quinta-feira, 13 de março de 2025

Contra o assédio, SERJUSMIG conta com o Núcleo de Saúde do Trabalhador (NST)

 


A compreensão da direção do SERJSUMIG acerca da saúde e qualidade de vida como algo integral, que depende não só de condições físicas, como também mentais e até mesmo ambientais, tem permeado diversas ações do sindicato. Assim, buscar um ambiente de trabalho saudável para os servidores da Justiça tem sido foco de atuação sindical e, para tanto, o combate ao assédio moral e demais sofrimentos ganha força e visibilidade com o Núcleo de Saúde do Trabalhador (NST).

“Esta diretoria entendeu que, tão importantes quanto as pautas políticas e financeiras, são também as pautas voltadas à saúde e dignidade do trabalhador. E a confiança em nosso grupo fortaleceu ainda mais a luta contra o sofrimento laboral”, identifica a assessora da diretoria e advogada Raquel Orlando.

Ela atua ao lado do psicólogo e consultor sindical Arthur Lobato e a psicóloga Ana Elisa Xavier na construção do NST, que marca a consolidação de 18 anos de trabalho do SERJUSMIG com a pauta, sob a coordenação do vice-presidente Rui Viana. O sindicato tem ainda dois representantes na Comissão paritária de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral e do Assédio Sexual do Tribunal da Justiça, o vice-presidente Felipe Galego e a diretora Sheila Augusta Ferreira.

Há um pioneirismo na luta contra o assédio no trabalho, cujo marco é o ano de 2007, quando o SERJUSMIG iniciou seu modo característico de abordar o tema entre todas as entidades de representação de servidores públicos do Judiciário no Brasil. A continuidade desse trabalho ao longo dos anos possibilitou a atuação de forma científica, com formação teórica e técnica permanentes, avançando na qualidade e compromisso com a pauta.

“Margarida Barreto, referência mundial no tema, é o alicerce do trabalho do Núcleo. Ela define que o assédio moral está ligado à organização do trabalho, é praticado como mecanismo de gestão. O conceito fortalece nossa atuação sindical, de combate institucional que fazemos às violações”, pontua o especialista Arthur Lobato.

 

O que faz o Núcleo

As ações do Núcleo podem ser diversas, desde o acolhimento à vítima de sofrimento no trabalho até elaboração de análises e pareceres para o Tribunal. No entanto, a sua atuação é muito bem definida: COMBATER, PREVENIR E ACOLHER.

“Se você está enfraquecido, fica difícil lutar. Quando o sindicato consegue, em primeiro plano, fortalecer o servidor que sofre, possibilita que, aí sim, ele, já fortalecido, consiga se posicionar e fazer o enfrentamento e os embates da luta sindical”, destaca a psicóloga Ana Elisa Xavier.

Assim, a partir da necessidade de transformar o ambiente de trabalho adoecido em um ambiente saudável, o NST realiza intervenções junto a comarcas, regiões, grupos e indivíduos no universo do Judiciário mineiro. 

 

Adoecimento e acolhimento

São cinco os pontos que NST identifica como perpetradores das violações: Assédio Moral; Assédio Sexual; Discriminação; Racismo; Justiça 4.0. As suas consequências na vida do servidor podem ser muitas, mas o adoecimento, infelizmente, sempre está entre elas. 

Àqueles que se encontram nessa situação, o Núcleo de Saúde do Trabalhador oferece canais de atendimento para o primeiro contato de acolhimento ao indivíduo. A tarefa fica a cargo da assessora Raquel Orlando, que relata que há muito estudo e preparação para que o acolhimento seja realizado com profissionalismo e responsabilidade. 

“Quando chega essa pessoa até mim, podem existir muitos cenários para aquele adoecimento, até mesmo da vida pessoal. É um trabalho de muita sensibilidade para identificar a real situação”, relata a funcionária, determinada a fazer o resgate da dignidade da servidora ou servidor em sofrimento. 

A partir daí, Raquel conta com todo o acúmulo e estrutura oferecidos pelo SERJUSMIG e o NST para sugerir os encaminhamentos, que são discutidos entre todos os membros do Núcleo. As definições podem ser orientações sobre direitos do servidor e portarias, ações administrativas, jurídicas e até mesmo psicológicas, com encaminhamento a conveniados.

“Nós dizemos ao servidor ou servidora que vamos buscar as soluções para aquilo que causa o sofrimento, ainda que tenhamos limites concretos, já que não tomamos as decisões dentro do Tribunal. Mas garantimos que nós estaremos juntos durante todo o caminho”, compromete-se Raquel, que garante estar falando por todo o Núcleo.

É necessário reforçar que, em todo e qualquer contato, é garantido o sigilo do trabalhador. Por isso, muitas vezes, o trabalho do Núcleo de Saúde do Trabalhador do SERJUSMIG é invisível, ainda que permanente e até mesmo exaustivo.

 

Encaminhando para resolver

“Quando a gente busca a solução a partir de uma ação política, em prol não apenas do indivíduo, mas do trabalhador dentro dessa estrutura, aí é que mobiliza a mudança”, reflete a psicóloga Ana Elisa.

O ponto-chave da atuação do Núcleo é a busca pela solução a partir de um diálogo entre instituições. Uma vez que o problema está localizado no trabalho, a solução se busca por meio de uma ação sindical, ou seja, a instituição forte e respeitada SERJUSMIG em contato com a instituição TJMG.

“Se a instituição TJMG não coíbe ou evita o assédio e outras violações, o combate deve ser a essa instituição. Não vai ser a ‘fulana assediada’ quem fala com o Tribunal, ou a psicóloga Ana Elisa, que fez um relatório. Será o SERJUSMIG, por meio de uma documentação do NST, que apontará que há um assédio que deve ser investigado e exigirá uma ação para resolver”, explica o especialista Arthur Lobato.

A partir da elaboração de ofícios, pareceres, laudos e relatórios, o grupo subsidia as intervenções junto ao Tribunal, o que tem sido um diferencial para a conquista de soluções aos servidores. 

“Após o atendimento individual, é possível que um dos encaminhamentos seja o deslocamento do servidor, por exemplo. Então, a diretoria solicita ao Tribunal, que tem o papel de coibir os abusos, que realize a remoção”, conta a assessora da diretoria e advogada Raquel Orlando.

 

Para todos

É com tamanha complexidade que o SERJUSMIG trava permanentemente o combate aos assédios e demais violações. A busca por um ambiente saudável de trabalho, pela saúde mental dos servidores, e o resgate da dignidade à vítima de sofrimento no trabalho são missões para os membros do Núcleo, que se doam diariamente.

“Quem é vítima de abuso é isolado, silenciado e excluído. Ele se sente sozinho, e o sindicato é o espaço para que ele seja acolhido e se recupere”, oferta Ana Elisa. Ela reforça a importância desse novo momento de visibilidade do trabalho do Núcleo para que todos os servidores e servidoras saibam: “Tem esse espaço para quem precisar”.


SERJUSMIG :: Contra o assédio, SERJUSMIG conta com o Núcleo de Saúde do Trabalhador (NST)

Na retomada dos trabalhos do ConSaúde, Fenajufe e sindicatos debatem saúde mental

 O encontro nacional continua neste domingo (23)

Na retomada dos trabalhos do Coletivo Nacional de Saúde da Fenajufe (ConSaúde), neste sábado (22), os debates que nortearam a segunda etapa do encontro trataram de saúde mental e o perfil da saúde das trabalhadoras e trabalhadores do PJU e MPU. O ConSaúde ocorre neste fim de semana, em formato híbrido, e conta com a participação de 21 sindicatos de base.

Participaram as coordenadoras Lucena Pacheco, Sandra Dias, Soraia Marca, Márcia Pissurno, Denise Carneiro, Paula Meniconi e os coordenadores Manoel Gérson, Edson Borowski e Ribamar França.

Da base, representantes do Sinsjustra-RO/AC, Sindjus/AL, Sitraam/AM-RR, Sinjeam/AM, Sindjufe/BA, Sinje/CE, Sintrajufe/CE, Sinpojufe/ES, Sitraemg/MG, Sindjufe/MS, Sindijufe/MT, Sindjuf/PA-AP, Sintrajuf/PE, Sintrajufe/PI, Sinjutra/PR, Sintrajurn/RN, Sintrajud/SP, Sindiquinze/SP, Sisejufe/RJ, Sintrajusc/SC e Sintrajufe/RS.

A condução da segunda e terceira mesa do dia ficou a cargo da coordenadora Paula Meniconi e dos coordenadores Edson Borowski e Ribamar França – que compõem a Coordenação de Carreira, Relações, Condições de Trabalho e Saúde. Os convidados foram a professora titular da Universidade de Brasília (UnB) Ana Magnólia; o médico e ex-deputado federal Pedro Tourinho; o psicólogo Arthur Lobato; e a analista judiciária especialidade assistente social, Karla Valle.

Saúde mental

A professora Ana Magnólia alertou para três dimensões que estão produzindo adoecimento atualmente: discursos tirânicos; atos de violência que decorrem desse modelo – humilhação, intimidação e discriminação; e ausência de espaços de escuta.

Magnólia explicou que essa política de “calar o servidor”, muito forte no sistema de justiça, leva a uma servidão voluntária – quando servidoras e servidores aceitam essa situação para não entrar em certos confrontos que levam ao adoecimento.

Assista:

Já o médico Pedro Tourinho observou que a dimensão do mundo do trabalho na determinação da saúde ou da doença da população é absolutamente imensa. Para Tourinho, a discussão sobre saúde mental se torna mais evidente não porque há um ganho de humanismo ou uma percepção mais consistente da saúde, mas porque é uma situação explosiva e devastadora para os processos sociais – acarretando taxas elevadas de trabalhadores(as) afastados(as) por problemas psíquicos.

Tourinho mencionou, ainda, o trabalho realizado pela Frente Parlamentar Mista para a Promoção da Saúde Mental – que contabiliza mais de 200 parlamentares.

Assista:

Perfil da Saúde

Em seguida, o psicólogo Arthur Lobato abordou o impacto do assédio moral no adoecimento psíquico dos servidores e servidoras, destacando a relação entre fatores sociais e o mundo do trabalho, como:

 Ataques midiáticos ao serviço público;

– Crise de identidade do servidor;

– Metas impossíveis de cumprir e a sensação de fracasso

– Assédio moral como ferramenta de gestão;

– Gestão baseada no estresse e no individualismo;

– Exigência de maior produtividade com menos recursos.

Ele também ressaltou o avanço do neotoyotismo, modelo de trabalho neoliberal que prioriza a produtividade acima do trabalhador, de seus direitos e saúde mental, gerando consequências como depressão, transtorno de ansiedade, esgotamento mental, entre outros. Portanto, mais do que nunca é necessário que os sindicatos se organizem contra esse fenômeno.

“O direito a saúde é uma questão que estamos discutindo há anos. Mas agora, mais do que nunca precisa ser uma pauta política do sindicalismo”, alerta Arthur Lobato.

Assista:

Entre as questões abordadas pela analista judiciária Karla Valle, está o avanço tecnológico no Judiciário durante e pós pandemia e os impactos que causaram aos(às) servidores(as). Ela ressalta que a tecnologia é uma conquista humana, entretanto, muitas vezes essas ferramentas são utilizadas como mecanismos de hipervigilância para subjugar o trabalho dos(as) servidores(as) e que é necessário que os sindicatos e servidores fiquem em alerta.

Ainda neste contexto, ela traz um fenômeno que surgiu também no período pandêmico: o fenômeno da telepressão, que é a aflição e urgência em responder e-mails, mensagens instantâneas de texto e a voz de supervisores, clientes e colegas – mesmo em horários de folga ou férias e se caracteriza pela pressão imediatista e por trabalhar fora do horário do expediente. Nesta situação, o trabalhador chega a não reconhecer que isso pode adoecê-lo, pois se torna algo natural.

Assista:

Os trabalhos neste domingo (23) seguem da seguinte forma:

9h30 – Mesa 4: Política de saúde para as trabalhadoras e trabalhadores do PJU e MPU

✔ Guilherme Feliciano – coordenador do Comitê Gestor Nacional de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário;

✔ Mara Weber –servidora aposentada do TRT4 e ex-coordenadora da Fenajufe e do Sintrajufe/RS.

12h40 – Encerramento do encontro