sábado, 6 de dezembro de 2008

1º Seminário sobre Assédio Moral do SINTAPPI/MG

O 1º Seminário sobre Assédio Moral do SINTAPPI/MG teve como palestrante o psicólogo e especialista em Assédio Moral, Arthur Lobato. Também participaram advogados e sindicalistas para auxiliar nesse importante momento de formação para os trabalhadores da base.
O SINTAPPI/MG ofereceu certificados aos participantes.
Tema: Assédio Moral: conhecer para combater

Local: Sala de seminários do SINTAPPI/MG
Rua dos Timbiras, 2595 - Bairro Santo Agostinho - BH/MG

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

ASSÉDIO MORAL E A LEI



* Arthur Lobato

O assédio moral no trabalho é um processo perverso que tem como conseqüência o adoecimento do trabalhador. As constantes humilhações, as perseguições, ameaças, gritos, zombarias, atitudes cínicas e prepotentes, com intenção de prejudicar, causam mal estar em quem as sofre principalmente pela impotência de reagir. Como reagir, se o assédio é realizado de forma sutil, e, numa relação de poder onde o assediado é o lado mais fraco? Por isso é importante o vínculo de solidariedade entre os colegas de trabalho e as denúncias ao sindicato.

“Agir é decerto não só ajudar às vítimas a se tratar e reparar o mal que lhe fizeram, mas, tomar medidas concretas para fazer cessar tais comportamentos e, sobretudo modificar os contextos que os propiciaram”, “(...) compete ao sindicato interpelar a direção e obrigá-la a mudar os métodos”, afirma Marie-France Hirigoyen, uma das maiores estudiosas do assédio moral no mundo.Mais do que denunciar é importante também, um amplo trabalho de prevenção e combate ao assédio moral no ambiente de trabalho. Luta que é de todos servidores que devem se conscientizar que a violência moral, as constantes humilhações, a vergonha e o medo são o combustível do assédio moral, e se não lutarem serão massacrados, destruídos psiquicamente e emocionalmente, e, aos poucos transformados de “sujeito em objeto”, de seres produtivos em improdutivos.

A "COMISSÃO DE COMBATE AO ASSÉDIO MORAL DO SINJUS E DO SERJUSMIG" trabalhou na elaboração de um projeto lei para combater o assédio moral no serviço público. Ação que conta agora com o apoio de outros sindicatos e foi encaminhada ao poder executivo. Mas é principalmente na prevenção que devemos atuar. Muitos casos de assédio moral ocorrem pela própria estrutura da organização de trabalho, onde impera o autoritarismo e o despotismo das chefias, pois em todo autoritarismo há abuso de poder. O tema assédio moral deve ser debatido nos núcleos de saúde do TJMG, na corregedoria, nos cursos da EJEF para juizes e servidores com cargos de chefia. É muito importante que haja compreensão do que é o assédio moral, e as conseqüências para a saúde do servidor. Cabe ao TJMG zelar pela saúde de seus servidores, coibindo, prevenindo e punindo quem pratica o assédio moral. Um ambiente saudável de trabalho é um direito de todos.


* Arthur Lobato é psicólogo, pesquisador do assédio moral no trabalho e membro da Comissão de Combate ao Assédio Moral Sinjus/Serjusmig
lobatosaude@yahoo.com.br


Publicado no jornal Expressão Sinjus 170

O ASSÉDIO MORAL NAS ORGANIZAÇÕES



O assédio moral é um processo realizado ao longo do tempo, no espaço do trabalho, mas as conseqüências para a saúde do trabalhador continuam além da jornada de trabalho. É um processo envolvendo o assediador, os atos de assediar e a vítima. Há intencionalidade em prejudicar através de ataques sistematizados e repetidos, o que influi na saúde do trabalhador e na produtividade da instituição.

Muito importante é o posicionamento da instituição, coibindo as práticas de assédio moral, não sendo conivente com o adoecimento do trabalhador, nem tampouco com a banalização, e a deturpação do conceito de assédio moral.

Em todo assédio moral há o problema da discriminação, da não aceitação do outro, do abuso do poder, da negação do sujeito. O assédio moral adoece o trabalhador, e prejudica o ambiente de trabalho, mas nem tudo é assédio moral. As agressões pontuais e a violência moral também são comportamentos que adoecem o trabalhador.

Um dos maiores problemas nas relações de trabalho é a banalização e naturalização de atitudes hostis como gritos, humilhações, perseguições, com justificativas como “sou assim..”, “se não pressionar não funciona”, “isto é conversa de preguiçoso e incompetente...” “o trabalho aqui é estressante mesmo...”

Não somos contra a hierarquia e a autoridade imanente ao cargo, mas não se pode aceitar práticas desumanas no ambiente de trabalho, como humilhações, chantagem, discriminação, impedimento de ascensão funcional, perseguições, fofocas, zombarias, gritos, violência moral e física, atitudes e comportamentos que também adoecem o trabalhador.

O que deve ser combatido é o autoritarismo, o abuso de poder, impedir as humilhações constantes que vão adoecendo o trabalhador, impotente em reagir. A violência moral não deixa marcas como a violência física, mas machuca. Dor invisível só vivida e sentida por quem a sofre, dor que não purga, ferida que não cicatriza. Somente respeitando nosso próximo poderemos ser respeitados, mas uma relação desigual de poder faz com que o humilhado se cale, introjete a violência, e por isso adoece emocionalmente e psiquicamente.

Arthur Lobato, psicólogo.

Publicado no Jornal Expressão Sinjus 169

ASSÉDIO MORAL: O ASSEDIADOR


Arthur Lobato*, psicólogo e pesquisador do assédio moral no trabalho


No assédio moral é sempre importante lembrar a questão da repetição, da sistematização, e da intencionalidade do ato de assediar. Estes três elementos, além da não aceitação da diferença do “outro”, comprovam o ato de assediar moralmente.


Geralmente o assédio é praticado por chefes ou subchefes, às vezes cumprindo “determinação superior”, ou seguindo um plano de metas impossível de ser alcançado, mas muitas vezes agindo por conta própria.


Além do assediador (aquele que exerce o assédio), alguém no grupo valida o assédio, ridicularizando a vítima, agindo “pelas costas”, referendando o discurso do assediador sobre a vítima, quase sempre uma pessoa competente ou questionadora. No entanto, pode acontecer o assédio moral entre grupos de funcionários que se unem em busca de poder e exclusão de outros funcionários.


O objetivo do assediador é desestabilizar psiquicamente, emocionalmente e profissionalmente um funcionário após um extenuante processo de assédio moral, transformando a vítima em alguém que se sinta incapaz, incompetente, desmotivado, o que justifica a demissão, perda do cargo de chefia, ou mudança de setor.


Na execução do assédio moral existe a ambivalência do discurso do assediador, sempre com duplo sentido, e a negação da verdade. As reprimendas são constantes assim como as múltiplas pequenas agressões, zombarias, sobrecarga de tarefas, sem que haja tempo hábil de executá-las ou retirada de tarefas e funções, e falta de condições materiais de trabalho (computador, mesa, telefone,...). As observações são sarcásticas, irônicas, cáusticas, há uma crítica sistemática do trabalho, recados e avisos não são repassados e muitas vezes como forma de humilhação há o desvio de função.


A vítima é vigiada, pressionada e aos poucos vai sendo isolada do grupo e do processo produtivo. Ridicularizada por aspectos subjetivos de sua personalidade, criando dúvidas e queda da auto-estima. Com a falta o apoio do grupo de trabalhadores é cada vez maior o isolamento da vítima. Pressionada, a vítima de assédio moral adoece. As faltas no serviço e licenças médicas servem como munição para o assédio continuar. Por outro lado, o assediador nega e deturpa os fatos, evidencia os erros, criando uma imagem de incompetência da vítima.


Na próxima edição trataremos do sofrimento psiquíco da vítima de assédio moral e a seguir as formas de defesa para quem é assediado.


* Psicólogo da comissão de combate ao assédio moral no Sinjus, Serjusmig e Sitraemg

10º Encontro de Delegados dos servidores da justiça de Minas Gerais



fotos: Ariane Dias/comunicação Serjusmig

SERVIDORES MINEIROS NUM DOS MAIORES EVENTOS SINDICAIS DO JUDICIÁRIO

Completando a sua 10ª edição neste ano de 2008, o Encontro de Delegados promovido pelo SERJUSMIG se firmou como um dos maiores eventos sindicais do Judiciário, reunindo centenas de servidores, representantes de praticamente todas as comarcas do Estado.

O evento se consolidou ao longo dos anos como local ideal para debates, troca de idéias e deliberação das ações da entidade, promovendo grande conscientização, fortalecimento e união da categoria.

O 10º Encontro foi realizado entre os dias 16 a 19 de outubro, na cidade de Caeté, no Hotel Fazenda Tauá.

Na programação temas como a saúde do servidor, as Reformas Trabalhista e Sindical, Direito de Greve do Servidor Público, ADE, Plano de Carreiras, Redesenho, Assédio Moral, Projetos de Leis de interesse dos servidores, as Lutas do Sindicato, as Ações Judiciais em favor dos interesses da Categoria e muitos outros.

O Combate ao Assédio Moral no Trabalho foi o tema da palestra do psicólogo Arthur Lobato.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

SAÚDE DO SERVIDOR EM PAUTA

Os Sindicatos de servidores públicos, SERJUSMIG E SINJUS-MG, reuniram se no dia 19 de novembro com a equipe da Secretaria de Planejamento do governo de Minas Gerais - Seplag. Além de promoção vertical, diligências e ADE, estava em pauta a Saúde do servidor e o Assédio Moral.

Arthur Lobato, psicólogo e Leonardo Militão, advogado, acompanharam os representantes dos sindicatos, Robert França e Rui Viana. Estavam presentes a diretora executiva de planejamento, Maria Cecília Belo, o assessor da Seplag, Pedro Jorge Fonseca, a diretora executiva da Ejef, Mônica Alexandra Terra e Sá, a gerente de desenvolvimento das carreiras, Thelma Regina Cardoso e o coordenador de avaliação e desempenho e também administrador do plano de carreiras, Hideraldo Nogueira Barbosa.

Além dos outros tema em pauta, as entidades discutitam em torno de um projeto que monitore e avalie questões relacionada à Saúde do Trabalhador do Poder Judiciário mineiro. Ficou decido que para estudar e definir o modelo e as estratégias de atuação, que viabilizem a estruturação desse projeto, será constituída uma comissão multidisciplinar, na qual se garantirá a participação dos Sindicatos, SERJUSMIG e Sinjus-MG.

SEMINÁRIO SOBRE ASSÉDIO MORAL


Assédio Moral: conhecer para combater!
Data do Seminário: 22 de novembro (sábado)Horário: 13 às 18h
Local: Sala de seminários do SINTAPPI/MG -
R. dos Timbiras, 2595 - Bairro Santo Agostinho - BH/MG

O Sindicato deTrabalhadores em empresas de Assessoramento, Pesquisas, Perícias e Informações e de agentes autônomos do comércio realizou no dia 22 de novembro o 1º Seminário sobre Assédio Moral .

O evento teve como palestrante o psicólogo e especialista em Assédio Moral, Arthur Lobato que falou de 13h às 18h para mais de sessenta participantes.

Também participaram advogados e sindicalistas para auxiliar nesse importante momento de formação para os trabalhadores da base.

O SINTAPPI/MG ofereceu também certificados aos participantes.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

SITRAEMG NA LUTA CONTRA O ASSÉDIO MORAL

A Comissão contra o Assédio Moral do SITRAEMG formada pelo psicólogo Arthur Lobato, especialista na área, além da assessora jurídica do SITRAEMG Adriana Martini e três membros da diretoria do sindicato: Áurea Parreira (TRT), Carlos Humberto Rodrigues (Justiça Federal) e Adriana Corea (TRE), comemora seu primeiro aniversário.

CONFIRA NO SITRAEMG INFORMA:

http://portal.sitraemg.org.br/noticia/view/arquivos/N38.pdf

SINJUS-MG E LIDERANÇAS SINDICAIS DISCUTEM PLC DO ASSÉDIO MORAL COM GOVERNO DE MG

Na quarta-feira, 1º/10/2008, a “Comissão de Combate ao Assédio Moral no Trabalho SINJUS-MG/Serjusmig”, composta por: Arthur Lobato (Psicólogo), Leonardo Militão (Advogado), Robert Wagner França (SINJUS-MG), Rui Viana (SERJUSMIG), ao lado de outras lideranças do funcionalismo público mineiro, reuniu-se com o chefe de gabinete da vice-governadoria de Minas Gerais, Gustavo Magalhães. A reunião objetivou apresentar ao governo a proposta do PLC 45/2008, que trata do assédio moral na administração pública do Estado, como propósito de sensibilizar o Executivo a apresentar um substitutivo ao projeto.

O PLC está em tramitação na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), e alegações de “vício de origem” podem prejudicar sua aprovação. Gustavo Magalhães reconheceu a importância da regulamentação, mostrando-se favorável à proposta de que o governo encaminhe um substitutivo ao PLC 45. Ele ressaltou que quanto mais transparentes forem as normas, melhor para o servidor e para a administração.

A prática do assédio moral é complexa e muito antiga, contrariando a realidade das discussões sobre o tema, ainda incipientes. Com o encaminhamento de um substitutivo pelo governador Aécio Neves, a proposta tem grandes chances de sair do papel. O atual PLC (45/2008) tem como autores os deputados Sargento Rodrigues (PDT) e André Quintão (PT).


Fonte: SINJUS-MG

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

PROGRAMA INTEGRA E INFORMA SERVIDORES

O Sindicato dos Servidores da Justiça de 1a Instância (Serjusmig) participou do Programa Servidor Integrado - Serin 2008, que contou também com a palestra do psicólogo Arthur Lobato sobre o Assédio Moral no Trabalho.

O objetivo do programa é integrar, orientar e informar os novos servidores. O evento aconteceu de 15 a 17 de setembro, na Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (EJEF), voltado para os servidores de 1a Instância.


Os novos servidores foram recebidos pelo superintendente da EJEF Reynaldo Ximenes Carneiro. Depois, foram abordados os temas: Missão, visão, valores e projetos sociais do TJMG e Os direitos e deveres dos Servidores pelo secretário especial da presidência do TJMG Luiz Carlos Gonçalo Elói, e os gerentes Maria das Mercês Simões e Robson Eduardo Fonseca Filho.

Participaram aproximadamente 420 servidores, sendo 174 na capital e 246 nas comarcas de Governador Valadares, Montes Claros, Varginha e Uberlândia, transmitido por videoconferência.

domingo, 21 de setembro de 2008

COMISSÃO DE COMBATE AO ASSÉDIO MORAL REÚNE-SE COM LIDERANÇAS SINDICAIS

A Comissão de Combate ao Assédio Moral SINJUS-MG/Serjusmig esteve reunida com lideranças representativas do funcionalismo público mineiro na tarde dessa terça-feira, 16/9/2008. Um dos objetivos do encontro foi articulação de visita ao gabinete do deputado Domingos Sávio, relator do PLC 45/08. O PLC trata do assédio moral no âmbito da administração do Estado e está em tramitação na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), já tendo sido aprovado na Comissão de Constituição e Justiça.

Na oportunidade, foi eleita a comissão que irá até o deputado, formada por representantes do SINJUS-MG e demais entidades - Asthemg, Aspra, Sindute. Diante da importância da questão do assédio moral também para a administração do Estado, Geraldo Antônio, diretor do Sindipúblicos MG, entrará em contato com o vice-governador, Antônio Augusto Anastásia, a fim de apresentar o PLC 45/08, e pedir sua atenção ao tema. O estado de Minas Gerais atualmente não possui nenhum tipo de regulamentação para a questão do assédio moral, ficando atrás de Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que já possuem leis em vigor.

Robert França, coordenador-geral do SINJUS-MG e Rui Viana, vice-presidente do Serjusmig, apresentaram o trabalho desenvolvido pela comissão nos últimos dois anos e meio de atuação. Eles distribuíram as cartilhas desenvolvidas pelos Sindicatos, reforçando a importância de se dar visibilidade ao assunto, principalmente no serviço público.

Fonte: SINJUS-MG

sábado, 20 de setembro de 2008

SERJUSMIG, NA LUTA EM DEFESA DOS DIREITOS DOS SERVIDORES


Veja nesta edição artigo do psicólogo Arthur Lobato sobre "Modalidades de Assédio Moral".

Em defesa da saúde e da qualidade de vida do servidor, o Serjusmig lidera frentes de batalhas e levanta a bandeira contra o Assédio Moral.
Contra injustiças e perseguições, viaja o estado inteiro com seu corpo jurídico para defender os seus filiados em sindicâncias e processos administrativos.
É o SERJUSMIG na defesa dos direitos e interesses dos servidores do judiciário mineiro!

MODALIDADES DE ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO
* Arthur Lobato

O assédio moral afeta a integridade psíquica e física de uma pessoa, incapacitando-a para o trabalho, e é caracterizado por ataques sistemáticos repetitivos com a intenção de prejudicar. Em todo assédio moral existe a discriminação e não aceitação da diferença. Mas existem diversos tipos de assédio moral no trabalho.

O assédio moral vertical descendente é o mais comum. É aquele praticado pela chefia contra seu subalterno. Um gestor que constantemente desqualifica um servidor competente na avaliação de desempenho pode estar praticando assédio moral. Já o assédio moral vertical ascendente é quando algum subordinado pratica o assédio moral contra o chefe.

No serviço público, este tipo de assédio moral geralmente é exercido pelo grupo de servidores contra o gestor. Pode ser o caso do grupo que não aceita a nomeação de um novo gestor ou do grupo que se une contra o gerente por causa do excesso de rigor na avaliação de desempenho.

Uma avaliação de desempenho feita sem critérios, onde a nota máxima é dada para todos, pode trazer insatisfação de parte do grupo, que se revolta pelo benefício aos menos capacitados e a falta de valorização dos mais competentes.

Quando o assédio moral acontece entre colegas é chamado de assédio moral horizontal. Parte do grupo exerce o assédio contra outro grupo: mais novos contra os mais velhos; mais capacitados que almejam promoções e discriminam aqueles que consideram menos capacitados. Prática que causa danos a todos.

Em todo assédio moral há manipulação para se adquirir poder, sendo que a inveja, o ciúme e a rivalidade funcionam como combustível para o assédio moral.

O importante é perceber também a questão da vitimização - quando o servidor ou gestor utiliza-se de conceitos do assédio moral em benefício próprio ou para prejudicar outros, fazendo-se de vítima de assédio moral. Independentemente dos tipos de assédio, é necessário denunciar esta prática, pois todo processo de assédio moral, se não for impedido, pode causar danos irreversíveis à saúde do trabalhador, prejudicando o ambiente de trabalho como um todo.

Canal de denúncias contra a prática do assédio moral: assediomoralnotjmg@yahoo.com.br

* Arthur Lobato é psicólogo e coordenador de grupos de combate ao assédio moral no trabalho

Publicado no SERJUSMIG NOTÍCIAS edição 127, de julho de 2008

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Palestra: Assédio Moral – Um inimigo invisível no local de trabalho






fotos: Ariane Dias/comunicação Serjusmig

A Palestra: Assédio Moral – Um inimigo invisível no local de trabalho fez parte da programação do Encontro Regional do SERJUSMIG - Sindicato dos Servidores da Justiça de 1a Instândia do Estado de Minas Gerais.

O psicólogo Arthur Lobato, coordenador do "Plantão de Combate ao Assédio Moral" em vários sindicatos, destacou na palestra a importância de se denunciar a prática de ASSÉDIO MORAL. Para Lobato todo processo de assédio moral, se não for impedido, pode causar danos irreversíveis à saúde do trabalhador, prejudicando também o ambiente de trabalho como um todo.

ENCONTRO REGIONAL BH- “SERJUSMIG: EU INTEGRO ESTA FORÇA”SÁBADO, 28/6 OTHON PALACE HOTEL - (Av. Afonso Pena, 1.050)

Assédio Moral

Veja nesta edição artigo:
Uma triste história real, relatada pelo psicólogo Arthur Lobato

O jornal Expressão Sinjus 167 publicou o relato de um dos casos de Assédio Moral no trabalho trazidos à Comissão de Combate ao Assédio Moral do Sindicato dos Servidores da Justiça de segunda instância do estado de Minas Gerais.
Combater e denunciar o assédio moral não é uma opção é, isto sim, uma obrigação de cada um de nós.
É a impunidade que faz esse tipo de ocorrência continuar afetando a vida dos trabalhadores.
O SINJUS-MG vem trabalhando intensamente no combate a práticas que configurem assédio moral no ambiente deprofissional. Esse trabalho visa garantir qualidade de vida para o servidor nos diferentes setores do judiciário e evitar que fatos como estes, narrados a seguir, voltem a ocorrer.
O assédio moral é um processo longo e doloroso para quem sofre os ataques repetidos, sistematizados, com intencionalidade de prejudicar, humilhar e transformar um trabalhador ativo e competente em um doente crônico, improdutivo, inútil - um "lixo", conforme depoimentos no plantão de combate ao assédio moral.
A vítima deseja, mais do que tudo, resgatar sua dignidade. No caso relatado, a pessoa que adoeceu por causa do assédio concordou com esta publicação, para que aqueles que praticaram o assédio moral tenham consciência do mal que fizeram, e para que sirva de alerta para que outras pessoas não adoeçam, por não perceber que estão sendo vítimas da prática de assédio moral.
Tentemos nos colocar no lugar desta servidora, que, durante 25 anos, se dedicou ao seu serviço. "Minha vida era meu trabalho", disse ela no Plantão de Combate ao Assédio Moral. Após um longo e doloroso processo de assédio, ela, que ingressara como servidora por meio de concurso, foi "aposentada à força", segundo suas próprias palavras. Tendo curso superior, conseguiu ocupar um cargo de chefia, "com muita luta trabalho e competência, pois sempre gostei de trabalhar, apesar de estar em ‘um ninho de cobras’, cercada por pessoas improdutivas, nomeadas por ‘peixada’”. Ao assumir o cargo de chefia, começou a ser assediada - sem saber - pelas próprias colegas, e também por um "superior", que desejava a nomeação de outra funcionária.
O assédio se manifestava por meio de fofocas, maledicências e desrespeito à hierarquia (nãocumprimento de ordens e de horários, faltas constantes). Apesar de ela ter um cargo de chefia, o grupo de servidores se recusava a aceitar ordens e regras. Com as recusas em executar o serviço, faltas e atrasos, o trabalho se acumulava. O grupo humilhava a diretora. Quando esta relatou aos superiores o acontecido, para seu espanto, a portas fechadas, foi tratada de forma ríspida, com gritos e termos de baixo calão. Humilhada, teve que ouvir calada que ela não era nada e estava implicando com amigas de gente poderosa e influente. Nesse momento do depoimento, o emocional acompanha as palavras, o choro é uma descarga motora para aliviar a dor, pois a humilhação deixa marcas permanentes em quem foi vítima de assédio moral. "Estou nervosa (...) até hoje estou em tratamento (...) tomo muitos medicamentos (...) estou muito triste com tudo (...) agora eu vejo, estava em um ninho de cobras".
Desde que ocupou o cargo de chefia, foram sete anos de luta, de sabotagem - "me infernizaram". Os fatos a levaram a constantes crises de choro, devido à sua impotência para mudar o acontecido, pois o grupo se recusava a trabalhar, ficavam ao telefone em ligações que tratavam de assuntos pessoais, saíam do local de trabalho quando bem queriam, e ela, como chefe, alternava sentimentos de impotência, raiva, frustração, caindo em depressão.
Além das humilhações, havia o excesso de trabalho. "Trabalhava por 10", conforme suas palavras, e o superior hierárquico "comendo meu fígado", quando reclamava. Assim, foi obrigada a suportar o insuportável, com todas as conseqüências somáticas, psíquicas e emocionais.Consolidando a tática do assédio moral, alguém do grupo se fez de "amiga" desta servidora, mas, conforme se descobriu mais tarde, era tudo fingimento, pois essa "amiga" queria o cargo de chefia. Foi quando aconteceu a ruptura emocional: durante as férias, morreu o “amado” pai dessa diretora.
Em muitos casos, o assediador, ou seja, aquele que pratica o assédio moral, se aproveita de um momento de fragilidade emocional da vítima para intensificar o ataque. Sabemos a dor que nos causa a perda de um ente querido, e o tempo de luto que é necessário para tentar superar essa dor. É justamente nesse período de luto, de dor, de perda, em que o choro é um demonstrativo de nossa fragilidade, que o assédio moral é executado com mais intensidade, de forma perversa, com objetivo de destruir a pessoa.
A vítima foi, então, convocada a ir ao Tribunal, apesar de estar de férias e ter acabado de enterrar o pai. Tinha sido feita uma "armação" com o objetivo de lhe tirar o cargo de chefia. "Foi o pior dia de minha vida, pois perdi meu pai". Deprimida, não comia, não dormia, chorava muito. Depois das férias, pediu licença saúde, mas "se o luto se transforma em melancolia" (Freud), a depressão impera. Na volta ao trabalho, não teve solidariedade, foi constantemente humilhada e desrespeitada, "chorando muito, de cabeça baixa, abatida, assumiu tanto o trabalho como o apoio a sua mãe". Nesse momento de total fragilidade, o grupo e o superior hierárquico se uniram contra ela, para destruí-la de vez. Foi exigida, pelo superior, a instauração de um processo administrativo, com o objetivo de tirar-lhe o cargo de chefia. Ao conversar com ele, descobriu que seu cargo já tinha sido prometido para uma de suas funcionárias, já que ela estava há seis meses de licença. E a humilhação foi maior porque ela tinha curso superior, e a "nova" chefia tinha somente o primeiro grau de escolaridade, ou seja, não possuía nenhuma especialização da área do departamento. Ao tentar audiência com o chefe superior, este se recusou a recebê-la. Por meio de uma ligação anônima, ouviu ao telefone alguém dizer: "Você é uma batata-quente". Alguém do alto escalão assediou quem poderia ajudar essa servidora, e as portas foram se fechando, ninguém mais a recebia.
Desesperada, enviava correspondências, mas não recebia respostas. Para sobreviver a este brutal e impiedoso processo de assédio moral, teve que tirar mais licenças médicas; esgotada, deprimida, humilhada, impotente. As licenças serviam como combustível para que o assédio continuasse, denegrindo, assim, seu nome, sua honra, sua competência. Foi proibida de entrar no Tribunal e abalada emocionalmente. Sem apoio de ninguém, reforçava-se o discurso de a servidora ser "louca", portanto, tinha que ser afastada do cargo. O assédio moral está quase concluído. Destruiu emocionalmente uma pessoa, minou sua capacidade de trabalho e, agora, o seu afastamento do cargo era questão de tempo, pois ela "já não tinha mais capacidade de exercer o cargo".
Essa servidora contava tempo para o apostilamento, mas não para a aposentadoria. Foi aposentada por invalidez, com todas as perdas salariais que isso traz, e a humilhação, como um câncer, crescia a cada dia.
Assim, a servidora, após um longo e extenuante processo de assédio moral, de competente, virou incompetente; de produtiva no trabalho, virou uma servidora doente, incapacitada para o trabalho, destruída psíquica e emocionalmente. "Sujaram meu nome, sou honrada, concursada, competente e não uma batata-quente". "Não sou amiga degente poderosa, mas exijo respeito, pois nunca pude me defender, isto dói, magoa (...) Desenvolvi medo paranóico de que iriam me matar. Não passava nem no quarteirão de minha repartição. Parentes meus pegavam meu salário. Tinha direitos que não foram respeitados. Meu nome ficou sujo. Colegas do Tribunal passavam por mim pela rua e fingiam que não me conheciam, por causa de fofocas". O caso era evitado pelos que poderiam ajudar. Ela ficou com fama de ter desacatado superiores, ficou sabendo que funcionárias foram ameaçadas, "quem a ajudasse sairia fora".
Por tudo isso, essa servidora, adoecida por causa do assédio, apesar de envergonhada e humilhada, concordou em tornar público este depoimento. Mais do que a revisão de valores de sua aposentadoria, ela quer seu nome limpo. Quer que aqueles que lerem este texto reconheçam de quem se está falando, percebam o mal que fizeram a este ser humano, reflitam, e, pelo menos, se arrependam. Quer que sirva de exemplo também para quem está sofrendo assédio moral resolva denunciar essas práticas ao sindicato, antes que o mal seja irreversível. Essa servidora, além de ter perdido sua vida profissional, até hoje faz uso de medicamentos psiquiátricos e necessita de acompanhamento terapêutico para enfrentar a dor e suportar conviver com a humilhação, ferida que não se cicatriza, dor que a levou até mesmo a pensamentos suicidas - forma desesperada de por fim à dor.
Como profissionais de saúde, sindicalistas, seres humanos, não podemos permitir que tais práticas continuem acontecendo no ambiente de trabalho. Nesse caso, todos os esforços jurídicos serão utilizados. Mas, além da compensação financeira, o mais importante para essa servidora é o resgate de sua honra, de sua dignidade - "Sujaram meu nome e eu não pude me defender. Quero limpar meu nome", emociona-se. Por isso, antes que seja tarde demais, insistimos na prevenção, para evitar que o assédio ocorra.
Este relato segue a veracidade das palavras proferidas pela servidora e prova, na prática, o que já é comprovado por especialistas e pela literatura científica.
* Arthur Lobato
psicólogo e jornalista

Artigo publicado no jornal Expressão SINJUS-MG 167 de 28 de agosto de 2008

PLC 45/08 Comisssão de Combate ao Assédio Moral participa de nova reunião na ALMG

Articular toda a categoria de servidores do funcionalismo estadual de Minas Gerais e dar maior visibilidade à questão do assédio moral. Com esse propósito, nesta sexta-feira, 12/9/2008, a “Comissão de Combate ao Assédio Moral SINJUS-MG/Serjusmig” reuniu-se, mais uma vez, com representantes dos deputados Sargento Rodrigues (PDT) e André Quintão, a fim de avaliar as estratégias que serão utilizadas para que o Projeto de Lei Complementar (PLC) 45/08 (que trata do combate ao assédio no âmbito do Estado), de autoria de Rodrigues e Quintão (PT), não seja barrado nas próximas comissões.

Para fortalecer a luta pela aprovação do PLC, o SINJUS-MG convocou representantes do serviço público estadual. Miriam Cardoso, representando o Sindpúblicos esteve presente à reunião. Os esforços para que seja regulamentada a questão do assédio moral na administração pública é uma bandeira coletiva. Como fruto dessa parceria, foi agendada um encontro, para a próxima terça-feira, 16/9/2008, no Sindipol/MG, onde representantes de todo o funcionalismo poderão avaliar e articular a postura da categoria diante da tramitação do PLC.

No dia 24/9/2008, o Projeto passará pela Comissão de Administração Pública e demandará esforços para que não seja barrado (uma vez que proposta similar já foi derrubada nessa comissão). Portanto, ficou acertado que, na próxima semana, após a reunião com os representantes do funcionalismo de Minas Gerais, será designada uma comissão que visitará o relator do PLC, deputado Domingos Sávio, com o propósito de sensibilizá-lo sobre a importância da questão. (Fonte: SINJUS-MG)

http://www.sinjus.org.br/sinjus/modulos.php?nome=noticias&arquivo=visu_not&id_not=9520

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Assédio moral e estágio probatório




*Arthur Lobato

Passar em um concurso público é, cada dia mais, o sonho de muitos brasileiros. A estabilidade e as possibilidades de ascensão profissional são fatores motivadores. Mas, ser aprovado é apenas a primeira etapa, pois a seguir vem o estágio probatório.

Os novos servidores vão enfrentar uma série de desafios - o aprendizado do trabalho, o relacionamento com colegas, chefes e público -, e vão perceber que há muito serviço a ser feito.

O respeito à hierarquia e à autoridade das chefias são elementos importantes na organização do trabalho, assim como, os deveres e direitos dos servidores. No estágio probatório é importante que os novos servidores exerçam seu trabalho com qualidade, mas cabe também às chefias gerenciar e compreender as dificuldades. Somente a prática diária faz com que a produtividade aumente e as metas sejam alcançadas.

É importante que o rigor com a qualidade do trabalho não seja motivo de conflitos e práticas autoritárias - humilhações, perseguições, agressão verbal ou violência moral no ambiente de trabalho. É preocupação do SINJUS-MG, como representante dos servidores do TJMG, impedir que aconteça o assédio moral no trabalho. Ou seja, condutas inapropriadas com o objetivo de prejudicar a pessoa, através de ataques sistematizados e repetidos, com intencionalidade de destruir psíquica e emocionalmente o servidor, que adoece e torna-se inapto ao trabalho.

Como o assédio moral é um processo realizado ao longo do tempo, é importante impedir que aconteça, e, caso esteja acontecendo, é essencial impedir sua continuação. Pessoas que se sintam prejudicadas pela prática do assédio moral devem procurar o sindicato para esclarecimentos e denúncia.

Não devemos esquecer que existe assédio vertical e horizontal. No primeiro, há o poder da chefia. Já o segundo acontece entre os próprios colegas de trabalho, mas o mal causado tem a mesma intensidade.


*Psicólogo e membro de comissões de combate ao assédio moral em sindicatos

Publicado no jornal Expressão Sinjus 168 - 17 de setembro de 2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

TJMG: NOVOS SERVIDORES RECEBEM ORIENTAÇÕES DO SERIN

















fotos: Dinorá Oliveira/comunicação Sinjus-MG

Cento e seis novos servidores do Tribunal e Justiça de Minas Gerais (TJMG), participaram do Serin (Programa Servidor Integrado), organizado pela Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (EJEF).



Os participantes assistiram à palestra do psicólogo Arthur Lobato (foto) sobre o Assédio Moral e as ações para a prevenção. Eles também receberem a cartilha de Combate ao Assédio Moral editada pelo Sinjus e Serjusmig, sindicatos que lutam contra esta prática.

Assédio moral: uma história real






Combater e denunciar o assédio moral não é uma opção é, isto sim, uma obrigação de cada um de nós.




É a impunidade que faz esse tipo de ocorrência continuar afetando a vida dos trabalhadores.

O SINJUS-MG vem trabalhando intensamente no combate a práticas que configurem assédio moral no ambiente deprofissional. Esse trabalho visa garantir qualidade de vida para o servidor nos diferentes setores do judiciário e evitar que fatos como estes, narrados a seguir, voltem a ocorrer.

O assédio moral é um processo longo e doloroso para quem sofre os ataques repetidos, sistematizados, com intencionalidade de prejudicar, humilhar e transformar um trabalhador ativo e competente em um doente crônico, improdutivo, inútil - um "lixo", conforme depoimentos no plantão de combate ao assédio moral.

A vítima deseja, mais do que tudo, resgatar sua dignidade. No caso relatado, a pessoa que adoeceu por causa do assédio concordou com esta publicação, para que aqueles que praticaram o assédio moral tenham consciência do mal que fizeram, e para que sirva de alerta para que outras pessoas não adoeçam, por não perceber que estão sendo vítimas da prática de assédio moral.

Tentemos nos colocar no lugar desta servidora, que, durante 25 anos, se dedicou ao seu serviço. "Minha vida era meu trabalho", disse ela no Plantão de Combate ao Assédio Moral. Após um longo e doloroso processo de assédio, ela, que ingressara como servidora por meio de concurso, foi "aposentada à força", segundo suas próprias palavras. Tendo curso superior, conseguiu ocupar um cargo de chefia, "com muita luta trabalho e competência, pois sempre gostei de trabalhar, apesar de estar em ‘um ninho de cobras’, cercada por pessoas improdutivas, nomeadas por ‘peixada’”. Ao assumir o cargo de chefia, começou a ser assediada - sem saber - pelas próprias colegas, e também por um "superior", que desejava a nomeação de outra funcionária.

O assédio se manifestava por meio de fofocas, maledicências e desrespeito à hierarquia (nãocumprimento de ordens e de horários, faltas constantes). Apesar de ela ter um cargo de chefia, o grupo de servidores se recusava a aceitar ordens e regras. Com as recusas em executar o serviço, faltas e atrasos, o trabalho se acumulava. O grupo humilhava a diretora. Quando esta relatou aos superiores o acontecido, para seu espanto, a portas fechadas, foi tratada de forma ríspida, com gritos e termos de baixo calão. Humilhada, teve que ouvir calada que ela não era nada e estava implicando com amigas de gente poderosa e influente. Nesse momento do depoimento, o emocional acompanha as palavras, o choro é uma descarga motora para aliviar a dor, pois a humilhação deixa marcas permanentes em quem foi vítima de assédio moral. "Estou nervosa (...) até hoje estou em tratamento (...) tomo muitos medicamentos (...) estou muito triste com tudo (...) agora eu vejo, estava em um ninho de cobras".

Desde que ocupou o cargo de chefia, foram sete anos de luta, de sabotagem - "me infernizaram". Os fatos a levaram a constantes crises de choro, devido à sua impotência para mudar o acontecido, pois o grupo se recusava a trabalhar, ficavam ao telefone em ligações que tratavam de assuntos pessoais, saíam do local de trabalho quando bem queriam, e ela, como chefe, alternava sentimentos de impotência, raiva, frustração, caindo em depressão.

Além das humilhações, havia o excesso de trabalho. "Trabalhava por 10", conforme suas palavras, e o superior hierárquico "comendo meu fígado", quando reclamava. Assim, foi obrigada a suportar o insuportável, com todas as conseqüências somáticas, psíquicas e emocionais.

Consolidando a tática do assédio moral, alguém do grupo se fez de "amiga" desta servidora, mas, conforme se descobriu mais tarde, era tudo fingimento, pois essa "amiga" queria o cargo de chefia. Foi quando aconteceu a ruptura emocional: durante as férias, morreu o “amado” pai dessa diretora.

Em muitos casos, o assediador, ou seja, aquele que pratica o assédio moral, se aproveita de um momento de fragilidade emocional da vítima para intensificar o ataque. Sabemos a dor que nos causa a perda de um ente querido, e o tempo de luto que é necessário para tentar superar essa dor. É justamente nesse período de luto, de dor, de perda, em que o choro é um demonstrativo de nossa fragilidade, que o assédio moral é executado com mais intensidade, de forma perversa, com objetivo de destruir a pessoa.

A vítima foi, então, convocada a ir ao Tribunal, apesar de estar de férias e ter acabado de enterrar o pai. Tinha sido feita uma "armação" com o objetivo de lhe tirar o cargo de chefia. "Foi o pior dia de minha vida, pois perdi meu pai". Deprimida, não comia, não dormia, chorava muito. Depois das férias, pediu licença saúde, mas "se o luto se transforma em melancolia" (Freud), a depressão impera. Na volta ao trabalho, não teve solidariedade, foi constantemente humilhada e desrespeitada, "chorando muito, de cabeça baixa, abatida, assumiu tanto o trabalho como o apoio a sua mãe". Nesse momento de total fragilidade, o grupo e o superior hierárquico se uniram contra ela, para destruí-la de vez. Foi exigida, pelo superior, a instauração de um processo administrativo, com o objetivo de tirar-lhe o cargo de chefia. Ao conversar com ele, descobriu que seu cargo já tinha sido prometido para uma de suas funcionárias, já que ela estava há seis meses de licença. E a humilhação foi maior porque ela tinha curso superior, e a "nova" chefia tinha somente o primeiro grau de escolaridade, ou seja, não possuía nenhuma especialização da área do departamento. Ao tentar audiência com o chefe superior, este se recusou a recebê-la. Por meio de uma ligação anônima, ouviu ao telefone alguém dizer: "Você é uma batata-quente". Alguém do alto escalão assediou quem poderia ajudar essa servidora, e as portas foram se fechando, ninguém mais a recebia.

Desesperada, enviava correspondências, mas não recebia respostas. Para sobreviver a este brutal e impiedoso processo de assédio moral, teve que tirar mais licenças médicas; esgotada, deprimida, humilhada, impotente. As licenças serviam como combustível para que o assédio continuasse, denegrindo, assim, seu nome, sua honra, sua competência. Foi proibida de entrar no Tribunal e abalada emocionalmente. Sem apoio de ninguém, reforçava-se o discurso de a servidora ser "louca", portanto, tinha que ser afastada do cargo. O assédio moral está quase concluído. Destruiu emocionalmente uma pessoa, minou sua capacidade de trabalho e, agora, o seu afastamento do cargo era questão de tempo, pois ela "já não tinha mais capacidade de exercer o cargo".

Essa servidora contava tempo para o apostilamento, mas não para a aposentadoria. Foi aposentada por invalidez, com todas as perdas salariais que isso traz, e a humilhação, como um câncer, crescia a cada dia.

Assim, a servidora, após um longo e extenuante processo de assédio moral, de competente, virou incompetente; de produtiva no trabalho, virou uma servidora doente, incapacitada para o trabalho, destruída psíquica e emocionalmente.

"Sujaram meu nome, sou honrada, concursada, competente e não uma batata-quente". "Não sou amiga degente poderosa, mas exijo respeito, pois nunca pude me defender, isto dói, magoa (...) Desenvolvi medo paranóico de que iriam me matar. Não passava nem no quarteirão de minha repartição. Parentes meus pegavam meu salário. Tinha direitos que não foram respeitados. Meu nome ficou sujo. Colegas do Tribunal passavam por mim pela rua e fingiam que não me conheciam, por causa de fofocas". O caso era evitado pelos que poderiam ajudar. Ela ficou com fama de ter desacatado superiores, ficou sabendo que funcionárias foram ameaçadas, "quem a ajudasse sairia fora".

Por tudo isso, essa servidora, adoecida por causa do assédio, apesar de envergonhada e humilhada, concordou em tornar público este depoimento. Mais do que a revisão de valores de sua aposentadoria, ela quer seu nome limpo. Quer que aqueles que lerem este texto reconheçam de quem se está falando, percebam o mal que fizeram a este ser humano, reflitam, e, pelo menos, se arrependam. Quer que sirva de exemplo também para quem está sofrendo assédio moral resolva denunciar essas práticas ao sindicato, antes que o mal seja irreversível. Essa servidora, além de ter perdido sua vida profissional, até hoje faz uso de medicamentos psiquiátricos e necessita de acompanhamento terapêutico para enfrentar a dor e suportar conviver com a humilhação, ferida que não se cicatriza, dor que a levou até mesmo a pensamentos suicidas - forma desesperada de por fim à dor.

Como profissionais de saúde, sindicalistas, seres humanos, não podemos permitir que tais práticas continuem acontecendo no ambiente de trabalho. Nesse caso, todos os esforços jurídicos serão utilizados. Mas, além da compensação financeira, o mais importante para essa servidora é o resgate de sua honra, de sua dignidade - "Sujaram meu nome e eu não pude me defender. Quero limpar meu nome", emociona-se. Por isso, antes que seja tarde demais, insistimos na prevenção, para evitar que o assédio ocorra.

Este relato segue a veracidade das palavras proferidas pela servidora e prova, na prática, o que já é comprovado por especialistas e pela literatura científica.

* Arthur Lobato
psicólogo e jornalista


Artigo publicado no jornal Expressão SINJUS-MG 167 de 28 de agosto de 2008

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Assédio Moral é Combatido no Congresso Nacional de Jornalistas

fotos: Taís Ferreira





Jornalistas de 31 sindicatos de todo o país aprovam tese de Combate ao Assédio Moral no Congresso Nacional dos Jornalistas realizado em São Paulo de 20 a 24 de agosto.






A tese foi defendida pelo jornalista e psicólogo Arthur Lobato atual diretor de fiscalização do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais e diretor executivo da FENAJ. Lobato já realiza estudos, palestras e pesquisas na área e coordena grupos de trabalho nos sindicatos Sinjus-MG, Serjusmig e Sitraemg.


Confira a tese na íntegra:

domingo, 10 de agosto de 2008

Presidente da FENAJ apoia Campanha Nacional de prevenção, denúncia e combate ao assédio moral

Sérgio Murillo, presidente da FENAJ apoia Campanha Nacional contra o assédio moral e cita trechos da tese a ser apresentada no 33° Congresso Nacional dos Jornalistas.

Assédio moral: anomalia ou necessidade?

* Sérgio Murillo de Andrade

Tão antiga quanto a relação de exploração do homem pelo homem, é a violência moral no mundo do trabalho. O desenvolvimento das forças produtivas aliado a uma espécie de “vazio ético contemporâneo” têm agravado o problema.

As mudanças na forma de produzir e acumular riqueza implantadas pelo capitalismo nos últimos 30 anos produziram um ambiente de trabalho que valoriza e estimula a competitividade e a submissão absoluta às metas de maior produtividade. As inovações introduzidas no processo produtivo não se fizeram acompanhar por um novo marco regulatório, capaz de impedir ou desestimular a coerção moral. Muito ao contrário, exigiram um processo sem precedentes de desregulamentação e flexibilização, em especial, das garantias trabalhistas.

Este novo velho mundo gerou valores ideológicos que moldaram um trabalhador que tem o dever de pensar antes de tudo em si mesmo, produzindo uma matriz ética própria que admite, inclusive, a total falta de ética nas relações humanas.

Acredito que esta nova situação não representa uma anomalia do sistema, mas o alimenta e é necessária para a sua sustentação material e ideológica.

A bibliografia informa que assédio moral é toda e qualquer conduta que caracterize comportamento abusivo, freqüente e intencional. Gestos, palavras, atitudes, mensagens que causem danos físicos ou psíquicos estão incorporados ao cotidiano das redações em todo Brasil.

Nossa profissão cumpriu um papel instrumental na implantação do padrão neoliberal e sofreu de modo peculiar com seus perversos efeitos. A precarização das relações de trabalho, a pejotização, a terceirização, os estágios irregulares, os subcontratos, o arrocho salarial e o drama do desemprego tornaram boa parte da categoria refém de praticas despóticas e inconseqüentes. Para piorar, ainda aposta-se no descrédito dos projetos coletivos e no enfraquecimento das entidades sindicais.

Infelizmente ainda há pouca bibliografia sobre esse tema. Mais raras ainda são as obras específicas sobre assédio moral no mundo da comunicação. O novo Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros inovou, entre outros aspectos, no combate ao assédio moral. O artigo 6° do capítulo II - Da conduta profissional do jornalista - parágrafo - XIII orienta: É dever do jornalista, denunciar as práticas de assédio moral no trabalho às autoridades, e, quando for o caso, à comissão de ética competente. No capitulo III, da responsabilidade profissional do jornalista, o artigo 12°, que trata dos deveres do jornalista, enfatiza no parágrafo IX, que o jornalista deve “manter relações de respeito e solidariedade no ambiente de trabalho”. Já no capítulo IV, que trata das relações profissionais, o artigo 14, parágrafo II, também orienta: O jornalista não deve ameaçar, intimidar ou praticar assédio moral e/ou sexual contra outro profissional em ambiente de trabalho, devendo denunciar tais práticas à comissão de ética competente.

Ou seja, o conhecimento das normas éticas e o zelo pela sua observância também contribuem para enfrentar e desmistificar a questão do assédio moral. No entanto, o objetivo da erradicação dessa violência requer o cultivo de uma cultura da denúncia. Conforme a tese da Diretoria da FENAJ ao 33º Congresso Nacional da categoria: “É a partir da denúncia, que o Sindicato e a Federação poderão tomar medidas que vão além da comissão de ética, como, por exemplo, o ajuizamento de ações na DRT e MPT. Mais do que denunciar é importante, também, um amplo trabalho de prevenção e combate ao assédio moral no ambiente de trabalho. Luta que é de todos nós jornalistas, que devemos nos conscientizar de que a violência moral, as constantes humilhações, a vergonha e o medo são o combustível do assédio moral, e se não lutarmos seremos massacrados, destruídos psiquicamente e emocionalmente, e, aos poucos seremos transformados de ‘sujeito em objeto’, de seres produtivos em improdutivos, doentes e demitidos”.

O objeto do jornalismo é a história do presente. Para escrevê-la e reescrevê-la todos os dias é imprescindível o gozo da liberdade, o exercício permanente da solidariedade e da tolerância. As relações de trabalho autoritárias e constrangedoras, traduzidas pelo assédio moral, são inconciliáveis com essa condição. São inconciliáveis com o próprio jornalismo.

* Jornalista, professor do Ielusc, Presidente da FENAJ

artigo publicado no site
http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=2222

Tese 33º Congresso dos Jornalistas
http://assediomoralesaudenotrabalho.blogspot.com/2008/07/muito-alm-da-comisso-de-tica.html

sábado, 9 de agosto de 2008

CBTU - METRÔ BH PROMOVE PALESTRAS SOBRE O ASSÉDIO MORAL

Você sabe o que é assédio moral?

O que não é assédio moral?

Qual a diferença entre assédio moral e assédio sexual?

Como o trabalho no mundo globalizado afeta a saúde do trabalhador?

Trabalhar, respeitar o outro, e ser respeitado, isto é possível?

Venha esclarecer estas e outras dúvidas, com o psicólogo e pesquisador Arthur Lobato na palestra "Assédio moral, um inimigo invisível no trabalho".

27/08/2008 – 14:00 horas – Edifício Sede CBTU Metrô Belo Horizonte
Rua Januária 181, Floresta - Belo Horizonte - MG
28/08/2008 – 14:00 horas – Pátio Manutenção São Gabriel
Avenida Risoleta Neves s/nº Bairro São Gabriel - Belo Horizonte - MG

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Sinjus-MG saúda novos servidores

O Sindicato dos Servidores da Justiça de 2ª Instância de Minas Gerais (SINJUS-MG) deu as boas-vindas aos novos colegas da Justiça, durante o Programa Servidor Integrado (Serin), ocorrido no início da tarde desta terça-feira, 5/8/2008. Na oportunidade, dirigentes do Sindicato apresentaram a entidade para todos os participantes, além de distribuírem Kits contendo informativos, jornais, manuais de Direitos do Servidor, Combate ao Assédio Moral, Direitos Previdenciários, Convênios.

Cento e seis novos servidores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), participaram do Serin, organizado pela Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (EJEF). O programa apresentou as normas internas a quem está iniciando suas atividades profissionais no Tribunal, além de tratar de assuntos como qualidade de vida no trabalho, direitos e deveres dos servidores, plano de carreira e valores do Judiciário mineiro.

Os participantes também assistiram à palestra do psicólogo Arthur Lobato e a uma exposição, em Power Point, sobre o Assédio Moral e as ações de prevenção.


quarta-feira, 30 de julho de 2008

Assédio Moral e Qualidade de Vida

* Arthur Lobato

Nunca devemos esquecer que em todo assédio moral há um problema com relação à não aceitação do outro. Há a intencionalidade de prejudicar. As agressões são sistematizadas, as humilhações são constantes. O assédio é realizado pelo assediador de forma dúbia, maliciosa, sempre negando a verdade. A vítima é ridicularizada por aspectos subjetivos de sua personalidade criando dúvidas, as quais atuam no psicológico e no emocional, afetando sua integridade e dignidade. Existe um objetivo - transformar a vítima em alguém que se sinta incapaz, desmotivado -, o que justifica o afastamento do trabalho, a mudança do setor e até mesmo a aposentadoria antecipada.

O assédio moral é um processo realizado ao longo do tempo, e não termina quando o servidor sai do trabalho. Aquele mal estar, as dúvidas criam pensamentos obsessivos, e, mesmo em casa, a vítima de assédio moral não consegue esquecer as humilhações, as perseguições e a violência moral, que não deixa marcas visíveis, mas, causam dor, choro, depressão, ansiedade, revolta, sinais de que algo está errado.

Sonhar com situações que envolvem o cotidiano do trabalho também é indício do estresse. O sono em vez de ser um repouso é mais um fator de fadiga. A qualidade de vida dessa pessoa vai caindo a cada dia. É preciso muita compreensão dos familiares e apoio dos amigos, pois a vítima tem uma tendência a se isolar, envergonha-se do que esta acontecendo, sente-se culpada sem saber porquê, e não divide seus pensamentos e sentimentos, o que agrava o mal estar. Por tudo isso, é importante a denúncia, e a solidariedade dos trabalhadores para impedir que este mal se alastre.

Arthur Lobato é psicólogo e pesquisador do assédio moral no trabalho e membro da Comissão de Combate ao Assédio SINJUS/Serjusmig

Publicado no jornal Expressão Sinjus nº 166 - 7 de agosto / 2008

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Sitraemg - 2º Sábado Jurídico em Juiz de Fora

O SITRAEMG promoveu, no dia 19 de julho, em Juiz de Fora, o “2º Sábado Jurídico e Festa Junina”.

Programação
  • 08h – Abertura: Coro Municipal de Juiz de Fora.
  • 9h – Palestra e debate: “Assédio moral no trabalho”

José Carlos, juiz aposentado, Arthur Lobato, jornalista e psicólogo, membro-coordenador da Comissão de Assédio Moral do SITRAEMG, e convidados das Justiças Eleitoral, Militar, do Trabalho e Federal)

  • 13h – Almoço (churrasco)
  • 14h – Enfoque sobre matérias dos servidores/Continuação do debate.
  • 18h – Encerramento, com Festa Junina, brincadeiras e comidas típicas, até às 22 horas.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Palestra e Lançamento Cartilha "Combate ao Assédio Moral na Administração Pública"

Debate e lançamento de Cartilha de Combate ao Assédio Moral na Administração Pública contam com a presença de um dos maiores especialistas no assunto, Roberto Heloani.Participaram também o presidente do SINJUS-MG, Robert França, o assessor jurídico da entidade Leonardo Militão, o presidente do Serjusmig, Rui Viana, a presidente do Sitraemg, Sônia Peres e o psicólogo Arthur Lobato, coordenador da Comissão e do "Plantão de Combate ao Assédio" nos três sindicatos, e idealizador da cartilha de COMBATE AO ASSÉDIO MORAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Sindicatos promovem debate e lançam cartilha sobre o Assédio Moral

Na noite de 26 de junho, a categoria ouviu o professor doutor José Roberto Heloani, um dos maiores especialistas do País no assunto. Durante o evento, SINJUS-MG e Serjusmig oficializaram o lançamento da cartilha “Combate ao Assédio Moral na Administração Pública”.

http://www.sinjus.org.br/sinjus/imgs/jornal165.pdf

Comissão de combate ao assédio moral reúne-se com Desembargador Ximenes

Nesta quinta feira, 10/7/2008, às 16h, a Comissão de Combate ao Assédio Moral no Trabalho SINJUS-MG/Serjusmig se reuniu com o superintendente da Escola Judicial (Ejef), Desembargador Reinaldo Ximenes. Além de apresentar a recém-lançada cartilha de combate ao assédio moral, e falar sobre o trabalho que vêm desenvolvendo, os membros da comissão pediram ao desembargador um apoio institucional mais ostensivo com relação ao tema.

O número de denúncias de pessoas vítimas do assédio moral tem aumentado, sobretudo no serviço público. O caso da escrivã em Ponte Nova (MG) –que foi afastada do cargo após denúncias de ter assediado pelo menos quatro servidores- não é um caso isolado. Prova disso é o número de e-mails e contatos até mesmo telefônicos que a comissão formada por membros do SINJUS-MG/Serjusmig tem recebido.

A discussão em torno do tema é bastante pertinente à realidade que os fatos têm trazido à tona, e a Comissão espera realmente o apoio da Ejef a fim de evitarmos a proliferação da prática do assédio no ambiente do Judiciário mineiro. É certo que quando há um posicionamento claro por parte da instituição contra os abusos, os riscos de novos casos diminuem. Na reunião de ontem, o Desembargador Ximenes se solidarizou à movimentação da Comissão e disse reconhecer a importância de um trabalho em parceria da Instituição com os Sindicatos.

Publicado em 11-07-2008 no site http://www.sinjus.org.br/sinjus/modulos.php?nome=noticias&arquivo=visu_not&id_not=9401

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A ação do psicólogo no "Plantão de Combate ao Assédio Moral"

* Arthur Lobato
O discurso livre, a fala e a escuta fazem parte do processo primário no atendimento a vítima de assédio moral. Acredita-se na veracidade do discurso e do sujeito que o enuncia. Mas, entre a transmissão e a recepção, existem falhas, hiatos, entendimentos equivocados. Tentando entender o significado das palavras, preenche-se lacunas do discurso; clareando-se os pontos cegos; tentando apreender o não dito, o oculto que é negado pelo discurso racional, mas, se manifesta via inconsciente nos atos falhos, na mudança brusca de humor, na negação de explicar situações confusas. Afinal, em todo ato de falar sempre escapa algo a ser dito, e é falado mais do que se queria dizer.

É justamente no ato falho, no não dito, no que escapa na fala ao controle racional, que pode se encontrar a negação do discurso - verdadeiro para quem fala, mas não representa a totalidade dos fatos acontecidos. Por isso, na escuta psicológica temos que entender como o ”outro” se posiciona, no discurso do sujeito.

A anamnese da saúde do trabalhador ajuda a pontuar o discurso. A conversa clínica privilegiada cria um vínculo entre o psicólogo e a vítima de assédio moral, pressuposto básico do possível sucesso do processo terapêutico.

Mais que denunciar, a vítima de assédio moral precisa ser escutada, necessita liberar afetos através de reações: choro, gritos, revolta. O vivenciado no passado volta com a mesma dor, a mesma raiva, a mesma tristeza, pois o afeto não simbolizado permanece vinculado à mente e ao organismo da pessoa que viveu o doloroso processo de assédio moral.

A procura de ajuda no sindicato através do Plantão de Combate ao Assédio Moral é um movimento desesperado de alguém que quer mais do que tudo o resgate de sua dignidade, de justiça, de ação, de não ouvir mais uma vez “você esta louca (o)". Por isso, a ética do profissional e o sigilo das informações repassadas são a pedra angular para que o atendimento às vítimas seja uma referência no combate ao assédio moral em prol da saúde do trabalhador.

*Arthur Lobato é psicólogo e trabalha no “Plantão de Combate ao Assédio Moral” no Sinjus, Serjusmig, Sitraemg.

Muito Além da Comissão de Ética

33° Congresso Nacional dos Jornalistas Brasileiros
São Paulo – agosto 2008

Proposta de Tese
* Arthur Lobato

Geralmente as denúncias de assédio moral entre jornalistas são encaminhadas às comissões de ética dos sindicatos e recursos contrários às decisões regionais podem ser feitos à comissão nacional de ética. “Agir é decerto não só ajudar às vítimas a se tratar e reparar o mal que lhe fizeram, mas, tomar medidas concretas para fazer cessar tais comportamentos e, sobretudo modificar os contextos que os propiciaram”,(...) “pois compete ao sindicato interpelar a direção e obrigá-la a mudar os métodos”, afirma Marie-France Hirigoyen, uma das maiores estudiosas do assédio moral no mundo.

O congresso extraordinário para atualização do código de ética realizado na cidade de Vitória – ES em 2007, apresentou um avanço no combate ao assédio moral. No atual código de ética, o capítulo II - Da conduta profissional do jornalista, artigo 3°, está claro que o exercício profissional do jornalista deve estar subordinado ao código de ética. No artigo 6°, desse mesmo capítulo, o parágrafo - XIII orienta: É dever do jornalista, denunciar as práticas de assédio moral no trabalho às autoridades, e, quando for o caso, à comissão de ética competente. No capitulo III, da responsabilidade profissional do jornalista, o artigo 12°, que trata dos deveres do jornalista, enfatiza no parágrafo IX, que o jornalista deve “manter relações de respeito e solidariedade no ambiente de trabalho”. Já no capítulo IV, que trata das relações profissionais, o artigo 14, parágrafo II, também orienta: o jornalista não deve ameaçar, intimidar ou praticar assédio moral e/ou sexual contra outro profissional em ambiente de trabalho, devendo denunciar tais práticas à comissão de ética competente. No capitulo V, que trata da aplicação do código de ética e disposições finais, o artigo 16, parágrafo VI, recomenda à diretoria da Fenaj o encaminhamento dos casos em que a violação ao código de ética também possa figurar crime, contravenção ou dano à categoria ou à coletividade. Finalmente, o artigo 17 trata das punições - “os jornalistas que descumprirem o presente código de ética estão sujeitos às penalidades de observação, advertência, suspensão e exclusão do quadro social do sindicato e à publicação da decisão da comissão de ética em veículo de ampla circulação”. No parágrafo único afirma que os não filiados aos sindicatos de jornalistas estão sujeitos às penalidades de observação, advertência, impedimento temporário e impedimento definitivo de ingresso no quadro social do sindicato e à publicação da decisão da comissão de ética em veículo de ampla circulação.

Sabemos que estão comprovadas por estudos teóricos e clínicos, as conseqüências danosas do assédio moral à saúde do trabalhador. Danos emocionais e psíquicos, muitas vezes irreversíveis, causados pela prática do assédio moral, chamado por especialistas no assunto como Margarida Barreto e Roberto Heloani , de violência moral, jornada de humilhações, o assédio moral é sim um inimigo invisível no local de trabalho, conforme constatou Marie France Hyrigoen.

Para se combater este mal é necessário uma grande campanha de esclarecimento do que é o assédio moral, como ele é feito e seus impactos sobre a saúde do jornalista. Importantíssimas são as denúncias dos casos, além da prevenção, conscientização do mal que o assédio moral causa, e ir muito além das denúncias às comissões de ética. É necessário, que as denúncias de assédio moral sejam feitas à diretoria do sindicato, para o ajuizamento de ações na DRT e o MPT. Os casos de assédio moral devem ser divulgados, os assediadores devem ser denunciados, punidos, para que este mal não contamine as redações, adoecendo o jornalista e deteriorando o ambiente de trabalho. A saúde do jornalista, e, o combate ao assédio moral no trabalho, deve ser uma luta política de todos os sindicatos e principalmente da FENAJ, pois a saúde é um direito de todos nós.

Muitos casos de assédio moral ocorrem pela própria estrutura da organização de trabalho, onde impera o autoritarismo e o despotismo das chefias. Mas humilhar constantemente, gritar, praticar ataques repetidos, com sistematização e intencionalidade de prejudicar é assedio moral, está além do stress que envolve a atividade jornalística. Existe uma diferença entre hierarquia - a autoridade imanente ao cargo e o autoritarismo de chefias, pois, em todo autoritarismo há abuso de poder. Junte-se a isso o individualismo e falta de solidariedade dos jornalistas que não percebem que somente no coletivo podemos ser mais fortes na luta contra o assédio moral.

A alienação política faz com que denúncias contra o assédio moral não sejam encaminhadas aos sindicatos e a falta de participação da grande parte da categoria na cobrança das diretorias dos sindicatos de jornalistas por uma ação mais efetiva no combate ao assédio moral são facilitadores para a existência cada vez maior do assédio moral no ambiente de trabalho. A luta começa pela denúncia, que é uma manifestação de reação contra esta violência. É a partir da denúncia que o sindicato e a Fenaj poderão tomar medidas que vão além da comissão de ética, como, por exemplo, o ajuizamento de ações na DRT e MPT.

Mais do que denunciar é importante também, um amplo trabalho de prevenção e combate ao assédio moral no ambiente de trabalho. Luta que é de todos nós jornalistas, que devemos nos conscientizar de que a violência moral, as constantes humilhações, a vergonha e o medo são o combustível do assédio moral, e se não lutarmos seremos massacrados, destruídos psiquicamente e emocionalmente, e, aos poucos seremos transformados de “sujeito em objeto”, de seres produtivos em improdutivos, doentes e demitidos.

Por isso, propomos aos jornalistas e sindicatos:

  • Promover campanhas de esclarecimento, palestras e debates sobre o tema assédio moral;
  • Elaborar uma pesquisa sobre assédio moral no ambiente de trabalho dos jornalistas;
  • Denunciar os casos de assédio moral às comissões de ética e também à diretoria dos sindicatos e da Fenaj para ações junto à DRT e MPT, divulgando onde aconteceu o assédio moral, como ele aconteceu, quem foi o agressor e as conseqüências sobre a saúde do jornalista;
  • Mover ações na justiça cível (Dano Moral) contra aqueles que praticam o assédio moral;
  • Responsabilizar as empresas que permitem e até mesmo apóiam a prática do assédio moral no ambiente de trabalho;
  • Que a saúde do jornalista e o combate ao assédio moral no trabalho sejam uma das diretrizes políticas dos sindicatos dos jornalistas de todo Brasil e da Fenaj;
  • Lutar contra o adoecimento do jornalista no ambiente de trabalho.

    Contribuição de Arthur Lobato
    lobatosaude@yahoo.com.br

    * Arthur Lobato é psicólogo, jornalista e integra comissões contra o assédio moral em sindicatos de trabalhadores

Lançamento cartilha sobre assédio moral é sucesso


foto:Ariane Dias/comunicação Serjusmig

Na quinta-feira (26/6), o SERJUSMIG e o Sinjus, com o apoio do Sitraemg, promoveram o lançamento da Cartilha “Combate ao assédio moral na administração pública”, um projeto da Comissão de Combate ao Assédio Moral da qual o SERJUSMIG é integrante.


Servidores públicos de diversos segmentos lotaram o auditório e acompanharam a palestra do especialista Professor Roberto Heloani, que abordou o tema destacando, principalmente, as especificidades nos órgãos públicos.


De acordo com Heloani, a perversidade do assédio na administração pública é ainda maior do que em empresa do setor privado. Pois, segundo ele, “como o servidor possui certa estabilidade, não podendo ser mandado embora, o assédio se perdura por longos períodos, em média de 5 a 6 anos, até que o servidor perca completamente a estrutura psíquica/emocional”.


Ainda sobre o serviço público, em especial no judiciário, Roberto ponderou que a forma com que é organizado o ambiente de trabalho é que possibilita e “incentiva” o assédio. Assim, para se acabar, ou ao menos diminuir, o assédio é preciso rever a estrutura arcaica, quase monárquica, do órgão e, também, as relações de poder. “Não se pode confundir autoridade com autoritarismo”, destacou Heloani.


Heloani falou também sobre a relação da informatização e o serviço público, enfatizando que é preciso o trabalhador participar de todo o processo, pois do contrário será mais uma pressão, mais um ambiente para humilhações e exclusões.


Sobre a incidência do assédio, o professor explicou que, infelizmente, ainda há uma cultura preconceituosa na sociedade, com reflexo direto no trabalho, onde os grupos minoritários ainda são os mais assediados. Ao final da palestra abriu-se espaço para o debate, onde os participantes fizeram várias ponderações e levantaram dúvidas sobre o tema.


No encerramento, foi oferecido um coquetel, brindando com sucesso o lançamento de mais um projeto do SERJUSMIG/Sinjus, com a parceria do Sitraemg.


O SERJUSMIG irá disponibilizar, em breve, a cartilha no site – link assédio moral.


Associado, caso deseje adquirir uma cartilha, entre em contato com o SERJUSMIG através do e-mail: dir.patrimonio@serjusmig.org.br ou do telefone (31) 3025-3518


Matéria publicada no site do SERJUSMIG http://www.serjusmig.org.br/noti_pad.php?id=944&baab=DEST

Assédio Moral em Debate no SITRAEMG

fotografias: Taís Ferreira
Arthur Lobato (psicólogo), Roberto Heloani (professor) Sônia Peres (SITRAEMG), Robert França (SINJUS)
Auditório SITRAEMG


Auditório SITRAEMG
Roberto Heloani (professor) Sônia Peres (SITRAEMG), Robert França (SINJUS-MG)
Sônia Peres (SITRAEMG), Rui Viana (SERJUSMIG), Robert França (SINJUS-MG), Roberto Heloani (professor), Arthur Lobato (psicólogo), Leonardo Militão (advogado), Adriana Martini (advogada)


O primeiro passo a ser seguido no enfrentamento ao assédio moral é discutir o problema de forma aberta, o segundo é fortalecer essa discussão no âmbito das entidades representativas dos trabalhadores e o terceiro é buscar as soluções para os casos de assédio de forma coletiva, jamais individualmente.

As sugestões foram apresentadas por um dos maiores especialistas no assunto, o psicólogo e bacharel em Direito José Roberto Heloani, professor da Universidade de Campinas e da Fundação Getúlio Vargas, em palestra proferida na última quinta-feira, 26, no auditório do SITRAEMG. Em discussão, um tema dos mais instigantes: o “Combate ao assédio moral na administração pública”.

Segundo Heloani, o assédio moral no trabalho era mais freqüente na iniciativa privada. Porém, vem crescendo acentuadamente também no serviço público, seguindo o primeiro modelo, marcado pela competitividade desenfreada. E ao contrário do que muitos pensam, alertou o palestrante, o assédio no serviço público é mais brutal do que na iniciativa privada, pois, no segundo caso, a perseguição ao trabalhador poderá se dar através da demissão. No serviço público, o assediador vai minando aos poucos o assediado, até deixá-lo em “frangalhos”. Humilhada, deprimida, a vítima busca uma válvula de escape no alcoolismo, no uso de drogas e, em situação de extremo desespero, no suicídio.

Cartilha 

O auditório do SITRAEMG ficou completamente lotado por servidores dos Judiciários Federal e Estadual, que compareceram para acompanhar o evento promovido, em parceria, pelo SITRAEMG, Sinjus-MG e Serjusmig. Além de seus respectivos diretores, esteve presente o psicólogo e jornalista Arthur Lobato, que é membro das Comissões de Assédio Moral das três entidades.

A presidente Sônia Peres lembrou que foi a segunda vez, nesta gestão, que o tema assédio moral foi discutido no Sindicato. A primeira foi durante o Segundo Encontro Eleitoral Estadual, realizado no ano passado. Destacou, ainda, o trabalho da Comissão de Assédio Moral constituída pelo Sindicato, e abordagem do assunto em edição especial do programa “Conexão Solidária”, que é produzido pelo SITRAEMG e exibido pela TV Comunitária (a cabo). Durante o evento, foram distribuídos exemplares de cartilha sobre assédio moral publicada pelo Sindjus-MG e Serjusmig.

Diferença 

O assédio moral no trabalho, afirmou o professor José Roberto Heloani, pode ter origens diversas. A inveja e o preconceito são apenas alguns exemplos. As mulheres na faixa de 35 anos, descasadas e com filhos, são um dos alvos preferidos dos assediadores, pois, nessas condições, não podem sequer pensar em perder o emprego. Mas, por outro lado, as mulheres de modo geral, pelo menos, procuram minimizar o sofrimento dividindo o problema com pessoas de sua confiança. O homem, normalmente propenso a se sentir atingido em sua virilidade, busca ajuda somente quando já se encontra em frangalhos.

Ele apontou duas diferenças básicas entre o assédio moral e o assédio sexual. Primeiro, no caso do assédio sexual, o assediador ou assediadora deseja o assediado; no assédio moral, quer destruir a vítima. Também em termos legais, no Brasil, a punição para os casos de assédio sexual está prevista em lei, através do Código Penal; para os casos de assédio moral, somente em algumas em leis municipais em pouquíssimas cidades pelo país. Informou, porém, que tramitam já algum tempo no Congresso Nacional, mas ainda em fase de discussão, cerca de 14 projetos de lei prevendo essa punição em âmbito nacional.

Assédio ascendente

O assédio, em sua ampla maioria, ocorre de forma descendente, vertical, das chefias sobre os subordinados. Mas ele se verifica, também, de forma horizontal, entre os próprios colegas do mesmo nível funcional. Mas, o que mais chamou a atenção dos participantes da palestra da última quinta feira foi a informação do professor José Roberto Heloani sobre a existência do assédio ascendente. Nesse caso, o subordinado, temendo que o novo chefe se torne autoritário, perseguidor, começa a miná-lo no ambiente de trabalho, até ridicularizá-lo e derrubá-lo do posto conquistado. Esse tipo de assédio ocorre ainda em situações muito raras, mas reflete a angústia e o grau de tensão vivido nos locais de trabalho.

Para o professor, a ação dos pretensos assediadores pode ser eliminada ou rechaçada se os trabalhadores procurarem se organizar e se fortalecerem no próprio ambiente de trabalho. E o jornalista e psicólogo Arthur Lobato, reforçando essa sugestão, conclamou os trabalhadores da iniciativa pública e privada a se unirem aos seus sindicatos para, juntos, mudarem a estrutura arcaica nas relações de trabalho que ainda persistem no país.

Essa notícia já foi acessada 130 vezes.

Publicado no site do SITRAEMG em 27-06-2008