sexta-feira, 18 de junho de 2021

MANTIDA CONDENAÇÃO DE BANCO POR ASSÉDIO MORAL ORGANIZACIONAL

 11 de junho, 2021 por Luiz Antonio



Os empregados tinham de prestar informações que poderiam beneficiar a empresa em ações trabalhistas.

A Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou agravo da HSBC Bank Brasil S.A. contra condenação ao pagamento de indenização por assédio moral organizacional. O motivo foi a submissão dos empregados ao preenchimento de formulário sobre questões relativas às principais demandas judiciais movidas contra o banco. A conclusão das instâncias inferiores foi de que esse procedimento configura abuso do poder diretivo.

Formulário

Na ação civil pública, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região relatou que o empregador enviou aos empregados “um formulário que era “um verdadeiro interrogatório” sobre ações judiciais movidas por ex-colegas, inclusive com perguntas de fundo jurídico e interpretativo – como, por exemplo, se o desempenho das tarefas do autor da ação tinham a mesma perfeição técnica ou produtividade de outro colega. Segundo o sindicato, a imposição de respostas com o compromisso de veracidade permitiria usá-las como prova contra o próprio bancário, caso ele viesse a mover ação contra o banco a respeito das informações prestadas.

O HSBC, em sua defesa, sustentou que o formulário não contemplava questionamentos sobre aspectos de natureza pessoal e íntima dos ex-empregados e empregados. “Todos os questionamentos estão centrados em aspectos e contornos da prestação laboral, notadamente com relevância a circunstâncias fáticas”, afirmou.

Abuso do poder diretivo

Para o juízo da 21ª Vara do Trabalho de Porto Alegre (RS), ficou evidente, “pela especificidade com que formulados os questionamentos”, que o empregador buscava de seus empregados informações que poderiam beneficiá-lo em reclamações trabalhistas. “Caso efetivamente estivesse interessado na rotina de trabalho em suas unidades, não seria campo de preenchimento obrigatório o nome, a matrícula e a assinatura do colaborador que preencheu o formulário, com a declaração expressa acerca da veracidade das informações prestadas”, registrou.

Ao considerar que a prática excedeu os limites do poder diretivo do empregador, condenou a empresa ao pagamento de indenização por assédio moral organizacional no valor de R$ 100 mil.

O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), ao manter a sentença, ressaltou que a própria elaboração do formulário já representa violação à dignidade dos trabalhadores, ameaça o direito constitucional de ação e estabelece uma pressão desnecessária e uma atmosfera de constrangimento no ambiente de trabalho.

Reexame de provas

No agravo pelo qual tentava rediscutir a condenação no TST, o banco alegou que, além de não ser obrigatório, o questionário tinha caráter genérico e visava à melhoria das condições de trabalho.

O relator, ministro Douglas Alencar, observou que o TRT, após a análise das provas dos autos, concluiu que a coleta de informações que pudessem beneficiar a empresa em demandas judiciais trabalhistas configurava abuso do poder diretivo. Para chegar a conclusão diversa e acolher a alegação do banco, seria necessário o reexame das provas, o que não se admite em instância extraordinária (Súmula 126 do TST) e, consequentemente, inviabiliza a análise do recurso de revista.

A decisão foi unânime.

Processo relacionado: Ag-AIRR-20284-76.2013.5.04.0021

Fonte: TST

https://wagner.adv.br/mantida-condenacao-de-banco-por-assedio-moral-organizacional/

O autoritarismo social, segundo Marilena Chaui

 Bolsonaro quer ser soberano “imorrível”, com terra e leis sob sua tutela. Não sendo monarca, opera com cinismo e violência. Seus seguidores expressam um Brasil privatista e hierarquizado – que elimina o outro quando não pode cooptá-lo









Por Marilena Chaui, em A Terra é Redonda

Desde a Idade Média até a Revolução Francesa, um homem se tornava rei por meio de uma cerimônia religiosa na qual era ungido e consagrado pelo papa. A cerimônia possuía quatro funções principais: em primeiro lugar, afirmar que rei é escolhido por uma graça divina, sendo rei pela graça de Deus, devendo representá-lo na Terra (ou seja, não representa os súditos, mas Deus); em segundo, que o rei é divinizado, passando a ter, além de seu corpo humano mortal, um corpo místico imortal, seu corpo político; em terceiro, que o rei é Pai da Justiça, isto é, sua vontade é lei (ou como diz o adágio: o que apraz ao rei tem força de lei); em quarto, que é Marido da Terra, isto é, o reino é seu patrimônio pessoal para fazer dele e nele o que quiser.

No dia 6 de janeiro de 2019 (ou seja, no Dia de Reis do calendário cristão), na Igreja Universal do Reino de Deus, o pastor Edir Macedo ungiu e consagrou o recém-empossado presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, declarando que este foi escolhido por Deus para governar o Brasil. Como Marido da Terra, Messias Bolsonaro está divinamente autorizado a devastar o meio ambiente; como Pai da Justiça, está divinamente autorizado a dominar o poder judiciário e a exterminar cidadãos por meio tanto de forças policiais como de grupos milicianos; e como corpo político imortal, está divinamente assegurado de que é indestrutível. Da Amazônia devastada a Jacarezinho destroçada, passando pelos cemitérios, com 450 mil mortos, reina Messias Bolsonaro, presidente da república pela graça de Deus.

A maioria de seus críticos afirma que se trata de um sociopata ou um psicopata. Essas designações, entretanto, pressupõem conhecimentos científicos que a maioria de nós não possui. Por isso, penso que um conceito vindo da ética seja o mais acessível porque todos nós somos capazes de conhecê-lo e compreendê-lo: o conceito de crueldade, que a ética considera um dos vícios mais terríveis, pois é a forma máxima da violência.

De acordo com os dicionários vernáculos, violência é: 1) tudo o que age usando a força para ir contra a natureza de algum ser (é desnaturar); 2) todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de alguém (é coagir, constranger, torturar, brutalizar); 3) todo ato que conspurca a natureza de alguém ou de alguma coisa valorizada positivamente por uma sociedade (é violar); 4) todo ato de transgressão contra aquelas coisas e ações que alguém ou uma sociedade definem como justas e como um direito (é espoliar ou a injustiça deliberada); 5) consequentemente, violência é um ato de brutalidade, sevícia e abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão e pela intimidação, pelo medo e pelo terror.

A violência é a presença da ferocidade nas relações com o outro enquanto outro ou por ser um outro, sua manifestação mais evidente encontrando-se no genocídio e no apartheid.

Assim sendo, podemos indagar: haveria algo mais violento e mais cruel do que a fala emblemática do presidente da república – “E daí? Não sou coveiro” – justificando o descaso diante da morte de seus governados, a desmontagem do SUS em plena pandemia, os cortes das verbas para a saúde, a recusa da compra de vacinas, a defesa de algo potencialmente mortal como a cloroquina, o inominável auxílio emergencial de R$ 150,00, e a recusa de condenar as empresas que usam trabalho escravo, infantil e de idosos? Haveria algo mais cruel do que, perante famílias enlutadas e mergulhadas na dor, fazer carreata de motocicletas no Rio de Janeiro, festejando a morte e o sofrimento alheios?

A maioria dos críticos de Messias Bolsonaro se refere às suas atitudes perante a pandemia com o termo “negacionismo”. Embora não seja incorreto, me parece um termo muito suave para caracterizá-las, podendo ser tomado simplesmente como o gosto pela ignorância e pela estupidez. Penso que iremos ao fundo dessa treva se designarmos suas atitudes e discursos como ódio ao pensamento. Por que? Porque a marca essencial do pensamento é a distinção entre o verdadeiro e o falso enquanto as falas de Messias Bolsonaro concretizam aquilo que Theodor Adorno denominou cinismo, isto é, a recusa deliberada de distinguir entre o verdadeiro e o falso, fazendo da mentira a arte de governar.

A exposição do cinismo está evidenciada a olho nu pela CPI da covid-19 e pela inacreditável declaração presidencial de que as nações indígenas são responsáveis pelo desmatamento da Amazônia. No caso específico da educação, esse ódio vem se exprimir na ideologia da Escola sem Partido, nas perseguições a professores e pesquisadores que levantam a voz contra a barbárie, nos cortes de verbas para a educação fundamental, para as universidades públicas e para as agências de fomento à pesquisa, cortes que são expressão política da frase, também emblemática, de Paulo Guedes: “os programas sociais dos governos anteriores permitiram que até o filho do porteiro fosse para a universidade”.

Podemos indagar porque a crueldade e o cinismo não são considerados por boa parte da população como o núcleo definidor da governança bolsonarista. Ou por que, no caso da pandemia, seguindo os passos do governante, muitos não percebem a si mesmos como violentos ao recusar o isolamento social e o uso de máscara, tornando-se agentes potenciais da morte alheia, portanto, assassinos. Podemos responder dizendo que Messias Bolsonaro e sua corte podem exibir-se como crueldade ou violência nua porque, no Brasil, a existência da violência é negada no momento mesmo em que é exibida. Refiro-me à produção de imagens da violência que ocultam a violência real e a procedimentos ideológicos que a dissimulam.

Comecemos pelas imagens usadas para falar na violência:

– fala-se em chacina e massacre para referir-se ao assassinato em massa de pessoas indefesas, como crianças, moradores de comunidades, encarcerados, indígenas, sem-terra, sem teto;

– fala-se em indistinção entre crime e polícia para referir-se à participação de forças policiais no crime organizado;

– fala-se em guerra civil tácita para referir-se ao movimento dos sem-terra, aos embates entre garimpeiros e índios, policiais e narcotraficantes, aos homicídios e furtos praticados em pequena e larga escala e para falar dos acidentes de trânsito;

– fala-se em vandalismo para referir-se a assaltos a lojas, mercados e bancos, a depredações de edifícios públicos e ao quebra-quebra de ônibus e trens do transporte coletivo;

– fala-se em fraqueza da sociedade civil para referir-se à ausência de entidades e organizações sociais que articulem demandas, reivindicações, críticas e fiscalização dos poderes públicos;

– fala-se em debilidade das instituições políticas para referir-se à corrupção nos três poderes da república;

– fala-se em desordem para indicar insegurança, ausência de tranquilidade e estabilidade, isto é, para referir-se à ação inesperada e inusitada de indivíduos e grupos que irrompem no espaço público desafiando sua ordem.

Essas imagens têm a função de oferecer uma imagem unificada da violência: chacina, massacre, vandalismo, guerra civil tácita, indistinção entre polícia e crime e desordem pretendem ser o lugar onde a violência se situa e se realiza; fraqueza da sociedade civil e debilidade das instituições políticas são apresentadas como impotentes para coibir a violência, que, portanto, estaria localizada noutro lugar e não nas próprias instituições sociais e políticas. Ora, justamente porque se trata de uma imagem e não de um conceito, nela permanece oculta a própria origem da violência.

Passemos aos procedimentos ideológicos que a dissimulam:

– procedimento da exclusão: afirma-se que a nação brasileira é não-violenta e que, se houver violência, esta é praticada por gente que não faz parte da nação (mesmo que tenha nascido e viva no Brasil). Trata-se da diferença entre um nós-brasileiros-não-violentos e um eles-não-brasileiros-violentos;

– procedimento da distinção: distingue-se entre o essencial e o acidental, isto é, por essência, os brasileiros não são violentos e, portanto, a violência é acidental, um acontecimento efêmero, uma “onda”, uma “epidemia” ou um “surto” localizado na superfície de um tempo e de um espaço definidos;

– procedimento jurídico: a violência fica circunscrita ao campo da delinquência e da criminalidade, o crime sendo definido como ataque à propriedade privada (furto, roubo, depredação) seguido de assassinato (latrocínio). Isso permite, por um lado, determinar quem são os “agentes violentos” (de modo geral, a classe trabalhadora e, nela, os negros) e, por outro, legitimar a ação policial contra a população pobre, os sem-terra, os negros, os indígenas, os moradores de rua, os favelados e afirmar que a existência de crianças sem infância decorre da “tendência natural dos pobres à criminalidade”;

– procedimento sociológico: fala-se em “onda” ou “surto” de violência como algo que acontece num momento definido do tempo, aquele no qual se realiza a “transição para a modernidade” das populações que migram do campo para a cidade e das regiões mais pobres para as mais ricas, causando o fenômeno temporário da anomia, no qual a perda das formas antigas de sociabilidade ainda não foram substituídas por novas, fazendo com que os migrantes pobres tendam a praticar atos isolados de violência que desaparecerão quando estiver completada a “transição”;

– procedimento da inversão do real: o machismo é considerado proteção à natural fragilidade feminina; o racismo, proteção contra a natural inferioridade dos negros, indígenas e orientais; a repressão contra os lgbtq+, proteção natural aos valores sagrados da família; a desigualdade salarial entre homens e mulheres, entre brancos e negros, indígenas, orientais como compreensão da superioridade natural dos homens brancos com relação aos demais humanos; a destruição do meio ambiente é propalada como prova de progresso e civilização; e assim por diante.

Conservando as marcas da sociedade colonial escravista e patrimonialista, a sociedade brasileira é marcada pelo predomínio do espaço privado sobre o público. É fortemente hierarquizada em todos os seus aspectos: as relações sociais e intersubjetivas são sempre realizadas como relação entre um superior, que manda, e um inferior, que obedece. As diferenças e assimetrias são sempre transformadas em desigualdades que reforçam a relação de mando-obediência.

O outro jamais é reconhecido como sujeito, tanto no sentido ético quanto no sentido político, jamais é reconhecido como subjetividade nem como alteridade e muito menos como cidadão. As relações, entre os que julgam iguais, são de “parentesco” ou “compadrio”, isto é, de cumplicidade; e, entre os que são vistos como desiguais, o relacionamento toma a forma do favor, da clientela, da tutela ou da cooptação; e, quando a desigualdade é muito marcada, assume a forma da opressão.

Podemos, portanto, falar em autoritarismo social como origem e forma da violência no Brasil. Situação, agora, ampliada e agravada pela política neoliberal, que não faz senão aprofundar o encolhimento do espaço público dos direitos e o alargamento do espaço privado dos interesses do mercado ao desviar o fundo público, destinado aos direitos sociais, para financiar o capital, de tal maneira que tais direitos são privatizados ao serem transformados em serviços vendidos e comprados no mercado, aumentando exponencialmente a divisão social e a desigualdade das classes sociais.

Eis porque a pandemia expõe, para além de todo limite admissível, a ferida que consome nossa sociedade, isto é, realização da luta de classes pela polarização máxima entre a miséria absoluta das classes exploradas e a opulência absoluta da classe dominante (estupidamente imitada por uma parte da classe média), cujo poder não esconde seu próprio cinismo, que se exprime no pleno apoio ao governante coveiro, miliciano ungido e consagrado pela graça de Deus.


https://outraspalavras.net/outrasmidias/o-autoritarismo-social-segundo-marilena-chaui/

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Impactos da Reforma Administrativa: aumento de nomeações políticas e perseguições

 São destaques na imprensa nacional nesta quinta-feira (27) a ingerência política da família Bolsonaro sobre o Banco do Brasil e perseguições do governo a servidores públicos.

Jair Bolsonaro se elegeu com o discurso de que combateria as indicações políticas na administração pública, mas está fazendo justamente o contrário. Na recente mudança na cúpula do BB, ascenderam os nomes de carreira do banco ligados a políticos do núcleo mais próximo do governo.

O Jornal Valor Econômico fez um desenho da dança de cadeiras que aconteceu na instituição por influência de políticos ligados ao clã dos Bolsonaros.

Antônio Barreto, nomeado novo vice-presidente de governo, é ligado a Onyx Lorenzoni, ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Servidores veem influência de Flavio Bolsonaro na nomeação de Renato Naegele para a vice-presidência de agronegócios da instituição.

Essas relações escusas das instituições com a família do presidente da República casam perfeitamente com um movimento que não é novo mas se tornou comumente usado por esse governo: a perseguição política a servidores públicos.

Na semana passada, ocupou as páginas de notícias a denúncia de que Mario Frias, secretário especial de Cultura do governo Bolsonaro, anda pelo órgão armado, causando desconforto entre os servidores e os terceirizados. Além disso, os servidores relatam assédio institucional e moral, perseguições e boicotes.

Essa é uma prática que vem se tornando cada vez mais comum no governo de Jair Bolsonaro, e acontece principalmente em setores que não são muito bem vistos pelo presidente, como a cultura e as fiscalizações ligadas ao meio ambiente.

Nesse sentido, a Reforma Administrativa proposta pelo governo vem para institucionalizar a prática e aumentar a ingerência política na administração pública. Ao fragilizar a estabilidade dos servidores, assim como suas formas de contratação, o governo pretende aumentar as garras do poder político sobre o Estado brasileiro.

 

Fonte: Que Estado Queremos?


http://www.serjusmig.org.br/noticia/7567/impactos-da-reforma-administrativa-aumento-de-nomeacoes-politicas-e-perseguicoes

Em campanha na TV, associações da PF atacam reforma administrativa

 










Trabalhar 'demais' mata 745 mil pessoas por ano no mundo, revela estudo

Jornadas de trabalho excessivas estão matando milhares de pessoas por ano, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).

O primeiro estudo global do tipo revela que 745 mil pessoas morreram em 2016 de derrame e doenças cardíacas relacionadas a longas horas de trabalho.

O relatório mostra que as pessoas que vivem no Sudeste Asiático e na região do Pacífico Ocidental são as mais afetadas.

E a OMS avalia que a tendência pode piorar devido à pandemia do coronavírus.

O Brasil está na faixa de países que têm até 4% da população exposta a longas jornadas de trabalho (55 horas ou mais por semana).

Isso coloca o país entre os menos afetados por jornadas exaustivas do mundo - nos países onde o problema é mais grave, esse percentual chega a atingir mais de 33% da população.

A pesquisa descobriu que trabalhar 55 horas ou mais por semana está associado a um risco 35% maior de AVC (acidente vascular cerebral) e 17% maior de morrer de doença cardíaca, em comparação com uma semana de 35 a 40 horas de trabalho.

O estudo, realizado em parceria com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), também mostrou que quase três quartos dos que morreram em consequência de longas jornadas de trabalho eram homens de meia-idade ou mais velhos.

Frequentemente, as mortes ocorreram muito mais tarde na vida, às vezes décadas depois, do que o período em que foram realizadas as longas horas de trabalho.

 

'Não vou mais passar o dia todo no Zoom'

Semanas atrás, um post no LinkedIn de Jonathan Frostick, de 45 anos, ganhou ampla repercussão. Ele descreveu como teve uma revelação quanto ao problema das longas jornadas.

O gerente de regulação no banco britânico HSBC havia acabado de se sentar numa tarde de domingo para se preparar para a semana de trabalho à frente, quando sentiu um aperto no peito, uma palpitação na garganta, mandíbula e braço, além de dificuldade para respirar.

"Fui para o quarto para me deitar e chamei a atenção da minha esposa, que ligou para o 999 [equivalente no Reino Unido ao 192 brasileiro, número que deve ser chamado para emergências médicas]", disse ele.

Enquanto se recuperava de um ataque cardíaco, Frostick decidiu mudar sua relação com o trabalho. "Não estou mais passando o dia todo no Zoom", diz ele.

A postagem chegou a centenas de leitores, que compartilharam suas experiências de excesso de trabalho e o impacto disso em sua saúde.

Frostick não culpa seu empregador pelas longas horas de trabalho, mas uma das pessoas que respondeu ao seu post escreveu: "As empresas continuam a levar as pessoas ao limite, sem se preocupar com seu bem-estar pessoal."

O HSBC disse que todos no banco desejam a Frostick uma recuperação plena e rápida.

"Reconhecemos a importância da saúde e do bem-estar pessoal e de um bom equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. No último ano, redobramos nossos esforços em saúde e bem-estar", afirmou o banco.

"As respostas a essa postagem mostram o quanto o assunto preocupa as pessoas e estamos encorajando todos a fazerem de sua saúde e bem-estar uma prioridade máxima."

Embora o estudo da OMS não cubra o período da pandemia, especialistas da organização afirmam que o recente avanço do trabalho remoto e a desaceleração econômica podem ter aumentado os riscos associados às longas jornadas de trabalho.

"Temos algumas evidências que mostram que, quando os países entram em lockdown nacional, o número de horas trabalhadas aumenta em cerca de 10%", diz o técnico da OMS, Frank Pega.

Segundo o relatório, calcula-se que as longas jornadas sejam responsáveis por cerca de um terço de todas as doenças relacionadas ao trabalho, representando o maior peso entre as doenças ocupacionais.

Os pesquisadores afirmam que há duas maneiras pelas quais as longas jornadas de trabalho levam a piores resultados de saúde.

Primeiro, por meio das respostas fisiológicas diretas ao estresse. E segundo, porque jornadas mais longas resultam em que os trabalhadores se tornem mais propensos a adotar comportamentos prejudiciais à saúde, como uso de tabaco e álcool, menos horas de sono e exercício, e uma dieta pouco saudável.

Andrew Falls, de 32 anos e engenheiro de campo em Leeds, na Inglaterra, afirma que as longas horas de trabalho em seu emprego anterior afetaram sua saúde mental e física.

"Cinquenta a 55 horas por semana eram a regra. Eu também ficava fora de casa por semanas a fio."

"Estresse, depressão, ansiedade", relata. "Eu estava num estado constante de abatimento."

Depois de cinco anos, ele deixou o emprego para recomeçar como engenheiro de software.

O número de pessoas trabalhando longas jornadas estava aumentando antes da chegada da pandemia, de acordo com a OMS, e era de cerca de 9% da população global total.

No Reino Unido, o Instituto Nacional de Estatísticas Britânico (ONS, na sigla em inglês) mostrou que as pessoas que estavam trabalhando em casa durante a pandemia fazem uma média de seis horas extras não remuneradas por semana.

As pessoas que não trabalhavam em casa fazem em média 3,6 horas extras semanais, segundo o ONS.

 

Foto: GETTY IMAGES

Fonte: BBC Brasil


http://site.serjusmig.org.br/noticia/7484/trabalhar-demais-mata-745-mil-pessoas-por-ano-no-mundo-revela-estudo 









Vale a pena ver (ou rever) live do Sitraemg que debateu “Assédio moral em tempos de teletrabalho”, nessa terça (18)

 "Queria que alguém me explicasse porque eu, que trabalho em casa, tenho que produzir mais do que quem está em um escritório", questiona o psicólogo Arthur Lobato no debate.

Confira, ao final desse texto, o link da live do Sindicato que debateu, na noite dessa terça-feira (18), o tema “Assédio moral em tempos de teletrabalho”. A gravação também está disponível no canal do Sitraemg no Youtube (AQUI) e no Facebook (facebook.com/sitraemg).

O debate foi conduzido pelo coordenador executivo Nelson Neto e contou com a participação o psicólogo Arthur Lobato, responsável técnico pelo Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do sindicato, e do administrador Renato Tocchetto, mestre em engenharia de produção e co-autor da Cartilha, Violência, Discriminação e Assédio no Trabalho.

Tocchetto destacou que, nas relações econômicas ditadas pelo modelo neoliberal, em vigor em todo o mundo há quase cinco décadas, o homem é tratado como “homem-empresa”. Toda sua força de trabalho é voltada pra a produtividade. Vendem a lógica de que seguir esse objetivo é a receita inevitável para se atingir o sucesso econômico. Mas aí se questiona: “Será que o sucesso econômico traz sempre os benefícios que se espera?”. Não. Muitos poucos o alcançam e essa frustração deixam as pessoas frágeis, sem perspectivas de futuro, sofridas, doentes. E dentro desse modelo nas organizações, de busca de produtividade e metas, as pessoas ficam suscetíveis ao assédio moral e até mesmo institucional.

O psicólogo Arthur Lobato avaliou como positivo o fato de servidores poderem trabalhar de forma remota nesse momento da pandemia. Muitos trabalhadores não tiveram essa possibilidade e tiveram que se expor ao vírus trabalhando presencialmente ou até mesmo perdendo o emprego. Contudo, o teletrabalho no Judiciário foi instituído pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com a obrigação de alcançar uma produtividade 30% superior à que se exige no trabalho presencial, e sem oferecer qualquer estrutura aos servidores para trabalharem em casa. “Queria que alguém me explicasse porque eu, que trabalho em casa, tenho que produzir mais do que quem está em um escritório”,questionou.

Servidores que acompanharam a live se manifestaram com perguntas sobre essa exploração do teletrabalho, situações de assédio moral no trabalho e o que deve ser feito para se evitar essa prática nas instituições.


https://youtu.be/8WECMybVVLg

http://www.sitraemg.org.br/vale-a-pena-ver-ou-rever-live-do-sitraemg-que-debateu-assedio-moral-em-tempos-de-teletrabalho-nessa-terca-18/

Cartilha oferece orientações ergonômicas importantes para o “home office”

 

Confira essas dicas, sobretudo nesse momento da pandemia, e mande ao Sitraemg suas dúvidas e sugestões sobre saúde do servidor, pelo e-mail saudeservidor@sitraemg.org.br

O Sitraemg disponibiliza, a seguir, link de acesso à cartilha intitulada “Orientações Ergonômicas para o Trabalho : Home Office”. O material (veja, abaixo, o link de acesso à cartilha e foto da capa) foi elaborado pelo Crefito-15, para o Conselho Federal e Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, em março de 2020, quando incrementou-se o teletrabalho no Brasil como forma de seguir o distanciamento social recomendado para se evitar o contágio do novo coronavírus. A cartilha ensina que se deve ter um ambiente separado próprio para o home-office e indica os cuidados necessários para o local, como uma boa iluminação, equilíbrio nos níveis de ruído e temperatura, além, é claro, de assento adequado e a posição correta do computador e monitor.

  • Confira a cartilha AQUI

Dialogue com o sindicato sobre saúde do servidor

O Sitraemg busca todos os meios para contribuir para a saúde e bem-estar da categoria. Por isso, abre espaço para que todos possam se manifestar sobre esse tema. Se você tiver alguma dúvida ou sugestões, manifeste-se, enviando-as para o e-mail saudeservidor@sitraemg.org.br

Saúde para todas e todos.










http://www.sitraemg.org.br/cartilha-oferece-orientacoes-ergonomicas-importantes-para-o-home-office/