-se que estes desenvolvam apenas atividades externas, conforme a natureza de seu cargo”.
Na assembleia, foi aprovada que, caso a falta de diálogo continue e a resolução seja realmente editada com um conteúdo que cause prejuízos irreparáveis à categoria, as entidades tomarão as devidas providências judiciais. Entre as medidas a serem adotadas se destaca ação coletiva com pedido de liminar para suspender a aplicação dos dispositivos ilegais e ou arbitrários que porventura estejam no corpo da resolução. Além disso, pretendem levar o caso até a OAB Nacional para que a entidade se manifeste a respeito das denúncias apresentadas e acerca das questões que ferem os direitos humanos e garantias constitucionais dos réus, seja ele civil ou militar.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Lançamento do Caderno de Psicologia e Políticas Públicas e Cartilhas Populares CREPOP


Contribuindo com o avanço das políticas públicas, o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP SP) realizou, ao longo de 2015 e no inicio de 2016, os ciclos de Seminários de Psicologia e Políticas Públicas, divididos em três grandes eventos, abordando questões essenciais e fundamentais atreladas à garantia de direitos da população do estado e à contribuição da Psicologia para a implantação de fato dessas garantias e do direito ao atendimento psicológico de qualidade. 

A partir desses Seminários, o CRP SP lançou em 3 de agosto, às 18h30, no auditório do CRP SP, o livro "Psicologia e Políticas Públicas" com discussões de temas vitais para as políticas públicas e como a subjetividade das pessoas se externa frente essas problemáticas, tais como a mídia, a reforma urbana e a mobilidade urbana, entre outras. A edição também traz desafios que provocam e requerem a participação da Psicologia para uma sociedade mais justa e igualitária, bem como das políticas públicas atuando de forma pragmática e concisa frente às teorias a elas propostas. 


O psicólogo Arthur Lobato participou do evento de lançamento do Caderno de Psicologia e Políticas Públicas e Cartilhas CREPOP, realizado no Auditório do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo – CRP, São Paulo, SP.

Durante o evento, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) do CRP SP também lançou duas novas cartilhas da série "Comunicação Popular CRP SP": uma sobre Educação básica e outra sobre Álcool e outras Drogas.

Psicologia e Políticas Públicas - CRP SP

http://crpsp.org.br

Fotografias: Taís Ferreira







quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Roda de conversa: Assédio moral e violência laboral

Por Arthur Lobato, psicólogo, coordenador do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral
A definição técnica de roda de conversa é: “um método de discussão que possibilita aprofundar o diálogo com a participação democrática, a partir da riqueza que cada pessoa possui sobre o assunto” (http://conselho.saude.gov.br). Na Roda cada integrante deve ter a oportunidade de falar ou expressar o que pensa. O método é semelhante às reuniões de grupo, com um moderador para facilitar a participação das pessoas. O diferencial do método é a disposição do grupo em forma de círculo, e o foco em um tema, neste caso Assédio Moral no trabalho. No final da Roda de Conversa pode-se definir ações, a partir das ideias de consenso.  Por tudo isso, o SITRAEMG convida para participar deste encontro DIA 24 DE AGOSTO,  na sede do sindicato para  conversar sobre assédio moral e outras violencias no ambiente do trabalho.
O conceito científico de assédio moral é: Assédio moral é uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que ocorre no ambiente de trabalho, e que visa diminuir, vexar, constranger, desqualificar e demolir psiquicamente um indivíduo ou um grupo, degradando as condicões de trabalho, atingindo sua dignidade e colocando em risco sua integridade pessoal e profissional.” (Freitas, Heloani, Barreto)
Afinal, no ambiente de trabalho,  o que motiva? O que desmotiva? O que adoece? Um dos objetivos da roda de conversa é gerar ideias para uma melhor dinâmica do trabalho e um ambiente saudável, que não provoque o adoecer do trabalhador. Após muitos anos realizando a mesma atividade no trabalho, geralmente agimos quase que mecanicamente, sem refletir, em conflitos relacionados ao trabalho. As vezes, é mais fácil se calar para evitar atritos. Mas estes mecanismos de defesa individuais para enfrentar situações de estresse e conflitos inerentes ao trabalho causam um mal estar que deve ser verbalizado, simbolizado.
Assim, um dos objetivos da roda de conversa sobre Assédio Moral e outra violencias no ambiente de trabalho é  para os servidores  entenderem, a partir de sua própria fala e da escuta dos colegas, a dinâmica de trabalho na qual estão inseridos, relatando fatos, propondo intervenções, discutir  possibilidades, em uma conversa informal, a ser realizada no dia 24 de agosto às 10 horas, às 15 horas, e ás 19 horas. O tempo de duração de cada roda é até duas horas.
Assim, juntos, falando, ouvindo, dialogando, pensando, podemos futuramente propor alternativas para que o saber de quem executa o trabalho possa contribuir para uma melhora no ambiente de trabalho, combatendo assim o assédio moral e todo tipo de violencia laboral.
Arthur Lobato é psicólogo/saúde do trabalhador
Responsável pelo DSTCAM Sitraemg.

Virtualização do trabalho, produtividade e saúde do servidor (parte 2)





A virtualização do trabalho aumenta o controle da jornada, via controle do ponto eletrônico. Acabou a facilitação, a flexibilização. Qualquer deslize no horário gera anomalias e justificativas, ou seja, mais controle e mais burocracia. Mas o trabalho virtual tem sua marca: o PJe, primeira grande mudança de paradigma referente ao processo judicial, que deixa de ser físico para ser virtual. Entretanto, a forma como o PJe  foi implementado gerou várias críticas relatadas ao Núcleo de Saúde do Sinjus e apuradas também pela última enquete veiculada pelo Sindicato. Alguns exemplos: pouco tempo de treinamento para os servidores, nem todos os servidores participam do treinamento, falta simulação para melhorar o aprendizado, ergonomia e espaço físico dos monitores, sistema operacional com muitas falhas e que não interagem com outros sistemas do próprio tribunal, entre outras. 

Pior ainda, jovens com pouco mais de dois anos de Pje já apresentam sintomas de LER, pois não são feitas as pausas e o corpo não é máquina para repetir movimentos infinitamente. Por isso, a importância de pausas, de uma ginástica laboral, de se levantar da cadeira e sair da frente do computador, mas como fazer isto se não  há uma norma que oriente o servidor a cuidar de sua saúde. A lei que impera no tribunal é a da produtividade, com chefias controlando até idas ao banheiro ou para pegar água. Como então o servidor vai cuidar de sua saúde com as pausas necessárias se o chefe “bufa de raiva” por qualquer coisa? Aliás, o nível de estresse das chefias é altíssimo, pois estas chefias são cobradas pelo superior e pelas metas introjetadas como obrigação, sem questionar a viabilidade de serem executadas no tempo determinado, pois não há diálogo, em uma cultura de autoritarismo e de uma hierarquia vertical. O que vale é o imperativo. CUMPRA-SE! 

Alguns tribunais estão experimentando um software, que avisa da necessidade das pausas, com um alarme no próprio computador, mas se não for regulamentado via portaria, no meu entendimento, não surtirá efeito, pela pressão de produtividade e cumprimento de metas que é exigido, esquecendo que o excesso de trabalho adoece, e a produtividade cai quando alguém esta em sofrimento no trabalho ou se ausenta do trabalho por adoecer. 

O coletivo do trabalho sempre acha soluções, como um grupo que percebeu que mais de 3 horas em frente às telas do PJe eram improdutivas pois o cérebro não assimila informações, portanto, o grupo fazia rodízio entre quem ficava com os processos físicos e eletrônicos e, como a produtividade aumentou, a chefia concordou. Mas como fazer para que pequenas atitudes como esta sejam respaldadas por outras chefias? Somente com a normatizaçao de medidas preventivas, como explicou o médico do trabalho Rogério Dornelles durante o Consinjus. São elas: pausas, tanto na digitação, quanto no olhar fixo em frente ao computador, que causa secura nos olhos, irritação, desfoque e embaralhamento das letras na tela do computador; levantar da cadeira para melhorar a circulação sanguínea, ou seja, atitudes simples, mas que devem ser respeitadas pelas chefias e cumpridas pelos servidores. 

Com relação ao irmão mais novo do projeto de virtualização do trabalho, o teletrabalho pode ser uma boa ideia, mas mais uma vez o sindicato alerta: A Portaria Conjunta 493/PR/2016 que institui o teletrabalho no TJMG é bem superficial frente à resolução 227/2016 do CNJ que regulamenta o teletrabalho no âmbito da administração Pública Judiciária. Entretanto a própria resolução do CNJ abre brechas para que os Tribunais regulamentem o teletrabalho “conforme peculiaridades de cada região”. Mas se você, servidor do TJMG, tiver curiosidade leia o artigo 7 e 9  da resolução 227/2016 do CNJ e principalmente o artigo 13.  Está claro, o servidor vai ter que arcar com os custos do computador, montar um escritório em casa, pagar internet, telefone, suprimentos, cumprir meta de desempenho maior entre tantas obrigações. Ou seja, mais controle sobre o serviço e a produção, via informática.  Mais uma vez o capital conseguiu uma forma de diminuir os custos, se antes a empresa ou instituição oferecia o mínimo de condições de trabalho, o escritório, agora é você trabalhador que vai tirar este custo da empresa/instituição. O artigo 10  da resolução 227/2016 do CNJ que trata das punições é bem severo: “...temporária ou definitiva suspensão do regime de teletrabalho... ...abertura de procedimento administrativo disciplinar para apuração de responsabilidade...”  

Para Alan da Costa Macedo, servidor do judiciário federal, professor e sindicalista, “...o artigo supra regulamenta a negatória ao contraditório, a ampla defesa e garante a presunção de culpa em detrimento da presunção da inocência...mesmo tendo o servidor prestado os devidos esclarecimentos, haverá imediata suspensão do trabalho remoto e imediata abertura do procedimento administrativo disciplinar, sem sindicância prévia”.  Note-se que esta é a regulamentação do CNJ, por isso temos que entender o contrato de adesão ao teletrabalho do TJMG, em suas “letras miúdas”.  

Mas, a grande mudança de paradigma no entanto, é que o teletrabalho já está fazendo uma revolução no mundo do trabalho, pois mudamos o conceito e prática do trabalho por jornada no local de trabalho, para o conceito de trabalho por produção, distante do local de trabalho. Isto vai ser prejudicial ao trabalhador, pois para ter o direito ao teletrabalho, o trabalhador terá que produzir mais 20% que o trabalhador que optou pela jornada no TJMG. Veja bem, se você esta trabalhando e o sistema de informática “cai” você não pode fazer nada, tem que aguardar, mas quando chegar seu horário de encerrar o expediente você vai embora, No caso do teletrabalho, se você agendou trabalhar à tarde e o sistema cair, você terá que fazer o trabalho à noite ou no fim de semana. Com relação à produtividade, a fórmula de produtividade, contida na resolução 219/2016 do CNJ, não tem um fator matemático, que faça uma indexação das dificuldades do trabalho, pois existem processos mais simples e mais complicados, por exemplo, Uber x taxistas, onde todos os 7500 taxistas tinham que ser cadastrados. Então um processo mais trabalhoso vai ter o mesmo peso de um mais simples? Eis a contradição da fórmula de produtividade. Um diretor do Sinjus me contou que foi visitar parentes que trabalham na justiça federal onde o teletrabalho já existe, mas os amigos não puderam lhe receber no fim de semana pois estavam com trabalho do serviço acumulado em casa. Por fim, a  ultima crítica ao teletrabalho: a invasão do espaço privado e afetivo do lar pelo trabalho. 

O Núcleo de Saúde do Sinjus esta produzindo um dossiê dos debates sobre Saúde e Humanização das relações de trabalho: virtualização, home office e as doenças laborais  com as propostas dos servidores  aprovadas no Consinjus, para debater este tema no TJMG e no TJMMG. O Sinjus também tem solicitado a formação do comitê gestor de saúde integral de servidores e magistrados, conforme resolução 207/2015 do CNJ com a participação do sindicato para debater este e outros temas referentes ao trabalho e à saúde do trabalhador. O TJMMG acaba de formar seu comitê gestor e o Sinjus já solicitou a participação nas reuniões deste comitê. Esperamos que com a nova presidência do TJMG o comitê gestor seja logo implementado para que a saúde o servidor e do magistrado seja uma pauta de ação em prol da saúde de todos nós trabalhadores.

*Arthur lobato
Psicólogo/Saúde do Trabalhador

PUBLICADO EM: http://www.sinjus.com.br


Roda de Conversa vai discutir Metas, Produtividade e Assédio Moral no TJMG


Metas e produtividade são duas palavras que os servidores da Justiça estão acostumados a lidar diariamente no ambiente de trabalho. Elas aparecem quando a Administração do Tribunal intensifica suas atividades visando o cumprimento do seu Planejamento Estratégico, em consonância com as determinações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Com a introdução do Processo Judiciário Eletrônico (PJe) e o projeto do teletrabalho, esse processo foi intensificado ao máximo. Certamente, isso tem seus aspectos positivos na melhoria da prestação jurisdicional à sociedade.

Contudo, há questões pertinentes às relações de trabalho, quanto à gestão e ao clima organizacional, que não podemos deixar de considerar criticamente. Por exemplo, poderíamos nos perguntar se a exacerbação da pressão sobre o servidor, ao nível de ser capaz de provocar o adoecer em razão do trabalho, não estaria potencialmente relacionada à prática de assédio moral.

É sobre a relação dessas questões que o Núcleo de Saúde do SINJUS pretende discutir com os servidores na edição deste mês, 18/8, da Roda de Conversa, na Sala de Atividades do Sindicato (10º andar).
Para dar a oportunidade a todos que quiserem participar, serão duas turmas: uma na parte da manhã, de 10h às 12h e a outra à tarde, de 15h às 17h. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo telefone (31) 3213-5247.

A Roda de Conversa será intermediada pelo diretor de Assuntos Sociais, Culturais e de Saúde do SINJUS, Jonas Araújo, e pelo especialista em saúde do trabalhador, Arthur Lobato, que integra a Comissão de Combate ao Assédio Moral do SINJUS-MG.

Participe! Apresente sua visão sobre esses temas, suas críticas e sugestões. Será que práticas de assédio moral têm alguma coisa a ver com o estabelecimento de metas e produtividade? Vamos debater e aprofundar esses assuntos. Compareça à Roda de Conversa!

DINÂMICA
O objetivo dos encontros da Roda de Conversa é reunir os servidores e especialistas para debaterem juntos os problemas relacionados ao trabalho no Judiciário e buscar as melhores soluções. Implementação do Processo Judicial eletrônico (PJe) no TJ; teletrabalho (home office)  e plano de ações sobre o teletrabalho já foram temas de edições anteriores.

SERVIÇO
Evento: Roda de Conversa
Tema: Metas, Produtividade e Assédio Moral
Quando: 18/8
Horário: 10h às 12h; 15h às 17h
Local: Sala de Atividades do Sindicato (10º andar)
Inscrições: 3213-5247

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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Virtualização do trabalho, produtividade e saúde do servidor


Publicado em: http://www.sinjus.com.br



O sistema capitalista, através do projeto neoliberal, tem como essência maximizar os lucros e minimizar os custos. Já foi provado que maior parte dos lucros vem da exploração dos trabalhadores que recebem baixos salários, são explorados em sua força de trabalho, além de não receberem por horas extras e outros direitos. Com o desemprego estrutural, enquanto componente essencial da exploração do homem pelo homem, as empresas exigem um funcionário capacitado, dócil, flexível e envolvido com o trabalho, de forma a resolver problemas que são da empresa, mas que passam a ser dele trabalhador, é a chamada captura da subjetividade.

Assim, nada melhor para as empresas na busca de diminuição de custos, do que “terceirizar”, e não somente na contratação de empregados que vão trabalhar à distancia da empresa/instituição, mas também, terceirização para o trabalhador do que seria obrigação da empresa/instituição para que o trabalho burocrático seja executado: mesa, cadeira, computador, telefone, internet, ou seja, “monte você mesmo seu escritório” (por conta própria), e além disto, produza 20% a mais do que seus colegas que estão na empresa/instituição. Ah sim, pelo mesmo salário!!!!  

Enfim, o capital conseguiu mais uma forma de diminuir os custos e aumentar a produtividade, sem aumentar salários: se antes a empresa/instituição oferecia o mínimo de condições de trabalho, ou seja, o escritório, agora é você trabalhador que vai arcar com este custo. Parece até o contrato do leão com o cordeiro como diziam as fábulas de cunho social.  

Diante deste panorama tenebroso, onde o projeto de terceirização da atividade fim vai criar mais precarização do trabalho e desregulamentação das leis trabalhistas, o concurso público parece um oásis no meio do deserto. Estabilidade, bons salários, um serviço burocrático “tranquilo”, sem viagens, jornada de 6 horas, progressões e promoções na carreira. Parece o paraíso do mundo do trabalho.

Mas, quem trabalha no TJMG sabe que não é bem assim e que o trabalho também adoece, conforme os dados dos estudos de absenteísmo da instituição. Causa preocupação que a maior parte dos afastamentos sejam por transtornos mentais, seguida pelas doenças osteomusculares. Sobre este afastamento (Ler Dort) os constantes movimentos repetitivos do trabalhador, o mobiliário inadequado, cadeiras velhas, mesas pequenas para tantos processos, os movimentos bruscos  para abaixar e pegar processos  no chão ou processos físicos que estão no alto de prateleiras, o peso dos mesmos, ausência de pausas no trabalho tudo isto contribui para que ao longo do tempo as dores na coluna, ombro e demais articulações do corpo sofram desgaste. Podemos considerar a Ler Dort (lesão por esforço repetitivo e doenças osteomusculares) doenças laborais, ou seja, aquelas desenvolvidas por causa da atividade do trabalho no dia a dia. Mas, e os transtornos mentais?

Várias hipóteses podem ser aventadas, mas a maioria dos transtornos  mentais e emocionais pode ter uma série de componentes, como a frustração de um serviço monótono, burocrático, o desconhecimento da função e sua inadaptação a esta função após ser aprovado em  um concurso difícil e que exige formação em direito, mas que vai ter que lidar com informática e trabalhar oito horas em vez de seis, como aconteceu no último concurso do TJMG.

Uma das causas principais de afastamento por transtornos mentais e emocionais é o conflito interpessoal, ou seja, conflito principalmente com as chefias rígidas, controladoras, que negam o diálogo,  que abusam do poder e do autoritarismo. Outra causa de transtornos podem ter origem em  conflitos com  os colegas. Enfim, o que adoece é a desarmonia entre o que eu sou, o que quero ser e como estou vivendo.

Afinal, o que tenho que suportar para sobreviver? Quais são os limites? E quando aumenta    percepção da injustiça, a impotência de reagir por um lado e por outro, a revolta frente à injustiça  “enfiada goela adentro”, a emoção  sufocada, represada até o tênue dique chamado “normalidade” romper frente a constante desvalorização enquanto profissional, enquanto ser humano. A palavra fere, maltrata, magoa, adoece.  

Os transtornos mentais e emocionais são um conjunto de sintomas  (choro, insônia, ideia fixa...) deste silencioso adoecer. Desequilíbrio emocional causado pela mágoa, pela impotência de reagir. Conviver com o tratamento diferenciado onde uns podem tudo e outros não têm direitos só deveres, onde tudo depende do bom humor (raro) da chefia. O que dizer do sentimento de injustiça ante uma avaliação de desempenho usada como forma de exercer poder. Perceber-se sozinho frente a apatia dos colegas, pois o individualismo, que é outra característica do trabalho no mundo globalizado, rompe os laços de solidariedade, já dizia o filósofo Jean Paul Sartre: “o inferno são os outros." 

Neste contexto surge uma esperança, a luz no fim do túnel o tele trabalho, ou home office ou trabalho à distancia. Esta modalidade de trabalho, que vem sendo debatida pelo Sinjus em rodas de conversa, debates internos da diretoria, palestras, grupo de trabalho, culminou com um documento construído, debatido e aprovado na plenária do Consinjus/2016.  
Fim da primeira parte. Este tema continua no próximo artigo.

*Arthur lobato
Psicólogo/Saúde do Trabalhador

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Lançamento do Caderno de Psicologia e Políticas Públicas e Cartilhas Populares CREPOP

O psicólogo Arthur Lobato  é um dos convidados do evento de lançamento do Caderno de Psicologia e Políticas Públicas e Cartilhas CREPOP a ser realizado no Auditório do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo – CRP, localizado na Rua Arruda Alvim, 89, Jardim América, São Paulo, SP, no dia 03 de agosto de 2016 (quarta-feira) no horário das 19h00 às 22h00

Lançamento do Caderno de Psicologia e Políticas Públicas e Cartilhas Populares CREPOP
Data: 03/08/2016 (quarta-feira)
Horário: 18h30 às 22h00
Local: Auditório do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - CRP SP
Endereço: Rua Arruda Alvim, 89, Jd. América, São Paulo, SP


18h30 às 19h00Credenciamento e Café de Boas-vindas

19h00 às 19h15Fala Institucional

Representante da Diretoria do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - CRP06.

Maria Ermínia Ciliberti - Conselheira do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - CRP 06.

19h15 às 19h30Apresentação Teatral

19h30 às 20h10Vídeo/Retrospecto dos 3 seminários de Psicologia e Políticas Públicas

20h10 às 20h30Apresentações

20h30 às 20h45Vídeo de Homenagem a Marcus Vinícius de Oliveira Silva

20h45 às 22h00Distribuição do Livro e Confraternização

22h00Encerramento

Informações:
Departamento de Eventos do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - CRP 06
Tel.: 11 - 3061.9494, ramais 334, 336, 337, 355, 356 e 357 
E-mail: eventos04@crpsp.org.br
Estacionamento: 
Car Park 
Rua Cardeal Arcoverde, 201, Jardim América, São Paulo, SP 
Para obter o desconto, retire o selo na recepção do CRP SP

Virtualização do trabalho, produtividade e saúde do servidor







Arthur Lobato*

O sistema capitalista, através do projeto neoliberal, tem como essência maximizar os lucros e minimizar os custos. Já foi provado que maior parte dos lucros vem da exploração dos trabalhadores que recebem baixos salários, são explorados em sua força de trabalho, além de não receberem por horas extras e outros direitos. Com o desemprego estrutural, enquanto componente essencial da exploração do homem pelo homem, as empresas exigem um funcionário capacitado, dócil, flexível e envolvido com o trabalho, de forma a resolver problemas que são da empresa mas que passam a ser dele trabalhador, é a chamada captura da subjetividade. Assim, nada melhor para as empresas na busca de diminuição de custos, do que “terceirizar”, e não somente na contratação de empregados que vão trabalhar à distancia da empresa/instituição, mas também, terceirização para o trabalhador do que seria obrigação da empresa/instituição para que o trabalho burocrático seja executado: mesa, cadeira, computador, telefone, internet, ou seja, “monte você mesmo seu escritório” (por conta própria), e além disto, produza 20% a mais do que seus colegas que estão na empresa/instituição. Ah sim, pelo mesmo salário!!!!

Enfim, o capital conseguiu mais uma forma de diminuir os custos e aumentar a produtividade, sem aumentar salários: se antes a empresa/instituição oferecia o mínimo de condições de trabalho, ou seja, o escritório, agora é você trabalhador que vai arcar com este custo. Parece até o contrato do leão com o cordeiro como diziam as fábulas de cunho social.

Diante deste panorama tenebroso, onde o projeto de terceirização da atividade fim vai criar mais precarização do trabalho e desregulamentação das leis trabalhistas, o concurso público parece um oásis no meio do deserto. Estabilidade, bons salários, um serviço burocrático “tranquilo”, sem viagens, jornada de 6 horas, progressões e promoções na carreira. Parece o paraíso do mundo do trabalho. Mas, quem trabalha no TJMG sabe que não é bem assim e que o trabalho também adoece, conforme os dados dos estudos de absenteísmo da instituição. Causa preocupação que a maior parte dos afastamentos sejam por transtornos mentais, seguida pelas doenças osteomusculares. Sobre este afastamento (Ler Dort) os constantes movimentos repetitivos do trabalhador, o mobiliário inadequado, cadeiras velhas, mesas pequenas para tantos processos, os movimentos bruscos para abaixar e pegar processos no chão ou processos físicos que estão no alto de prateleiras, o peso dos mesmos, ausência de pausas no trabalho tudo isto contribui para que ao longo do tempo as dores na coluna, ombro e demais articulações do corpo sofram desgaste. Podemos considerar a Ler Dort (lesão por esforço repetitivo e doenças osteomusculares) doenças laborais, ou seja, aquelas desenvolvidas por causa da atividade do trabalho no dia a dia. Mas, e os transtornos mentais?

Várias hipóteses podem ser aventadas, mas a maioria dos transtornos mentais e emocionais pode ter uma série de componentes, como a frustração de um serviço monótono, burocrático, o desconhecimento da função e sua inadaptação a esta função após ser aprovado em um concurso difícil e que exige formação em direito, mas que vai ter que lidar com informática e trabalhar oito horas em vez de seis, como aconteceu no último concurso do TJMG. Uma das causas principais de afastamento por transtornos mentais e emocionais é o conflito interpessoal, ou seja, conflito principalmente com as chefias rígidas, controladoras, que negam o diálogo, que abusam do poder e do autoritarismo. Outra causa de transtornos podem ter origem em conflitos com os colegas. Enfim, o que adoece é a desarmonia entre o que eu sou, o que quero ser e como estou vivendo.

Afinal, o que tenho que suportar para sobreviver? Quais são os limites? E quando aumenta percepção da injustiça, a impotência de reagir por um lado e por outro, a revolta frente à injustiça “enfiada goela adentro”, a emoção sufocada, represada até o tênue dique chamado “normalidade” romper frente a constante desvalorização enquanto profissional, enquanto ser humano. A palavra fere, maltrata, magoa, adoece.

Os transtornos mentais e emocionais são um conjunto de sintomas (choro, insônia, ideia fixa...) deste silencioso adoecer. Desequilíbrio emocional causado pela mágoa, pela impotência de reagir. Conviver com o tratamento diferenciado onde uns podem tudo e outros não têm direitos só deveres, onde tudo depende do bom humor (raro) da chefia. O que dizer do sentimento de injustiça ante uma avaliação de desempenho usada como forma de exercer poder. Perceber-se sozinho frente a apatia dos colegas, pois o individualismo, que é outra característica do trabalho no mundo globalizado, rompe os laços de solidariedade, já dizia o filósofo Jean Paul Sartre: “o inferno são os outros."

Neste contexto surge uma esperança, a luz no fim do túnel o tele trabalho, ou home office ou trabalho à distancia. Esta modalidade de trabalho, que vem sendo debatida pelo Sinjus em rodas de conversa, debates internos da diretoria, palestras, grupo de trabalho, culminou com um documento construído, debatido e aprovado na plenária do Consinjus/2016.

Fim da primeira parte. Este tema continua no próximo artigo.


*Arthur lobato

Psicólogo/Saúde do Trabalhador

Publicado em: http://www.sinjus.com.br