terça-feira, 28 de março de 2017

SEMINÁRIO NO TJMMG: CONFLITOS NO AMBIENTE DE TRABALHO

SEGUNDA-FEIRA, 27/03/17 18:34
Juiz Cel PM Rúbio Paulino Coelho (TJMMG)
 e o psicólogo Arthur Lobato.
O SINJUS-MG participou de um seminário, no dia 24/3, promovido pelo Tribunal de Justiça Militar (TJMMG), por meio do seu Comitê Gestor Local de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores. O debate abordou o tema “Conflitos no ambiente de trabalho e sofrimento psíquico” e teve a orientação do psicólogo e membro da Comissão de combate ao Assédio Moral, Arthur Lobato.
Logo no início do debate, após cumprimentar os presentes, o Juiz Cel PM Rúbio Paulino Coelho enfatizou a importância de se discutir o tema e falou sobre o avanço que representou a criação do Comitê Gestor de Saúde, no ano passado.
Wagner Ferreira, coordenador-geral SINJUS/MG
O coordenador-geral do SINJUS, Wagner Ferreira, abriu o debate lembrando que a criação de Comitê com garantia de participação das entidades sindicais foi uma determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da Resolução 207/2015. Ele parabenizou a Administração da Justiça Militar por cumprir a norma e ser pioneira em Minas Gerais. Desde 2015, o Sindicato vem lutando para que o TJMG também crie um Comitê. “Seria possível estudar políticas para diminuir o alto índice de absenteísmo dos servidores e garantir que eles tivessem acesso a um ambiente de trabalho seguro e saudável. A Resolução 207 do CNJ representou um avanço, mas não pode ficar apenas no papel ou ser feita pela metade. É fundamental que o TJMG também crie um Comitê Gestor e que as entidades sindicais façam parte”, critica.
Psicólogo Arthur Lobato
Adoecimento x Metas
O psicólogo Arthur Lobato abriu o debate com os últimos dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre adoecimento. O Brasil registra média de 700 mil acidentes do trabalho e doenças ocupacionais por ano. Entre as causas estão maquinário velho e desprotegido, tecnologia ultrapassada, mobiliário inadequado, assédio moral, cobrança exagerada e desrespeito a diversos direitos. “Trazendo para a realidade da Justiça, sabemos que esses números também assustam, mas infelizmente o Judiciário não tem um estudo sobre o adoecer do trabalhador”.
O especialista citou o excesso de trabalho como um dos graves problemas vividos nos tribunais. Com a implementação do Processo Judicial eletrônico (PJe), os servidores passaram a trabalhar mais horas, passando mais tempo em frente aos computadores. “Esses trabalhadores têm sofrido até com a falta de pausas. Não somos máquinas. Precisamos nos levantar da cadeira, descansar os olhos. Mas eles se deparam com chefias controlando as idas ao banheiro, os intervalos, já que só se fala em produtividade e metas. Assim, o servidor não consegue cuidar da sua saúde”, explica. Entre os males que surgem nesse contexto estão o LER, a secura nos olhos, a irritação, entre outras.
Conflitos x produtividade
Psicólogo Arthur Lobato, durante palestra no
auditório do TJMMG.
Segundo Arthur, as altas metas a serem cumpridas também são responsáveis pelos conflitos que surgem no ambiente de trabalho. Os chefes são cobrados a apresentar cada vez mais produtividade e consequentemente pressionam seus subordinados a apresentaram os resultados. Tudo isso em um ambiente de estresse e pressão. “Uma pesquisa feita no Judiciário apontou que o que mais estressa os servidores é serem tratados aos gritos. O trabalho é saudável quando há diálogo, escuta e respeito às opiniões de quem trabalha junto”. Arthur explicou os conceitos de práticas muito usuais no ambiente de trabalho como o mobbing: são manobras hostis frequentes e repetitivas, direcionadas sempre à mesma pessoa.
Por fim, o especialista falou da importância da humanização do trabalho. “O ser humano precisa ser visto além da sua força produtiva. O trabalho não pode perder seu sentido. Cada um de nós é diferente, tem suas particularidades, emoções. Precisarmos ser mais tolerantes para criar um clima de trabalho mais saudável”.

Publicado em: http://sinjus.org.br

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