domingo, 1 de outubro de 2023

Trabalho, adoecimento e solidariedade

 Nos últimos anos, foram relatados ao Núcleo de Saúde do SERJUSMIG-NSS uma série de transtornos emocionais e mentais de servidores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais-TJMG relacionados à uma nova organização de trabalho do judiciário no século XXI. 

Organização essa que sofre os impactos da tecnologia nos ambientes de trabalho e do modelo de gestão produtivista implementado nos tribunais após a criação do Conselho Nacional de Justiça-CNJ, em 2002. Além dos relatos deste sofrimento e adoecimento relacionados ao trabalho, constatamos que muitos casos ultrapassam as questões psicossociais e de relacionamento interpessoal no trabalho. Para a equipe multidisciplinar do NSS, composta por diretores do SERJUSMIG, profissionais da psicologia e do direito, a maioria dos casos graves de sofrimento e adoecimento de servidores e servidoras relatados ao sindicato estão relacionadas ao assédio moral no trabalho. Sempre é bom lembrar o conceito de assédio moral, estudado e analisado pela Dra. Margarida Barreto, referência mundial na conceitualização científica e no enfrentamento sindical ao assédio moral, juntamente com o professor Roberto Heloani.

“Assédio moral é uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que ocorre no meio ambiente laboral, cuja causalidade se relaciona com as formas de organizar o trabalho e a cultura organizacional, que visa humilhar e desqualificar um indivíduo ou um grupo, degradando as suas condições de trabalho, atingindo a sua dignidade e colocando em risco a sua integridade pessoal e profissional." (Barreto & Heloani, 2018)

Para os autores acima, todo assédio moral é organizacional.

O assédio moral, o esgotamento por excesso de trabalho, a sensação de que por mais que se trabalhe sempre é exigido mais, a falta de reconhecimento e apoio institucional são as principais queixas. Este sofrimento e adoecimento podem ser os efeitos danosos do assédio moral, da política verticalizada do “Judiciário 4.0” e de políticas implementadas através de resoluções monocráticas.

Vivemos em um mundo de constantes transformações envolvendo novas tecnologias e programas de computador implementados no judiciário sem debate com a categoria, sindicatos de trabalhadores e associações de magistrados. Além disso, temos hoje várias modalidades de trabalho no mundo virtual (trabalho a distância em instituição ou empresa), processo acelerado pela necessidade de se trabalhar de forma remota durante a pandemia de Covid, com a criação de plataformas e aplicativos que facilitaram o home office, o teletrabalho, mas que requerem uma excelente conexão com a internet, o que não acontece em muitas cidades de Minas Gerais, dificultando e atrasando o trabalho e a produtividade. 

As mudanças no modo de se trabalhar com estas constantes mudanças tecnológicas, faz com que a tecnologia gere uma nova organização do trabalho, e novos processos cognitivos na relação do humano com a máquina neste mundo do trabalho no século XXI, seja na iniciativa privada ou no serviço público. Por fim, devem ser analisados e debatidos, os impactos na saúde com a aceleração do ritmo de trabalho nos tribunais, o aumento da carga de trabalho em virtude da transformação do processo físico em processo eletrônico, o que exige novas habilidades no trabalho, novas capacidades gerenciais para se administrar esta organização do trabalho que segue um modelo neoliberal produtivista, em que números devem ser alcançados, metas constantemente batidas e aumentadas a qualquer custo, mesmo que este esforço por parte do ser humano tenha como consequência sofrimento e adoecimento.   

A Emenda Constitucional - EC 95, que impede investimentos no serviço público por 20 anos, assim como o afastamento de servidores, seja por aposentadoria, férias, licença saúde ou gravidez, entre outras, tem como consequência um volume cada vez maior de trabalho, para poucos servidores e magistrados em relação ao número de processos, pois não há verba para novas contratações e concursos públicos, além de vivermos em uma sociedade litigiosa com os tribunais estaduais abarrotados de processos.  Estes são os fatores que consideramos como elementos da precarização das condições de trabalho, como no caso dos tribunais onde faltam servidores, há muito trabalho a ser feito e não se pode realizar concursos.

Por isso, no trabalho temos de ser mais solidários, pois o aumento de transtornos mentais e emocionais cresce cada dia mais conforme pesquisas do CNJ e do INSS. Ninguém quer adoecer, o assédio moral é um longo processo de sofrimento, uma jornada de humilhações como bem disse em seu livro a Dra. Margarida Barreto em 2002. Contra o individualismo, vamos ser solidários com o colega em sofrimento. Não vamos transferir para quem volta de uma licença saúde os problemas que são da organização do trabalho, a qual em vez de contratar um novo servidor para fazer o trabalho de quem adoeceu e se afastou por licença saúde, seja virtual, híbrido ou presencial, simplesmente repassa o serviço do adoecido para quem estava na ativa, sobrecarregando este profissional que se revolta com a licença saúde do adoecido, seu colega, que não suportou a precarização das condições de trabalho, o autoritarismo das chefias, a falta de empatia e solidariedade dos colegas, sofreu assédio moral e todos se calaram, e agora, após um longo período de sofrimento, adoecimento, tenta voltar as atividades laborais, ainda inseguro, precisando do apoio emocional e cognitivo dos colegas. 

Muitas vezes, no período que o adoecido se ausentou do trabalho para recuperar sua saúde, mudanças tecnológicas aconteceram em sua repartição. Assim, sem apoio das chefias e dos colegas, muitas vezes o adoecido em sua volta ao trabalho sofre críticas, olhares agressivos ou de desprezo dos próprios colegas, que em vez de se unir e junto com o sindicato lutar por melhores condições de trabalho, combatendo e denunciando o assédio moral, sexual, a discriminação e o racismo, sendo solidário com os colegas que voltam ao trabalho ainda adoecidos, preferem culpar o colega em vez da organização do trabalho e o projeto neoliberal produtivista desta nova organização do trabalho chamada pelo próprio CNJ do “Judiciário 4.0”.

Temos de ser mais solidários e pensar no outro como semelhante, apesar das diferenças culturais, etárias etc. Fazemos parte de uma mesma humanidade e, para aqueles idealistas como nós que acreditam que um mundo melhor é possível, sejamos mais solidários e vamos humanizar nossas relações interpessoais no trabalho, na família e na sociedade.

A saúde do trabalhador é um projeto político. Devemos enfrentar o assédio moral, a precarização, ficar unidos, categoria e diretoria do sindicato nas lutas políticas sindicais no legislativo, executivo e judiciário. A luta política da direção do SERJUSMIG conquistou a contratação de 1.400 concursados. Esta é a nossa luta política em prol da saúde do trabalhador: lutar contra a precarização das condições de trabalho, contra uma política excessivamente desumana de metas e produtividade que gera sofrimento e adoecimento. Pelos direitos do servidor em teletrabalho, pelo direito a desconexão, afinal não somos máquinas, somos seres humanas de corpo, espírito, sentimento e razão.

 

* Arthur Lobato é consultor especializado na área de saúde do trabalhador e combate ao assédio moral. Membro do Núcleo de Saúde do SERJUSMIG

 

SERJUSMIG :: Trabalho, adoecimento e solidariedade

Setembro Amarelo: trabalhar contra o sofrimento e o suicídio

 O DSTCAM do Sitraemg trabalha com a prevenção do assédio moral no trabalho e o combate a toda violência no ambiente de trabalho. Procure o sindicato!

 

O suicídio é uma das causas de morte mais enigmática em nosso planeta. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em média, são um milhão de casos por ano e as estimativas de tentativas são da ordem de 10 a 20 milhões.

As estatísticas oficiais mostram números assustadores e há estudos que apontam uma realidade, entre tentativas e realizações, que pode ser até três vezes maior.

No Brasil, em 2021, foram registrados 14.475 casos de pessoas que tiraram a própria vida; 1.773 só em Minas Gerais. No ano seguinte, os números subiram 16.262 no país todo e 2.207 em Minas Gerais.

A saúde mental e o suicídio estão intrinsecamente ligados em uma relação complexa e crucial que requer atenção e compreensão da sociedade. A saúde mental refere-se ao bem-estar psicológico, emocional e social de um indivíduo, enquanto o suicídio é o ato trágico de tirar a própria vida.

A saúde mental precária é um dos principais fatores de risco para o suicídio. Pessoas que enfrentam transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar, transtorno de ansiedade, esquizofrenia e outros, têm uma vulnerabilidade aumentada para pensamentos e comportamentos suicidas.

A dor emocional intensa, o desespero e a sensação de isolamento que muitas vezes acompanham essas condições podem tornar o suicídio uma opção atraente para quem sofre.

No entanto, são poucos os estudos sobre a relação sofrimento no trabalho, assédio moral e suicídio. Segundo Margarida Barreto e Selma Venco, “o trabalho enquanto atividade humana dá sentido à vida, fortalecendo a identidade e a dignidade do trabalhador, conquanto que haja liberdade, respeito ao outro, justiça, respostas solidárias entre e no coletivo de trabalhadores. Caso contrário pode se tornar em causa de dor, sofrimento imposto, doenças, acidentes e morte por suicídio”.

Margarida Barreto foi uma renomada pesquisadora brasileira conhecida por suas contribuições na área da saúde mental no ambiente de trabalho. Seu trabalho tem sido fundamental ao abordar a relação complexa entre o assédio moral no trabalho e o aumento dos casos de suicídio entre os trabalhadores.

O assédio moral, também chamado de assédio psicológico, refere-se a comportamentos repetitivos e prejudiciais no local de trabalho, como humilhações, intimidações e discriminação, que podem afetar profundamente a saúde mental dos funcionários. Margarida Barreto demonstrou que o assédio moral não apenas deteriora a saúde psicológica dos indivíduos, mas também está fortemente correlacionado com o risco de suicídio.

Seu trabalho revelou que as vítimas de assédio moral frequentemente experimentam sentimentos de desesperança, isolamento social e depressão, todos fatores que aumentam a probabilidade de pensamentos suicidas. Além disso, o ambiente de trabalho tóxico resultante do assédio moral pode levar a distúrbios de ansiedade e estresse crônico, agravando ainda mais os riscos para a saúde mental.

Margarida Barreto também ressaltou a importância de criar ambientes de trabalho saudáveis e promover a conscientização sobre o assédio moral, implementando políticas que previnam e combatam esse problema. Ela enfatiza que a prevenção do assédio moral não apenas melhora a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também desempenha um papel vital na redução das taxas de suicídio relacionadas ao trabalho.

Segundo as autoras, “Quando o sentido da vida é desapropriado pela organização do trabalho, produz-se o que chamamos de suicídio laboral ou indução ao suicídio. (…) Temos construído o “corpus” desse dizer, cuja evidência empírica do sofrimento psíquico é consequência do Assédio Moral no trabalho que se manifestou nas descrições de: degradação da função, apelido pejorativo, estigmatização, desprestigio, desvalorização, desqualificação, culpabilização, humilhação, abuso de poder e até violência física.

Portanto, o trabalho de Margarida Barreto destaca a necessidade urgente de abordar o assédio moral no trabalho como um sério problema de saúde pública, destacando suas consequências devastadoras, incluindo a relação alarmante entre o assédio moral e o suicídio no ambiente profissional.

Concluindo, as autoras afirmam:

 “Camus afirmou que aquilo que dá razão e sentido ao viver, pode constituir-se em razão para morrer. E nessa direção, o trabalho enquanto atividade humana dá sentido à vida, fortalecendo a identidade e a dignidade do trabalhador, contanto que haja liberdade, respeito ao outro, respostas solidárias entre e no coletivo de trabalhadores, caso contrário pode tornar-se causa de dor, sofrimento imposto, doenças, acidentes e morte por suicídio.”

O Departamento de Saúde no Trabalho e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do Sitraemg trabalha com a prevenção do assédio moral no trabalho e o combate a toda violência no ambiente de trabalho. Procure o Sitraemg!

Arthur Lobato

Consultor no Combate ao Assédio MoralResponsável técnico do DSTCAM


Setembro Amarelo: trabalhar contra o sofrimento e o suicídio (sitraemg.org.br)

Sindicato deve participar do Comitê de Saúde e da Subcomissão de Assédio Moral do TRT3

 O pedido de inclusão foi feito em reunião do Sitraemg com o Diretor-Geral do TRT3, que discutiu combate ao assédio moral




Na segunda-feira, dia 18 de setembro, a coordenação do sindicato se reuniu com Diretor-Geral do TRT3, Carlos Athayde Viegas Valadares, na sede do Tribunal, em Belo Horizonte. A audiência, realizada a pedido do sindicato, discutiu a política de enfrentamento ao assédio moral adotada pelo Tribunal.

Durante a reunião, o DG se comprometeu a solicitar que a secretária de Saúde do Tribunal garanta que o sindicato volte a participar do Comitê de Saúde.

Avanço

A Política de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação foi instituída há três anos a partir da Resolução nº 351/2020, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O objetivo da Resolução não se limita a debater, apenas, ações de combate a algumas práticas. Visava ao enfrentamento de modo mais genérico.

A resolução 518/23 atualizou a Resolução 351/20. Pelas orientações do CNJ, fica garantida a participação dos sindicatos nos colegiados que debatem diretamente o assédio moral nos tribunais.

No caso do TRT3, a direção optou pela criação de subcomissões para implantar a Política.

O coordenador do Sitraemg e servidor do TRT3, David Landau, ressalta que, tanto o retorno para o Comitê da Saúde quanto o assento na Subcomissão de Assédio Moral são “conquistas importantes para os servidores do tribunal trabalhista.”

O coordenador do Sitraemg, Alexandre Magnus, considera a presença do sindicato nesses dois colegiados ‘grande vitória’ da direção do sindicato e, principalmente, dos servidores. “Estar nesses assentos significa que estaremos, mais do que nunca, vigiando e denunciando para que os casos de assédio não venham ocorrer”, destaca Magnus.

Proteção

David Landau questionou, em mesa, o fluxo que o tribunal pretende adotar no combate ao assédio, neste novo contexto. Também reafirmou a importância da garantia de sigilo dos denunciantes.

Na reunião, o sindicato contou com a presença psicólogo do Sitraemg, Arthur Lobato, e das advogadas Débora Oliveira e Letícia Kaufmann.  Além do DG, o TRT3 foi representado por Juliana Ramos, assessora de assuntos administrativos, e Natália Lima, assessora técnica.

Desafio

Arthur Lobato é pesquisador e coordenador do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do sindicato desde 2015. Durante a reunião, ele reforçou a importância do combate aos assédios utilizando diferentes ferramentas.

“Em todos os setores do judiciário está ocorrendo forte mudança organizacional vinda, principalmente, da implantação do tribunal 4.0, que troca o processo judiciário físico pelo virtual.  Mas o TRT entende o mundo do trabalho melhor do que outros tribunais. O sindicato quer ajudar o tribunal trabalhista  nesta construção de caminhos para prevenir o assédio e acolher o servidor que quer trabalhar em paz e em segurança”, ressaltou.

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Assessoria de Comunicação
Sitraemg

Sindicato deve participar do Comitê de Saúde e da Subcomissão de Assédio Moral do TRT3 (sitraemg.org.br)

TRT3 Sindicato conquista assento na Comissão de Ética do TRT3

 A inclusão foi assegurada em reunião do Sitraemg com o Diretor-Geral do TRT3, que discutiu combate ao assédio moral


Na segunda-feira, dia 18 de setembro, a coordenação do sindicato se reuniu com Diretor-Geral do TRT3, Carlos Athayde Viegas Valadares, na sede do tribunal, em Belo Horizonte. 


Durante a audiência, realizada por solicitação do sindicato, o diretor-geral assegurou que vai solicitar que a Secretaria de Saúde do tribunal inclua a representação do Sitraemg na Comissão de Ética do TRT3. O coordenador e servidor do TRT3, David Landau, ressalta que “esta conquista é importante para a categoria”. 


O encontro foi agendado para discutir, exclusivamente, a implantação da Política de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação no TRT3. A política foi instituída pela Resolução nº 351/2020, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e traz mudanças para o enfrentamento do assédio e da discriminação no PJU.


Dentre as alterações, a Resolução prevê a participação dos sindicatos nas comissões de Ética mantidas pelos tribunais. No caso do TRT3, a Portaria 251/2021 instituiu um subcomitê para implantar a política.


Proteção

David Landau questionou, em mesa, o fluxo que o tribunal pretende adotar no combate ao assédio e reafirmou a importância da garantia de sigilo dos denunciantes. 


Na reunião, o sindicato contou com a presença psicólogo do Sitraemg, Arthur Lobato, e pelas advogadas Débora Oliveira e Letícia Kaufmann.  Além do DG, o TRT3 foi representado por Juliana Ramos, assessora de assuntos administrativos, e Natália Lima, assessora técnica. 


Desafio

Arthur Lobato, que é pesquisador e coordenador do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do sindicato, reafirmou a importância do combate aos assédios utilizando várias ferramentas.


“Em todos os setores do judiciário está ocorrendo forte mudança organizacional vinda, principalmente, da implantação do tribunal 4.0, que troca o processo judiciário físico pelo virtual.  Mas o TRT entende o mundo do trabalho melhor do que outros tribunais. O sindicato quer ajudar o tribunal trabalhista  nesta construção de caminhos para prevenir o assédio e acolher o servidor que quer trabalhar em paz e em segurança”, ressaltou.


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Assessoria de Comunicação

Sitraemg

Palestra de setembro do projeto “Caravana da Saúde” trata sobre saúde mental

A Organização Mundial de Saúde (OMS) atribuiu o termo “o mal do século 21” à depressão, devido à elevação da incidência do transtorno nos últimos anos. Mas do que se trata essa e outras doenças da mente? O Transtorno de ansiedade generalizada e a depressão não se resumem apenas à tristeza ou preocupação excessiva, são questões clínicas que precisam ser tratadas com seriedade e cuidado. 

Na próxima quarta-feira (20/09), o SERJUSMIG apresenta mais uma transmissão ao vivo do projeto “Caravana da Saúde”. O tema do mês segue a campanha do Setembro Amarelo: “Saúde Mental: desvendando a depressão e a ansiedade”. Para assistir, basta acessar os canais do Youtube e do Facebook do Sindicato a partir das 19h do dia 20.

Segundo o grupo de pesquisas YouGov, em 2021, 80,5% dos brasileiros afirmaram ser importante discutir problemas de saúde mental. Em 2023 o percentual é de apenas 77,2%, uma queda de mais de três pontos percentuais. O declínio mostra a necessidade de fomentar a discussão acerca da saúde da mente. Em razão disso, o SERJUSMIG acredita que o tema da live é assunto não só para setembro, mas para o ano inteiro, para estudos e cuidado de cada servidor e servidora. 

A transmissão é destinada a todos os filiados e filiadas do SERJUSMIG. A live conta com cerca de 50 minutos de exposição de um profissional da saúde e um momento para perguntas e respostas. Para tirar suas dúvidas, basta comentar durante a live e as questões serão encaminhadas.

Resumo das informações
Atividade: Live da Caravana da Saúde - “Saúde Mental: desvendando a depressão e a ansiedade”
Modalidade: online
Link: Youtube | Facebook
Quando: 20 de setembro, 19h

 

Projeto “Caravana da Saúde” 

Iniciado em 2022, o projeto tem o intuito de apresentar aos servidores o melhor recurso para o cuidado com a saúde: a informação. É importante promover uma vida saudável e o bem estar físico, mental e social dos associados. Com a “Caravana da Saúde”, o SERJUSMIG espera trazer ajuda aos filiados e filiadas para prevenção de doenças e manutenção da qualidade de vida.

Foram sete transmissões ao vivo no ano de estreia do projeto, em 2022, e outras sete ao longo de 2023. Além das lives, o cronograma ainda inclui ações como: capacitação e conscientização da importância de práticas saudáveis; alertas sobre rotinas que podem prejudicar o bem estar; e encontros que incentivam a prática de exercícios físicos e convivência social.

A responsável pelo projeto “Caravana da Saúde” e diretora social, Ana Maria Bertelli, acredita que as ações são essenciais para que os associados e associadas se lembrem da saúde mesmo no dia a dia corrido. “Não se trata apenas de assistir uma palestra ou ir a um evento, mas sim de criar uma cultura de cuidados e prevenção de doenças”, reforça Ana Maria.

 

SERJUSMIG

Unir, Lutar e Vencer 

SERJUSMIG :: Palestra de setembro do projeto “Caravana da Saúde” trata sobre saúde mental

Podcast: Assédio Moral no TJ existe e deve ser combatido

 🎧 Aumenta o som ou põe o fone de ouvido 


Dia de pagamento também é dia de podcast! 


🖐🏻 A política do sindicato para combater o assédio sexual no trabalho.


😃 E tem mais:


▶️ Servidor publica livro sobre experiência com cuidado de idosos.

▶️ LGBTQIAPN+: conheça essa luta e a importância da visibilidade.


😉 Não se esqueça de seguir nosso canal, ativar o sininho para receber as notificações e compartilhar o programa!


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TRF6 ocupa o penúltimo lugar em satisfação com o ambiente de trabalho

 Pesquisa foi divulgada durante o Seminário do Conselho Nacional de Justiça no canal do YouTube

O TRF6 ocupa o penúltimo lugar em satisfação com o ambiente de trabalho. É o que revela a pesquisa “Gestão da Saúde na Justiça Federal” apresentada na segunda-feira, 11 de setembro, pelo secretário-geral do Conselho da Justiça Federal Daniel Marchionatti.

A exposição aconteceu durante o 5º Webinário Política de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder judiciário, promovido pelo CNJ. O estudo foi realizado nos meses de maio e junho deste ano e os seus resultados divulgados pela primeira vez.

De acordo com o estudo, no Tribunal Mineiro, a Taxa de Satisfação com a Qualidade de Vida é de 67,7%, à frente somente da 5ª Região, com 65,7%. No Conselho da Justiça Federal (CJF) a taxa é de 80,3%, já na 1ª Região o índice é de 76,1% e na 2ª Região, 73,3%.

Segundo Marchionatti, a pesquisa considerou aspectos como motivação, condições de trabalho, respeito e ética.

“A busca por implementar o Tribunal a custo zero, sem investimentos e sem nomeação de novos servidores e servidoras está resultando em menos qualidade de vida”, afirma o coordenador do Sitraemg Alexandre Magnus.

Para o sindicalista, o resultado da pesquisa deve acender o sinal de alerta da Presidência do TRF6. “O tema da saúde dos servidores tem sido frequente na maioria das reuniões da Justiça Federal e do TRF6, justamente porque a vida de todos tem sido afetada”.

DSTCAM
Desde 2015, o Sitraemg mantém o Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM). O setor atua com trabalho de prevenção à saúde e apoio aos servidores (as).

Assessoria de Comunicação
Sitraemg

TRF6 ocupa o penúltimo lugar em satisfação com o ambiente de trabalho (sitraemg.org.br)

Sitraemg realiza Encontro Regional em Divinópolis em 30 de setembro

 As confirmações de presenças deverão ser feitas por e-mail, inclusive dos filiados da cidade: secretariapolitica@sitraemg.org.br

O Sitraemg vai realizar um Encontro Regional em Divinópolis. O evento será em 30 de setembro, sábado. Estão convidados os filiados e as filiadas da cidade e dos municípios próximos.

As confirmações de presenças deverão ser feitas por e-mail, inclusive dos filiados da cidade, até o dia 28 de setembro, quinta-feira. Os (as) interessados (as) deverão se inscrever pelo e-mail secretariapolitica@sitraemg.org.br.

Esta edição do Encontro Regional  será realizada no Hotel JB Palace, na rua Rio de Janeiro, 137, no Centro de Divinópolis. Ao final haverá confraternização.

Para os filiados e as filiadas que residem fora de Divinópolis, o sindicato arcará com as despesas de transporte/combustível (reembolso posterior) e de hospedagem.

Ao se inscrever, o filiado deve informar caso necessite de hospedagem e se vai levar 01 acompanhante para o happy hour.

Confira a programação, sujeita a adequações e alterações.

Programação

9h30 às 9h45 – Abertura: Diretoria do Sitraemg

9h45 às 11h – Palestra seguida de debate: “Conjuntura Político-econômica: Desafios para os servidores”.

Palestrante: Cacau Pereira – Advogado especialista em Direito Público, Consultor no Instituto Classe de Consultoria e Formação Sindical.

11h às 12h – Palestra seguida de debate “Previdência e Funpresp”

Palestrantes: Rodrigo Ávila, economista da Auditoria Cidadã da Dívida.

Fabiano dos Santos, servidor da Justiça do Trabalho no TRT2, coordenador-geral da Fenajufe, dirigente nacional da CSP-Conlutas, representante do Judiciário Federal no Fonasefe.

12h às 13h30 – Almoço

13h30 às 15h – Informes Jurídico: principais ações; temas de interesses específicos no TRT, TRE e TRF6 (jornada de trabalho, reestruturação, nomeações, Ojafs, etc.)

Palestrante: Letícia Kaufmann, advogada, integrante da assessoria jurídica do Sitraemg.

15h às 16h – “Saúde do Trabalhador: desafios enfrentados na atual conjuntura”

Palestrante: Arthur Lobato, psicólogo, responsável técnico pelo Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral-DSTCAM

16h às 16h30 – Coffee break

16h30 às 17h30 – “Roda de conversa: demandas locais dos servidores e servidoras”

Condução: Coordenadores do Sindicato

17h30 às 18h – Encaminhamentos finais – encerramento

18h às 22h – Happy Hour (no local do evento). Os (as) participantes podem levar 1 (um) acompanhante, mediante confirmação prévia.

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Assessoria de Comunicação

Sitraemg

Sitraemg realiza Encontro Regional em Divinópolis em 30 de setembro

SERJUSMIG entra com pedido de Amicus Curiae em ação de Zema

Em mais uma iniciativa de defesa dos servidores da Justiça Minas, o SERJUSMIG ingressou com um pedido de Amicus Curiae no Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

O pedido, efetuado por intermédio do escritório Luchesi Advogados Associados, diz respeito a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) proposta pelo governador, Romeu Zema (Novo), questionando artigos da Emenda 111/2022 à Constituição estadual. A emenda cria a polícia penal do estado.

Na ação, o governador alega que a emenda invade competência privativa do Poder Executivo e, além disso, permite a liberação do servidor público militar para exercício de mandato sindical, ao que o governo é contrário.

O SERJUSMIG avalia que o intento do governador tem implicação direta para os servidores do TJMG, visto que pretende limitar o exercício constitucional à livre associação sindical. Cria, além disso, exceções na avaliação de desempenho dos policiais penais e critérios diferenciados para promoções e progressões de diversos servidores.

Por essa razão, o sindicato solicita ao relator, desembargador Wanderley Paiva, o indeferimento da ADIn. “Vale destacar a existência de extensa doutrina e jurisprudência assente no Supremo Tribunal Federal, no sentido de que, em se tratando de matéria de direitos sociais, não se admite retrocessos às garantias constitucionais, mas, tão somente, progressão”, afirma nota técnica do escritório, produzida a pedido do sindicato.

ACESSE AQUI A NOTA TÉCNICA DO ESCRITÓRIO LUCCHESI 

 

Neoliberalismo e autoritarismo

A ADIn ora questionada é só mais uma das inúmeras tentativas do governo Zema de cercear a atividade de representantes legítimos dos trabalhadores, como em outras ocasiões. Em 2021, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) tentou, por meio de medida administrativa, revogar os atos que garantiam as licenças remuneradas de 21 sindicalistas. Essa tentativa foi barrada no Legislativo, mediante a inclusão desse direito na Constituição estadual, com a referida Emenda 111/2022, que Zema agora questiona.

Não por acaso, a lista era composta por dirigentes que se destacam na crítica ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), como o diretor do Sindifisco-MG Marco Couto, os dirigentes do Sinfazfisco-MG, Hugo René e Unadir Gonçalves Júnior, e os professores Abdon Geraldo e Lourdes Aparecida de Jesus, do Sind-UTE/MG, entre outras lideranças.

“Mais uma vez, o governo prova a incompatibilidade de seu projeto político com a democracia. No regime democrático, a representação e a organização dos trabalhadores são preservadas. Em ditaduras, elas são atacadas. Fica evidente que, para implementar medidas de desmonte do serviço público, o governo precisa enfraquecer o movimento sindical, pois isso significa enfraquecer os trabalhadores”, critica Eduardo Couto, presidente do SERJUSMIG.

Ao mesmo tempo, segundo ele, a política de Zema também evidencia importância dos sindicatos. “Se somos tão atacados e tentam disseminar essa visão até mesmo entre os servidores, isso confirma que estamos no caminho certo, que nossos posicionamentos repercutem e que isso constitui um obstáculo para o projeto neoliberal”, conclui.

 

Aproveitamento de ADE

Outro direito que está na mira do ataque de Zema, com a ADIn, é a recente conquista da luta sindical que permite a servidores requerer, para fins de cálculo da remuneração, o aproveitamento de percentual de Adicional de Desempenho (ADE) adquirido em órgãos de outros poderes do Estado de Minas Gerais. 

Isso porque essa permissão está contida na mesma emenda questionada pelo governador. Somente após a promulgação da Emenda 111/2022, tornou-se possível a averbação de ADE de cargos pregressos. No caso do TJMG, especificamente, também foi necessário que o Órgão Especial aprovasse a Resolução 1033/202, em abril deste ano.

 

SERJUSMIG

SERJUSMIG :: SERJUSMIG entra com pedido de Amicus Curiae em ação de Zema 

Sitraemg se reunirá com diretor-geral do TRT3 em 18 de setembro

 Em pauta, a prevenção e o enfrentamento aos assédios moral e sexual e à discriminação

O Sitraemg se reunirá com o diretor-geral do TRT3, Carlos Athayde Viegas Valadares, no dia 18 de setembro, às 14h30.

O encontro, solicitado pelo sindicato, foi confirmado pela Diretoria-Geral nesta quarta-feira, 6 de setembro.

O sindicato pretende dialogar com o representante do Tribunal sobre assuntos referentes aos colegiados e política sobre prevenção e enfrentamento aos assédios moral e sexual e discriminação.

Assessoria de Comunicação
Sitraemg

Sitraemg se reunirá com diretor-geral do TRT3 em 18 de setembro

Sitraemg pede reuniões com tribunais para discutir assédio e discriminação

 Sindicato busca fortalecer o DSTCAM para intensificar o trabalho de prevenção e combate a essas práticas

O Sitraemg oficiou os presidentes do TRT3, TRE-MG e TRF6 reivindicando reuniões para tratar de atos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e dos tribunais relativos aos assédios moral e sexual, e à discriminação.

Os documentos foram protocolados na terça-feira, 29 de agosto.

No documento foi relatado o Ato Normativo nº 00005171-59.2023.2.00.0000, do CNJ, que instituiu a Política de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação no Poder Judiciário.

O sindicato ressaltou que esse ato foi aprovado por unanimidade, pelo plenário do Conselho, visando adequar a norma às propostas resultantes do I Encontro de Comissões ou Subcomitês afins, realizado em junto deste ano, em Brasília (DF).
Igualmente, avaliou que o evento criou instrumentos importantes para apoiar os responsáveis pela implementação da política.

“O tema é de grande relevância para a categoria e para este sindicato”, justificou, acrescentando que, há muito tempo, busca colher, ouvir e resolver as demandas identificadas. “Sobretudo, busca iniciativas para prevenir e combater assédio, discriminação e racismo de qualquer natureza”, reforçou.

O documento cita, também, a Resolução nº 351/2020, do CNJ, que instituiu no âmbito do Poder Judiciário, a Política de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação.

Dos tribunais, são relacionados os seguintes atos que versam sobre o tema: Portaria Pre. nº 15/2023, do TRE-MG, que instituiu as comissões afins de primeiro e segundo graus; Portaria 251/2021, que instituiu o subcomitê do TRT3; e as Portarias Presi 68/2022 e SJMG-Diref, que instituiu as comissões de primeiro e segundo graus, respectivamente, no âmbito do TRF6.

Fortalecendo o DSTCAM

Para que essa prática seja combatida com o maior rigor, o sindicato busca fortalecer cada vez mais o seu DSTCAM.

O Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral atua no acolhimento aos filiados e na busca da prevenção e do combate a essa prática nos locais de trabalho. Procura, igualmente, manter o diálogo com os setores afins dos tribunais, visando reforçar o caráter preventivo do seu trabalho e contribuir para o trabalho das instituições.

Segundo o psicólogo Arthur Lobato, pesquisador e coordenador do DSTCAM desde sua criação, em 2015, o assédio moral está ligado a políticas neoliberais. Resulta do incentivo à competitividade e da precarização das condições de trabalho, da retirada de direitos dos trabalhadores, do abuso de poder e do autoritarismo das chefias.

Citando a já falecida pesquisadora Margarida Barreto, pioneira nos estudos do tema, ele lembra que o assédio moral também está relacionado a uma organização do trabalho que concorda com essa prática, ou não a coíbe.

“Muitas vezes o assédio moral é praticado como mecanismo de gestão. Busca, através da constante humilhação, discriminação, desmoralização, entre outros comportamentos assediadores, minar a autoestima e a dignidade do trabalhador”, finaliza Arthur Lobato.

Assessoria de Comunicação
Sitraemg


Sitraemg pede reuniões com tribunais para discutir assédio e discriminação

Saúde de magistrados e servidores exige investimento, mas também gestão humanizada

 O cuidado com a saúde de magistrados e servidores precisa de investimentos, tanto financeiros quanto de atenção para a elaboração de programas estruturados. Para atender essas questões, os tribunais trabalham na implantação da Política de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário, observando a gestão orçamentária e o cuidado, inclusive, da saúde mental no período pós-pandêmico. As orientações estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em relação à saúde suplementar e a interiorização da atenção à saúde foram discutidas durante o 5º Webinário sobre a Política, realizado nessa segunda-feira (11/9). Os palestrantes destacaram as dificuldades de implantação da Resolução CNJ n.294/2020, que regulamenta o programa de assistência à saúde suplementar para esse público. A norma autoriza a prestação de serviços suplementar de saúde por meio de autogestão, contrato com operadoras de planos de saúde, plano próprio do tribunal ou por auxílio indenizatório, por meio de reembolso. Nessa última hipótese, a Resolução CNJ n. 500/2023, alterou o percentual mínimo de reembolso de 10% para 15%, para os casos em que o tratamento seja destinado a pessoa com deficiência ou se o usuário tiver mais de 50 anos de idade. Para Carlos França, presidente do Conselho de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil (CONSEPRE), essas mudanças representam um impacto significativo para a gestão orçamentária das cortes. De acordo com ele, por mais que haja o esforço em se cumprir a política, a Justiça Estadual esbarra nas negociações com os legislativos locais para fazer alterações no orçamento do tribunal. “A estrutura do Judiciário consome uma parte considerável de seu orçamento. Qualquer aumento resultará em remanejamento orçamentário”, destacou. França disse ainda que interiorização de serviço médico também demanda custos que não são viáveis em algumas regiões, além de não ter profissionais de especialidades variadas para tanto. Ele informou que a Justiça Estadual está presente em quase três mil comarcas, mas a prestação de serviço de saúde organizado restringe-se, na maioria dos lugares, às capitais. “Recorremos a essa estrutura para realizar as campanhas e ações, mas a regionalização é difícil tanto pela questão financeira, quanto pelos recursos humanos”, frisou. Presidente da mesa, a juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região e ex-conselheira do CNJ Flávia Moreira Guimarães Pessoa ressaltou que as condições de serviços de saúde ofertadas são distintas no país. “Por isso, a importância do reembolso: o plano de saúde também sofre impacto com as diferenças regionais e pode não conseguir atender à demanda. O importante é que nosso público tenha esse atendimento quando necessário”, pontuou. O conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) Jayme de Oliveira contou que o órgão seguiu as diretrizes do CNJ ao elaborar sua própria Política de Saúde Integrada. De acordo com ele, o modelo de limite indenizatório estabelecido pela resolução – e seguida pelo CNMP – permite um alcance maior nos índices de reembolso, “explicável pelas diferenças dos planos oferecidos no Norte e Nordeste e nos grandes centros no Sudeste, que são muito mais caros”. Para ele, que também já foi presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), é preciso priorizar o investimento na Política de Saúde. “Dessa forma, supera-se a dificuldade para que toda a magistratura tenha a equivalência, a paridade, vencimentos iguais para todos, reembolsos iguais, direitos iguais. A magistratura é uma. E a Política pretende que todos possam receber os mesmos valores”. Ele destacou também que se vive uma situação paradoxal, porque o Judiciário foi pioneiro na política e inspirou o Ministério Público, mas este avançou comparativamente muito mais rápido no alcance das coberturas e na extensão delas aos membros e servidores. Contudo, as alterações introduzidas recentemente pelo CNJ e pelo seu Comitê de Saúde caminham com muito acerto exatamente na direção de reduzir esse descompasso e suprir as carências inclusive para servidores e Magistrados das Comarcas do interior, particularmente com a implementação do mecanismo de ressarcimento de despesas não cobertas pelos planos dos Tribunais.

Saúde mental

Quanto à proteção à saúde mental de magistrados e servidores, o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Sebastião Geraldo de Oliveira destacou que é preciso ter boas estratégias de prevenção. Ele apontou que os transtornos mentais são o terceiro grupo de afastamento pelo INSS, desde 2019, sendo superado apenas por lesões e acidentes típicos, e por Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT). Entre os transtornos mentais, os dados mostram ainda que, entre 2020 e 2022, depressão, ansiedade e estresse são os principais motivos de afastamento. Em números globais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou que, em 2019, 970 milhões de pessoas viviam com transtornos mentais, sendo que a ansiedade representava 31% e a depressão, 29%. Já no Judiciário, o problema aparece em quarto lugar para afastamento de magistrados; e em quinto para servidores, de acordo com os dados apresentados pelo psicólogo do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Fábio Angelim. Angelim ressaltou que a carga de adoecimento impacta na qualidade e no tempo de vida. “Lidar com essas doenças é necessário, inclusive pelo impacto disso nas empresas”, explicou. Segundo levantamento do STJ, o total de licenças no Judiciário provocadas por transtornos mentais pode variar entre 10 e 18% do total de dias de licenças médicas. Já a chance de ser aposentado por transtorno mental é 9,4 vezes maior do que por uma doença osteomuscular; e 2,35 vezes maior do que por neoplasia.
Leia mais: Dados apontam disparidades nos serviços de saúde para profissionais do Judiciário Troca de experiências indica caminho para melhoria da saúde ocupacional do Judiciário
O psicólogo destacou que é preciso definir critérios com base em dados epidemiológicos para campanhas de prevenção de doenças e atendimentos. “É preciso conhecer a prevalência dessas enfermidades para adaptar as ações de acordo com as necessidades da população de cada tribunal”. De acordo com ele, também é importante preparar os gestores para entender que a licença por doenças mentais é algo sério. Já a docente do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) Fátima Macedo enfatizou que “a gestão humanizada faz muita diferença”. Ela apontou que muitos problemas de saúde mental são resultado de um estresse mal administrado. “Precisamos de investimento financeiro, mas também de treinamento e acolhimento com tempo qualificado, atenção e dedicação.” Fátima Macedo ressaltou que um programa estruturado, que intervém na incidência da doença mental – e não apenas na prevalência –, mostra resultados diferentes. “Atuar em saúde mental no ambiente de trabalho vai muito além de promover bem-estar e de tratar o adoecimento. Mas é observar os motivos para o adoecimento”. Para o desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira, atuar preventivamente, de forma estruturada e organizada, contribui para que se tenha magistrados equilibrados e saudáveis, “o que também beneficia a população, que assim também o quer”.

A íntegra dos debates da tarde do 5º Webinário – Política pode ser revista no canal do CNJ no YouTube.

Texto: Lenir Camimura Edição: Thaís Cieglinski Agência CNJ de Notícias

Empregados convivem com epidemia de doenças mentais na Caixa por conta do assédio e pressão

 

Um levantamento feito recentemente pela Fenae, que apurou a quantidade de afastamentos dos empregados da Caixa nos últimos 12 anos e seus motivos, demonstra que os empregados vêm sofrendo uma verdadeira epidemia de doenças mentais e comportamentais. A causa? As metas abusivas, pressão por seu cumprimento, a prática de assédio e as más condições de trabalho.

Apenas entre 2019 a 2022, houve crescimento de 18,28% de afastamentos por acidente de trabalho na Caixa. Destes afastamentos, em 2022, 75,4% foram por doenças mentais, índice superior à média da categoria bancária (57,1%) e muito superior à média na sociedade em geral (6,7%).

Somando afastamento por acidente de trabalho e tratamento de saúde, houve 3.703 casos notificados em 2022. Os dados são preocupantes, mas não refletem o quão grave é a situação: como esses são dados de afastamentos e licenças concedidas pelo INSS, os números excluem as licenças inferiores a 15 dias, além de excluir o absenteísmo (quando o empregado tem atestado mas não o apresenta à empresa, por medo de eventuais represálias), além das situações em que o empregado, mesmo doente, sequer busca ajuda.

O aumento dos casos de licenças por acidente de trabalho ligados a doenças mentais durante as últimas gestões foi avassalador. Entre 2015 e 2022, o percentual saltou de 45,4% para 75,4%, crescimento de 66,08%.

Para os afastamentos previdenciários, o índice de casos ligados a doenças mentais e comportamentais saiu de 24,31% em 2015 para 36,56% em 2022, aumento de 50,39% no período.

“Não podemos nos esquecer de que se não se trata de números e, sim, de pessoas: 1.557 afastamentos por doenças mentais em 2022 que estão relacionados à piora nas condições de trabalho na Caixa, afetando não apenas os empregados, mas, também suas famílias e colegas das unidades. A situação também tem reflexos no Saúde Caixa, já que o custo destes tratamentos impacta o custeio do plano, que é compartilhado conosco. A Caixa precisa assumir suas responsabilidades, rever seus modelos e passar a ter, de fato, uma política de pessoal, algo que não existe há muito tempo. Os empregados não podem mais esperar”, avaliou o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros.


APCEF/SP | Empregados convivem com epidemia de doenças mentais na Caixa por conta do assédio e pressão - APCEF/SP (apcefsp.org.br)

Dados apontam disparidades nos serviços de saúde para profissionais do Judiciário

 A cobertura de saúde para magistrados, magistradas, servidores e servidoras da Justiça não é padronizada, nem alcança todas as localidades onde essas pessoas atuam, com diferença de atendimento nas sedes das capitais em relação às comarcas do interior. Essa é uma parte do panorama sobre a assistência médica prestada pelo Poder Judiciário à sua força de trabalho efetiva. Os dados foram apresentados nesta segunda-feira (11/9), durante o 5º Webinário sobre Política de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Apenas sete dos 89 tribunais que responderam ao levantamento indicaram contar com serviço de saúde fisicamente estruturado e com equipe presencial permanente em outras cidades fora da sede do tribunal. De acordo com dados apresentados, mais de 80% dos médicos dos tribunais atendem apenas nas capitais, e o mesmo ocorre com os demais profissionais de saúde. Na mesma linha, e para corroborar esse fato, cerca de 70% dos próprios gestores de saúde que responderam ao questionário avaliam ser “insuficiente” o serviço de saúde para servidores e magistrados lotados no interior, ou fora das capitais. Os números preliminares da pesquisa foram apresentados pela diretora-executiva do Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ/CNJ), Gabriela Soares. O relatório consolidado será publicado em breve.

Em 2015, o CNJ instituiu a Política de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário (Res. CNJ 207/2015). O coordenador do Comitê Gestor Nacional de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário, conselheiro Giovanni Olsson, ressaltou que a Justiça vem passando por profundas e intensas transformações no seu modelo de prestar serviço público de justiça, como a integração tecnológica entre os tribunais, e alterou profundamente suas rotinas de trabalho. Contudo, os modelos de gestão em saúde seguem muito desiguais e concentrados, sem acompanhar os novos desafios, particularmente na saúde física e mental no contexto pós-pandemia, e a própria capilaridade do serviço de justiça.

Além das assimetrias entre os próprios tribunais, magistrados e servidores de um mesmo tribunal lotados no interior não são alcançados de forma eficaz por projetos e ações. Isso não significa, diz o conselheiro, que deva haver um profissional de saúde em cada comarca, mas sim que os serviços de saúde e as modalidades de saúde suplementar oferecidos por cada tribunal tenham uma perspectiva interiorizada, com mecanismos de compensação para essas carências e distorções, como, por exemplo, a previsão de ressarcimento de despesas para suprir essas carências, como incorporado nas alterações normativas recentes promovidas pelo CNJ. “O maior valor de uma organização pública ou privada são as pessoas que as integram, que interagem com o cidadão, que atendem no balcão, que ouvem as testemunhas, que certificam os prazos, que proferem as decisões, que cumprem os mandados, que residem nas comarcas mais longínquas – magistrados e servidores de todas as origens, formações e atribuições”.

Prevenção

Em sua participação no evento, o secretário-geral do Conselho da Justiça Federal (CJF), Daniel Marchionatti, reforçou a importância de se garantir saúde para os trabalhadores da Justiça. Para ele, esse é um tema estruturante para garantir a independência do Poder Judiciário, uma vez que a entrega desse trabalho precisa funcionar principalmente no âmbito mental, de maneira saudável.

Ele citou algumas ações, especialmente as voltadas à prevenção de doenças, implantadas em todas as regiões da Justiça Federal, como a ginástica laboral, a vacinação, os mutirões de saúde oral, as ações de combate ao racismo e à violência contra a mulher e a preparação para a aposentadoria, entre outras.

Absenteísmo

Os dados apresentados pelo CNJ no webinário também trouxeram atualizações disponíveis no Painel de Acompanhamento da Resolução CNJ 207/2015. Uma delas é o índice de absenteísmo por doença, analisado entre 2015 e 2022. De acordo com o Painel, o índice de absenteísmo entre magistrados é de 1,5% e de 1,9% entre os servidores, em média, nos últimos sete anos. Em 2022, esse número foi de 1,4% e 2,1%, respectivamente.

Na Justiça do Trabalho, de acordo com o secretário-geral do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), Bráulio Gusmão, houve aumento no índice de absenteísmo dos juízes e das juízas dos tribunais regionais do trabalho nos últimos anos. Ele afirmou não haver informações suficientes para determinar as causas, mas é possível verificar uma relação entre a redução do número de magistrados do 1º grau (por aposentadoria, por exemplo) e o aumento de casos de afastamento nessa instância.

“Temos de investigar as causas. Tivemos 60 óbitos de servidores e 19 de magistrados. E não sabemos os dados claros dos efeitos da Covid-19, as consequências do trabalho em domicílio, do home office ou do trabalho remoto, o que não quer dizer uma melhora na saúde mental ou física”, afirmou Gusmão, sobre a situação que abrange 3.614 magistrados e 38 mil servidores, das 24 unidades da Justiça do Trabalho.

O evento seguiu ao longo do dia com debates sobre os desafios e as perspectivas para uma implantação efetiva da Política Nacional de Atenção à Saúde de Magistrados e Servidores, a promoção da saúde mental nos ambientes de trabalho, e outros temas.

Veja as participações da manhã no 5º Webinário sobre a Política de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário no canal do CNJ no YouTube

Texto: Regina Bandeira
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias

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