quinta-feira, 24 de julho de 2014

Assédio Moral no Trabalho


ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO.

Informação é poder, gera conhecimento.

Vou abordar nesta coluna um tema polêmico: o assédio moral no trabalho. A aceleraçao do ritmo de trabalho, a produtividade, as metas, a exigencia de profissionais qualificados, com dedicaçao total ao trabalho, (sem contrapartida salarial), são “DOGMAS” nas empresas e orgãos publicos.

O trabalhador sofre com a intensidade da carga de trabalho, e o medo de perder o emprego faz com que muitos sejam forçados a aceitar a perda de direitos trabalhistas, como a carteira assinada, FGTS, contribuição previdenciaria, para garantir a permanencia no mercado de trabalho. Trabalhar e não receber por horas extras e feriados , é LEI, em muitas empresas.

Entretanto existe um inimigo invisivel o assédio moral no trabalho, fenomeno perverso que leva ao adoecer psquico e emocional do trabalhador, pelos constantes ataques, com intenção de prejudicar alguem. O objetivo do assedio moral é denegrir e desmotivar um trabalhador competente e questionador. Atraves de atos repetidos, persecutorios, com humilhaçoes, tratamento diferenciado, injustiças, cria-se uma ruptura na auto-estima e motivaçao do trabalhador, que alem do adoecer fisico emocional e mental depois de sofrer um longo e doloroso processo de assédio moral, é demitido por justa causa ou “pede pra sair' pois não suporta mais a pressão que vive.

Três elementos são essenciais no assédio moral: o agressor, o alvo (vítima), e o contexto que permite que o assédio aconteça (organização do trabalho). Por isso, só se altera o ambiente de trabalho, se a empresa ou a instituição estiver envolvida na mudança.

Participe, opine, denuncie o assédio moral e ajude a erradicar o autoritarismo, as humilhações, as injustiças - práticas abusivas, que causam mal estar, impotência, mágoa, revolta, sofrimento e adoecer do trabalhador. Vamos criar um bom fórum de discussões nos próximos meses.

Arthur Lobato é Psicólogo, especialista no Combate ao Assédio Moral.
www.assédiomoralesaudenotrabalho.blogspot.com
lobatofiscaliza@yahoo.com.br

Publicado no Jornal Clarear maio 2014

terça-feira, 15 de julho de 2014

Assédio moral e a banalização do mal




Hannah Arendt*, uma das maiores estudiosas da categoria “violência”, concluiu a partir de seus estudos e análises que o assassinato do caráter faz a banalização do mal.

Apenas cumprir ordens significa não pensar. O pensamento é a maior atividade humana, o que nos diferencia dos animais, e, não se importar com seu semelhante é o traço de quem já perdeu a sua humanidade, portanto, o outro não significa nada, é mais um número, mais uma cifra.

Existem, também, politicas de gestão danosas à saúde do trabalhador, que se caracterizam pela não implicação de quem faz o mal com os atos praticados, como se os chefes apenas “cumprissem ordens”, mesma frase usadas pelos nazistas em Nuremberg, atitude que a filósofa Hannah Arendt chamou de “banalização do mal”.

A relação de domínio é feita não apenas através da força física, mas pela subjugação da vontade do outro. É o domínio psicológico e emocional através do medo que o dominador exerce sobre o dominado, o controle total sobre o corpo, a mente, e as emoções - verdadeiro terrorismo psicológico.

O assédio moral, ou violência moral, é também chamado de psicoterrorismo, por isso, fizemos este paralelo com os estudos de Hannah Arendt.

No ambiente de trabalho, a vítima de assédio moral muitas vezes pode ser comparada, em uma escala menor, a um prisioneiro de um campo de concentração, como em Auschwitz, onde à entrada estava escrito "Arbeit macht frei" (O trabalho liberta), mas era uma jornada para a destruição do ser humano.

Estamos falando do trabalho onde acontecem relações de poder assimétricas, autoritárias e perversas entre o dominador (chefe) e dominado (servidor). Ocorre, então, a destruição da dignidade humana do trabalhador assediado, após um longo período de assédio moral - violência invisível que deixa suas marcas (psíquicas e emocionais) para sempre na subjetividade das  vítimas deste processo perverso e desumano.

Lutar contra o assédio moral e todo tipo de violência no ambiente de trabalho é um dever ético de todos nósque lutamos pela dignidade do ser humano, e um ambiente saudável no trabalho.
*Hannah Arendt, The origins of totalitarianism, in Hannah Arendt, A Condição Humana, tradução: Roberto Raposo, revisão tecnica: Adriano Correia – 11ed – Rio de Janeiro: Forense Universitária.


Publicado em: http://sinjus.com.br/

Arthur Lobato fala de assédio moral e perversão nas relações de poder





Em seu artigo de julho, o psicólogo Arthur Lobato fala sobre assédio moral e sobre as relações de domínio no ambiente de trabalho. De acordo com ele, onde acontecem relações de poder autoritárias e perversas entre o dominador (chefe) e dominado (servidor), ocorre também a destruição da dignidade humana do trabalhador assediado. Leia aqui o artigo na íntegra e saiba mais sobre o tema.

A organização do trabalho e a manipulação da subjetividade



Segundo Roberto Heloani, uma característica muito forte do novo modelo de organização do trabalho é a solidão. “Se está rodeado de pessoas, mas verdadeiramente se está só”, explica
Por: Graziela Wolfart
Roberto Heloani: “Nunca tivemos estado de bem estar social no Brasil”
A partir da experiência que possui ao longo dos anos na área da Psicologia do Trabalho, o professor Roberto Heloani, da Unicamp, identifica que foi se criando uma cultura dentro das organizações cujo mote é o seguinte: “aproveite enquanto der; o futuro ninguém sabe; nem você tem controle desse futuro”. Na entrevista que aceitou conceder por telefone à IHU On-Line, ele argumenta que, em uma situação como essa, “não se pode esperar dos jovens sonhos de longo prazo, uma lealdade estrita às pessoas e à organização e, muito menos, uma dedicação incondicional. Ele pode até trabalhar muito, até 16 horas por dia, como alguns trabalham, mas é um trabalho voltado para si, que quer uma recompensa rápida, imediata e de preferência segura. Ele construiu uma lógica que não é perversa”. E continua: “temos uma organização do trabalho que exige uma nova modelagem, uma nova subjetividade – chamo isso de manipulação da subjetividade – e responde com uma nova subjetividade: sendo individualista para melhor se adaptar a essa realidade. Quem é perverso não é o jovem, nem o gestor, nem o chefe. Se tem alguém perverso é a própria forma de organizar o trabalho. Essa forma diferenciada de organizar o trabalho tem obviamente benefícios, pontos positivos, mas também tem muitos pontos negativos”.
Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo – USP e em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, José Roberto Montes Heloani é mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas/SP e doutor em Psicologia pela PUC-SP. É professor e pesquisador da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, na área de Gestão, Saúde e Subjetividade. Também é professor conveniado junto à Université de Nanterre (Paris X). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia do Trabalho, Saúde no Trabalho e Psicodinâmica do Trabalho. É membro-fundador do site www.assediomoral.org, coautor de Assédio moral no trabalho (São Paulo: Cengage Learning, 2008), e autor de, entre outros, Gestão e organização no capitalismo globalizado – História da manipulação psicológica no mundo do trabalho (São Paulo: Atlas, 2003).

Confira a entrevista.
IHU On-Line – O que caracteriza o perfil dos jovens no mercado de trabalho? Como a intolerância a problemas e a cobrança por resultados aparece, nesse sentido?

Roberto Heloani – Em primeiro lugar, precisamos reconhecer que o mundo do trabalho mudou de forma significativa, e aqui me refiro à forma de organizar o trabalho. Há 30 anos uma pessoa entrava para uma grande organização e sabia que poderia permanecer lá a vida toda, caso tivesse um bom desempenho, fosse uma pessoa leal à organização, que se aplicasse, se qualificasse, aproveitasse as oportunidades oferecidas pela organização, e se fosse minimamente disciplinada. E o sonho de muitos jovens era justamente fazer carreira na organização e depois ser substituído pelo próprio filho. Isso caracterizou o que chamamos de modelo fordista de produção, que era piramidal, com uma hierarquia mais explícita – não é que não se tenha hierarquia hoje em dia, apenas pessoas ingênuas pensam que ela não existe. Em consequência disso, o grande sonho era fazer certos sacrifícios, postergar a felicidade para depois ter os louros, a recompensa. O próprio modelo de produção era de longo prazo. Hoje não. Esse jovem já entra na escola e logo acaba recebendo a ideologia da internet, da informação virtual, na qual não se exige do sujeito grande reflexão, mas muito mais uma pró-atividade de resposta. Isso não quer dizer que o sujeito está pensando, mas que ele está sendo treinado para responder rapidamente. O resultado disso é que, quando ele entra no mundo corporativo, começa a ouvir comentários de que aquela pessoa que estava lá outro dia já não está mais e que a média de permanência naquela organização é de 2 a 3 anos. Daí ele para e pensa: afinal de contas, me é permitido pensar que vou passar minha vida toda aqui? Será que essa será a minha casa? Será que devo compartilhar minhas angústias e incertezas com esse grupo? É outra lógica. Uma coisa é ter um amigo, uma pessoa com a qual você compartilha as ansiedades, desejos, medos, receios, neuras. E outra coisa é ter uma amizade profissional. Esse jovem, desde cedo, aprende que no mundo do trabalho atual é preciso construir amizades profissionais, o que é diferente de construir amizades. A amizade profissional dura enquanto for do interesse de ambos. São raras as pessoas que saem de uma organização e mantêm contato com seus ex-colegas. Será que é porque são pessoas perversas e frias? Nada disso. São pessoas “normais”, que aprenderam que ter uma relação afetiva e efetiva pode ser até perigoso, porque essas amizades são datadas, não são verdadeiras. A relação que se estabelece com os colegas é a mesma que se acaba tendo com as empresas. E esse perfil vai sendo moldado. Mais do que isso: vai se criando uma cultura dentro das organizações, e hoje boa parte delas está moldada por essa lógica, cujo mote é o seguinte: aproveite enquanto der; o futuro ninguém sabe; nem você tem controle desse futuro. É claro que em uma situação como essa não se pode esperar dos jovens sonhos de longo prazo, uma lealdade estrita às pessoas e à organização e, muito menos, uma dedicação incondicional. Ele pode até trabalhar muito, até 16 horas por dia, como alguns trabalham, mas é um trabalho voltado para si, que quer uma recompensa rápida, imediata e de preferência segura. Ele construiu uma lógica que não é perversa. Temos uma organização do trabalho que exige uma nova modelagem, uma nova subjetividade – chamo isso de manipulação da subjetividade – e responde com uma nova subjetividade: sendo individualista para melhor se adaptar a essa realidade. Quem é perverso não é o jovem, nem o gestor, nem o chefe. Se tem alguém perverso é a própria forma de organizar o trabalho. Essa forma diferenciada de organizar o trabalho tem obviamente benefícios, pontos positivos, mas também tem muitos pontos negativos. Não é à toa que ainda nesta década, até 2020, segundo relatórios internacionais, a segunda causa de afastamento do trabalho será o transtorno mental, sendo que a mais recorrente será a depressão. Isso é gravíssimo. Uma característica muito forte desse modelo de organização do trabalho é a solidão. Encontra-se rodeado de pessoas, mas verdadeiramente se está só.

IHU On-Line – Quais são os novos formatos da agressão no trabalho?

Roberto Heloani – Quando comecei a trabalhar com o tema do assédio moral, há mais de 15 anos, o assédio era mais explícito. Mas de uns tempos para cá ele está cada vez mais sofisticado, mais sutil. Temos o assédio a jornalistas, na área de serviços, na justiça, tem assédio a médicos, na academia, até nas grandes universidades, como USP e Unicamp. Ou seja, não é que o assédio não existisse há décadas. É óbvio que sim, mas por que hoje se fala tanto e por que ele tanto se disseminou? Essa nova lógica do trabalho tende a reificar a coisificação das pessoas. Hoje não tenho grandes amigos, pois as pessoas que trabalham comigo poderão vir a ser meus concorrentes para uma futura vaga. Isso para um jovem de 20 e poucos anos é muito duro. É muito deseducativo saber que ele vai ter que desejar que tantas pessoas se deem mal para que ele garanta sua vaga. O próprio modelo de organização prega o trabalho coletivo. No entanto, as avaliações continuam sendo individuais. Isso causa na cabeça das pessoas uma sensação de guerra constante. Esse é o modelo indutor de agressão. Então, teremos desde agressões mais grosseiras e explícitas até aquelas bem sutis, acompanhadas de elogio, com grande cinismo. Não é à toa que o assédio moral se sofisticou, está complexo, mas extremamente destrutivo.

IHU On-Line – Qual o preço que os trabalhadores do mundo inteiro estão pagando em função da crise financeira internacional? Qual a especificidade do Brasil?

Roberto Heloani – A crise nos países europeus nos mostrou muito bem isso. A gente sabe que a União Europeia é algo difícil de se estabelecer, uma ficção. Não quero ser pessimista, mas me diga o que um português tem a ver com um grego? O que um grego tem a ver com um alemão? Sabemos que foi uma tentativa de fazer um acordo econômico. No entanto, a Europa tem línguas e culturas muito diferentes. Já não era uma união fácil. O que mantinha unidos povos tão diversos, que há pouco tempo se digladiavam, era o interesse econômico e o Welfare State – Estado-previdência. Os países capitalistas centrais tentaram – e conseguiram – bolar um sistema na lógica keynesiana de redistribuição, que é a lógica da social-democracia. O projeto keyenesiano é um estado, dentro do capitalismo, minimamente protetor. Isso, até certo ponto, manteve as coisas a contento. Quando, a partir da década de 1980, esse projeto vai sendo paulatinamente substituído pelo projeto neoliberal, teremos o seguinte: o projeto neoliberal vai pregar, afinal de contas, outra lógica, que é a do “salve-se quem puder”, a lógica do Estado mínimo. Não compete ao Estado ficar pensando muito em educação, saúde, segurança, mas compete ao indivíduo. Esse projeto neoliberal diz o seguinte: você é o principal responsável por você próprio. Esse negócio de sociedade é um “lero”. O neoliberalismo vai, pouco a pouco, minando o Estado protetor, vai tornando esse Estado cada vez menor, menos interventor, menos positivo. E o mercado vai fazendo a vez do Estado.
É claro que, quando se tem uma concepção de Estado dessa forma, se acaba tendo outra concepção de sociedade e de homem, que vai induzir as pessoas a terem projetos voltados a um pequeno grupo social: a si e a família. Essa nova lógica econômica respinga nos países latino-americanos. Por que o Brasil foi um dos menos afetados? Porque ele foi, na América Latina, um dos poucos países que não aderiu ao projeto neoliberal. Ao contrário da Argentina e principalmente do Chile, onde a previdência foi privatizada. O respingo da financeirização no Brasil ocorreu e ocorre até hoje. Temos uma inflação latente, um medo latente; porém, apesar de tudo isso, por termos um Banco Central com políticas de intervenção, graças ao governo Lula e ao Bolsa Família, conseguimos incluir como consumidores uma parcela significativa da população que estava totalmente à margem. É a política interna e as políticas públicas, as ações concretas do governo que amortecem os efeitos, ou, pelo contrário, exponenciam e os aumentam. Nunca tivemos Estado de bem-estar social no Brasil. O emprego formal aumentou recentemente. Tem mais gente com carteira assinada, mas ainda temos subemprego. Onde se tem um capital financeiro muito forte em detrimento da produção, é claro que isso trará consequências para a questão do emprego. Há setores que estão se automatizando cada vez mais. Há também a questão dos terceirizados, que será regulamentada agora. Temos uma situação de uma classe média que perdeu muito, temos as chamadas classes C, D e E que se mantiveram, mas permanece no Brasil um percentual mínimo de pessoas, da ordem de 2%, que detém uma quantidade de riqueza estonteante. Isso é justamente consequência do processo de financeirização da economia.

IHU On-Line – Quando se fala de finanças e trabalho/emprego, o que podemos identificar como crise real e como crise imaginária?

Roberto Heloani – Ao contrário do que as pessoas pensam, a lógica financeira trabalha muito com o imaginário social. Temos a especulação, que também usa e abusa dos medos, receios e ilusões das pessoas. Investir em ações pode ser até um ótimo negócio. Não sou contra a bolsa de valores. Só que para ganhar dinheiro nessa área ou a pessoa tem uma sorte absurda – então é melhor jogar na loteria – ou ela entende muito de negócios, é um profissional. A maior parte da população não tem nem uma coisa nem outra. Temos situações surrealistas, não de medo explícito, mas um receio, um temor latente, que faz com que as pessoas tenham atitudes que podem ser vistas como irracionais. 

IHU On-Line – Como se configuram os processos de migração internacional de trabalhadores e de deslocamentos de empresas? Quais suas implicações no mundo do trabalho?

Roberto Heloani – Essa é uma questão complexa, que envolve aspectos financeiros, culturais e de violência simbólica. A questão dos expatriados, por exemplo. Há pouco tempo, ser expatriado era um prêmio para um executivo. As pessoas comemoravam com champanhe e uísque escocês quando iam ser expatriadas. Hoje a coisa não é bem assim. Isso acontece menos e alguns sabem que, sendo expatriados, estão correndo um risco muito grande, mesmo que seja apresentado como uma promoção. Isso porque o grau de exigências a curto prazo é muito forte. Se a pessoa for vista pelo grupo que está lá à frente como alguém que veio roubar o cargo de outra ou obstaculizar a promoção de alguém, ela pode ser até boicotada, colocada de lado. É interessante como essa lógica atinge desde o jovem até o executivo sênior. A expatriação, em consequência disso, é vista com outros olhos.

Assédio moral e a perseguição

Artigo do colunista Arthur Lobato fala de assédio e perseguição
No seu artigo de junho, o psicólogo e especialista em assédio moral, Arthur Lobato, explicita as perseguições que o trabalhador pode sofrer no ambiente de trabalho e fala das consequências dos abusos cometidos pelas chefias. De acordo com ele, quando um servidor tem privilégios e o outro não, isso pode se configurar assédio moral. 
 
 

Assédio moral e a perseguição

 
 
Uma das características do assédio moral é a perseguição que a vítima sofre. Segundo o dicionário, perseguição significa “tratamento cruel ou violento, medida arbitrária movida contra um individuo ou um grupo”. Há um tratamento diferenciado no ambiente de trabalho. A “flexibilidade” só existe para alguns colegas de trabalho, os quais podem se ausentar por problemas pessoais, chegar um pouco mais tarde, sair mais cedo, ir ao médico ou dentista no horário de trabalho, tirar artigo 70 perto de férias ou feriados, entre alguns exemplos.
 
Entretanto, existe no grupo de servidores um trabalhador que percebe que para ele a lei é a lei. Pequenos atrasos são motivos de reclamação por parte da chefia, os elogios são sempre feitos, pela chefia, aos outros colegas e nunca a ele. Há casos em que o servidor está com um familiar doente, em situação de risco de vida, e, mesmo assim, as chefias são inflexíveis, não aceitam o documento de presença do hospital e nem deixam compensar o dia, cortam logo o ponto.  O “famoso” artigo 70 é sempre negado, para este trabalhador.
 
Mais uma vez o que é uma questão de direito para o servidor, é confrontado e negado pelo poder de quem exerce o cargo de chefia.  Há cobranças excessivas ou injustas sobre o serviço, as advertências são praticadas sob o pretenso manto da legalidade, as avaliações de desempenho são injustas. Enfim, esses são alguns exemplos do tratamento diferenciado praticado por chefias contra o servidor, na forma de perseguição, subjugando a vontade do sujeito até o limiar de suas forças.
 
É sempre bom lembrar que o assedio moral no trabalho, é um conjunto de práticas perversas, com intenção de prejudicar uma pessoa. O assédio moral é realizado ao longo do tempo, muitas vezes com participação dos próprios colegas, instigados pela chefia. Assim, todo assédio moral contém atos de perseguir e prejudicar o trabalhador. O mal estar emocional e psíquico é vivenciado pelo trabalhador, causando desanimo, desmotivação, afetando, portanto, a autoestima, sua capacidade emocional e laboral. No serviço público, busca-se com o assédio moral a remoção do servidor do setor, já que após o processo de assediar, o que temos é o adoecer emocional, psicológico e físico do trabalhador, e, muitas vezes, a incapacidade laborativa da vítima de assédio moral.
 
 Publicado em: http://www.sinjus.com.br/