Desembargador Valtércio de Oliveira, coordenador do Comitê Nacional de Atenção Integral à saúde de Magistrados e Servidores do CNJ e Arthur Lobato, psicólogo do Departamento de Saúde e Combate ao Assédio Moral do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal de Minas Gerais - SITRAEMG.
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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) quer aprofundar discussão sobre saúde dos trabalhadores do Judiciário e planeja outro evento para o segundo semestre de 2019. O conselheiro Valtércio de Oliveira recebeu do psicólogo Arthur Lobato um exemplar do livro de sua autoria para a biblioteca do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Esta obra reúne artigos do psicólogo Arthur Lobato publicados em sites blogs e jornais durante um período dez anos. O material visa contribuir com a prevenção e informação, considerando a trajetória de prática profissional vivenciada pelo autor em relação ao assédio, saúde no trabalho e ações sindicais em casos e situações de assédio moral no âmbito jurídico, sindical e atendimento clínico psicológico — clínica do trabalho.
O 1º Seminário sobre Saúde dos Magistrados e Servidores do Poder Judiciário, organizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília, na quinta-feira (28/3), destacou o desafio do trabalho do Judiciário e a pressão sobre os trabalhadores, uma vez que a Justiça convive com cerca de 80 milhões de processos por ano.
O Comitê Nacional de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário recebeu três metas para serem aplicadas em saúde até o final do ano: criar um programa/projeto/ação para diminuir as cinco doenças mais frequentes nos exames periódicos de saúde, como hipertensão, diabetes e transtornos psicológicos; instituir Comitês de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores em todos os tribunais, conforme previsto na Resolução CNJ nº 207, que institui Política de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário; e avançar na realização dos exames periódicos de saúde de todos os servidores e magistrados.
Encerramento do Seminário Nacional sobre a Saúde dos Magistrados e Servidores do Poder Judiciário. FOTO: Gil Ferreira/Agência CNJ. |
“Nesse primeiro momento, verificamos que o que mais toca é a questão emocional e, por isso, esse evento trouxe dados sobre a saúde dos magistrados e servidores em todos os tribunais. Agora, munidos dessas informações, o Comitê continuará trabalhando, para alcançar as metas definidas para este ano. Devemos reunir o grupo na próxima semana para analisar os resultados desse primeiro evento e estabelecer as diretrizes para o próximo seminário, que deve acontecer entre setembro e outubro”, disse o conselheiro Valtércio de Oliveira, responsável pela organização do evento.
O SITRAEMG foi representado pelos coordenadores do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral do sindicato dos Servidores da Justiça Federal em Minas Gerais, o psicólogo Arthur Lobato e Elimara Gaia.
O SERJUSMIG também esteve presente, representado por Rui Viana e Eduardo Couto.
Assédio Moral
Reivindicações sobre assédio moral foram recebidas pelo Comitê, apontando a necessidade de o CNJ trabalhar com os tribunais, por meio de um trabalho de sensibilização para evitar essas situações. De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o assédio moral é uma das causas do alto índice de estresse registrado entre trabalhadores em todo o mundo, gerando um esgotamento físico e psicológico, que impacta, principalmente nas taxas de absenteísmo e nos resultados da produção.
Além disso, o Comitê também recebeu extenso relatório dos oficiais de justiça, denunciando as condições de trabalho da categoria, que sofre com a violência e ameaças durante o cumprimento de suas tarefas, ao entregar notificações em comunidades, favelas e grandes centros.
Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)
De acordo com o professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), Mário César Ferreira, a participação do trabalhador na construção de uma política de QVT é imprescindível, pois ele é o destinatário das ações.
O professor disse também que a saúde e a segurança dos trabalhadores também estão em risco, sendo o estresse o principal fator de risco, que pode desencadear outras condições físicas e mentais. A sobrecarga de trabalho, a pressão por cumprimento de metas e o assédio moral, principalmente são circunstâncias causadoras de estresse, cujos impactos são verificados no esgotamento físico e psicológico dos trabalhadores e maior recorrência de transtornos mentais e doenças físicas, como Lesão por Esforço Repetitivo e Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (LER/DORT).
Dos 185 mil afastamentos por motivo de saúde contabilizados em no ano passado, em primeiro lugar ficaram os problemas relacionados ao sistema osteomuscular ou ao tecido conjuntivo, com 8,5% dos afastamentos nos tribunais em 2018. O segundo conjunto de problemas que mais causou afastamentos (8,4% dos magistrados e servidores) foi o das doenças do aparelho respiratório, como sinusites agudas e resfriados. Transtornos mentais e comportamentais são a terceira causa mais comum (7,3%) dos afastamentos por saúde em 2018. Para prevenir mais ocorrências de “transtornos ansiosos” e de “episódios depressivos”, conforme a nomenclatura adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os tribunais informaram que realizam encontros e oficinas sobre saúde mental e ações específicas para prevenção de transtornos mentais e suicídios.
Oficinas
As oficinas de trabalho realizadas durante o seminário apresentaram seus resultados, trazendo propostas para o cuidado com a saúde dos trabalhadores do Poder Judiciário. Atendendo à Resolução CNJ nº 207, os tribunais devem criar serviços de saúde nos órgãos, para atender os servidores e magistrados, de forma mais célere, com estruturas voltadas à redução dos custos dos planos de autogestão, isto é, geridos pelos próprios tribunais. A oficina sobre os serviços de saúde destacou, ainda, a necessidade de se aplicar as iniciativas de ação e promoção de Saúde e prevenção de doenças, com treinamento das equipes, para aperfeiçoamento e continuidade das ações de saúde.
A oficina sobre a autogestão tratou das características e benefícios da utilização de um plano gerido pela própria instituição, no modelo coparticipativo e possibilidade de ampliação para atender outros tribunais do mesmo ramo, garantindo, assim, na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula o mercado de planos de saúde, a manutenção do plano na modalidade autogestão. Foram apresentados exemplos de planos que estão sendo utilizados na justiça trabalhista, como o ABAS 15 e o plano do TRT 5, que funcionam sem e com aporte do tribunal, respectivamente, além da prestação de serviço direta e por empresas terceirizadas.
Arthur Lobato (SITRAEMG) |
Com informações da Agência CNJ
Fotografias: Elimara Gaia
Fotografias: Elimara Gaia
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