quarta-feira, 31 de maio de 2023

Sitraemg reforça pedido para que TRT3 disponibilize celulares e computadores para uso de oficiais de justiça em home office

 Pleito faz parte do conjunto de demandas específicas dos oficiais da Justiça do Trabalho definidas no Encontro Estadual do segmento promovido pelo sindicato em março

O Sitraemg reiterou ao TRT3 solicitação para que disponibilize aparelhos de telefones celulares e computadores para todos os oficiais de justiça da Justiça do Trabalho utilizarem como ferramentas de trabalho em home office.

O pedido foi formulado por meio de ofício direcionado ao presidente do Tribunal, desembargador Ricardo Antônio Mohallem, protocolado na quinta-feira, 18 de maio (veja cópia).

O pleito está incluído no conjunto de demandas específicas dos oficiais da Justiça do Trabalho definidas pelos participantes do Encontro Regional do segmento. O evento foi realizado pelo sindicato nos dias 17 e 18 de março deste ano.

Posteriormente, elas foram apresentadas pela entidade em reuniões com a Diretoria-Geral do Tribunal e com a Direção do Foro Trabalhista de Belo Horizonte, nos dias 4 e 15 de maio, respectivamente.

Entre as demandas, foi solicitado que o TRT3 reivindique junto à Receita Federal a liberação de notebooks e I-Phones, apreendidos pela Alfândega, para serem disponibilizados aos oficiais de justiça.

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Assessoria de Comunicação
Sitraemg

Combate ao assédio é desafio para humanizar as relações de trabalho no país

 O assédio moral no local de trabalho é um fenômeno antigo. Realidade de grande parte dos ambientes corporativos, é um assunto mais presente nos espaços acadêmicos, jurídicos e sindicais. Apesar de viver as situações de abusos de forma recorrente, o debate sobre este tema é quase inexistente nas camadas mais populares da classe trabalhadora. A falta de ferramentas de combate, canais de denúncias e conscientização sobre práticas de assédio contribuiu para a criação de uma realidade de subnotificação de casos no Brasil. Tratei do assunto assédio em nota técnica na 25ª Carta de Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), disponível em https://www.uscs.edu.br/noticias/cartasconjuscs.

Margarida Barreto, professora e pesquisadora, que foi pioneira nos estudos sobre assédio moral e sexual no Brasil, conceitua que a prática consiste na “exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, com o objetivo de forçar o empregado a desistir do emprego”. 

A pesquisadora classifica o assédio em dois fenômenos chamados de vertical e horizontal. De acordo com Margarida, “o fenômeno vertical se caracteriza por relações autoritárias, desumanas e aéticas, onde predomina os desmandos, a manipulação do medo, a competitividade, os programas de qualidade total associada à produtividade.” 

Já o fenômeno horizontal é relacionado à pressão para produzir com qualidade e baixo custo. Margarida defende que “o enraizamento e disseminação do medo no ambiente de trabalho reforçam atos individualistas, tolerância aos desmandos e práticas autoritárias no interior das empresas que sustentam a ‘cultura’ do contentamento geral”. Para ela, neste processo, os trabalhadores assediados escondem as humilhações e quem está “sadio” trabalha com medo de adoecer e incorpora o padrão discursivo da liderança contra quem adoeceu criando uma espiral de humilhação.

Uma outra realidade que assombra são os assédios de cunho sexual. De acordo com dados do Ministério Público do Trabalho (MPT), o volume de denúncias em locais de trabalho foi maior em 2022. O procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos, afirmou que as queixas recebidas pelo órgão até junho, representavam 63% das notificações de todo o ano de 2021. Foram 300 denúncias até junho de 2022, contra 474 do ano anterior.

 

A realidade na Caixa      

Infelizmente, o ano de 2022 também foi marcante para a Caixa Econômica Federal devido às denúncias de assédio sexual e moral atribuídas ao então presidente do banco, Pedro Guimarães, que foram responsáveis por abrir um portal para a realidade das condições enfrentadas pelos empregados e empregadas. A Corregedoria do banco estatal desenvolveu um relatório final sobre o caso com cerca de 500 páginas, elaborado com base em 50 depoimentos de vítimas e testemunhas. A conclusão da corregedoria foi encaminhada para os órgãos competentes e aguarda decisão final.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) também produziu um relatório da Ação Civil Pública que investigou, pela primeira vez na história, as denúncias do tipo contra um dirigente do alto escalão do banco. O documento apresentou dados internos alarmantes sobre as condições de trabalho a que os empregados e empregadas estavam submetidos. Desde que foi designado ao cargo por Jair Bolsonaro, em 2019, os casos de assédio e afastamentos médicos explodiram sob a gestão anterior. Os dados analisados mostram que a média de denúncias por assédio entre 2012 e 2018 era de 80 por ano. Já em 2019, até a saída do ex-presidente em 2022, a média anual era de 157 denúncias e depois que o caso se tornou público e notório, o número chegou a 561.

Os casos dentro da Caixa deixaram evidente a necessidade de avançarmos no desenvolvimento e aprimoramento de mecanismos de denúncia e combate a este tipo de violência. Mostraram também que é necessário aprimorar políticas de enfrentamento de todos os tipos de agressão contra a mulher, seja física, psicológica, econômica ou sexual, no ambiente doméstico, público ou no local de trabalho.

 

Assédio Organizacional

Os estudos sobre o tema desenvolvidos ao redor do mundo apontam que o assédio moral pode ser praticado de forma interpessoal, contra um indivíduo, mas também pode fazer parte do modelo de gestão da empresa. Neste caso é conhecido como “Assédio Moral Organizacional”. As características são gestão por estresse, gestão por injúria e gestão por medo, que são promovidas por gestores da empresa com objetivos administrativos. Esta realidade pode ser analisada a partir da dinâmica do capitalismo na fase neoliberal, que intensifica as disputas e competições entre as corporações. Neste cenário, somado às transformações no mundo do trabalho a partir da interferência do mercado nas legislações trabalhistas, promovendo perda de direitos, modelos de criação de programas de metas abusivas, intensificação de competição entre os trabalhadores, rankings e outras práticas, os assédios deste tipo passam a se intensificar nos ambientes de trabalho.

Durante o governo Bolsonaro, a Caixa apresentou indícios das práticas já que não foram apenas os índices de assédio que subiram, mas também o número de afastamentos previdenciários em consequência da piora nas condições de trabalho e das mudanças na cultura organizacional do banco. Por trás do discurso da meritocracia presente nos últimos anos, o ex-presidente implantou um modelo de gestão baseado no medo e na intimidação.

Alta rotatividade de empregados em cargos de função e direção, a submissão dos empregados a exercícios de flexão ou atividades vexatórias; a proibição do uso de roupas vermelhas, caracterizando o assédio político; gritos e ameaças. Esta realidade se tornou ainda mais factível nos dados do MPT que apontou que de 2013 a 2018 a média de afastamentos médicos era de 277 funcionários(as) por ano. A partir da gestão de Guimarães, até sua saída em junho de 2022, a média anual passou a ser de 354 funcionários(as) por ano, o que representa 27,79% de aumento. Após a demissão de Pedro Guimarães, o número chegou a 383 afastamentos, alcançando o índice de 44,96%.

Margarida Barreto aponta que este padrão abusivo nas relações trabalhistas causa danos à saúde física e mental, não somente daquele que é excluído, mas de todo o coletivo que testemunha esses atos.

 

Combate à violência em todas as esferas

Um marco na luta pelo fim da violência contra a mulher é a Lei Maria da Penha, que em 2022 completou 16 anos. Um dos melhores dispositivos do mundo de combate à violência contra a mulher foi desenvolvido pelo movimento de mulheres brasileiro. Escrito por juristas, o projeto foi enviado ao Congresso em 2002 e depois de muita mobilização popular, audiências públicas e diálogo com a sociedade, a proposta foi finalmente sancionada em 7 de agosto de 2006, pelo então Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

A Lei Maria da Penha é um marco no Brasil. Ela garante medidas protetivas, varas especiais e diversas ferramentas de atendimento à população feminina em situação de violência, é considerada pela ONU uma das três melhores iniciativas deste tipo no mundo. Porém, 16 anos após a sua aprovação, ela ainda não é completamente aplicada e sofre ameaças de alteração dia após dia.

No contexto da pandemia de covid-19, a violência não diminuiu. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma em cada quatro mulheres brasileiras (24,4%) acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência ou agressão nos últimos 12 meses. Isso significa que, ao menos, 17 milhões de mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual no último ano. Os dados apontam, ainda, que a residência segue como o espaço de maior risco para as mulheres e 48,8% das vítimas relataram que a violência mais grave sofrida no último ano ocorreu em casa. Está clara a necessidade de seguir aprimorando a Lei Maria da Penha e suas ferramentas.

A restrição de circulação proporcionada pela pandemia não reduziu a insegurança das mulheres nos locais públicos. Ainda segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a rua aparece como o segundo lugar com mais risco de violência, com 19,9% dos relatos, já o trabalho aparece como o terceiro local com mais incidência de violência, com 9,4%.

A pesquisa também traz à luz o cenário de violência sexual. Os dados mostram que 37,9% das brasileiras foram vítimas de algum tipo de assédio sexual nos últimos 12 meses, o que equivale a 26,5 milhões de mulheres. O ambiente de trabalho e transporte público são os espaços mais hostis e propícios ao assédio do que festas, por exemplo. Ao menos 8,9 milhões de mulheres, o que representa 12,8%, receberam comentários desrespeitosos no trabalho.

E o que este dado quer nos dizer? O local de trabalho, onde se garante a subsistência da mulher e de sua família, não pode ser um lugar de inseguranças.

 

Olhando para o futuro

Para transformar essa realidade é necessário avançar na criação de leis efetivas que punam os agressores, sejam em casos interpessoais ou generalizados nas corporações. Na gestão das empresas é preciso humanizar as relações de trabalho, criar processos efetivos que garantam a rentabilidade do negócio e promover espaços de escuta. Não há ninguém mais interessado no sucesso da empresa do que o seu empregado que busca estabilidade em sua carreira. Outras medidas são o aprimoramento de canais de denúncia e a criação de espaços seguros de acolhimento das vítimas. A participação da sociedade também é essencial e pode se dar por meio de canais de comunicação para a conscientização dos trabalhadores e trabalhadoras sobre o tema e, sobretudo, encorajá-los a denunciar e combater esta prática.

Como conselheira eleita pelos trabalhadores, durante anos denunciei essa prática, atuando em conjunto com as entidades sindicais e associativas. Agora, com a responsabilidade de presidir o banco, indicada pelo presidente Lula, tenho a missão de adotar novos paradigmas para humanizar as relações de trabalho e resgatar o orgulho dos empregados em atuar na Caixa.

Uma das primeiras medidas que tomei nesse início de gestão foi realizar uma Pesquisa de Clima Organizacional, prática abandonada pela antiga gestão. Essa ferramenta vai nos auxiliar a dar voz aos empregados, saber de suas angústias, medos, sugestões. Com o resultado vamos direcionar nossa governança para valorizar o corpo funcional, combater todo tipo de assédio e formar novas lideranças. 

Essa são apenas algumas medidas de uma gestão que tem o compromisso de combater a fundo a realidade do assédio no ambiente de trabalho. Precisamos olhar para este cenário e criar condições para que as vítimas de abuso se sintam confortáveis em denunciar, sem que haja desconfianças do seu relato ou ameaças de retaliações.

 

Rita Serrano, presidenta da Caixa Econômica Federal
Fonte: Foto Rieth / Pixabay
Foto: Rede Brasil Atual

domingo, 7 de maio de 2023

Psicólogo do DSTCAM fala sobre “Prevenção e combate ao assédio moral” em seminário no Sitraemg

 Arthur Lobato afirmou que a prevenção é a “chave“ para o combate ao assédio moral nos locais de trabalho

O psicólogo Arthur Lobato, do Departamento de Saúde do Trabalhador e de Combate ao Assédio Moral (DSTCAM), abordou o tema “Prevenção e combate ao assédio moral” no seminário Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral, realizado na manhã de sábado, 29 de abril, na sede do Sitraemg, em Belo Horizonte.

Segundo ele, o DSTCAM procura seguir o conceito sobre assédio moral construído pelos psicólogos e professores Margarida Barreto e José Roberto Heloani em sua atuação para inibir a prática desse mal contra os servidores do Judiciário Federal em Minas Gerais.

Para Barreto e Heloani, “assédio moral é uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que ocorre no meio ambiente laboral, cuja causalidade se relaciona com as formas de organizar o trabalho e a cultura organizacional, que visa humilhar e desqualificar um indivíduo ou um grupo, degradando as suas condições de trabalho, atingindo a sua dignidade e colocando em risco a sua integridade pessoal e profissional“.

Lobato explicou que esse conceito tem influência na busca do combate à prática do assédio em países da Europa ao longo do Século XX.

Inicialmente na Suécia, a pressão nas montadoras de automóveis, que levava os trabalhadores aos limites da humilhação, gerou um movimento contrário que culminou na criação de medidas de proteção à classe através da inclusão de cláusulas contra o assédio na legislação.

O mesmo aconteceria mais tarde na França, em razão da prevalência da lei dos mais fortes sobre os mais fracos nas grandes empresas em consequência das privatizações.

A prática do assédio no Brasil, afirmou o psicólogo, intensificou-se no Brasil com a introdução das ideias neoliberais nas organizações em busca da maior produção com o menor custo. No judiciário, deu-se a partir da implantação do sistema de metas e produtividade.

Curiosamente, criticou o palestrante, o mesmo CNJ que impôs o cumprimento de metas e maior produtividade instituiu a política de prevenção e enfrentamento do assédio moral, do assédio sexual e da discriminação nos tribunais, através da Resolução 351/2020. Confira a resolução aqui

Mas ele saudou a iniciativa do Conselho por instituir essa política, lembrando que a resolução também determinou a criação das comissões de prevenção e enfrentamento nos tribunais.

Lamentou que os atos dos tribunais em Minas que instituíram as comissões estejam incompletos em relação à norma do CNJ. E sugeriu que os integrantes das comissões a utilizem para discussão e implantação das políticas por ela orientadas nos órgãos.








Como se dá o assédio moral

O assédio moral, segundo o psicólogo Arthur Lobato, ocorre dentro de um processo cujo propósito do assediador é desestabilizar psiquica, emocional e profissionalmente o trabalhador. Efetiva-se com atitudes de isolamento, ridicularização e humilhação do assediado.  Com a vítima fragilizada, angustiada e exaurida, vem o adoecimento, com efeitos como ansiedade, depressão e síndrome de Burnout (esgotamento profissional).

Lobato assegurou que a “chave“ para o combate ao assédio moral e o adoecimento no trabalho é a prevenção.

E informou que essa é a primeira do tripé de ações do DSTCAM em sua linha de atuação. Em seguida vem a intervenção e o acolhimento.

Também lembrou que a solidariedade dos colegas ao assediado é fundamental para a sua recuperação.

Data celebrativa

O seminário do Sitraemg, conduzido pelo coordenador geral Lourivaldo Duarte, antecedeu a data da celebração do Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral, 2 de maio.

Estiveram presentes coordenadores do sindicato, diretores de base, atuais conselheiros fiscais e candidatos à Diretoria Executiva e ao Conselho Fiscal no atual processo eleitoral.

Veja aqui a íntegra do seminário:

Assessoria de Comunicação
Sitraemg

Dia 2 de Maio: Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral

 Por Arthur Lobato, psicólogo, responsável técnico pelo Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM)

No dia de hoje gostaria de fazer uma homenagem a Margarida Barreto, pioneira no Brasil da pesquisa sobre assédio moral no trabalho, tema que dedicou parte de sua vida.

Margarida Barreto faleceu no dia 3 de março de 2022, mas deixou suas ideias em livros, artigos, vídeos, lives e palestras que realizou em sindicatos, congressos e seminários, no Brasil e no exterior. Deixou também no coração de todos nós que a conhecemos e tivemos a oportunidade de conviver com esta guerreira incansável em sua luta em prol da classe trabalhadora.

O assédio moral no trabalho é um problema grave que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Infelizmente, muitos trabalhadores ainda são vítimas de comportamentos abusivos por parte de colegas, superiores ou até mesmo de clientes. Barreto é uma das principais referências no estudo do assédio moral no Brasil. E sua pesquisa tem ajudado a conscientizar a população, empresas, instituições públicas e sindicatos sobre a importância de se criarem ambientes de trabalho saudáveis e respeitosos.

Margarida Barreto era médica, professora de Psicologia Social, doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), entre tantos títulos, além de atividades laborais desempenhadas, sempre em prol da classe trabalhadora.

No início dos anos 1990, começou a trabalhar no Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Química, Plásticos e Cosméticos de São Paulo e no Sindicato dos Bancários de São Paulo. Lá, atendendo trabalhadores da produção de diferentes multinacionais, ela começou a ouvir histórias de dor e sofrimento, que a levaram a fazer mestrado e doutorado em Psicologia Social, com o objetivo de entender o que ouvia e se recusar a banalizar a escuta.

Dessa escuta ativa surgiu o título de sua dissertação, “Uma jornada de humilhações”, defendida em 2000. Entre os objetivos de sua luta está a necessidade de esclarecer o conceito de assédio moral e compreender as múltiplas determinações e dimensões do significado da violência moral no Brasil.

Vamos relembrar o conceito de assédio moral, publicado em seu último livro em parceria com o professor doutor Roberto Heloani “Assédio Moral, gestão por humilhação”:

“Assédio moral é uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que ocorre no meio ambiente laboral, cuja causalidade se relaciona com as formas de organizar o trabalho e a cultura organizacional, que visa humilhar e desqualificar um indivíduo ou um grupo, degradando as suas condições de trabalho, atingindo a sua dignidade e colocando em risco a sua integridade pessoal e profissional.“  (Barreto; Heloani, 2018).

Em 2000, Barreto fundou o grupo de pesquisa Assédio Moral no Trabalho: Saúde, Direitos e Justiça, que se tornou referência no assunto no Brasil. Desde então, ela publicou diversos artigos e livros sobre o tema. Também foi convidada a palestrar em eventos nacionais e internacionais.

Descobriu, em maio de 2000, que na França havia uma pessoa que, a partir de experiências diferentes da sua, escrevia sobre o mesmo assunto e chegava a conclusões semelhantes. Era Marie-France Hirigoyen, pesquisadora francesa e também pioneira nos estudos sobre assédio moral. E elas estabeleceram contato.

Além de seu trabalho acadêmico, Barreto também atuou como consultora em sindicatos e órgãos públicos, ajudando a implementar políticas de prevenção ao assédio moral e a capacitar trabalhadores e sindicalistas para lidar com o problema.

Em 2011, circunstancialmente, foi possível dar mais um passo na consolidação das ideias de Margarida Barreto, desde que foi anunciado o I Congresso Ibero-americano sobre Assédio laboral e Institucional. O evento foi realizado de 6 a 8 de julho de 2011, na Escola Nacional de Antropologia e História da Cidade do México. Na sessão de encerramento, concordou em criar a Rede Iberoamericana para a Dignidade no Trabalho e nas Organizações.

Foram as discussões e reclamações dos trabalhadores que forçaram e facilitaram a inclusão do tema assédio moral no ambiente de trabalho na pauta de diversos sindicatos pelo país, assim como em outros espaços sociais. A partir deles, pôde-se compreender as múltiplas determinações e dimensões do significado da violência moral.

Entre suas atividades essenciais, destacam-se a promoção de reuniões, seminários, workshops, relatórios individuais, conferências, congressos, publicações periódicas, cursos, consultoria de empregos, além da criação de grupos interinstitucionais. Da mesma forma, ela incentivou a realização de pesquisas, escreveu alguns livros, capítulos de livros, artigos, apresentações e outros materiais, de modo que até hoje se tornaram comuns as referências ao tema do assédio moral no trabalho.

Promoveu a criação de grupos de trabalhadores de diferentes instituições, com o objetivo de funcionarem como grupo de apoio aos humilhados, pois sabe-se que necessitam de apoio, ombro amigo, compreensão e solidariedade. Nesse sentido, recomenda não esquecer essa dimensão do acolhimento, pois sempre haverá alguém que precisa expressar suas dúvidas, angústias e desesperos. Na composição do grupo, ressalta que deve haver a participação de profissionais de diversas especialidades.

Neste sentido, importa referir os workshops que realizava com as vítimas, em que conseguia a concordância dos seus conhecimentos de medicina, psicologia social e direito do trabalho, com o objetivo de que os participantes identificassem, reconhecessem e se libertassem da situação que foi gerada para eles e, em prol de seu bem-estar, buscassem alternativas para recuperar sua saúde socioemocional.

Por isso, é fundamental que empresas e órgãos públicos sejam responsáveis por garantir ambientes de trabalho seguros e saudáveis para seus funcionários. O trabalho de Margarida Barreto é um importante aliado nesse sentido, pois ajuda a promover a conscientização sobre o assédio moral e a orientar as empresas e instituições públicas sobre como prevenir e combater esse problema, e a criar ambientes de trabalho mais saudáveis e respeitosos.

Segundo Elias Garcia, pesquisador e professor, mexicano, “A vida e a obra de Margarida, amplamente conhecidas no meio acadêmico e, sobretudo, no campo da luta pela dignidade no trabalho e em organizações de trabalhadores, podem ser resumidas nesta frase tantas vezes ditas por ela mesma: Aos trabalhadores: por vocês, para vocês e com vocês, sempre“.

*Colaboração: Dr. Elias Garcia Rosas
Professor e pesquisador da Faculdade de Ciências do Comportamento da Universidade Autônoma do Estado do México


Dia 2 de Maio: Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral (sitraemg.org.br)

http://www.sitraemg.org.br/sitraemg-promove-seminario-saude-do-trabalhador-e-assedio-moral-no-sabado-29-de-abril/

 






Dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST) apontam que, somente em 2021, foram ajuizados, na Justiça do Trabalho, mais de 52 mil casos relacionados a assédio moral e mais de três mil relativos a assédio sexual em todo o país, reforçando a grave situação do trabalhador brasileiro. 

No Brasil, 2 de Maio marca o Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral, um dos maiores desafios dos sindicatos no país, importante bandeira do SERJUSMIG. Após o artigo abaixo, saiba mais sobre o trabalho de acolhimento à vítima de assédio moral oferecido pelo Sindicato. 

O psicólogo especialista Arthur Lobato, membro do Núcleo de saúde do SERJUSMIG, elaborou artigo especial sobre o tema:

 

Dia 2 de Maio: Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral

No dia de hoje gostaria de fazer uma homenagem a Margarida Barreto, pioneira no Brasil da pesquisa sobre assédio moral no trabalho, tema que dedicou parte de sua vida. 

Margarida Barreto faleceu no dia 3 de março de 2022, mas deixou suas ideias em livros, artigos, vídeos, “lives” e palestras, que realizou em sindicatos, congressos e seminários, no Brasil e no exterior, e também, no coração de todos nós que a conheceram e tiveram a oportunidade de conviver com esta guerreira incansável em sua luta em prol da classe trabalhadora. 

O assédio moral no trabalho é um problema grave que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Infelizmente, muitos trabalhadores ainda são vítimas de comportamentos abusivos por parte de colegas, superiores ou até mesmo de clientes. Barreto é uma das principais referências no estudo do assédio moral no Brasil e sua pesquisa tem ajudado a conscientizar a população, empresas, instituições públicas e sindicatos sobre a importância de criar ambientes de trabalho saudáveis e respeitosos.

Margarida Barreto era médica, professora de Psicologia Social,  Doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC/SP; entre tantos títulos e atividades laborais, sempre em prol da classe trabalhadora.

No início dos anos 1990, começou a trabalhar no Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Química, Plásticos e Cosméticos de São Paulo e no Sindicato dos Bancários de São Paulo. Lá, atendendo trabalhadores da produção de diferentes multinacionais, ela começou a ouvir histórias de dor e sofrimento, que a levaram a fazer mestrado e doutorado em Psicologia Social, com o objetivo de entender o que ouvia e se recusar a banalizar a escuta.

Dessa escuta ativa surgiu o título de sua dissertação: “Uma jornada de humilhações” defendida em 2000. Entre os objetivos de sua luta está a necessidade de esclarecer o conceito de assédio moral e compreender as múltiplas determinações e dimensões do significado da violência moral no Brasil.

Vamos relembrar o conceito de assédio moral, publicado em seu último livro em parceria com o professor doutor Roberto Heloani “Assédio Moral, gestão por humilhação”:

“Assédio moral é uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que ocorre no meio ambiente laboral, cuja causalidade se relaciona com as formas de organizar o trabalho e a cultura organizacional, que visa humilhar e desqualificar um indivíduo ou um grupo, degradando as suas condições de trabalho, atingindo a sua dignidade e colocando em risco a sua integridade pessoal e profissional.“  (Barreto; Heloani, 2018).

Em 2000, Barreto fundou o grupo de pesquisa Assédio Moral no Trabalho: Saúde, Direitos e Justiça, que se tornou referência no assunto no Brasil. Desde então, ela tem publicado diversos artigos e livros sobre o tema e também tem sido convidada a palestrar em eventos nacionais e internacionais.

Descobriu, em maio de 2000, que na França havia uma pessoa que, a partir de experiências diferentes da sua, escrevia sobre o mesmo assunto e chegava a conclusões semelhantes: era Marie-France Hirigoyen, pesquisadora francesa e também pioneira nos estudos sobre assédio moral, e elas estabeleceram contato.

Além de seu trabalho acadêmico, Barreto também atuou como consultora em sindicatos e órgãos públicos, ajudando a implementar políticas de prevenção ao assédio moral e a capacitar trabalhadores e sindicalistas para lidar com o problema.

Em 2011, circunstancialmente, foi possível dar mais um passo na consolidação das ideias de Margarida Barreto, desde que foi anunciado o I Congresso Ibero-americano sobre Assédio Laboral e Institucional, realizado de 6 a 8 de julho de 2011, na Escola Nacional de Antropologia e História da Cidade do México. Na sessão de encerramento, concordou em criar a Rede Iberoamericana para a Dignidade no Trabalho e nas Organizações.

Foram as discussões e reclamações dos trabalhadores que forçaram e facilitaram a inclusão do tema assédio moral no ambiente de trabalho, na pauta de diversos Sindicatos pelo país, assim como em outros espaços sociais. A partir deles, pôde compreender as múltiplas determinações e dimensões do significado da violência moral.

Entre suas atividades essenciais, destaca-se a promoção de reuniões, seminários, workshops, relatórios individuais, criação de grupos interinstitucionais, conferências, congressos, reuniões, publicações periódicas, cursos, consultoria de empregos, etc. Da mesma forma, incentivou a realização de pesquisas, escreveu alguns livros, capítulos de livros, artigos, apresentações e outros materiais, de modo que até hoje se tornaram comuns as referências ao tema do assédio moral no trabalho.

Promoveu a criação de grupos de trabalhadores de diferentes instituições, com o objetivo de funcionarem como grupo de apoio aos humilhados, pois sabe-se que necessitam de apoio, ombro amigo, compreensão e solidariedade. Nesse sentido, recomenda não esquecer essa dimensão do acolhimento, pois sempre haverá alguém que precisa expressar suas dúvidas, angústias e desesperos. Na composição do grupo, ressalta, deve haver a participação de profissionais de diversas especialidades.

Neste sentido, importa referir os workshops que realizava com as vítimas, onde consegue a concordância dos seus conhecimentos de medicina, psicologia social e direito do trabalho, com o objetivo de que os participantes identifiquem, reconheçam, libertem a situação que foi gerado para eles e, em prol de seu bem-estar, buscar alternativas para recuperar sua saúde socioemocional.

Por isso, é fundamental que empresas e órgãos públicos sejam responsáveis por garantir ambientes de trabalho seguros e saudáveis para seus funcionários. O trabalho de Margarida Barreto é um importante aliado nesse sentido, pois ajuda a promover a conscientização sobre o assédio moral e a orientar as empresas e instituições públicas sobre como prevenir e combater esse problema e a criar ambientes de trabalho mais saudáveis e respeitosos.

Segundo Elias Garcia, pesquisador e professor, mexicano “A vida e obra  de Margarida , amplamente conhecida no meio acadêmico e, sobretudo, no campo da luta pela dignidade no trabalho e em organizações de trabalhadores, inicialmente, pode ser resumida na seguinte frase: Aos trabalhadores: por vocês, para vocês e com vocês, sempre.

Arthur Lobato
Psicólogo/saúde do trabalhador
Núcleo de saúde do SERJUSMIG.

Colaboração: Dr. Elias Garcia Rosas
Professor e pesquisador da Faculdade de Ciências do Comportamento da Universidade Autônoma do Estado do México.

 

SERJUSMIG oferece Núcleo especializado para seus associados

Comprometido com o servidor, o SERJUSMIG oferece acolhimento e atendimento multidisciplinar às pessoas que se encontram em situação de assédio moral, sofrimento ou adoecimento no ambiente de trabalho. 

A assessoria apresenta orientações individualizadas sobre os direitos dos servidores e como utilizá-los para se defender ou melhorar as relações de trabalho. Em caso de eventual denúncia de assédio moral, o SERJUSMIG acompanha o caso junto à Comissão Paritária instituída pelo TJMG. 

Sendo necessário, psicólogos especializados realizam acolhimento imediato, buscando entender a situação de sofrimento do servidor ou servidora. Junto ao associado e outros profissionais da área, os psicólogos traçam estratégias que possibilitem o fim da situação vivenciada. 

Se for preciso adotar medidas judiciais, após avaliação dos profissionais, o servidor será encaminhado para a assistência jurídica, junto ao departamento responsável no Sindicato.

Para mais informações, entre em contato com Raquel, pelo telefone (31) 3025-3516, ou pelo e-mail asses.diretoria@serjusmig.org.br

 

SERJUSMIG
Unir, Lutar e Vencer


SERJUSMIG :: Assédio Moral: Dia 2 de Maio marca o combate à violência contra o trabalhador em todo o país

Sitraemg promove seminário Saúde do Trabalhador e Assédio Moral, no sábado, 29 de abril

 No mesmo dia, também na sede do sindicato, acontece uma reunião ampliada para debater carreira, que fornecerá subsídios para o Encontro da Fenajufe, que será realizado em maio

O Sitraemg realiza no sábado, 29 de abril, o seminário Saúde do Trabalhador e Assédio Moral.

O evento ocorrerá de forma presencial, na sede do Sitraemg, na rua Euclides da Cunha, 14, Prado, Belo Horizonte, das 9h30 às 12h30.

Estão convidados todos os diretores de base, atuais conselheiros fiscais e candidatos à Diretoria Executiva e ao Conselho Fiscal no atual processo eleitoral.

O convite também foi enviado às administrações do TRF6, TRT3 e TRE-MG para que elas indicassem um representante das respectivas comissões de combate ao assédio.

As palestras serão ministradas pelo psicólogo do Departamento de Saúde no Trabalho e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do Sitraemg, Arthur Lobato, e pelas advogadas Letícia Kaufmann e Débora Oliveira, da Assessoria Jurídica.

“Sua presença será fundamental, por ser agente multiplicador de informações e formas de abordagem nos locais de trabalho acerca de um tema tão importante nos dias de hoje em nossas relações cotidianas enquanto servidores nos tribunais”, salienta o Sitraemg aos diretores de base.

Os filiados e as filiadas terão as despesas custeadas com deslocamento e hospedagem em Belo Horizonte. A presença deve ser confirmada até às 15 horas de sexta-feira, 28 de abril, pelo e-mail cassiam@sitraemg.org.br

Na mensagem deve ser informado o nome completo, lotação e documento de identidade e do telefone celular.

DEBATE SOBRE CARREIRA

No mesmo dia, haverá uma Reunião Ampliada com os presentes sobre a carreira judiciária. O debate fornecerá subsídios para os representantes do Sitraemg que participarão do Encontro Nacional da Carreira, da Fenajufe. O Encontro acontece em Brasília nos dias 20 e 21 de maio.

Assessoria de Comunicação
Sitraemg


Sitraemg promove seminário Saúde do Trabalhador e Assédio Moral, no sábado, 29 de abril

Semana profissionalizante do direito UNINASSAU