quinta-feira, 6 de julho de 2023

Instituto federal afasta professor que teria induzido alunos ao suicídio

 Professor teria dito em sala de aula que seria melhor 'fazerem como a escrivã da Polícia Civil fez dias atrás'; ele foi detido


Um professor de 48 anos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG), do Câmpus de Barbacena, na Zona da Mata, foi afastado de suas atividades por suspeita de crime de indução ao suicídio contra estudantes. O caso aconteceu em 14 de junho, informou a Polícia Militar, quando o docente teria dito, em sala de aula para os alunos, que  “não irão dar em nada” e que seria melhor “fazerem como a escrivã da Polícia Civil fez dias atrás”, supostamente se referindo a Rafaela Drumond, que tirou a própria vida, na cidade de Antônio Carlos, em 9 de junho

 
Após o discurso do professor, os estudantes acionaram a polícia e relataram o acontecido. Em depoimento, o profissional teria negado a intenção de induzir os alunos e que seria contra atos deste tipo. 
 
O professor foi detido e levado para a sede da Polícia Federal (PF), em Juiz de Fora, pelo fato de o caso ter ocorrido na sede de uma instituição federal. Os fatos estão sendo apurados. 
 
O IF de Barbacena emitiu nota em repúdio a todas as ofensas e informou que vai apurar os ilícitos administrativos. Se confirmada a conduta ilícita, “a instituição imediatamente aplicará as sanções previstas”, diz um trecho. 
 
“Até o fechamento desta nota, a instituição trabalhava no encaminhamento da denúncia em questão para a Corregedoria do IF Sudeste MG, setor responsável pela apuração de ilícitos administrativos cometidos por servidores, assegurando o contraditório e a ampla defesa, conforme legislação vigente. Os setores competentes da instituição já estão se mobilizando para oferecer apoio aos estudantes, familiares e servidores envolvidos. Em âmbito criminal, a instituição está acompanhando as investigações e permanece à disposição para contribuir com as autoridades”, informou a instituição. 

Metrô de BH: piora em condições de trabalho e perda de direitos são realidade após privatização

 

Sindicato denuncia que número de tentativas de autoextermínio se agravaram diante da situação precária dos trabalhadores

A situação dos metroviários de BH é preocupante. Desde março, os trabalhadores estão sob a gestão da empresa Metrô BH, que assumiu o consórcio de privatização do serviço de transporte sob trilhos na capital mineira. Nestes três meses os servidores, agora funcionários privados, enfrentaram drásticas mudanças nas condições de trabalho, como o corte do adicional de periculosidade.

Daniel Glória Carvalho, Secretário Geral do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (SindiMetro), explica que a empresa alterou a metodologia para o pagamento do adicional. Ao invés de avaliar caso a caso, como estabelece o Acordo Coletivo da Categoria (ACT), a análise para cessão do adicional foi realizada por setor. O que, na avaliação do dirigente, sinaliza um desconhecimento do funcionamento do serviço dentro da empresa e a preocupação em enxugar os custos com a mão de obra.

Perdas trabalhistas

Além disso, a mudança do início da jornada de trabalho de 5h30 para 5h10, que ocorreu sem diálogo com a categoria, também tem sido um transtorno. Isto porque muitos trabalhadores moram na região metropolitana de BH e para chegar ao posto de trabalho neste horário, não encontram transporte.

“Parece uma mudança sutil, mas é muito significativa. Porque alguns trabalhadores simplesmente não tem nenhuma alternativa de locomoção neste horário. E nos preocupa porque uma situação recorrente de atraso, pode gerar ao trabalhador demissão por justa causa, por exemplo”, explica o dirigente.

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Glória Carvalho pontua ainda que todos estes direitos estavam previstos no contrato de cessão do serviço público à iniciativa privada. No entanto, não estão sendo cumpridos. De acordo com o representante, a empresa tem tentado retirar outros direitos da categoria, como a licença maternidade de seis meses para as trabalhadoras, auxílio creche e materno-infantil.

Agravamento da saúde mental

O sindicalista afirma ainda que o diálogo com a empresa tem ocorrido de maneira precária e segmentada. “Até hoje a diretoria não se apresentou ao sindicato. Nós temos sido proibidos de adentrar nas dependências da empresa e conversamos apenas com um representante legal de um escritório de advocacia contratado”, relata.

Diante das perdas trabalhistas e incerteza quanto ao futuro, a saúde mental da categoria está prejudicada. “Temos muitos trabalhadores que já foram diagnosticados com burnout com apenas três meses de gestão dessa empresa. Nós tivemos dois casos de tentativa de autoextermínio, afastamentos de ordem psicológica, o cenário está gravíssimo”, alerta Daniel.

O que diz a Metrô BH

Procurada pelo Brasil de Fato MG, a Metrô BH informou que não irá se posicionar  sobre as alegações apontadas pelos trabalhadores.

Edição: Elis Almeida


Metrô de BH: piora em condições de trabalho e perda de | Cidades (brasildefatomg.com.br)

Morte de escrivã: delegado e investigador são transferidos de delegacia

Os dois servidores eram os principais alvos das denúncias de Rafaela Drummond, que tirou a própria vida no começo deste mês.

Os servidores eram os principais alvos das denúncias de Rafaela, que os acusava de assédio moral e sexual. Em áudios enviados pela escrivã para uma amiga em que a reportagem teve acesso, ela demonstra medo. “Não quis tomar providência porque ia me expor. Isso é Carandaí, cidade pequena. Com certeza ia se voltar contra quem? Contra a mulher. Eu deixei, prefiro abafar. Eu só não quero olhar na cara desse boçal nunca mais”, narra a escrivã.

Rafaela diz ainda que foi aconselhada a deixar os problemas de lado, que deveria esquecer o que desagradasse. Conta ter sofrido o assédio sexual de um colega, em 2022. “Eu nem contei pra vocês, porque, sabe, umas coisas que me desgastam. Quanto mais eu falo, mais a energia volta. Fiquei calada. Fiquei quieta na minha, achando que as coisas iriam melhorar. Eu não incomodo muita gente, mas, enfim, agora chega”, disse Rafaela.

Nessa quinta-feira (23), o caso passou para a Corregedoria-Geral da Polícia Civil, de forma exclusiva. Em nota, a instituição informou que “reforça que as investigações continuarão sendo conduzidas de maneira isenta e imparcial.”

Relembre o caso


Rafaela Drumond, de 32 anos, foi vítima de suicídio. Na sexta-feira (9), ela estava na casa dos pais, na cidade de Antônio Carlos, na região do Campo das Vertentes, quando tirou a própria vida.

A escrivã trabalhava em uma delegacia em Carandaí. Nos últimos meses, Rafaela teve mudanças em sua personalidade, passando a ficar mais retraída e calada. O fato chegou a incomodar os pais que, após uma conversa com ela, foram informados de que ela estava estudando para um concurso de Delegada da instituição. 
Semanas antes do ocorrido, Rafaela chegou a denunciar casos de assédio moral e sexual dentro da delegacia em que era lotada. Imagens e áudios que circulam nas redes sociais mostram relatos da policial que, em alguns deles, detalha os assédios que sofria. Ela também reclamava das escalas de trabalho e da falta de folgas. “Ele ficava dando em cima de mim. Teve um povo que foi beber depois da delegacia, pessoal tinha mania disso de fazer uma carne. Ele começou a falar na minha cabeça, e eu ficava com cara de deboche, não respondia esse grosso. De repente ele falava que polícia não é lugar de mulher. No fim das contas, ele me chamou de piranha”, disse ela em um dos áudios.
 

Polícia Civil

 
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMMG) e aguarda retorno.  

Roda de conversa em Juiz de Fora com Arthur Lobato - SERJUSMIG