segunda-feira, 17 de março de 2014

Manifesto de pesquisadores e trabalhadores do campo Saúde Mental e Trabalho


Nós, que atuamos na área de saúde do trabalhador, vimos a público manifestar nossa apreensão, pela divulgação crescente de cursos e atividades, voltadas a trabalhadores, com títulos aproximados a “Saúde Mental e Trabalho”, “Saúde Mental do Trabalhador” e similares, promovidas por instituições diversas. Este sentimento decorre da percepção de que o conteúdo de muitos desses cursos nada têm a ver com esse campo de conhecimento e, pelo contrário, trazem valores e conceitos muitas vezes incompatíveis com esse referencial teórico.

Por essa razão, avaliamos como fundamental, neste momento, ratificar que a persistente e crescente precarização do trabalho não pode ficar de fora de uma análise séria sobre as transformações no mundo do trabalho. Entre outras consequências, a precarização do trabalho tem provocado um forte aumento do adoecimento da classe trabalhadora, nos diversos ramos econômicos, como atestam as estatísticas, os estudos e os depoimentos dos trabalhadores e seus respectivos sindicatos. Sabemos também que os caminhos a serem trilhados para a reversão dessa situação passam pela disputa de ideias entre os diferentes segmentos sociais.
A pressão e a intensificação do trabalho não podem ser naturalizadas e tampouco as práticas de gestão adoecedora das empresas, centradas na exigência de produtividade e estipulação de metas inalcançáveis.

Sendo assim, estamos convictos de que as ações de promoção de saúde e prevenção de adoecimentos não passam de ações cosméticas praticadas em diversas empresas, materializadas em ginásticas e exercícios físicos, em “câmaras de despressurização,” em palestras de motivação para que todos busquem o alcance das metas estipuladas unilateralmente pelas empresas e em finais de semana com atividades de encontros forçados, sejam para manobras de “ataque” como grupos militares fazem, sejam para “confraternizações”.

Essas práticas não só não têm reduzido os adoecimentos, como criam mais obrigações para os trabalhadores, roubam os raros momentos de espontaneidade no ambiente de trabalho e os sequestram de suas famílias e amigos nos momentos de lazer.

Os adoecimentos, em nosso entender, continuarão a ocorrer enquanto não se romper com a lógica de exploração do trabalho que não considera que os seres humanos necessitam dos períodos de atividade e de repouso, do espaço para uso da criatividade e autonomia, da liberdade de pensar, refletir e decidir, da possibilidade de agir utilizando suas capacidades e que a realização profissional passa pela real convivência, pelo reconhecimento social e pelo sentimento de que seu trabalho contribui para a construção de uma sociedade que priorize a vida e a saúde dos seres vivos.

Sabemos que as empresas e seus agentes sociais, infelizmente, têm trabalhado em sentido contrário, buscando o enquadramento e o aprisionamento das potencialidades e subjetividades dos trabalhadores, por meio de gestões que incutem o medo, a desconfiança e o esgarçamento da rede de solidariedade entre os trabalhadores.

Infelizmente, algumas áreas de conhecimento tem tido uma participação expressiva nesse tipo de atividade. Tais práticas se sustentam em explicações que naturalizam o contexto social e do trabalho e responsabilizam trabalhadores/as pelo sofrimento e adoecimento sabidamente provocados pelas condições e organização do trabalho.

Por essa razão, reafirmamos que qualquer prática que aprofunde essa sujeição imposta aos trabalhadores, para nós, é nefasta e só contribui para nos distanciarmos de um mundo mais igualitário.

Assinam:
Heloisa Aparecida de Souza - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Marcelo Soares Vilhanueva - Trabalhador do SUS
Maria Dionísia do Amaral Dias – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Tereza Luiza F. dos Santos -
Vera Lucia Navarro - Universidade de São Paulo
Andréia Aparecida de Miranda Ramos – Universidade Federal de Juiz de Fora
Betty Boguchwal - CEREST/CVS/Secretaria Estado Saúde/SP
Carolina de Moura Grando – Psicóloga
Daniela Sanches Tavares – FUNDACENTRO - Ministério do Trabalho e Emprego
Edith Seligmann Silva - Psiquiatra e pesquisadora em Saúde Mental Relacionada ao Trabalho
Ivani Valarelli Menezes - CEREST/CVS/Secretaria Estado Saúde/SP
José Carlos do Carmo - CEREST/CVS/Secretaria Estado Saúde/SP
Leny Sato - Universidade de São Paulo
Lucianne Sant'Anna de Menezes - Universidade Federal de Uberlândia
Luiz Gonzaga Chiavegato Filho - Universidade Federal de São João del-Rei
Marcia Hespanhol Bernardo- Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Mareli Pfützenreuter - CEREST /Joinville-SC
Universidade Estadual Paulista

Maria Maeno - FUNDACENTRO - Ministério do Trabalho e Emprego
Marisa Aparecida Elias – Universidade de São Paulo
Renata Paparelli -
Rita de Cássia R. Louzada - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rose Marie Postigo Rauen - CEREST/Indaiatuba/SP
FUNDACENTRO - Ministério do Trabalho e Emprego 

É assédio moral?









Alguém se enquadra no texto abaixo?



COMO A MEDICINA DA DOENÇA FUNCIONA

Por Carlos Bayma

Aos 30 anos, você tem uma depressãozinha, uma tristeza meio persistente: prescreve-se FLUOXETINA.
A Fluoxetina dificulta seu sono. Então, prescreve-se CLONAZEPAM, o Rivotril da vida. O Clonazepam o deixa meio bobo ao acordar e reduz sua memória. Volta ao doutor. 

Ele nota que você aumentou de peso. Aí, prescreve SIBUTRAMINA.

A Sibutramina o faz perder uns quilinhos, mas lhe dá uma taquicardia incômoda. Novo retorno ao doutor. Além da taquicardia, ele nota que você, além da “batedeira” no coração, também está com a pressão alta. Então, prescreve-lhe LOSARTANA e ATENOLOL, este último para reduzir sua taquicardia.

Você já está com 35 anos e toma: Fluoxetina, Clonazepam, Sibutramina, Losartana e Atenolol. E, aparentemente adequado, um “polivitamínicos” é prescrito. Como o doutor não entende nada de vitaminas e minerais, manda que você compre um “Polivitamínico de A a Z” da vida, que pra muito pouca coisa serve. Mas, na mídia, Luciano Huck disse que esse é ótimo. Você acreditou, e comprou. Lamento!

Já se vão R$ 350,00 por mês. Pode pesar no orçamento. O dinheiro a ser gasto em investimentos e lazer, escorre para o ralo da indústria farmacêutica. Você começa a ficar nervoso, preocupado e ansioso (apesar da Fluoxetina e do Clonazepam), pois as contas não batem no fim do mês. Começa a sentir dor de estômago e azia. Seu intestino fica “preso”. Vai a outro doutor. Prescrição: OMEPRAZOL + DOMPERIDONA + LAXANTE “NATURAL”. 

Os sintomas somem, mas só os sintomas, apesar da “escangalhação” que virou sua flora intestinal. Outras queixas aparecem. Dentre elas, uma é particularmente perturbadora: aos 37 anos, apenas, você não tem mais potência sexual. Além de estar “brochando” com frequência, tem pouquíssimo esperma e a libido está embaixo dos pés.

Para o doutor da medicina da doença, isso não é problema. Até manda você escolher o remédio: SILDANAFIL, TADALAFIL, LODENAFIL ou VARDENAFIL, escolha por pim-pam-pum. Sua potência melhora, mas, como consequência, esses remédios dão uma tremenda dor de cabeça, palpitação, vermelhidão e coriza. Não há problema, o doutor aumenta a dose do ATENOLOL e passa uma NEOSALDINA para você tomar antes do sexo. Se precisar, instila um “remedinho” para seu corrimento nasal, que sobrecarrega seu coração.

Quando tudo parecia solucionado, aos 40 anos, você percebe que seus dentes estão apodrecendo e caindo. (entre nós, é o antidepressivo). Tome grana pra gastar com o dentista. Nessa mesma época, outra constatação: sua memória está falhando bem mais que o habitual. Mais uma vez, para seu doutor, isso não é problema: GINKGO BILOBA é prescrito.

Nos exames de rotina, sua glicose está em 110 e seu colesterol em 220. Nas costas da folha de receituário, o doutor prescreve METFORMINA + SINVASTATINA. “É para evitar Diabetes e Infarto”, diz o cuidador de sua saúde(?!).

Aos 40 e poucos anos, você já toma: FLUOXETINA, CLONAZEPAM, LOSARTANA, ATENOLOL, POLIVITAMÍNICO de A a Z, OMEPRAZOL, DOMPERIDONA, LAXANTE “NATURAL”, SILDENAFIL, VARDENAFIL, LODENAFIL ou TADALAFIL, NEOSALDINA (ou “Neusa”, como chamam), GINKGO BILOBA, METFORMINA e SINVASTATINA (convenhamos, isso está muito longe de ser saudável!). Mil reais por mês! E sem saúde!!!

Entretanto, você ainda continua deprimido, cansado e engordando. O doutor, de novo. Troca a Fluoxetina por DULOXETINA, um antidepressivo “mais moderno”. Após dois meses você se sente melhor (ou um pouco “menos ruim”). Porém, outro contratempo surge: o novo antidepressivo o faz urinar demoradamente e com jato fraco. Passa a ser necessário levantar duas vezes à noite para mijar. Lá se foi seu sono, seu descanso extremamente necessário para sua saúde. Mas isso é fácil para seu doutor: ele prescreve TANSULOSINA, para ajudar na micção, o ato de urinar. Você melhora, realmente, contudo... não ejacula mais. Não sai nada!
Vou parar por aqui. É deprimente. Isso não é medicina. Isso não é saúde.

Essa história termina com uma situação cada vez mais comum: a DERROCADA EM BLOCO da sua saúde. Você está obeso, sem disposição, com sofrível ereção e memória e concentração deficientes. Diabético, hipertenso e com suspeita de câncer. Dentes: nem vou falar. O peso elevado arrebentou seu joelho (um doutor cogitou até colocar uma prótese). Surge na sua cabeça a ideia maluca de procurar um CIRURGIÃO BARIÁTRICO, para “reduzir seu estômago” e um PSICOTERAPEUTA para cuidar de seu juízo destrambelhado é aconselhado.

Sem grana, triste, ansioso, deprimido, pensando em dar fim à sua minguada vida e... DOENTE, muito doente! Apesar dos “remédios” (ou por causa deles!!).

A indústria farmacêutica? “Vai bem, obrigado!”, mais ainda com sua valiosa contribuição por anos ou décadas. E o seu doutor? “Bem, obrigado!”, graças à sua doença (ou à doença plantada passo-a-passo em sua vida).
COMO A
                                                          MEDICINA DA
                                                          DOENÇA
                                                          FUNCIONA Por
                                                          Carlos Bayma
                                                          Aos 30 anos,
                                                          você tem uma
                                                          depressãozinha,
                                                          uma tristeza
                                                          meio
                                                          persistente:
                                                          prescreve-se
                                                          FLUOXETINA. A
                                                          Fluoxetina
                                                          dificulta seu
                                                          sono. Então,
                                                          prescreve-se
                                                          CLONAZEPAM, o
                                                          Rivotril da
                                                          vida. O
                                                          Clonazepam o
                                                          deixa meio
                                                          bobo ao
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                                                          reduz sua
                                                          memória. Volta
                                                          ao doutor. Ele
                                                          nota que você
                                                          aumentou de
                                                          peso. Aí,
                                                          prescreve
                                                          SIBUTRAMINA. A
                                                          Sibutramina o
                                                          faz perder uns
                                                          quilinhos, mas
                                                          lhe dá uma
                                                          taquicardia
                                                          incômoda. Novo
                                                          retorno ao
                                                          doutor. Além
                                                          da
                                                          taquicardia,
                                                          ele nota que
                                                          você, além da
                                                          “batedeira” no
                                                          coração,
                                                          também está
                                                          com a pressão
                                                          alta. Então,
                                                          prescreve-lhe
                                                          LOSARTANA e
                                                          ATENOLOL, este
                                                          último para
                                                          reduzir sua
                                                          taquicardia.
                                                          Você já está
                                                          com 35 anos e
                                                          toma:
                                                          Fluoxetina,
                                                          Clonazepam,
                                                          Sibutramina,
                                                          Losartana e
                                                          Atenolol. E,
                                                          aparentemente
                                                          adequado, um
                                                          “polivitamínicos”
                                                          é prescrito.
                                                          Como o doutor
                                                          não entende
                                                          nada de
                                                          vitaminas e
                                                          minerais,
                                                          manda que você
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                                                          “Polivitamínico
                                                          de A a Z” da
                                                          vida, que pra
                                                          muito pouca
                                                          coisa serve.
                                                          Mas, na mídia,
                                                          Luciano Huck
                                                          disse que esse
                                                          é ótimo. Você
                                                          acreditou, e
                                                          comprou.
                                                          Lamento! Já se
                                                          vão R$ 350,00
                                                          por mês. Pode
                                                          pesar no
                                                          orçamento. O
                                                          dinheiro a ser
                                                          gasto em
                                                          investimentos
                                                          e lazer,
                                                          escorre para o
                                                          ralo da
                                                          indústria
                                                          farmacêutica.
                                                          Você começa a
                                                          ficar nervoso,
                                                          preocupado e
                                                          ansioso
                                                          (apesar da
                                                          Fluoxetina e
                                                          do
                                                          Clonazepam),
                                                          pois as contas
                                                          não batem no
                                                          fim do mês.
                                                          Começa a
                                                          sentir dor de
                                                          estômago e
                                                          azia. Seu
                                                          intestino fica
                                                          “preso”. Vai a
                                                          outro doutor.
                                                          Prescrição:
                                                          OMEPRAZOL +
                                                          DOMPERIDONA +
                                                          LAXANTE
                                                          “NATURAL”. Os
                                                          sintomas
                                                          somem, mas só
                                                          os sintomas,
                                                          apesar da
                                                          “escangalhação”
                                                          que virou sua
                                                          flora
                                                          intestinal.
                                                          Outras queixas
                                                          aparecem.
                                                          Dentre elas,
                                                          uma é
                                                          particularmente
                                                          perturbadora:
                                                          aos 37 anos,
                                                          apenas, você
                                                          não tem mais
                                                          potência
                                                          sexual. Além
                                                          de estar
                                                          “brochando”
                                                          com
                                                          frequência,
                                                          tem
                                                          pouquíssimo
                                                          esperma e a
                                                          libido está
                                                          embaixo dos
                                                          pés. Para o
                                                          doutor da
                                                          medicina da
                                                          doença, isso
                                                          não é
                                                          problema. Até
                                                          manda você
                                                          escolher o
                                                          remédio:
                                                          SILDANAFIL,
                                                          TADALAFIL,
                                                          LODENAFIL ou
                                                          VARDENAFIL,
                                                          escolha por
                                                          pim-pam-pum.
                                                          Sua potência
                                                          melhora, mas,
                                                          como
                                                          consequência,
                                                          esses remédios
                                                          dão uma
                                                          tremenda dor
                                                          de cabeça,
                                                          palpitação,
                                                          vermelhidão e
                                                          coriza. Não há
                                                          problema, o
                                                          doutor aumenta
                                                          a dose do
                                                          ATENOLOL e
                                                          passa uma
                                                          NEOSALDINA
                                                          para você
                                                          tomar antes do
                                                          sexo. Se
                                                          precisar,
                                                          instila um
                                                          “remedinho”
                                                          para seu
                                                          corrimento
                                                          nasal, que
                                                          sobrecarrega
                                                          seu coração.
                                                          Quando tudo
                                                          parecia
                                                          solucionado,
                                                          aos 40 anos,
                                                          você percebe
                                                          que seus
                                                          dentes estão
                                                          apodrecendo e
                                                          caindo. (entre
                                                          nós, é o
                                                          antidepressivo).
                                                          Tome grana pra
                                                          gastar com o
                                                          dentista.
                                                          Nessa mesma
                                                          época, outra
                                                          constatação:
                                                          sua memória
                                                          está falhando
                                                          bem mais que o
                                                          habitual. Mais
                                                          uma vez, para
                                                          seu doutor,
                                                          isso não é
                                                          problema:
                                                          GINKGO BILOBA
                                                          é prescrito.
                                                          Nos exames de
                                                          rotina, sua
                                                          glicose está
                                                          em 110 e seu
                                                          colesterol em
                                                          220. Nas
                                                          costas da
                                                          folha de
                                                          receituário, o
                                                          doutor
                                                          prescreve
                                                          METFORMINA +
                                                          SINVASTATINA.
                                                          “É para evitar
                                                          Diabetes e
                                                          Infarto”, diz
                                                          o cuidador de
                                                          sua saúde(?!).
                                                          Aos 40 e
                                                          poucos anos,
                                                          você já toma:
                                                          FLUOXETINA,
                                                          CLONAZEPAM,
                                                          LOSARTANA,
                                                          ATENOLOL,
                                                          POLIVITAMÍNICO
                                                          de A a Z,
                                                          OMEPRAZOL,
                                                          DOMPERIDONA,
                                                          LAXANTE
                                                          “NATURAL”,
                                                          SILDENAFIL,
                                                          VARDENAFIL,
                                                          LODENAFIL ou
                                                          TADALAFIL,
                                                          NEOSALDINA (ou
                                                          “Neusa”, como
                                                          chamam),
                                                          GINKGO BILOBA,
                                                          METFORMINA e
                                                          SINVASTATINA
                                                          (convenhamos,
                                                          isso está
                                                          muito longe de
                                                          ser
                                                          saudável!).
                                                          Mil reais por
                                                          mês! E sem
                                                          saúde!!!
                                                          Entretanto,
                                                          você ainda
                                                          continua
                                                          deprimido,
                                                          cansado e
                                                          engordando. O
                                                          doutor, de
                                                          novo. Troca a
                                                          Fluoxetina por
                                                          DULOXETINA, um
                                                          antidepressivo
                                                          “mais
                                                          moderno”. Após
                                                          dois meses
                                                          você se sente
                                                          melhor (ou um
                                                          pouco “menos
                                                          ruim”). Porém,
                                                          outro
                                                          contratempo
                                                          surge: o novo
                                                          antidepressivo
                                                          o faz urinar
                                                          demoradamente
                                                          e com jato
                                                          fraco. Passa a
                                                          ser necessário
                                                          levantar duas
                                                          vezes à noite
                                                          para mijar. Lá
                                                          se foi seu
                                                          sono, seu
                                                          descanso
                                                          extremamente
                                                          necessário
                                                          para sua
                                                          saúde. Mas
                                                          isso é fácil
                                                          para seu
                                                          doutor: ele
                                                          prescreve
                                                          TANSULOSINA,
                                                          para ajudar na
                                                          micção, o ato
                                                          de urinar.
                                                          Você melhora,
                                                          realmente,
                                                          contudo... não
                                                          ejacula mais.
                                                          Não sai nada!
                                                          Vou parar por
                                                          aqui. É
                                                          deprimente.
                                                          Isso não é
                                                          medicina. Isso
                                                          não é saúde.
                                                          Essa história
                                                          termina com
                                                          uma situação
                                                          cada vez mais
                                                          comum: a
                                                          DERROCADA EM
                                                          BLOCO da sua
                                                          saúde. Você
                                                          está obeso,
                                                          sem
                                                          disposição,
                                                          com sofrível
                                                          ereção e
                                                          memória e
                                                          concentração
                                                          deficientes.
                                                          Diabético,
                                                          hipertenso e
                                                          com suspeita
                                                          de câncer.
                                                          Dentes: nem
                                                          vou falar. O
                                                          peso elevado
                                                          arrebentou seu
                                                          joelho (um
                                                          doutor cogitou
                                                          até colocar
                                                          uma prótese).
                                                          Surge na sua
                                                          cabeça a ideia
                                                          maluca de
                                                          procurar um
                                                          CIRURGIÃO
                                                          BARIÁTRICO,
                                                          para “reduzir
                                                          seu estômago”
                                                          e um
                                                          PSICOTERAPEUTA
                                                          para cuidar de
                                                          seu juízo
                                                          destrambelhado
                                                          é aconselhado.
                                                          Sem grana,
                                                          triste,
                                                          ansioso,
                                                          deprimido,
                                                          pensando em
                                                          dar fim à sua
                                                          minguada vida
                                                          e... DOENTE,
                                                          muito doente!
                                                          Apesar dos
                                                          “remédios” (ou
                                                          por causa
                                                          deles!!). A
                                                          indústria
                                                          farmacêutica?
                                                          “Vai bem,
                                                          obrigado!”,
                                                          mais ainda com
                                                          sua valiosa
                                                          contribuição
                                                          por anos ou
                                                          décadas. E o
                                                          seu doutor?
                                                          “Bem,
                                                          obrigado!”,
                                                          graças à sua
                                                          doença (ou à
                                                          doença
                                                          plantada
                                                          passo-a-passo
                                                          em sua vida).

sexta-feira, 14 de março de 2014

O assédio moral no meio sindical: uma contradição na luta de classes


Fonte: http://desacato.info/2013/11/o-assedio-moral-no-meio-sindical-uma-contradicao-na-luta-de-classes/

Por Marcela Cornelli.
foto-mesa-debate
Falar em Assédio Moral já não é tão novo, mas abordar o tema no meio sindical ainda é um desafio. Desafio este que a Fites (Federação Nacional dos Trabalhadores em Entidades Sindicais e órgãos de Classe), com o apoio do Sindes (Sindicato dos Trabalhadores em entidades sindicais da Grande Florianópolis e Região Sul), encarou ao lançar, no dia 30 de outubro, a cartilha “O Assédio Moral no Meio Sindical”. O lançamento foi realizado no auditório da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, em Florianópolis, com o apoio da Frente Parlamentar Estadual em Defesa da Saúde do Trabalhador.

“O Assédio Moral fere os direitos e retira a identidade dos trabalhadores. A Frente surgiu com o objetivo de debater e combater esta prática. Para acabarmos com o assédio moral precisamos construir várias ações, mas, principalmente, conscientizar os trabalhadores e as trabalhadoras. A Frente parlamentar tem buscado avançar nesta luta”, disse o deputado Neodi Saretta (PT), presidente da Frente, que abriu a mesa do debate.

“A atual gestão da Fites priorizou esta luta. A cartilha traz alguns diferenciais de outras cartilhas sobre o assunto. A cartilha da Fites fala do assédio cometido pelo sindicalista, traz um depoimento de uma trabalhadora em sindicato e um questionário a ser respondido pelos trabalhadores e encaminhado à Federação”, disse Janilde Franco de Araújo, Diretora de Política Social da Fites, trabalhadora do Sindsprev/RJ e uma das elaboradoras da cartilha.

Na opinião de Janilde, “alguns sindicatos começaram a se transformar em grandes escritórios. É como se o sindicalista passasse a ter uma grande empresa para administrar. Ele não vai mais para a base fazer política e começa a disputar espaço com o funcionário dentro da entidade. Toda relação de trabalho tem conflitos. Isto é inerente à sociedade capitalista na qual vivemos onde há hierarquia, relação de poder e luta de classes. Mas o que deve imperar é o respeito.”

Emocionada, a diretora da Fites e do Sindes, Sivandra Krauspenhar, trabalhadora de sindicato e vítima de Assédio Moral, fez um relato do assédio que sofreu. Ela falou a dificuldade de denunciar o assédio e buscar a Justiça.“Fiquei três meses para poder escrever sobre o que aconteceu comigo. Escrever era relembrar o assédio”, conta. “Sempre trabalhei com amor e carinho. Foram 13 anos e não três dias. Não foram todos os diretores que me assediaram, mas os que não se manifestaram foram coniventes. Tive sintomas como depressão profunda, paralisia da cintura para cima, dores nos braços, entre outros. Quando retornei de uma licença médica eles tiraram minhas funções. Apesar de vítima, você se sente culpada pelo assédio. O apoio doa amigos da família é fundamental. É preciso também que o trabalhador que sofre assédio procure o seu sindicato para ser orientado. O Sindes me apoiou muito.”

“Assédio moral dói. Mas, quando vem de pessoas, sindicalistas, que dizem combater esta prática, dói mais ainda”, disse Schirlei Azevedo, Representante da Rede de Combate ao Assédio Moral no Trabalho. “Em uma empresa privada, a gestão visa o lucro e para isso oprime os trabalhadores. Dentro das entidades sindicais é ainda mais sofrido. Quando o trabalhador é também um militante, ele sonha com uma mudança na sociedade e quando o assédio acontece dentro do espaço que deveria ser de transformação e luta, ele perde sua identidade, desanima. Viver estas contradições é muito difícil. A solidariedade de classe precisa ser resgatada”. Para Schirlei, as relações de trabalho estão desumanizadas. Isso é resultado da sociedade capitalista que oprime os trabalhadores. “Não existe capitalismo humanizado. O capitalismo oprime e até mesmo ceifa vidas”.
“O trabalho continua sendo central nas nossas vidas e quando acontece alguma coisa negativa no trabalho, isso nos abala muito. Os trabalhadores em sindicatos se questionam o porquê sofreram algum tipo de violência se não estão em uma empresa privada. Em uma empresa, se o trabalhador se submete ao assédio, é um processo rápido até a sua demissão. No sindicato leva o tempo que a pessoa aguentar”, argumentou a palestrante Margarida Barreto, médica do trabalho, professora da Universidade de São Paulo (USP) e vice- coordenadora do NEXIN (Núcleo de Estudos Psicossociais da Dialética Exclusão/Inclusão Social).

“Em uma empresa privada os trabalhadores compram a ideia de que se a empresa crescer eles crescerão juntos. Em uma entidade sindical os trabalhadores compraram a ideia de que podem transformar o mundo”, ponderou a palestrante. “Não é possível aceitar que a solidão e o sofrimento do trabalhador sejam uma coisa normal. Que a injustiça impere no local de trabalho”.

O presidente da Fites e do Sindes/SC, Edilson Severino, que coordenou a mesa, disse que o desafio da Fites está só começando. “É um primeiro passo. Há muito o que fazer. A cartilha será lançada em outros estados no intuito de iniciarmos um combate a esta prática nefasta aos trabalhadores”.

Texto e fotos: Marcela Cornelli, jornalista e Diretora do Sindes



Fonte: Sindes.