terça-feira, 15 de setembro de 2015

Departamento de Saúde do SITRAEMG: Assédio moral e a banalização do mal

Arthur Lobato, Psicólogo/Saúde do trabalhador

Postado em: 09/09/2015

Hannah Arendt*, uma das maiores estudiosas da categoria “violência”, concluiu a partir de seus estudos e análises que o assassinato do caráter faz a banalização do mal.
Apenas cumprir ordens significa não pensar. O pensamento é a maior atividade humana, o que nos diferencia dos animais, e, não se importar com seu semelhante é o traço de quem já perdeu a sua humanidade, portanto, o outro não significa nada, é mais um número, mais uma cifra.
Existem, também, políticas de gestão danosas à saúde do trabalhador, que se caracterizam pela não implicação de quem faz o mal com os atos praticados, como se os chefes apenas “cumprissem ordens”, mesma frase usadas pelos nazistas em Nuremberg, atitude que a filósofa Hannah Arendt chamou “banalização do mal”.
A relação de domínio é feita não apenas através da força física, mas pela subjugação da vontade do outro. É o domínio psicológico e emocional através do medo, que o dominador exerce sobre o dominado, o controle total sobre o corpo, a mente, e as emoções – verdadeiro terrorismo psicológico.
No ambiente de trabalho a vítima de assédio moral muitas vezes pode ser comparada, em uma escala menor, a um prisioneiro de um campo de concentração, como em Auschwitz, onde à entrada estava escrito, Arbeit macht frei (O trabalho liberta), mas era uma jornada para a destruição do ser humano.
Estamos falando do trabalho em que acontecem relações de poder assimétricas, autoritárias e perversas entre o dominador (chefe) e dominado (empregado). Ocorre, então, a destruição da dignidade humana do trabalhador assediado, após um longo período de assedio moral – violência invisível que deixa suas marcas (psíquicas e emocionais) para sempre na subjetividade das  vítimas deste processo perverso e desumano.
Lutar contra o assédio moral e todo tipo de violência no ambiente de trabalho é um dever ético de todos nós, que lutamos pela dignidade do ser humano, e um ambiente saudável no trabalho.
O Departamento de Saúde e Combate ao Assédio Moral do SITRAEMG já está atendendo servidores e servidoras que queiram denunciar o assédio moral e outras violências no ambiente de trabalho. O agendamento pode ser feito pelo e-mail denuncia.assédio@sitraemg.org.br, ou pelo telefone 4501 1541.
Arthur Lobato é Psicólogo/Saúde do trabalhador
*Hannah Arendt, The origins of totalitarianism, in Hannah Arendt, A Condição Humana, tradução: Roberto Raposo, revisão tecnica: Adriano Correia – 11ed – Rio de Janeiro: Forense Universitária.



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