quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Seminário do SINJUS vai sortear vouchers para cuidados com a saúde

 Jornada excessiva, condições inadequadas de trabalho, assédio moral... 

Quantas vezes você faltou ao trabalho este ano por causa da sua saúde, servidor? 

Justamente, buscando entender as causas que levam ao afastamento dos servidores ao trabalho é que o Núcleo de Saúde do SINJUS-MG está promovendo esse seminário. E ainda com direito a brindes especiais para quem participar. 

Imagine ganhar uma massagem ou uma terapia alternativa para cuidar ainda mais do seu bem-estar e ainda contribuir para a melhora da qualidade da sua saúde no trabalho?

Então, participe do Seminário "Saúde e Humanização do Trabalho nos Tribunais", que será realizado pelo Núcleo de Saúde do SINJUS, nesta quinta-feira, 24/11, às 15h, no auditório do TJ unidade Raja.

Vamos discutir:


  • a situação e as consequências do absenteísmo de servidores no TJMG, 
  • a Resolução 207/2015 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 
  • o Planejamento Estratégico do Tribunal em relação à Gestão de Pessoas, com foco na saúde. 
Serão sorteados vouchers de massagens e terapias alternativas para os participantes. 

Se inscreva até o dia 23/11, pelo telefone (31) 3213-5247 e participe! 

Sua presença contribuirá para o enriquecimento das discussões.


Seminário "Saúde e Humanização do Trabalho nos Tribunais"
Data: quinta-feira, 24/11
Horário: 15 horas
Local: Auditório TJMG, Av. Raja Gabaglia

Informações do Sinjus/MG


sábado, 19 de novembro de 2016

Depressão e absenteísmo no trabalho



*por Arthur Lobato

Alguns conceitos referentes à saúde do trabalhador já se tornaram assuntos corriqueiros em conversas, e a depressão é um tema que todos comentam. Segundo a OMS — Organização Mundial da Saúde — a depressão é o mal do século. Os estudos referentes à saúde mental têm fornecido dados importantes para entender esse fenômeno que pode acometer qualquer um de nós. Hoje é inegável o fator trabalho como componente de análise entre as possíveis causas de depressão, e, quando falamos de trabalho, falamos do empregado e do desempregado, pois não conseguir trabalho em nossa sociedade de consumo é sinal de fracasso e exclusão, consequentemente um fator importante na depressão.

Se o trabalhador empregado vive a angústia de poder ficar desempregado, o servidor público concursado com a estabilidade, teoricamente, deveria apresentar um quadro de maior sanidade mental e emocional pois seu emprego está garantido. Mas não é isso que aponta o estudo de absenteísmo realizado pelo TJMG. O absenteísmo — a ausência do funcionário no ambiente de trabalho, ou o número de horas de trabalho perdidas – por transtorno mental e emocional, ocupam o primeiro lugar nos motivos de afastamento, seguido pelas doenças osteomusculares (LER - DORT).

Segundo Bruno Farah, psicólogo do Tribunal Regional Federal da 2ª Região e Doutor em Teoria Psicanalítica (UFRJ/Université Denis Diderot - Paris 7), é preciso interferir na contramão dos mecanismos de gestão que individualizam o trabalho, que criam a competição extremada, produzem uma autonomia enganosa e deterioram as possibilidades de um trabalho comum. Para ele, a saúde no trabalho deve estar no centro da gestão do trabalho. 
“A gestão precisa ver a abundância de competências e não sua carência, deve ser capaz de promover uma autonomia compartilhada e uma interdependência entre sujeitos e não a enganosa autonomia prescrita de uma independência solitária e impotente”.

A OMS define depressão como um transtorno mental comum caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimentos de culpa e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite. Também há a sensação de cansaço e falta de concentração. Estimativas da OMS apontam que em 2020 a depressão será a maior causa de afastamento nas empresas do mundo inteiro. A depressão tornou-se um problema social, “o mal do século XXI”.

Bruno Farah em seu livro “A Depressão no Ambiente de Trabalho: prevenção e gestão de pessoas”, correlaciona a depressão como sintoma social e analisa como o poder paradoxal de um modelo de gestão, compreendido por Gaujulec, como doença social, e por Ehrenberg que analisa a depressão como doença da autonomia. Bruno analisa a depressão e sua relação com o modelo de gestão. Importante é sua constatação que o “enfrentamento do problema precisa dar-se na ordem do coletivo do trabalho”, já que “ninguém evolui – instituição, empresa ou pessoa – sem a participação coletiva” afirma o William Douglas, juiz federal, e que a “saúde no trabalho, deve estar no centro da gestão do trabalho conclui Bruno.

Para Bruno, a depressão apresenta os seguintes sintomas:

- Humor deprimido na maior parte do tempo;

- Interesse diminuído ou perda de prazer nas atividades diárias;

- Sensação de inutilidade ou culpa excessiva;

- Indecisão ou diminuição da capacidade de concentração;

- Fadiga ou falta de energia;

- Insônia ou sono excessivo;

- Agitação ou lentidão de movimentos;

- Perda ou ganho significativo de peso;

- Ideias recorrentes de morte ou suicídio.

Cinco destes sintomas, juntos, por mais de duas semanas, caracterizam o transtorno depressivo maior, mas apenas um sintoma pode ser extremamente desagradável. Farah afirma que a depressão contemporânea deflagra um sofrimento relacionado a responsabilidade de si, uma doença da autonomia, onde prevalecem sentimentos de insuficiência (não consegui o suficiente) e vergonha por ter fracassado, por não ter dado conta. Assim, segundo o autor, “a responsabilidade e a vergonha são dois ingredientes centrais para entendermos o sofrimento manifesto na depressão”.

O SINJUS-MG está com uma enquete no site sobre alguns dos possíveis motivos do absenteísmo no TJMG. Participe e ajude o Sindicato na elaboração de uma política de prevenção à saúde em busca de um ambiente saudável de trabalho, onde as relações interpessoais tenham por base o respeito, a honra e a dignidade da pessoa humana.

1Farah, Bruno. A depressão no ambiente de trabalho: prevenção e gestão de pessoas: um estudo sobre as empresas contemporâneas a luz do Judiciário Federal. São Paulo: Ltr, 2016. Pág. 33.



*Arthur Lobato é psicólogo, Saúde do Trabalhador

Publicado em:http://www.sinjus.com.br/


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Seminário do DSTCAM é destaque no programa Agenda Minas

Seminário foi realizado pelo Departamento de Saúde do Trabalhador reuniu cerca de 80 pessoas
O Programa Agenda Minas do último sábado (12/11), exibiu a cobertura do  Seminário do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG, realizado nos dias 04 e 05/11, no hotel Normandy, em Belo Horizonte.
O evento abordou diversos temas sobre a saúde do trabalhador e o assédio moral como prática de gestão, além de divulgar o trabalho realizado pelo departamento, com números que comprovam a intensa atuação do DSTCAM desde sua criação. Os servidores presentes foram alertados da importância das denúncias em casos de assédio moral no ambiente de trabalho, e que os mesmos devem comunicar-se ao SITRAEMG em situações de sofrimento ou adoecimento no trabalho.

O que faz o servidor se afastar do trabalho? Dê sua opinião!

Enquete Site SINJUS/MG


Está na mídia: no dia a dia das grandes instituições, o absenteísmo tem sido um fator recorrente. O último estudo realizado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) apontou um alto índice de afastamento do trabalho. E são várias as causas que levam ao desgaste físico e mental do servidor. Por isso, o SINJUS quer saber: na sua opinião, qual o principal motivo para o adoecer do servidor?

Na enquete, que está no lado direito inferior do site, você pode escolher entre as opções: A (autoritarismo das chefias), B (problemas envolvendo o PJE), C (dores osteo musculares (LER-DORT)), D (depressão por motivos variados) e E (falta de perspectivas na carreira profissional).

Responda a enquete do SINJUS e contribua para que o Núcleo de Saúde do Sindicato possa se aprofundar mais no assunto, conhecer a sua realidade de trabalho e apontar mudanças a fim de reduzir esse quadro negativo. Participe!

O absenteísmo é o período de ausência no trabalho atribuído à doença.
O índice do TJMG é alto.
Na sua opinião, qual seria o principal motivo?
A) autoritarismo das chefias
B) problemas envolvendo o PJE
C) dores osteo musculares (LER-DORT)
D) depressão por motivos variados
E) falta de perspectivas na carreira profissional


PARTICIPE DA ENQUETE NO LINK: http://www.sinjus.com.br


Inscrições abertas: Seminário "Saúde e Humanização do Trabalho nos Tribunais"


Você já deve ter ouvido falar do “Outubro Rosa” ou do “Novembro Azul”. Essas campanhas realizadas pelos órgãos de saúde têm o mesmo objetivo em comum: divulgar informações sobre algumas doenças e alertar a população sobre a importância da prevenção.


Da mesma maneira, o Núcleo de Saúde do SINJUS-MG tem buscado levar cada vez mais informações aos servidores – por meio de conteúdos nas nossas mídias – e também se informar – por meio de discussões – a fim de aprofundar no estudo das doenças laborais que acometem os servidores do Judiciário mineiro.


No dia 24/11, o Núcleo de Saúde promove o Seminário "Saúde e Humanização do Trabalho nos Tribunais", conforme deliberado durante o 10º CONSINJUS. O objetivo é discutir a situação e as consequências do absenteísmo de servidores no TJMG, a Resolução 207/2015 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Planejamento Estratégico do Tribunal em relação à Gestão de Pessoas, com foco na saúde.


O evento será realizado no auditório do TJ unidade Raja Gabáglia, das 15h às 17h, e terá como palestrantes, representante do TJMG, da GERSAT e do SINJUS. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas pelo telefone (31) 3213-5247 até o dia 23/11. No evento serão sorteados vouchers para cuidados com sua saúde e bem-estar!


Não perca e ajude a contribuir para melhorar a qualidade da sua saúde no trabalho!


O que faz o servidor se afastar do trabalho?


Responda à pergunta e participe da nova enquete do SINJUS! A pesquisa está no lado direito inferior do site. Dê sua opinião e contribua para que o Núcleo de Saúde do Sindicato possa se aprofundar mais no assunto, conhecer a sua realidade de trabalho e apontar mudanças a fim de reduzir esse quadro negativo.

O absenteísmo é o período de ausência no trabalho atribuído à doença. O índice do TJMG é alto. Na sua opinião, qual seria o principal motivo?
A) autoritarismo das chefias
B) problemas envolvendo o PJE
C) dores osteo musculares (LER-DORT)
D) depressão por motivos variados
E) falta de perspectivas na carreira profissional

Serviço:

Seminário "Saúde e Humanização do Trabalho nos Tribunais"
Data: 24/11/2016
Horário: das 15h às 17h
Local: Auditório do TJ unidade Raja Gabáglia
Inscrições: até dia 23/11 pelo telefone (31) 3213-5247
Publicado em: http://www.sinjus.com.br


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Seminário do DSTCAM: confira cobertura completa do evento

O SITRAEMG realizou nos dias 04 e 05 de novembro o Seminário do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM), no hotel Normandy, em Belo Horizonte.  

O evento, coordenado pelo psicólogo Arthur Lobato, debateu sobre o assédio moral como prática de gestão, a lógica da produtividade no serviço público e suas consequências na saúde de seus funcionários.

O seminário também serviu como espaço de reflexão sobre o papel do DSTCAM e do SITRAEMG mediante os caso de denúncias de assédio moral apresentadas. Os coordenadores do Sindicato responsáveis pelo Departamento, Célio Izidoro e Vilma Oliveira Lourenço, juntamente com os também coordenadores Alexandre Magnus e Henrique Olegário Pacheco tiveram participação ativa no evento, que contou com diversas palestras, debates e até apresentações teatrais.

Galeria de fotos

DSC_0204 

Publicado em:  http://www.sitraemg.org.br/

Confira opinião de filiados sobre a criação do departamento e a promoção do evento


Magnus Alexandre, Arthur Lobato, Vilma Lourenço, Célio Isidoro/SITRAEMG


Foram vários os depoimentos dos servidores presentes no Seminário do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG, realizado na sexta-feira, 4, e sábado, 5, no hotel Normandy, em Belo Horizonte. Elogios não só à criação do DSTCAM, mas também à realização do seminário. Diante das manifestações, ao longo dos debates, o Sindicato ouviu um filiado de cada tribunal. Confira os depoimentos:

Conceição Cruz – Justiça Federal/Divinópolis:


“Sou servidora da Justiça Federal desde 1994, e acredito que a criação de um departamento sindical de saúde do trabalhador sinaliza a preocupação com o crescente adoecimento da classe judiciária. Espero que a saúde do servidor e o PGQ VT (Programa de Gestão e Qualidade de Vida do Trabalhador), efetivamente, sejam tão importantes quanto a estatística processual nos tribunais.”




Olavo Oliveira – Justiça Militar/Juiz de Fora:

“A criação do setor teve uma importância muito grande no sentido de acolher as demandas já existentes e do resgate da autoestima do servidor que por ventura sofra assédio e demais prejuízos em relação à saúde. Hoje o filiado tem assistência tanto para o combate ao assédio quanto para a melhora da sua saúde física e psicológica. O evento nos deu o privilégio de trazer personalidades ilustres no assunto em pauta e enriquecer os nossos conhecimentos para nos fortalecer ao saber do amparo que temos. Que outros eventos assim voltem a acontecer.”


Rosemeire Petitjean:


“Uma coisa é ter ideia, outra é ter coragem de implantá-la. Essa gestão teve ótima ideia e valentia. Os sindicatos do mundo inteiro, normalmente, estão voltados para a questão salarial. E hoje é discutida a questão da saúde no trabalho. As palestras foram muito boas, ministradas por profissionais competentes, muito esclarecedoras. Que o debate continue.”





Carla Oliveira Cassaro de Souza Farage – TRE/Além Paraíba:

 “Vim prestigiar o seminário por entender que a criação do departamento é de suma importância para o servidor, tendo em vista que vivemos no nosso trabalho não só de salários, mas também da necessidade de qualidade de vida para ganhá-lo e exercer o nosso trabalho. Assim, o DSTCAM é de grande importância, e esperamos que novos projetos e novos encontros estejam por vir.”





Publicado em: http://www.sitraemg.org.br


Seminário do DSTCAM: confira cobertura completa do evento

http://www.sitraemg.org.br/seminario-do-dstcam-confira-cobertura-completa-do-evento/



Mesas destacam o trabalho do departamento e da atual diretoria do SITRAEMG

O Seminário do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG, realizado nos dias 4 e 5 de novembro (sexta e sábado), no hotel Normandy, em Belo Horizonte, teve espaço também para abordagem das ações desenvolvidas pelo setor. Compuseram a mesa o psicólogo Arthur Lobato, responsável técnico pelo DSTCAM e os também integrantes do departamento e coordenadores do Sindicato Vilma Oliveira Lourenço, Célio Izidoro e Alexandre Magnus.


O papel do DSTCAM
Arthur Lobato destacou os números que comprovam a intensa atuação do DSTCAM desde sua criação, no ano passado. A coordenadora Vilma Lourenço lembrou que o departamento se reúne semanalmente, que já foram publicadas três edições do jornal específico do setor e que, em 2 de maio deste ano, Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral, o SITRAEMG instalou tendas em frente aos principais prédios dos tribunais, em Belo Horizonte, para conversar com os servidores sobre saúde do servidor e assédio moral. Rememorou também que o DSTCAM já realizou reuniões com os setores de saúde da Justiça Federal, TRE e TRT, e que o Sindicato integra o comitê de saúde criado por este último. Destacou, ainda, que é função do Sindicato fazer o enfrentamento, em caso de denúncias de assédio moral apresentadas, mas alertou que é extremamente importante que os servidores tomem a iniciativa de comunicar ao Sindicato os casos de sofrimento ou adoecimento no trabalho. “Temos que tirar o medo dos servidores de serem perseguidos e encorajá-los a denunciar, a reunirem provas”, resumiu.

Vilma Lourenço fez questão de registrar a colaboração da filiada Rogéria Figueiredo, servidora da Justiça Federal, como membro do DSTCAM, tendo ajudado inclusive na estruturação do departamento, juntamente com o psicólogo Arthur Lobato. E este elogiou o trabalho da funcionária do SITRAEMG Danúbia não só como assistente do departamento, mas também na organização do Seminário.

O SITRAEMG nas lutas
Alexandre Magnus reiterou que os servidores conseguiram recentemente a aprovação da reposição salarial, depois de anos de luta e de ter realizado a mais forte e longa greve da categoria, em 2015, salientando, no entanto, que o trabalho da atual diretoria do Sindicato não se resume à questão salarial. Ele citou a aprovação e implementação da isonomia entre chefes de cartório como mais uma grande e importante vitória da categoria, sobretudo para os chefes de cartórios eleitorais do interior, e que também contou com total empenho da atual direção da entidade. Outra importante iniciativa no atual mandato, relatou, são os três projetos de lei de iniciativa do SITRAEMG que tramitam no Congresso Nacional: a PEC 220/16 (que trata da data-base), o PL  5526/16 (direito de servidores do Judiciário Federal bacharéis em Direito advogarem) e o PL 5698/16 (classifica a prática de assédio moral no serviço público com crime de improbidade administrativa).

E as mobilizações não param por aí. Além de bandeiras específicas da categoria, o Sindicato já está plenamente engajado nas lutas de interesse de todos os trabalhadores do serviço público e da iniciativa privada contra a PEC 55/16 (antiga PEC 241/, do congelamento de gastos públicos por 20 anos), reforma da Previdência e outras tantas medidas incluídas no pacote de maldades do governo Temer direcionado à sociedade brasileira. “Temos que enfrentar essa luta mais robusta. Vamos seguir à risca o calendário de mobilização”, disse Alexandre Magnus, referindo-se ao calendário nacional de mobilização definido recentemente pelo Fórum Nacional em Defesa do Serviço Público (Fonasefe), que tem entre seus membros a Fenajufe, e referendado pelos servidores do Judiciário Federal em Minas Gerais em assembleia geral extraordinária realizada em 20 de outubro. Graças a esse trabalho dedicado da diretoria, frisou, o SITRAEMG pulou, dos menos de 4 mil filiados que tinha em maio de 2014, para cerca de 5.200 na atualidade.

Magnus também aproveitou a oportunidade para reforçar o convite aos colegas para a assembleia geral convocada para este domingo, 5, para debater e deliberar sobre “estrutura de carreira”, tendo em vista a discussão nacional sobre carreira no âmbito da Fenajufe e da Comissão Interdisciplinar constituída pelo Supremo Tribunal Federal, e para informar que o Sindicato participou do XXI Encontro do Coletivo Jurídico da Fenajufe, realizado na quinta (3) e sexta-feira (4), em Brasília, com membros de sua diretoria e da assessoria jurídica participando ativamente com várias intervenções nos debates sobre os temas pautados, conforme matérias veiculadas neste site.

O coordenador Célio Izidoro ressaltou que o SITRAEMG nunca lutou tanto como na atual gestão. Foram mais de 100 dias de greve no ano passado e, agora, tem uma agenda de mobilização que passa pelo ato público e AGE convocados para o próximo dia 11, em frente ao prédio do TRT da rua Mato Grosso, 468, em BH, quando a categoria decidirá sobre o indicativo de greve geral para o dia 25/11. As reformas da Previdência e do ensino médio, assim como a PEC 55/16, vão atingir todo o mundo do trabalho, alertou Izidoro, acrescentando a seguinte indagação: “Se (essas medidas) passarem, o que será da nossa geração?”.

Célio Izidoro defendeu a construção de uma unidade envolvendo todos os trabalhadores e representantes dos movimentos sindical, estudantil, sociais e ambientais. “Venham se somar a todos nós. Vamos votar o indicativo de greve para 25 de novembro!”, conclamou, referindo-se à AGE do dia 11. Ele também convidou os colegas para a roda de conversa agendada para o dia 18, no TRT de Contagem, para debater a PEC 55/16 e a reforma da Previdência, e o passeio à Comunidade Quilombola dos Arturos, no dia 19, comemorativo ao Dia Nacional da Consciência Negra (detalhes AQUI).  Citou, ainda, as lutas específicas dos servidores, tais como a redução da jornada no TRE, a devolução da verba do orçamento do TRT desviada para o pagamento do auxílio-moradia dos magistrados e a criação do Tribunal Regional Federal de Minas Gerais, uma vez que o TRF-1, ao qual Minas é vinculado atualmente, abrange 13 estados e o Distrito Federal. “Nossa luta não é só por condições econômicas, mas também por condições humanas de trabalho, qualidade de vida, para termos o prazer de trabalhar”, explicou, também incluindo no rol das bandeiras da mobilização nacional a luta contra a “entrega” do Pré-Sal às empresas transnacionais e o projeto Escola sem Partido. “Estão destruindo nossa nação, o nosso povo. Nossa unidade é capaz de enfrentar qualquer coisa. Vamos lutar por um mundo melhor”, concluiu.

A coordenadora Vilma Lourenço também destacou a greve da categoria, no ano passado, e as muitas viagens organizadas pelo Sindicato a Brasília, pela aprovação do PLC 28/15 (reposição salarial) e, posteriormente, pela derrubada do Veto 26/16 (veto da então presidente Dilma ao PLC 28/15), e a aprovação da reposição salarial neste ano, mas infelizmente, como “projeto do leitinho”. Lembrou, ainda, da luta pela aprovação da isonomia ente chefes de cartórios, e que o SITRAEMG esteve esse tempo todo na capital, mais precisamente no Congresso Nacional, se articulando com os parlamentares.

 Considerações finais


Os coordenadores do Sindicato Alexandre Magnus, Célio Izidoro e Vilma Oliveira Lourenço, juntamente com o também coordenador Henrique Olegário Pacheco, voltaram a compor a mesa também já próximo do final do seminário do DSTCAM, para apresentarem suas considerações finais sobre o evento.

Célio Izidoro voltou a alertar os colegas presentes para as ameaças do governo de entregar o Pré-Sal para as transnacionais, de promover o retrocesso na educação com os projetos de reforma do ensino médio e de Escola sem Partido, e de retirar mais uma vez direitos da Previdência e trabalhistas. “Não devemos ceder às pressões”, disse, completando: “o momento é de cautela, mas também de nos avaliar. Não vamos nos isolar. Vamos nos unir e resistir”.

Vilma Lourenço agradeceu a todos pela presença no seminário, dizendo que quem participou ganhou com as ricas informações das palestras. “É como quem está estudando e fica na sala de aula, enquanto outros a abandonam e vão para o bar”, comparou. “Vãos ter outros seminários, para que a gente possa avançar”, anunciou.

Henrique Olegário Pacheco também agradeceu a presença de todos e disse que se sentiu lisonjeado com os elogios manifestados pelos colegas à iniciativa do Sindicato. Além disso, elogiou o trabalho desempenhado por Arthur Lobato no DSTCAM e destacou que a atual diretoria do Sindicato tem trabalhado no sentido de fortalecer “as pessoas”.

Ao final, os filiados presentes aprovaram a carta do Seminário do DSTCAM defendendo a necessidade de incluir esse departamento dentro das políticas permanentes do Sindicato independentemente das próximas gestões e diretores da entidade. 

Estudo de caso: assédio moral e sua relação com a organização do trabalho

Arthur Lobato, coordenador técnico do DSTCAM do SITRAEMG
O psicólogo Arthur Lobato, que é o responsável técnico pelo Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG, encerrou o Seminário do DSTCAM, realizado na sexta-feira, 4, e sábado, 5, no hotel Normandy, em Belo Horizonte, apresentando o “Estudo de Caso: Assédio Moral e sua Relação com a Organização do Trabalho”.


Ele iniciou sua fala lembrando que existe um gargalo de 90 milhões de processos parados na primeira instância da Justiça, mas que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com sua preocupação única de economizar gastos e manter a saúde financeira do Poder Judiciário, em vez de atacar o problema promovendo mudanças estruturais nas instituições, opta por “chicotear” os servidores, impondo-lhes metas e mais metas em busca de uma impossível solução. Seguindo um modelo de gestão vertical, o CNJ faz pressão sobre os desembargadores, estes sobre os juízes, que pressionam os gestores chefes e a carga sobre toda para os servidores, que, submetidos a métodos desumanos para ampliar a produtividade, acabam se expondo aos riscos de adoecimento. Referindo-se a obras literárias pertinentes e exibindo ilustrações que mostram o estado de desespero de uma pessoa diante do computador e de uma carga de trabalho impossível de se aliviar, mesmo depois de tantas horas extras e trabalho levado para casa, Lobato lembrou que é isso que acontece com hoje com o servidor público, com alguns chegando ao enlouquecimento.

O palestrante informou que o próprio CNJ, dentro do objetivo de amenizar essa exposição dos servidores ao adoecimento, editou a Resolução 207, determinando que os tribunais adotem modelos de gestão nesse sentido. Só que, até agora, apenas os TRTs de Minas e do Rio Grande do Sul acataram tal determinação. Enquanto persistem esses modelos escravizantes, amplia-se nos tribunais não só o quadro de adoecimento, mas também o número de casos de assédio moral.

Lobato, ao lado da coordenadora Vilma Oliveira Lourenço, recebendo da filiada Lúcia Bernardes uma lembrança da diretoria do SITRAEMG


A humilhação do assédio moral

“Assédio moral é uma conduta abusiva intencional, frequente e repetida, que ocorre no ambiente de trabalho, e que visa diminuir, vexar, constranger, desqualificar e demolir psiquicamente um indivíduo, ou um grupo, degradando as condições de trabalho, atingindo sua dignidade, e colocando em risco sua integridade pessoal e profissional”, definiu o palestrante, ressaltando que, para tentar mudar essa realidade, o SITRAEMG decidiu criar o DSTCAM, para mediar os casos denunciados, em busca de solução, para defender o servidor.

Mais uma vez recorrendo a ilustrações, o psicólogo mostrou situações de assédio moral, lembrando que pode ocorrer tanto de forma vertical (das chefias sobre subordinados) quanto horizontal (entre os próprios colegas de trabalho). O assédio pode começar com uma palavra, um gesto, e sempre tem alguém interessado em se beneficiar com a desgraça do assediado. No desenrolar do processo, os demais servidores do grupo vão sendo erroneamente convencidos de que as reclamações são infundadas e o assediado vai ficando cada vez mais isolado, até sucumbir, se não reagir a tempo. Em muitos casos, quando o servidor, depois de várias vez afastado por algum motivo de doença, sofre também a humilhação no retorno ao trabalho, com os colegas o culpando por lhes ter aumentado a carga de trabalho com sua ausência.  Aí, voltam os mesmo s problemas, afirmou o palestrante, opinando que, nesses casos, o ideal é o servidor ser transferido para outro setor.

Arthur Lobato também citou algumas situações que evidenciam a relação assédio moral/modelo de gestão: pressão para produzir (ameaças); relações interpessoais mais tensas; competitividade; falta de solidariedade com o adoecido devido à sobrecarga com redução do quadro de servidores; assédio através de insultos, violência moral, pressão, humilhação, fofocas, ironia, exclusão do adoecido. Mostrou também situações evidentes na relação assédio moral/modelo de gestão/organização do trabalho: carga excessiva de trabalho, aceleração do ritmo de trabalho, uso de medicamentos psicoativos, introjetar o dogma de ser cada vez mais produtivo, PJe e seus impactos sobre a saúde do servidor, autoritarismo das chefias, negação do diálogo e da autogestão.

Como tem feito repetidamente em suas palestras para os servidores do Judiciário Federal em Minas, o psicólogo Arthur Lobato informa que o DSTCAM do SITRAEMG vem procurando se aproximar dos setores de saúde dos tribunais, visando dialogar no sentido da detecção dos problemas de saúde existentes, para busca das soluções não só com a recuperação do servidor, mas também com mudança de gestão de forma a prevenir o adoecimento. Quanto aos casos de assédio moral denunciados, o DSTCAM procura ouvir o servidor. Sendo apontado o problema, procura dialogar com o setor em que ele trabalha, para trabalhar uma solução. Quando constatado que o assédio foi praticado pela chefia, procura convencer o gestor de que o servidor trabalhando satisfeito ganham todos – chefes e colaboradores.

No espaço para debate, uma servidora manifestou sua preocupação quanto à possibilidade de o DSTCAM vir a ser desativado por diretorias futuras do Sindicato. Mas o coordenador geral Alexandre Magnus interveio e propôs a votação e aprovação de uma carta de intenções que exija das futuras diretorias manterem ativo o setor. A carta, que foi apresentada por Magnus, foi aprovada ao final. Houve também servidores que lamentaram a falta de interesse dos servidores, dizendo que eles deveriam lotar o espaço para se informarem sobre pautas tão interessantes quanto as que foram debatidas. E os que estiveram presentes foram aplaudidos por todos.

“O que queremos com esse debate é jogar conhecimento, esclarecimento. Essa é a função do ser humano, tentar entender melhor quem nos somos. O sofrimento só sabe medir quem passa por ele. A gente não pode viver só em função de trabalho. Esse momento aqui é um momento de refletir e a gente tentar mudar. A vida é assim: pequenos passos, grande jornada”, concluiu Lobato.




“Traumas psicológicos no contexto laboral”

Carlos Eduardo Carrusca, doutor em Psicologia e professor da PUC/MG
 O sábado, 5 de novembro, segundo e último dia do Seminário do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG, também contou a palestra sobre “Traumas psicológicos no contexto laboral”, proferida pelo doutor em Psicologia e professor da PUC/MG Carlos Eduardo Carrusca. O título da palestra é o mesmo do livro de autoria do palestrante. Ele comentou que recebe, na PUC/MG, vítimas de uma infinidade de violências relacionadas ao trabalho, e alertou para o fato de que, mesmo fora do trabalho, se pode sofrer violência relacionada a ele.


Segundo o palestrante, o que se vê, no mundo do trabalho, são as práticas de gestão dentro da lógica do capital, com mecanismos de controle cada vez renovados, exigências de produtividade e celeridade, cumprimento de metas, e a iniciativa e autonomia do trabalhador cada vez mais jogadas de lado. O trabalhador vive pressionado, propício ao adoecimento e, por vezes, até ao suicídio.

Também destacou a prática de assédio moral nos locais de trabalho, definindo o assédio como uma violência psicológica capaz de atingir a dignidade e a autoestima do trabalhador, expondo-o à humilhação e constrangimento, podendo ser praticado de forma vertical, mas também horizontal. Mas essa prática, ensinou, deriva da gestão e organização do trabalho.

Para ele, existe também o assédio organizacional, que é o decorrente de uma política de violência com a finalidade de melhorar a produtividade ou reforçar o controle à submissão, podendo se dar por estresse, injúria ou medo, e apresentando como principais sintomas a ansiedade, sensação de incompetência e isolamento.

O professor da PUC/Minas também mostrou o seguinte relato de um trabalhador assediado: “A consequência pior que fica não é fisicamente é a moralmente, psicologicamente é o trauma que você fica, você já fica cismado com todo mundo, você já vai com medo do que você possa ouvir e escutar de alguém. Fica o trauma mais é psicológico mesmo não é? A consequência que fica é psicológica, porque fisicamente você toma o remédio e cura, e psicologicamente você fica ali com isso”.

Citando um caso de um trabalhador que teria sido vítima de um trauma psíquico no trabalho, mas, na apuração do caso, apresentou uma explicação confusa, o palestrante disse que é preciso o profissional de saúde conhecer a fundo a história do reclamante, pois “cada caso é um caso diferente”.

São as seguintes as medidas de prevenção ao adoecimento psíquico que ele recomenda: a ameaça de morte sobre a qual falam os trabalhadores não se refere, apenas, às agressões físicas, geralmente, mais visíveis; ela se reporta às violências psicológicas, praticadas por meio da linguagem; a proteção da saúde dos trabalhadores deve passar pelo apoio aos trabalhadores e pela transformação dos modos de gestão e organização do trabalho. Os primeiros auxílios psicológicos: apesar da pesquisa incipiente, experiências de intervenção imediatamente após um evento traumático mostram que o apoio psicológico ajuda a suportar melhor os efeitos das situações, a pronta intervenção pode revelar-se vital para evitar danos psicológicos no futuro.

O palestrante recebe da coordenadora Vilma Lourenço uma lembrança da diretoria do SITRAEMG
O palestrante também informou que as primeira medidas preventivas devem ser: oferecer proteção, segurança e esperança; proporcionar ou aliviar de forma imediata os sintomas de stress agudo; facilitar a recuperação espontânea; identificar e encaminhar afetados por emergências psiquiátricas ou em risco de desenvolver algum transtorno psiquiátrico.

No espaço para debates, Francisca Reis da Silva Barros Menzel, servidora do TRT de outro estado que assina a “Declaração dos direitos de uma vítima de assédio moral”, publicada na primeira página do jornal do DSTCAM, editado dias atrás, disse que busca hoje a solidariedade, “que é não aceitar o assédio moral, é sair da caverna e ver a realidade”. E desabafou: “Se questiono algo, cale a sua boca, se estou insatisfeita, a porta está aberta; luto por justiça, e ela sé existe quando tratamos as pessoas por igual. Tudo passa pela valorização do ser humano, pelo respeito ao ser humano”.

O palestrante reafirmou que não se consegue eliminar o assedio moral sem mudar a estruturação organizacional: o modelo precisa ser transformado. Para o trabalhador reagir aos traumas psíquicos, é ter alguém para atendê-lo, e o psicólogo faz esse trabalho, de leitura das marcas.

Ao final, foram sorteados alguns exemplares do livro "O Juiz sem Toga", de Herval Pina Ribeiro, como brinde para alguns participantes do evento:







 Publicado em:  http://www.sitraemg.org.br



A “Indústria da loucura” e o adoecimento do trabalhador

Psicóloga Mariana Cristina, militante do MNLA
A psicóloga Mariana Cristina, militante do Movimento Estadual da Luta Antimanicomial do Rio de Janeiro (MNLA), participou como palestrantes neste sábado, 5, no segundo e último dia do Seminário do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG, abordando o tema “Indústria da loucura”. Ela começou explicando que o trabalho do MNLA é “desconstruir” os conceitos de “normalidade” e “anormalidade” quanto ao comportamento do ser humano, e frisou que o adoecimento do trabalhador é consequência da ganância do sistema capitalista, cujo único objetivo é a obtenção do lucro.

A psicóloga também apresentou dados estarrecedores sobre a saúde mental do trabalhador: 30% da população mundial sofre de transtornos mentais leves e de 5% a 10% transtornos mentais graves (dados OMS); e os transtornos mentais são a terceira causa de longos afastamentos do trabalho – R$ 200 milhões em pagamentos de benefícios anuais. Dados da própria Previdência brasileira revelam que as doenças mentais nos afastamentos associados ao trabalho aumentaram de 4% para quase 5% das licenças nos últimos três anos. E, enquanto o adoecimento leva ao aumento das aposentadorias por invalidez, o governo promove cortes e mais cortes na Previdência. Só no início deste ano, assumiu o compromisso de revisar 500 mil auxílios-doença e 700 mil aposentadorias por invalidez.

Falando sobre o conceito saúde-doença, a palestrante detalhou que, na segunda metade do século XIX, a medicina era desenvolvida dentro de um sentido biologicista: o corpo separado da subjetividade. A busca da cura era forçar o sujeito a identificar-se com a doença. A medicina cumpria o papel de adaptação do homem à manipulação – controle social – ao qual a ciência médica fornece seus remédios. Assim, pessoas que incomodavam a sociedade, muitas vezes eram internadas como loucas. Com base no princípio epistemológico do isolamento (isolar para conhecer o paciente), os manicômios se multiplicaram no Brasil, no século XX, e foram se transformando em verdadeiros “campos de concentração”. Era como se fosse uma política de “higienização social”, com violação brutal de direitos humanos. Somente na Colônia de Barbacena, morreram 60 mil pessoas no século XX, sendo que, em dias de muito frio e superlotação, chegaram a morrer 16 pessoas por dia. Após 1964, na ditadura militar, os militares incentivavam a participação do capital privado em todos os setores e na saúde não foi diferente. Era ótima fonte de lucro, pois não precisavam de grandes aparelhos médicos nem sofriam controle por parte da sociedade e do Estado. O retorno do regime democrático, a partir de 1985, e a Constituição de 1988 trouxeram mudanças no sistema e, em 2001, foi aprovada a lei federal 10.216/2001, que determinou a extinção dos manicômios.

Mas engana-se quem acredita que a indústria da loucura no País acabou. Conforme explicações da psicóloga Mariana Cristina, os manicômios deram lugar às Comunidades Terapêuticas, que atuam não com serviços de saúde, mas de doutrina. Só para se ter uma ideia do montante de recursos destinados a essas CTs, em 2011 foram destinados a elas R$ 34 milhões, ou cerca de R$ 800 reais por usuário. “Trata-se de uma opção do governo federal para compra de apoio político de setores conservadores em bancadas religiosas sob um discurso de defesa de direitos”, analisa a psicóloga, destacando alguns políticos que lucram com essas comunidades terapêuticas: deputados federais Marco Feliciano (PSC-SP) e Carimbão (PROS-AL ) e a senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR). Além disso, tem a indústria farmacêutica, que patrocina encontros para médicos, como forma de propaganda e fidelização dos clientes – constante crescimento. E a indústria da loucura, denunciou a palestrante, retira recursos do SUS, que são transferidos para as CTs.

A palestrante recebe da coordenadora Vilma Lourenço uma lembrança da diretoria do SITRAEMG
No espaço para o debate, o psicólogo Arthur Lobato observou que o conceito de loucura e normalidade não tem consenso ao longo da história. Se antes eram todos excluídos, hoje é o que enlouquece pelo trabalho que vai cair nos novos manicômios. “Temos que ficar em alerta a esse movimento neoliberal”, advertiu. Célio Izidoro deixou a seguinte indagação: “a exclusão por ser pobre, por ser negro, por ser questionador – será que precisamos exterminar o povo?”. Outro servidor lamentou que, nos tribunais as avaliações de saúde levam em conta somente o aspecto físico, deixando de lado a situação psicológica e psiquiátrica do servidor, como se este fosse somente um ser “físico”.


Publicado em:   http://www.sitraemg.org.br


“Novas tecnologias: processo judicial eletrônico, teletrabalho e os impactos sobre a saúde do servidor”


Rogério Dorneles, médico do trabalho e pesquisador do Rio Grande do Sul
 “Novas tecnologias: processo judicial eletrônico, teletrabalho e os impactos sobre a saúde do servidor”. Esse foi o tema abordado por Rogério Dorneles, médico do trabalho e pesquisador de condições de saúde do judiciário do Rio Grande do Sul, em palestra proferida no sábado, 5, segundo e último dia do Seminário do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG, no hotel Normandy, em Belo Horizonte. Dorneles elogiou a direção do SITRAEMG pela promoção do debate, afirmando: 

“Se existe um momento que temos que nos unir, é esse. Do contrário, teremos muitas dificuldades de enfrentar os próximos anos, futuro nefasto para a saúde das pessoas”.

 O palestrante iniciou dizendo que não se podem contestar as tecnologias. Não fossem elas, não haveria a penicilina, a dinamite, o fogo, o avião, a produção em série, a informática. Contudo, a tecnologia, em si, depende do que se vai fazer com ela. Passando para o tema proposto, lembrou que a Reforma do Judiciário, em curso desde o início da década passada, foi determinada pelo Banco Mundial, através do documento nº 319, de 1996, dentro da política neoliberal de garantir segurança jurídica e o consequente lucro fácil para as empresas multinacionais instaladas ou que viessem a se instalar no Brasil. O prefácio do documento diz: “Necessidade de uma reforma para aprimorar a qualidade e eficiência da justiça, fomentando um ambiente propício ao comércio, financiamento e investimentos”. O que foi ditado em relação aos servidores do Judiciário: “…Os projetos devem preparar o quadro de servidores, encarregados da parte administrativa das cortes, para desenvolver o planejamento e a pesquisa necessária a aplicação das técnicas de gerenciamento processual. Também é importante que as avaliações sobre o fluxo processual sejam feitas pelas Cortes, como forma de analisar as questões relacionadas a morosidade, e estabelecer prazos padrões para processamento de processos e monitoramento individual do andamento de cada processo”.

O médico gaúcho afirmou que, para atingir tais objetivos, foram aprovadas mudanças que introduziram o ambiente de competição nos locais de trabalho, que se explica, por exemplo, coma a política de avaliação de desempenho, e o controle do tempo de trabalho, que pode ser explicado pela imposição de metas para desafogamento dos montante de processos acumulados.  É a lógica do capitalismo que contempla o acúmulo de capital – e poder – na mão de poucas pessoas e o pagamento de salários cada vez menores para os trabalhadores. No Judiciário, isso se traduz com o pagamento de salários cada vez mais altos e reajustes diferenciados para os magistrados, enquanto os dos servidores são bem inferiores e revisados por índices bem abaixo da inflação. “O valor auxílio-moradia dos magistrados é mais alto do que o salário de um professor universitário”, comparou, fazendo a seguinte observação: “Quem será atingido por isso: a gente tem que ter claro o papel que a justiça cumpre em qualquer parte da sociedade”.

Passando para a análise sobre os impactos negativos da implantação do PJe sem as devidas adequações da estrutura da estrutura e do quadro funcional dos órgãos do Judiciário,  e o necessário treinamento para os servidores, avaliou que, para o cidadão, essas inadequações trouxeram prejuízos como demora, menos atenção ao processo e insegurança, pelo fato de as decisões serem pré-definidas nos níveis superiores. Para os magistrados, servidores e advogados, o trabalho monótono, cansativo, com pouco espaço para a criatividade, a insatisfação e, consequentemente, o adoecimento.

Pesquisa feita nos tribunais, comparando a situação de servidores que trabalham com PJe desde 2004 com a daqueles que trabalham preponderantemente com o sistema virtual, apontou percentuais muito superiores de adoecimento entre o contingente de servidores que passaram a lidar com o processo eletrônico. Foram avaliados o grau de adoecimento em doenças oftalmológicos (dor e ardência nos olhos, ressecamento, cansaço etc.), osteomusculares (pescoço, costas, ombros etc.) e sintomas psíquicos, sendo detectado também um aumento assustador de consumo de medicamentos entre esses servidores, sobretudo de antiinflamatórios, ansiolíticos/calmantes, remédio para dormir e antidepressivos. Aumentou também o grau de desmotivação, em decorrência também de toda a pressão pelo cumprimento de metas, com a maioria dizendo que trabalha mais pela estabilidade no emprego e pelo salário do que, por exemplo, pelas perspectivas de crescimento/reconhecimento e valorização ou pelo o conforto do ambiente físico.

Algumas das formas de enfrentar esse processo de controle imposto pelo Banco Mundial e pelo neoliberalismo sugeridas pelo palestrante: impedir o avanço da luta antissindical e fim do direito de greve; lutar contra a retirada de direitos, contra o assédio moral e toda sorte de discriminações, e pela democratização nas relações hierárquicas; avaliar se o centro da luta reivindicatória deve centrar-se apenas na questão salarial; saber com o que se está lidando, pois o poder do capital é imenso no momento atual.
 
O médico Rogério Dorneles (segundo a partir da esquerda), ao lado dos também palestrantes professor Roberto Heloani e os psicólogos Márcio Roberto Santim e Arthur Lobato
No espaço para debate, Dorneles disse que os médicos dos tribunais, como qualquer outro, têm que examinar e ouvir o paciente, para ter um diagnóstico real de sua saúde. E manifestou sua preocupação diante do fato de muitos cidadãos do País super graduados não “pensarem”, viverem alienados. Na sua concepção, é preciso discutir a organização do trabalho. “As pessoas, de modo geral, não gostam de perder tempo e aprender a se reunir, a ouvir para trocar informações”, lamentou.



“Gestão de pessoas no Judiciário e adoecimento do Trabalhador”



“Assédio moral – Rei do Pedaço”, com os atores Elton, Renata e Alex
As atividades de sábado, 5 de novembro, segundo e último dia do Seminário do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral, realizado no hotel Normandy, em Belo Horizonte, começou a encenação da peça teatral “Assédio moral – Rei do Pedaço”, apresentada pelos atores Alex, que é também servidor da Justiça estadual, Renata e Elton. Eles representaram uma cena típica de assédio moral hipoteticamente ocorrida dentro de uma empresa, em que uma mulher, grávida, é perseguida pelo seu chefe, que conta com o apoio do outro funcionário para levar a vítima à situação de desespero.


Márcio Roberto Santim, doutor em Psicologia Social, pela PUC/SP, fundador do IAPPF e servidor do TRT15
 Depois da peça teatral, teve início a primeira palestra do dia, proferida por Márcio Roberto Santim, doutor em Psicologia Social, pela PUC/SP, fundador do IAPPF (Instituto Autônomo de Pesquisas Psicofilosóficas) e servidor do TRT da 15ª Região (Campinas). Ele abordou o tema “Gestão de pessoas no Judiciário e adoecimento do Trabalhador”.


Partindo do princípio de que a sociedade atual detém muita informação e pouco conhecimento – mas lembrando que a primeira é muito importante, mas não adianta informação sem educação, que promove o conhecimento -, ele explicou o que é ‘gestão por competências’: ”processo criterioso desenvolvido pelos gestores com o objetivo de identificar e desenvolver, mediante políticas de capacitação, os atributos técnicos necessários a uma pessoa para ocupar determinado cargo a fim de cumprir de maneira eficiente a função a ele atrelada”. Mas tem que ser a “pessoa certa (preparada) para o lugar certo (compatível). Esse conceito, explicou, começou no setor privado (competência do mercado) e depois foi levado para o público, onde tem apresentado limitações. Por exemplo: o funcionário de carreira, que conhece todo o serviço, vai ter que ensinar tudo àquele que vai exercer o cargo de livre nomeação e ser seu chefe. E aí, como é que fica?

Segundo ele, o gestor pode modificar diretamente somente o Plano de cargos e salários, a criação de novos cargos e melhora do material do trabalho. E os critérios a serem adotados para a distribuição de funções comissionadas devem ser: 1) nível de desempenho profissional (eficiência); 2) qualificação profissional (formação); 3) tempo de serviço dentro da organização. “Não podemos desrespeitar o espaço do outro, pois isso causa problemas emocionais. Se um colaborador ou o subordinado não obedecer o superior hierárquico? E se esse superior não aceitar uma sugestão do comandado apenas por questão de vaidade? Essa clareza é de suma importância”, comentou.

Na opinião do palestrante, o tipo de cargo deve ser a base para considerar ou não a personalidade do servidor como fator da competência.  Ele disse que traçou um eneagrama (palavra grega que significa ‘nove pontos” – com um círculo contendo nove pontos equidistantes, interligados por nove linhas que se intercruzam num determinado sentido, sendo que três delas formam um triângulo equilátero), para avaliar a personalidade dos servidores, definindo nove tipos segundo esse modelo – perfeccionista, prestativo, bem sucedido, romântico, observador, questionador, sonhador, confrontador e preservacionista -, cada um com seus possíveis vícios e imagens. E ele chegou à conclusão de que as quatro características a serem analisadas pelo gestor – personalidade, aptidão, interesse e objetivo – podem ou não se relacionar. A articulação com as diferenças individuais deve ser feita observando-se as possibilidades do coletivo.

Ele também enumerou as vantagens e dificuldades para implantação de rodízio de trabalho. As vantagens: 1) constante capacitação dos servidores para realização de novas atividades, 2) avaliação mais real do grau de dificuldade envolvido em determinadas tarefas, 3) criação de um clima de trabalho democrático e transparente; as dificuldades: 1) reserva de tempo destinado à capacitação, 2) desinteresse de alguns funcionários com relação ao aprendizado de novas atividades, 3) diferenças salariais.

A coordenadora Vilma Lourenço  entrega uma lembrança ao palestrante
A sobrecarga de trabalho, alertou o palestrante e servidor do TRT15, traz reflexos negativos para a vida particular do servidor, tais como ressentimento e frustração. “Precisamos evitar ao máximo cair na lógica da sobrecarga de trabalho. Se, por um lado, há uma pressão constante para que trabalhemos cada vez mais dentro das nossas limitações, devemos botar um freio nisso. É melhor ganhar menos e ter melhor qualidade de vida. Isso não tem preço que pague. Para termos algo no nosso tempo de ócio, precisamos ter energia”, concluiu.

No espaço para debates, o psicólogo Arthur Lobato fez a seguinte advertência: “Temos que realizar um trabalho de convencimento sobre os chefes. Para mediar e melhorar as situações de conflito nas relações de trabalho”. Santim afirmou que a tecnologia do PJe vai ao  encontro de toda lógica dos servidores serem observados, controlados, pois são contratados para trabalhar “x” horas e agora tem o modelo de cuidar de “x” processos/hora, impondo-se produtividade e tempo, e isso significa ‘achatamento salarial’.