quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O trabalho do assistente do Juiz

Por Arthur Lobato, psicólogo, responsável técnico pelo Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG.
Um dos focos de estudos e análises realizadas pelo Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral do SITRAEMG (DSTCAM/SITRAEMG) é a relação que pode existir entre a política de metas e produtividade implementada no judiciário brasileiro e sua relação com o sofrimento e adoecimento no trabalho. Denomino esta mudança paradigmática no judiciário brasileiro de virtualização do trabalho, pois o processo judicial deixa de ser físico para ser eletrônico, e também é realizado a distância (teletrabalho). A informática gerencia e controla a jornada e a produtividade do servidor e do magistrado pelo login do servidor, e o trabalho a distância (teletrabalho ou home office)  surge como nova solução para aumentar a produtividade e deixar os riscos e despesas para o trabalhador. 
Para analisar esta relação entre produtividade/adoecimento, será utilizada a psicodinâmica do trabalho, método desenvolvido pelo psicanalista francês Christophe Dejours, que realizou pesquisas tanto em usinas nucleares francesas quanto na organização do trabalho do Judiciário Francês. Christophe Dejours, em palestra no Tribunal Superior do Trabalho -TST, pelo Programa Trabalho Seguro, do TST e do CSJT, que teve como tema “Do biênio 2016/2017 – os transtornos mentais relacionados ao trabalho” (acesse o link para ver/ouvir a palestra “Saúde Psíquica e Trabalho Judicial”, que abordou o trabalho do juiz, o sofrimento e adoecimento do magistrado francês, depois da implementação do NPM – New Public Management -, ou seja, o “novo gerenciamento do serviço público”, modelo bem parecido com o projetado pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, na reformulação do Judiciário Brasileiro.
Este modelo oriundo dos métodos de gestão empresarial foi alvo de críticas, pois foi constatada a relação do aumento de adoecimento e sua relação com a política de metas e produtividade implementada pelos bancos públicos e privados, em vários estudos e pesquisas elaborados por sindicatos dos bancários e por sua federação. Foi constatado um alto índice de adoecimento por causa de uma política em que os números importam mais que a saúde e a qualidade de vida do trabalhador.
Apesar de, na palestra, Dejours abordar o trabalho do magistrado, ele lança um novo olhar: o sofrimento ético do juiz de ter que ser produtivo, focando a quantidade e não a qualidade. E, para ser produtivo, é necessário o pleno envolvimento dos assessores do juiz, que muitas vezes realizam quase que a totalidade do trabalho do magistrado, com ou sem sua orientação. O processo eletrônico – em que as partes podem entrar com o processo 24 horas por dia, sete dias por semana – faz com que o aumento de processos seja maior que a capacidade do juiz e sua equipe de dar conta de dar baixa, além de que, pelas metas de 2018, o estoque processual tem de ser baixado junto com os novos processos e os processos em andamento.
Esta meta impossível gera sofrimento, adoecimento, pois falta pessoal, já que aposentados e adoecidos não são repostos, não há concurso público para mais servidores e magistrados e faltam as próprias instalações físicas, como sala, mesa, computador e cadeira. Daí a ênfase dada ao “teletrabalho”, que, no meu entender, é mais uma armadilha para o trabalhador, conforme discutido em outro artigo de minha autoria, aqui publicado: Trabalhar em casa: a captura da subjetividade do trabalhador”. 
O sofrimento ético do juiz acontece quando este, em busca de mais produtividade, repassa sua função para seu assessor. Para o assessor, o sofrimento é maior, pois em vez de assessorar o juiz, o servidor tem de analisar, julgar e proferir a sentença, cabendo ao seu superior ler, concordar e assinar. Mas, muitas vezes, o magistrado só assina, e depois, as consequências podem ser irreversíveis, e o juiz se culpa por não ter analisado melhor aquela sentença feita pelo assessor – e o pior, ainda culpa o assistente por não “ter pensado como ele”.
Os pesquisadores Giovanni Alves e Roberto Heloani escreveram um livro magistral – “O Trabalho do Juiz” -, no qual fazem uma reflexão crítica sobre as condições de produção da Justiça do Trabalho no Brasil e seus impactos na saúde do magistrado, a partir do vídeo documentário encartado na obra impressa.
Herval Pina Ribeiro também escreveu um livro com referência ao trabalho do juiz, que se chama “O Juiz sem a Toga”, e é um estudo sobre a percepção dos juízes sobre trabalho, saúde e democracia no judiciário, o adoecimento dos juízes. Nele, os conflitos, dúvidas e análises de diferentes juízes são postas em cheque. Vale a pena ler estas obras.
Mas, faltava um trabalho mais específico sobre os servidores do judiciário. Mais uma vez, o médico e doutor em saúde pública Herval Pina é a referência com seu livro “Os Operários do Direito”, lançado pelo Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina (Sinjusc). É uma obra de dois volumes, resultado de uma pesquisa de sete anos e relata casos de história oral colhidos através do projeto “Trabalho e Saúde dos Servidores do Judiciário de Santa Catarina”, promovido pelo Sinjusc, mostrando que, no quesito saúde, é viável e necessária uma parceria entre sindicato e tribunal.
Produtividade (quantidade) x qualidade: eis o dilema que precisamos enfrentar juntos, pois temos que ter produtividade e qualidade, sem adoecimento por excesso de trabalho. Um bom tema para os Comitês Gestores de Saúde debaterem, pois a política de produtividade, os selos de qualidade e as análises comparativas de produtividade entre secretarias, varas, cartórios e seções judicias estão fazendo com que o assédio moral seja utilizado como modelo de gestão: os chefes despreparados humilham, gritam e maltratam servidores, em busca de mais produtividade, mas o que conseguem é insatisfação e adoecimento dos servidores, que chegam ao seu limite, adoecem e se sentem culpados por “não darem conta de tanto trabalho”, por mais que se esforcem. Os critérios para as funções comissionadas e para as avaliações de desempenho também  são ambivalentes, pois parece que só vale a subjetividade do magistrado, e a do servidor nem é levada em conta. Este é outro fator de sofrimento e adoecimento: não ser reconhecido ou valorizado pela chefia, apesar de todo esforço e envolvimento com o trabalho.
Voltando à palestra de Dejours, ele afirma que, se o juiz está sobrecarregado, seu assessor também, já que a carga de trabalho e a responsabilidade aumentaram, e com isto aumenta também  o sofrimento psíquico dos servidores.
Preocupado com esta situação descrita neste texto, o SITRAEMG convida os assistentes de juízes do judiciário federal em Minas Gerais (TRE, TRT e Justiça Federal) a procurarem o Sindicato, para que possamos analisar e propor políticas de enfrentamento a este problema, que parece ser individual, mas que deve ser enfrentado de forma coletiva. Qualquer ideia, problema ou relato de caso será de grande importância para aprofundarmos neste estudo. Para isto, existe o canal de denúncia e o atendimento individual psicológico da Clínica do Trabalho, cujo foco é entender qual é o papel do trabalho na relação prazer/sofrimento/adoecimento do trabalhador.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Autoestima



Arthur Lobato é psicólogo/Saúde do Trabalhador


O psicanalista francês Jacques Lacan afirmava que, na mente humana, circulam três registros psíquicos: o real, o simbólico e o imaginário. No aspecto imaginário, temos a construção de nossa autoimagem, sempre referendada pelo outro. Assim, pensamos sobre o que somos e o que os outros pensam de nós.

 Mas só nos conflitos temos acesso ao que os outros realmente pensam de nós – quando o desabafo revela o que estava oculto nas brincadeiras, sempre com uma verdade transmitida de forma ambivalente, com duplo sentido, nos atos falhos e lapsos de linguagem (que são manifestações do inconsciente no discurso racional), revelando algo que estava oculto.
A autoestima e o outro
Ter autoestima quer dizer gostar de si próprio. Mas, para isso, precisamos dos sinais positivos do outro, para que nossa autoestima fique em alta. Sabemos o quanto um elogio o ou reconhecimento de nosso valor faz bem; e como é difícil aceitar a crítica, o erro. Assim, nossa autoestima varia “economicamente”, podendo estar em alta ou em baixa, como ações na Bolsa de Valores.
A autoestima tem, na família e no meio social, fatores preponderantes que vão marcar o sujeito pelo resto da vida. A genética também é importante, mas insistimos no “outro” como formador e “combustível” de nossa autoestima.
Hoje em dia, o trabalho ocupa a maior parte do nosso tempo e é onde nos relacionamos com os outros. A autoestima é um valor subjetivo, mas está provado que pessoas que suportam melhor os desafios e sabem lidar de forma positiva com conflitos e problemas têm mais autoestima.
Por outro lado, quem está com a autoestima em baixa tem tendência a não suportar conflitos, mesmo sendo muito competente e eficaz. Racionalmente, são indivíduos capacitados; mas, emocionalmente, são vulneráveis. Assim, muitas vezes, brincadeiras de mau gosto, zombarias, piadas sobre o corpo, o gênero e a idade têm consequências danosas sobre pessoas com baixa autoestima.
Autoestima e assédio moral
Nos casos de assédio moral, é muito comum que uma diferença não aceita pelo outro seja motivo para se excluir a vítima do ambiente do trabalho. O ataque é feito com consequências danosas para autoestima. Aquele que sofre pode começar a desenvolver construções imaginárias que chegam a evoluir para sintomas paranoicos.
Por isso, é importante a solidariedade; a força do grupo como referencial da subjetividade de quem está sendo vítima de assédio moral.
Afinal, as constantes humilhações, as injustiças, a perseguição e a discriminação causam marcas profundas no psiquismo.
Dor que não tem fim, como as crises de choro (sintoma, dessa dor emocional) e a eterna dúvida: o que está acontecendo? O que fiz de errado? Por que estou sendo discriminado e isolado?
Atacada e acuada, sem o referencial do outro e com a autoestima em baixa a vítima não percebe que está sofrendo uma das formas mais torpes de se destruir um ser humano: o assédio moral. Prática que devemos combater, como um compromisso ético em prol da saúde mental e emocional de todos os trabalhadores.

Publicado em: http://site.serjusmig.org.br

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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O futuro da justiça do trabalho: uma análise pessimista ou realista?


Por Arthur Lobato, C
oordenador técnico do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG.
O economista Washington Luiz Moura Lima (confira AQUI a íntegra do artigo) fez uma análise do caderno JUSTIÇA EM NÚMEROS DE 2016 – ANO BASE 2015, (disponível no sítio do CNJ – Conselho Nacional de Justiça, com as informações estatísticas de todo Poder Judiciário Federal e Estadual no país ) filtrando os dados do TRT3.
É  importante fazer  uma reflexão sobre esta análise (veja material completo)pois ela foi feita sobre os dados de 2015 – ou seja antes da reforma trabalhista e da efetivação da  PEC 95 de 15-12 2016, que congela os gastos no serviço público por 20 anos.
Em 2015, analisando as entradas de processos na Justiça do trabalho, ficou evidente para o economista que “a imensa carga de trabalho para servidores e magistrados da JT, e o quanto não são respeitadas atualmente as Leis trabalhistas no país”.
Em 2015, na Justiça do Trabalho “foram Julgados, ainda em 2015, 4,202 milhões, e Baixados 4,260 milhões de processos”.  Seguindo sua análise, Washington Luiz conclui que “A Justiça do Trabalho – JT em 2015, tem emCasos Pendentes, entre a 1ª e a 2ª Instância o impressionante número de 5,049 milhões de processos.”
A consequência para a saúde do servidor e do magistrado é clara: “Esses números apontam, que o número de servidores e magistrados, é muito pequena, frente a carga de trabalho, como regra na Justiça do Trabalho, independente do Tribunal estar acima ou abaixo da média nacional, o que ocasiona inúmeros problemas a seus trabalhadores, particularmente o adoecimento, conforme inúmeros estudos apontam”, afirma o economista. A solução, conforme constata Washington Luiz, “seriam necessárias a criação de inúmeras Varas, cargos de servidores e magistrados”.
Analisando especificamente os dados do TRT 3a Região, o economista constata – “No TRT 3, em 2015, entraram em processos, Casos Novos, 381 mil, entre o 1º e o 2º Grau.  Foram Julgados, 424 mil e Baixados 383 mil. Os Casos Pendentes, são 401 mil.” Quanto ao quadro de servidores, “O TRT 3, tinha em 2015, 3.658 Servidores Efetivos, que equivalem a 99,29% do total de servidores de 3.684.
Entre Cedidos/Requisitados, haviam 11, ou 0,30% do total, e Sem Vínculo Efetivo, 15, ou 0,41%. Quanto aos Magistrados, o TRT 3 tinha, 275 magistrados no 1º. Grau, que representam 85,14% do total de magistrados de 323. E, 48 no segundo Grau, ou 14,86% do total. O economista compara os dados de Minas Gerais com os dados nacionais: “Comparando os Casos Novos, que no TRT 3 há 9,40% dos processos em nível nacional, mas com 8,82% dos servidores. Seriam necessários um total de 3.923 servidores, para manter a proporção nacional, ou aumento de 6,09%. Estando o TRT 3, nesta comparação, com um déficit de 239 servidores”. Washington constata também que “Comparando, dessa vez, os processos Julgados, cuja proporção de processos no TRT 3 é de 10,10% do total nacional, sendo que o número de servidores representa 8,82%.
Portanto, seriam necessários 4.215, para uma equivalência entre servidores eJulgados, em termos da média nacional. “Assim, a defasagem é de 531 servidores, ou seja, é necessário um aumento de 12,59% no quadro, para que haja a mesma proporção do que em nível nacional na Justiça do Trabalho” afirma o economista.  “Quanto aos Magistrados, seguindo a mesma linha de raciocínio, seriam necessários mais 15 ou 4,52% do número atual, para que haja uma equivalência entre o número do TRT 3 e o nacional, comparando com os Casos Novos.
Acredito ser importante a análise dos dados de 2016, 2017 e 2018, para avaliar a evolução da defasagem  após a PEC 95 (ex-PEC 55), que impede novas contratações via concursos ou terceirização, (por enquanto?). Outro fato importante é que a reforma da previdência está fazendo com que muitos servidores antecipem seu projeto pessoal de aposentadoria para não perder direitos. Portanto, teremos uma defasagem ainda maior no quadro de pessoal dos tribunais. Além disso, com a falta de reposição dos afastados do trabalho por licença saúde, o excesso de trabalho vai ter de ser cumprido por quem está na ativa, ou seja, aumento do ritmo, da intensidade e da quantidade de trabalho. Os assessores de juízes já estão no limite de sua força psíquica envolvida no trabalho, o que é perigoso, pois o próximo passo é o adoecer psíquico e emocional, frente a um trabalho cada vez mais intenso.
O processo eletrônico, que tem várias vantagens para a sociedade. No entanto, permite que processos entrem no sistema judiciário 24 horas por dia, 7 dias por semana, o que faz com que o trabalho não termine nunca, pois haverá sempre uma carga maior de trabalho que o número de servidores e juízes para atender a esta demanda.
Frente a estes dados fica um pensamento: será que o objetivo final desta proposta de emenda constitucional, chamada de “pec da maldade”, não é desconstruir o serviço público? Pois, com menos servidores e mais processos, sempre haverá uma defasagem  na política de metas e produtividade.
Mesmo dando tudo de si, o servidor e o magistrado vão ter que trabalhar dia e noite, em casa, e nos fins de semana. Isto levará certamente ao desgaste físico, psíquico emocional, cuja síndrome principal é o burnout, ou seja, o esgotamento profissional, além do afastamento do trabalho, por depressão, ansiedade e outros transtornos mentais e emocionais causados pelo trabalho. Assim, a política brasileira parece ter o propósito de destruir o serviço público, adoecendo servidores e magistrados com metas impossíveis de serem cumpridas, devido ao excesso de processos e ao número insuficiente de mão de obra para executar o serviço.  
Além disso, temos o ataque maciço da mídia, colocando a opinião pública contra o servidor público, concursado, taxado de ineficiente e improdutivo. Neste momento, estes números analisados não servem como parâmetro, e o servidor adoecido ainda se sentirá culpado por “não ter dado conta” de cumprir as metas. E aqueles que, num primeiro momento, ganharem uma função comissionada para ser assessor de juiz, logo verão esta verba ser revertida para remédios, exames e consultas médicas e psicológicas. E o pior: frente a este cenário, começarão as vozes dizendo da necessidade de terceirizar o serviço público. Assim, ao invés de ter um serviço de interesse público, teremos um serviço a favor de interesses particulares dos grupos econômicos que dominam nosso país, transformando o TRT  em uma empresa moderna que atenda aos interesses da classe dominante, eliminando o papel da justiça do trabalho como mediadora dos conflitos capital e trabalho.
Esta análise, que esperamos seja feita também nos anos de 2016 e 2017, já demonstra que não “se pode tapar o sol com uma peneira”, ou seja, não adianta fingir que não se vê a situação dramática do TRT e demais tribunais. Assim, quando só se fala em metas e produtividade, de um teletrabalho com mais produtividade (se isso é possível), cabe ao SITRAEMG, enquanto representante dos servidores, continuar encampando a saúde do trabalhador como luta política sindical, para evitar o sofrimento no trabalho, o adoecimento causado por uma organização de trabalho que implementou um projeto de gestão no serviço público que já foi danoso nas universidades e bancos, conforme diversos estudos constataram.
É sempre bom lembrar que os estudos de absenteísmo apontam o afastamento do trabalho, por motivo de saúde, mas não há como medir o sofrimento daquelas pessoas que continuam trabalhando, mesmo que seja à base de remédios psicoativos, para “suportar o insuportável”.
Neste cenário de precarização das condições de trabalho, de sofrimento e adoecimento, devemos estar alertas para que o assédio moral não seja usado como ferramenta de gestão em busca de mais produtividade. Afinal, em todo assédio moral, a consequência é o sofrimento, adoecimento, quebra do coletivo dos trabalhadores, diminuição da produtividade e da força de trabalho já escassa nos Tribunais. Este debate deve ser levado ao comitê gestor de saúde (resolução 207), ao comitê gestor de pessoas, para debater a viabilidade de uma série de propostas da resolução 219, e para a comissão do tele trabalho, para que continuemos trabalhando, mas sem adoecer.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

SJPDF e Comissão dos Empregados da EBC repudiam casos de censura, retaliações e assédios contra jornalistas dentro da empresa.

Escrito por: Redação 

Fonte: Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF
Tempos sombrios pairam sobre a EBC, em especial sobre a Agência Brasil. Durante 2017, os casos de censura se multiplicaram e os assédios contra jornalistas viraram coisa corriqueira.

Repórteres setoristas experientes foram transferidos sem nenhum diálogo, instaurando a perseguição contra os trabalhadores da empresa. O programa de correspondentes nacionais também foi interrompido de forma autoritária, após episódios explícitos de assédio moral.
2018 inicia com sinais ainda piores. O repórter Ivan Richard, há 10 anos trabalhando na Agência Brasil e hoje representante dos trabalhadores na Comissão dos Empregados, surpreendentemente, foi expulso da Agência Brasil e informado que não faria mais parte da equipe após seu retorno de férias.

O repórter sequer foi avisado oficialmente da mudança, sendo comunicado informalmente por um colega de redação sobre sua transferência autoritária para a redação da TV Brasil. Até o momento, nenhuma informação foi dada sobre o que motivou a decisão do gerente executivo da Agência Brasil, Alberto Coura. Questionado por e-mail, o diretor de jornalismo da EBC, Lourival Macedo, não se manifestou, atitude que, em nossa compreensão, demonstra conivência com a perseguição.

O cenário sistêmico de assédio a profissionais concursados na atual gestão da Agência Brasil acentua-se ainda mais com a retaliação que tem sido praticada contra as trabalhadoras, umas delas gestante, que tentou sair da Agência Brasil também por sofrer assédio moral e que teve seu pedido negado. Outras trabalhadoras, com reconhecida competência, inclusive premiadas, foram destituídas das funções que exerciam pela gestão Coura.

Agora, a medida autoritária contra o repórter Ivan Richard abre um precedente ainda mais perigoso não apenas contra os demais profissionais da Agência Brasil, mas para todos os empregados da EBC que, do dia para noite, sem diálogo ou qualquer informação prévia, poderão ser trocados de setor e de função por capricho dos seus superiores ou mesmo mantidos no veículo, a despeito de suas solicitações de mudança, para ficarem à mercê da perseguição dos gestores.

A atitude do gerente executivo da Agência Brasil, Alberto Coura, alvo de processo na Justiça do Trabalho por assédio moral, mostra o total descompromisso dele e da direção da EBC com a moralidade e com a comunicação pública e o desrespeito com os profissionais.

A desastrosa gestão de Coura na Agência é reflexo do ataque à empresa pública patrocinada pela atual direção e pelo governo federal. Desde junho, quando assumiu o cargo, o gerente não promoveu sequer uma reunião com seus subordinados.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF não vai compactuar com esse tipo de ação que ameaça e gera insegurança aos trabalhadores, os quais, a cada dia, estão expostos a novas retaliações e a tornarem-se as próximas vítimas de mudanças açodadas.

Fica mais evidente que não interessa à direção da EBC garantir a finalidade para qual a empresa foi criada. O interesse passou a ser apenas afagar o governo e garantir os cabides de emprego na estatal, cometendo seguidos atos de ilegalidade e afronta aos trabalhadores e à sociedade brasileira.

 Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF
Comissão dos Empregados da EBC

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

TRF1 adere à campanha Janeiro Branco, de prevenção à saúde mental


Confira, também, os comentários do SITRAEMG a respeito da iniciativa.
Foi publicada na edição nº 1820, desta quarta-feira (31/01/18), do boletim Primeira Região, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), a seguinte nota:
“TRF1 e SJDF aderem ao Janeiro Branco
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) e a Seção Judiciária do Distrito Federal (SJDF) aderiram, no início deste mês, à Campanha Janeiro Branco que propõe um debate sobre temas como “Saúde Mental”, “Saúde Emocional”, “Psicoeducação”, “Educação Emocional” e “Harmonia nas Relações”.
Criada em 2014 em Uberlândia, Minas Gerais, a Campanha tem conseguido envolver psicólogos, profissionais da saúde, da mídia e outros cidadãos em um esforço espontâneo, horizontal, solidário e coletivo em prol da conscientização das pessoas a respeito dos cuidados que todos devem ter com a saúde mental e com a saúde emocional de cada indivíduo.
Por meio de posts em redes sociais, faixas e banners em espaços públicos das cidades, a Campanha Janeiro Branco incentiva uma comunicação assertiva e direta com a população, sensibilizando a comunidade com relação a temas e questões fundamentais para a saúde mental do indivíduo.
Diante disso, equipes de saúde do TRF1 e da SJDF abraçaram essa ideia por entenderem que a Campanha Janeiro Branco pode ajudar com a promoção de ambientes de trabalho mais saudáveis. Para atingir esse objetivo, os profissionais convidam a todos que precisem de um espaço para repensarem o sentido e o propósito das suas vidas, a qualidade dos seus relacionamentos, o autoconhecimento de emoções e o reflexo dessas análises em seus comportamentos a agendarem um horário para serem acolhidos pelas psicólogas e, eventualmente, caso necessário, serem encaminhados ao atendimento na rede credenciada de saúde ou nos serviços públicos de atendimento especializado.
Os agendamentos podem ser feitos no Tribunal pelo telefone 3314-5219 e na Seção Judiciária do DF pelo número 3221-6736.”

Comentários do SITRAEMG

“Aplaudo a iniciativa da Justiça Federal, que chega num momento muito oportuno, já que, em meados do ano passado, estivemos reunidos com a diretoria do foro para tratar, exatamente, do adoecimento emocional de parte dos servidores. As mudanças pelas quais o mundo vem passando, aliadas ao excesso de trabalho no Judiciário Federal, que a cada dia estabelece mais e mais metas a serem alcançadas, são fatores que, de certa forma, exercem uma pressão enorme, que recai sobre os servidores. Criar uma data, mesmo que anual, para debater, investigar as causas e propor soluções para esses transtornos mentais, com certeza irá contribuir muito para a saúde do trabalhador do judiciário. Não custa lembrar que o servidor sadio, num ambiente também sadio, trabalha e produz melhor”, avalia o coordenador do SITRAEMG Nestor Santiago, servidor da Justiça Federal em Belo Horizonte.
“A campanha Janeiro Branco só será efetiva se for incluída a organização do trabalho como fator de sofrimento e adoecimento psíquico”, ressalva o psicólogo Arthur Lobato, coordenador-técnico do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG.