ARTIGOS

Sinal vermelho para exclusão social




*Arthur Lobato
  psicólogo e pesquisador da saúde do trabalhador
O combate ao assédio moral continua sendo uma prioridade para a diretoria do SINJUS-MG, já que as denúncias dos servidores não param. Apesar da negação do problema pela instituição, o adoecer dos servidores, como consequência do autoritarismo das chefias, humilhações e injustiças vivenciadas no trabalho, é um fato inegável. A contradição do assédio é ser um mal invisível no ambiente de trabalho.


Ao abordar a inserção social dos (d)eficientes no TJMG, o primeiro sentimento é de satisfação ao ver a instituição praticar o direito de todo cidadão tornar-se servidor público após aprovação em concurso. Entretanto, a menos que se dêem condições de trabalho diferenciadas, o projeto “instituição cidadã” não passará de mais um instrumento de humilhação e adoecer.

Ser humilhado afeta a autoestima e nossos valores subjetivos, pois, apesar de racionais, também somos regidos pela emoção, pelo sentimento. Não poder reagir diante de injustiças constantes, ser obrigado a aceitar o autoritarismo das chefias, ver os colegas de trabalho indiferentes, ser isolado do grupo por alguma diferença, tudo isso pode levar ao adoecer psíquico do trabalhador. 

Não se pode exigir o mesmo ritmo de trabalho no quesito digitação, por exemplo, para um servidor que tenha um problema no braço. Outro servidor com problemas visuais parciais terá dificuldade com os pequenos números dos códigos dos processos. Não se pode exigir de quem usa muletas carregar processos e subir escadas. Ao receber os novos servidores com (d)eficiência, cabe às chefias aproveitar sua capacidade e adaptar as condições de trabalho, colocando-os em atividades onde possam render tanto quanto seus colegas, garantindo a produtividade do grupo e a verdadeira inclusão social.

Assim, evita-se a possibilidade de ocorrer o assédio moral horizontal. Ou seja, quando o grupo de trabalhadores exclui outro colega do convívio profissional, humilhando, rebaixando e menosprezando sua imagem e trabalho. Aquele grupo de servidores que acompanha com sorrisos mudos as “brincadeiras” de mau gosto com um colega (d)eficiente é cúmplice disso. A solidariedade e a ética são pontos essenciais para o trabalho em equipe, como é o caso do serviço público. As chefias que permitirem essas atitudes, por serem omissas ou ausentes, também podem ser responsabilizadas pelo adoecer do servidor, assim como a instituição que permite a existência do assédio moral por omissão ou desconhecimento. O servidor (d)eficiente têm o direito de se sentir útil, produtivo, capacitado e inserido no mundo do trabalho de forma digna.

A prática do assédio moral, no entanto, não se restringe apenas aos portadores de deficiência física, pois qualquer diferença pode fazer do trabalhador uma vítima de assédio moral no seu ambiente de trabalho. Preocupado com as crescentes denúncias envolvendo autoritarismo das chefias, o SINJUS-MG está elaborando um Plano de Ação para apresentar ao TJMG, que trata da necessidade de se realizar pesquisa sobre o assunto e delinear as estratégias de intervenção em relação aos abusos cometidos.


Artigo para o jornal EXPRESSÃO SINJUS, do Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado de Minas Gerais. 

Assédio moral e estágio probatório





*Arthur Lobato
Passar em um concurso público é, cada dia mais, o sonho de muitos brasileiros. A estabilidade e as possibilidades de ascensão profissional são fatores motivadores. Mas, ser aprovado é apenas a primeira etapa, pois a seguir vem o estágio probatório.


Os novos servidores vão enfrentar uma série de desafios - o aprendizado do trabalho, o relacionamento com colegas, chefes e público -, e vão perceber que há muito serviço a ser feito.


O respeito à hierarquia e à autoridade das chefias são elementos importantes na organização do trabalho, assim como, os deveres e direitos dos servidores. No estágio probatório é importante que os novos servidores exerçam seu trabalho com qualidade, mas cabe também às chefias gerenciar e compreender as dificuldades. Somente a prática diária faz com que a produtividade aumente e as metas sejam alcançadas.


É importante que o rigor com a qualidade do trabalho não seja motivo de conflitos e práticas autoritárias - humilhações, perseguições, agressão verbal ou violência moral no ambiente de trabalho. É preocupação do SINJUS-MG, como representante dos servidores do TJMG, impedir que aconteça o assédio moral no trabalho. Ou seja, condutas inapropriadas com o objetivo de prejudicar a pessoa, através de ataques sistematizados e repetidos, com intencionalidade de destruir psíquica e emocionalmente o servidor, que adoece e torna-se inapto ao trabalho.


Como o assédio moral é um processo realizado ao longo do tempo, é importante impedir que aconteça, e, caso esteja acontecendo, é essencial impedir sua continuação. Pessoas que se sintam prejudicadas pela prática do assédio moral devem procurar o sindicato para esclarecimentos e denúncia.


Não devemos esquecer que existe assédio vertical e horizontal. No primeiro, há o poder da chefia. Já o segundo acontece entre os próprios colegas de trabalho, mas o mal causado tem a mesma intensidade.




*Psicólogo e membro de comissões de combate ao assédio moral em sindicatos

Publicado no jornal Expressão Sinjus 168 - 17 de setembro de 2008


O ASSÉDIO MORAL NAS ORGANIZAÇÕES




O assédio moral é um processo realizado ao longo do tempo, no espaço do trabalho, mas as conseqüências para a saúde do trabalhador continuam além da jornada de trabalho. É um processo envolvendo o assediador, os atos de assediar e a vítima. Há intencionalidade em prejudicar através de ataques sistematizados e repetidos, o que influi na saúde do trabalhador e na produtividade da instituição. 


Muito importante é o posicionamento da instituição, coibindo as práticas de assédio moral, não sendo conivente com o adoecimento do trabalhador, nem tampouco com a banalização, e a deturpação do conceito de assédio moral. 


Em todo assédio moral há o problema da discriminação, da não aceitação do outro, do abuso do poder, da negação do sujeito. O assédio moral adoece o trabalhador, e prejudica o ambiente de trabalho, mas nem tudo é assédio moral. As agressões pontuais e a violência moral também são comportamentos que adoecem o trabalhador. 


Um dos maiores problemas nas relações de trabalho é a banalização e naturalização de atitudes hostis como gritos, humilhações, perseguições, com justificativas como “sou assim..”, “se não pressionar não funciona”, “isto é conversa de preguiçoso e incompetente...” “o trabalho aqui é estressante mesmo...” 


Não somos contra a hierarquia e a autoridade imanente ao cargo, mas não se pode aceitar práticas desumanas no ambiente de trabalho, como humilhações, chantagem, discriminação, impedimento de ascensão funcional, perseguições, fofocas, zombarias, gritos, violência moral e física, atitudes e comportamentos que também adoecem o trabalhador. 


O que deve ser combatido é o autoritarismo, o abuso de poder, impedir as humilhações constantes que vão adoecendo o trabalhador, impotente em reagir. A violência moral não deixa marcas como a violência física, mas machuca. Dor invisível só vivida e sentida por quem a sofre, dor que não purga, ferida que não cicatriza. Somente respeitando nosso próximo poderemos ser respeitados, mas uma relação desigual de poder faz com que o humilhado se cale, introjete a violência, e por isso adoece emocionalmente e psiquicamente.


Arthur Lobato, psicólogo.


Publicado no Jornal Expressão Sinjus 169



ASSÉDIO MORAL E A LEI




* Arthur Lobato


O assédio moral no trabalho é um processo perverso que tem como conseqüência o adoecimento do trabalhador. As constantes humilhações, as perseguições, ameaças, gritos, zombarias, atitudes cínicas e prepotentes, com intenção de prejudicar, causam mal estar em quem as sofre principalmente pela impotência de reagir. Como reagir, se o assédio é realizado de forma sutil, e, numa relação de poder onde o assediado é o lado mais fraco? Por isso é importante o vínculo de solidariedade entre os colegas de trabalho e as denúncias ao sindicato.


“Agir é decerto não só ajudar às vítimas a se tratar e reparar o mal que lhe fizeram, mas, tomar medidas concretas para fazer cessar tais comportamentos e, sobretudo modificar os contextos que os propiciaram”, “(...) compete ao sindicato interpelar a direção e obrigá-la a mudar os métodos”, afirma Marie-France Hirigoyen, uma das maiores estudiosas do assédio moral no mundo.Mais do que denunciar é importante também, um amplo trabalho de prevenção e combate ao assédio moral no ambiente de trabalho. Luta que é de todos servidores que devem se conscientizar que a violência moral, as constantes humilhações, a vergonha e o medo são o combustível do assédio moral, e se não lutarem serão massacrados, destruídos psiquicamente e emocionalmente, e, aos poucos transformados de “sujeito em objeto”, de seres produtivos em improdutivos.


A "COMISSÃO DE COMBATE AO ASSÉDIO MORAL DO SINJUS E DO SERJUSMIG" trabalhou na elaboração de um projeto lei para combater o assédio moral no serviço público. Ação que conta agora com o apoio de outros sindicatos e foi encaminhada ao poder executivo. Mas é principalmente na prevenção que devemos atuar. Muitos casos de assédio moral ocorrem pela própria estrutura da organização de trabalho, onde impera o autoritarismo e o despotismo das chefias, pois em todo autoritarismo há abuso de poder. O tema assédio moral deve ser debatido nos núcleos de saúde do TJMG, na corregedoria, nos cursos da EJEF para juizes e servidores com cargos de chefia. É muito importante que haja compreensão do que é o assédio moral, e as conseqüências para a saúde do servidor. Cabe ao TJMG zelar pela saúde de seus servidores, coibindo, prevenindo e punindo quem pratica o assédio moral. Um ambiente saudável de trabalho é um direito de todos.




* Arthur Lobato é psicólogo, pesquisador do assédio moral no trabalho e membro da Comissão de Combate ao Assédio Moral Sinjus/Serjusmig
lobatosaude@yahoo.com.br



Perspectivas e possibilidades no combate ao assédio moral no trabalho


*Arthur Lobato


“Outro mundo é possível”, foi o que se constatou, em Belém, no Fórum Social Mundial (FSM). Projetos, idéias, experiências, dúvidas e sugestões foram debatidas calorosamente nas oficinas e palestras do FSM. O SINJUS-MG e o SERJUSMIG levaram a experiência mineira no combate ao assédio moral no serviço público, apresentada pelo psicólogo Arthur Lobato, com distribuição de cartilhas e lançamento do blog http://assediomoralesaudenotrabalho.blogspot.com/, criado e atualizado pela jornalista Taís Ferreira.


Participaram da mesa sobre saúde mental e as relações de trabalho, os maiores especialistas do Brasil e da América Latina como Margarida Barreto, Roberto Heloni, a renomada jurista cubana Lídia Guevara, entre outros. Foram distribuídas a cartilha do SINJUS/SERJUSMIG e a nova cartilha do sindicato dos químicos de São Paulo, pioneiro na luta contra o assédio moral. Outros convidados como Pérsio Dutra-DIESAT-SP-SP; Erivalder Guimarães - FENAM; Carmen Regina Rocha Lima - FNU-Pará; Luiz Salvador -ALAL -Paraná; Susana Trevino -Argentina; falaram sobre a violação repetitiva dos direitos humanos dos trabalhadores.


Fraternidade e esperança na possibilidade de um modo mais humano de trabalho, mesmo com a crise econômica mundial - crise do capital, do consumo -, que reflete em todos nós. Momento em que, mais do que nunca, devemos lutar pela nossa dignidade, não permitindo que a crise seja mais uma arma contra o trabalhador. A missão dos sindicatos é não permitir que o assédio moral no trabalho se alastre como um câncer, corrompendo e destruindo corpos e mentes. Afinal, o trabalho deve ser fonte de realizações.


A verdadeira saúde mental é aquela que possibilita amar e trabalhar. Em nosso lado emocional, afetivo transborda a verdadeira humanidade que existe em todos nós. Através do trabalho, damos nossa contribuição para um mundo melhor, onde a realização pessoal é compartilhada. Com união e vontade de evoluir tudo é possível. Amando, nos encontramos com o outro em plena humanidade; e trabalhando encontramos nossa realização profissional. Mais do que nunca, nos dias de hoje, o que desejamos é “trabalhar sim, adoecer não”!


* Arthur lobato é psicólogo, pesquisador do assédio moral no trabalho e membro da Comissão de Combate ao Assédio Moral SINJUS/SERJUSMIG/SITRAEMG.


Assédio Moral: a dignidade humana tem preço?






* Arthur Lobato


Pesquisa da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) aponta para a necessidade de regulamentação do assédio moral no trabalho. Entretanto, o assunto não é consenso entre juízes, desembargadores e advogados. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o presidente da Anamatra, Cláudio José Montesso, afirma que, além de se estabelecerem regras, “é necessário ter a participação especialistas em Recursos Humanos e psicólogos para que o conceito do assédio moral no trabalho seja abrangente e contemple as diferentes modalidades em que ele pode ocorrer”. Já o advogado Luís Carlos Moro afirma, na mesma reportagem, que “determinar regras restringe a liberdade do julgador ao considerar o que pode ou não ser assédio moral”.


Os Sindicatos dos Servidores da Justiça de do Estado de Minas Gerais (SINJUS-MG e SERJUSMIG) encaminharam ao Executivo mineiro, por meio da “Intersindical”, um Projeto de Lei (PL) para combate ao assédio moral no serviço público. Há uma ênfase muito grande na prevenção, e em coibir o assédio moral, inclusive, com a punição do assediador, pois a instituição também é responsável quando permite ou se omite nos casos de assédio moral no trabalho.


Mas uma lei que regule o assédio moral no trabalho, estipulando valores financeiros, paga a humilhação sofrida pela vítima? Quem sofreu assédio moral quer mais do que tudo uma retratação pública, que resgate sua dignidade e honra, sendo estes valores intrínsecos à subjetividade de cada um. Nos casos em que há perdas salariais e despesas médicas por causa do assédio moral é importante o ressarcimento das despesas.


O debate é muito importante, pois como afirma Cláudio Montesso: “As pessoas começaram a despertar para a existência do assédio moral no ambiente de trabalho, que era algo que as pessoas achavam às vezes até normal”. 


Em Minas Gerais um servidor do Estado recebeu uma indenização por danos morais no valor de R$10 mil reais. De tanto ser humilhado e perseguido por seu superior, o servidor adoeceu, e se aposentou por invalidez. Munido de provas documentais e testemunhas, moveu um processo de assédio moral no trabalho.


Será que um valor financeiro pode sanar a dor física e moral desse homem? Entendo ser importante também a punição do chefe, para que ele não continue praticando assédio moral contra outros servidores.




*Arthur Lobato é psicólogo, pesquisador do assédio moral no trabalho e membro da Comissão de Combate ao Assédio SINJUS-MG/SERJUSMIG e SITRAEMG. 


Concurso de Monografia sobre Assédio Moral


* Arthur Lobato
Crise econômica mundial, recessão, desemprego. Perspectivas sombrias para o trabalhador que, buscando estabilidade, acredita encontrar no serviço público um porto seguro nestes tempos difíceis. Assim, cada concurso é disputado por milhares de pessoas, que investem tempo e dinheiro em estudos, visando alcançar a segurança no emprego. No entanto percebemos que os salários estão cada vez menores, e o trabalho no serviço público cada vez maior, principalmente no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).


Passar no concurso é o primeiro passo, depois vem o estágio probatório, e finalmente a tão sonhada estabilidade profissional. Entretanto os sindicatos de servidores têm recebido várias denúncias de maus tratos, humilhações, perseguições, autoritarismo das chefias, práticas que podem consolidar um conceito denominado Assédio Moral.


Estudos sobre o assédio moral no serviço público são poucos, por isso é muito importante a participação dos servidores no concurso de monografias sobre o assédio moral. Mais importante que o prêmio financeiro é o debate sobre o tema, ainda polêmico, e que, por isso mesmo deve ser discutido, debatido, já que afeta a honra, a dignidade, a saúde de quem vivencia este processo perverso.


A monografia escrita pelo próprio servidor proporcionará maiores informações para coibir, prevenir e ouvir o agressor. Quem vivenciou ou presenciou a prática do assédio moral incentivará a pesquisa, o estudo e o debate, auxiliando a implementação de medidas preventivas e punitivas para o seu combate no serviço público. É importante analisar o edital já disponibilizado no site do Sinjus e as sugestões sobre o tema.


Parabéns ao Sinjus e ao Serjusmig por esta iniciativa. Contamos com a participação dos servidores para a boa quantidade dos trabalhos, e, principalmente para que o combate ao assédio moral no serviço público seja uma luta de todos nós - servidores, sindicalistas, profissionais da saúde e do direito, e da instituição Tribunal de Justiça. Preservação da saúde do servidor, ambiente saudável no trabalho, respeito aos direitos dos servidores – estes são os nossos ideais.


*Arthur lobato é psicólogo, pesquisador do assédio moral no trabalho e membro da Comissão de Combate ao Assédio Moral no Sinjus, Serjusmig e Sitraemg.




*Artigo publicado do jornal Expressão Sinjus nº 175 – 24 de abril de 2009



Servidor é trabalhador

* Arthur Lobato


No Brasil, o serviço público é, constantemente, criticado pela mídia. Filas, lentidão dos processos e, principalmente, a estabilidade do servidor são objetos de reportagens, que visam incutir na população a idéia de que a culpa dos problemas do serviço público esta no servidor. Este é apresentado como marajá, incompetente e preguiçoso. São omitidas as falhas e problemas das instituições, criando no imaginário coletivo, por meio de notícias distorcidas, a imagem de que o funcionário público não é trabalhador.


Quem conhece o trabalho dos servidores do Tribunal de Justiça (TJMG), fica impressionado com a quantidade de serviços executados e a executar. Afinal, em uma sociedade em crise, a justiça é o caminho natural para resolução dos conflitos. Na etapa da mediação e negociação entre as partes, para resolver os conflitos e pendências por via processual, o que encontramos, nas secretarias, são mesas abarrotadas de processos, e, mesmo que o número de servidores fosse dez vezes maior, ainda assim, seria impossível “agilizar a produção”. Isso, porque o trabalho do servidor no TJMG não é como uma linha de produção de uma fábrica. O servidor tem de ler, interpretar, analisar, redigir. Tudo isso, com competência e agilidade, pois, um pequeno erro tem conseqüências sobre o indivíduo, a família e suas interações com o tecido social.


Pesquisas mostram que juízes também estão adoecendo pelo excesso de trabalho, como diagnosticou Herval Pina Ribeiro, em seu livro/pesquisa, “O Juiz Sem a Toga”. A pesquisa contou com o apoio do sindicato e do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.


Unidos pela saúde do trabalhador


O Sinjus-MG e o Serjusmig aguardam a publicação de uma portaria que criará uma comissão que vai organizar e implantar uma pesquisa sobre a saúde mental do servidor no TJMG. Em plena crise econômica, com exigência de “produtividade” no serviço público, mais do que nunca temos que preservar a saúde dos trabalhadores.


Não podemos aceitar que os servidores deixem de ser sujeitos para se transformarem em objetos, peças que são substituídas por outras peças. Não podemos esquecer neste
1ͦ de Maio, a luta dos trabalhadores que pagaram com sua própria vida para que melhores condições de trabalho fossem conquistadas. É bom refletir, rememorando como eram comuns jornadas de trabalho de 16 horas; crianças trabalhando nas fábricas, salários irrisórios. Hoje, muitos trabalhadores se acomodam com as atuais oito horas de trabalho diário, em vez de intensificarem as lutas pela jornada menor que resultará na ampliação de empregos. Criticam-se seis horas de trabalho no serviço público, conquista mais do que justa, sobretudo ao considerarmos o desgaste mental e emocional dos servidores.


Devemos lutar - denunciar, não aceitar que a conjuntura econômica, social e política propiciem o aumento de casos de assédio moral como mecanismo de pressão, desestabilizando emocional e psiquicamente o servidor.


A estabilidade no emprego nada significa, sem que a saúde do trabalhador seja preservada. A luta atual tem de ser contra o assédio moral, processo perverso que adoece e destrói o ser humano. Que o TJMG perceba que o projeto de pesquisa representará um avanço na relação entre a instituição, seus servidores e os sindicatos.


*Arthur lobato é psicólogo e participa da Comissão de Combate ao Assédio Moral no Sinjus/Serjusmig e Sitraemg.




Artigo publicado no jornal Expressão Sinjus 176 - 7 maio 2009



Assédio e discriminação racial


* Arthur Lobato




Humilhação, indignação, sofrimento, impotência, esses devem ser alguns dos sentimentos dos escravos. Pensar que era natural considerar um ser humano inferior a outro por causa de sua cor. Tratados como animais, eram também “despossuídos” de alma. A escravidão era a base de sustentação econômica de um Brasil ainda imperial e agrário. A eterna exploração do homem pelo homem.


Albert Camus já afirmava, em sua obra prima:“O Homem Revoltado”: “a revolta começa quando o escravo diz não!” Inicia-se a luta pela liberdade. Surgem os quilombos, reprimidos de forma violenta, mas nunca dizimados. Um homem vira herói negro: Zumbi. Palmares é mais do que um espaço físico: é um ideal de liberdade. Surgem outros idealistas, os abolicionistas, que lutaram pela igualdade dos homens, enfrentando com coragem um mal que persiste até hoje.


Comemorar o quê?


No Brasil, um decreto acabou, da noite para o dia, com a escravidão; sem dar condições aos afro descentes de sobreviver de forma digna, aumentado, ainda mais, as contradições socioeconômicas de nosso País.


Nesse 13 de Maio tivemos pouco a comemorar. A cada época a violência reaparece sob novas formas, mas enquanto a violência física deixa marcas visíveis, na violência moral, as feridas são invisíveis. O resultado de humilhações constantes é um sofrimento vivenciado de forma intensa. A violência moral pode levar a vítima a
depressões crônicas e até mesmo ao suicídio.


Em nosso trabalho de combate ao assédio moral, detectamos muitos conflitos que começam por causa de diferenças que geram discriminação, intransigência e rivalidade.


Marie-France Hirigoyen, pesquisadora do assédio moral no trabalho, constatou que “todo assédio é discriminatório, pois vem ratificar a recusa de uma diferença ou uma particularidade da pessoa. A discriminação (racial)é habitualmente dissimulada, tendo em vista o fato de ser proibida por lei, e, por isso, muito frequentemente se transforma em assédio moral”.


É importante lembrar que, no assédio moral no trabalho, muitas vezes, o que está em jogo é uma relação de poder, de domínio sobre o outro. E o poder não tem sexo, raça ou credo. O assédio é realizado de forma oculta, dúbia, maliciosa, dando margem a diversas interpretações, atuando no psicológico e no emocional da pessoa.


Combater o assédio moral, combater a discriminação racial, lutar por melhores condições de trabalho, são muito mais do que palavras, devem ser ações para que a realidade seja transformada, não por decretos, mas por vontade e participação de todos nós, servidores, sindicalistas e cidadãos.




* Arthur Lobato é psicólogo, pesquisador do assédio moral no trabalho e membro da Comissão de Combate ao Assédio SINJUS-MG/Serjusmig




* Publicado no Jornal Expressão Sinjus Nº177 - 25 de maio de 2009


Trabalho - tarefa e relacionamento

O trabalho é uma tarefa a ser executada. O êxito desta tarefa, muitas vezes, depende da interação com outros trabalhadores. O trabalho, portanto, envolve também o relacionamento. Muitos conflitos que ocorrem no ambiente de trabalho são ocasionados por problemas de relacionamento. Se por um lado, com o passar do tempo, ficamos amigos de diversos colegas de trabalho, acontece o oposto também, existem colegas com os quais não nos relacionamos.


Em toda amizade há identificação e projeção. No entanto, quem não é nosso amigo, não é necessariamente nosso inimigo, é “o outro”, o desconhecido, aquele que pensa e age diferente de nós. Amigos nós escolhemos, a convivência com eles nos dá prazer. Falamos, ouvimos, rimos, e somos solidários com eles nos momentos difíceis. Estamos sempre perdoando as falhas de nossos amigos e pedindo sua compreensão em nossos erros.


No trabalho não escolhemos nossos colegas. No serviço público o concurso seleciona nossos colegas por sua capacidade intelectual e no dia a dia do trabalho temos que nos relacionar com eles e elas, para a execução da tarefa. Razão e emoção entram em ação. Se nosso lado racional é aquele usado para executar as tarefas, nosso lado emocional é o que vai possibilitar um bom relacionamento com os outros colegas. É a “inteligência emocional”. Entretanto, existem em todos nós preconceitos, ou seja, conceitos pré- estabelecidos, construídos de forma “natural”, pela família, meio ambiente, sociedade e cultura na qual estamos inseridos. Assim, nos identificamos facilmente com quem possui padrões culturais e morais, semelhantes ao nosso. Como se diz de forma popular é a simpatia.


Mas, como lidar com o seu oposto - a antipatia, traduzida nesta simples frase “chegou um colega novo, não o conheço, mas não gostei do jeito dele”. Cria-se assim uma barreira contra o outro. Não queremos nos envolver, conhecer esta pessoa, e, esta antipatia, que é oriunda de um preconceito pode ser disseminada como um vírus causando um grande mal estar no ambiente de trabalho. É claro, que não é necessário ser amigo de todos os nossos colegas de trabalho. Mas, no exercício da tarefa temos que nos esforçar para sermos inteligentes emocionalmente, não deixando os pré- conceitos e as antipatias nos dominem.


O grupo de trabalhadores e as chefias devem ficar atentos para que pequenos problemas de relacionamentos, oriundos de preconceitos, não evoluam para práticas perversas como: isolar a pessoa do grupo, boicotar o trabalho do colega, humilhar, perseguir, reforçar o circuito de fofocas e zombarias, transformando um sujeito em objeto que deve ser descartado. Este tipo de atitude é muito mais que antipatia - é assédio moral.


Sabemos o quanto é difícil a convivência com o outro. Se com as pessoas que amamos, volta e meia, estamos em atrito. Imagine com quem não nos identificamos. O grande desafio, não só para o mundo do trabalho, mas para toda a humanidade, é saber conviver com as diferenças dos outros seres humanos, respeitar outras culturas, e saber que nossa sociedade só vai ser melhor se exigirmos nossos direitos e cumprirmos nossos deveres. Acima de tudo respeitando o nosso próximo. Afinal, para ser respeitado é preciso saber respeitar.


*Arthur Lobato é psicólogo.


Publicado no Jornal Expressão Sinjus Nº181 em 27 agosto 2009


Autoestima

* Arthur Lobato


O psicanalista francês Jacques Lacan afirmava que, na mente humana, circulam três registros psíquicos: o real, o simbólico e o imaginário. No aspecto imaginário, temos a construção de nossa autoimagem, sempre referendada pelo outro. Assim, pensamos sobre o que somos e o que os outros pensam de nós.


Mas só nos conflitos temos acesso ao que os outros realmente pensam de nós - quando o desabafo revela o que estava oculto nas brincadeiras, sempre com uma verdade transmitida de forma ambivalente, com duplo sentido, nos atos-falhos e lapsos de linguagem (que são manifestações do inconsciente no discurso racional), revelando algo que estava oculto.


A autoestima e o outro


Ter autoestima quer dizer gostar de si próprio. Mas,para isso, precisamos dos sinais positivos do outro, para que nossa autoestima fique em alta. Sabemos o quanto um elogio, ou reconhecimento de nosso valor, faz bem; e como é difícil aceitar a crítica, o erro. Assim, nossa autoestima varia “economicamente”, podendo estar em alta ou em baixa, como ações na Bolsa de Valores.


A autoestima tem, na família e no meio social, fatores preponderantes que vão marcar o sujeito pelo resto da vida. A genética também é importante, mas insistimos no “outro” como formador e “combustível” de nossa autoestima.


Hoje em dia, o trabalho ocupa a maior parte do nosso tempo e é onde nos relacionamos com os outros. A autoestima é um valor subjetivo, mas está provado que pessoas que suportam melhor os desafios, e sabem lidar de forma positiva com conflitos e problemas, têm mais autoestima.


Por outro lado, quem está com a autoestima em baixa tem tendência a não suportar conflitos, mesmo sendo muito competente e eficaz. Racionalmente, são indivíduos capacitados; mas, emocionalmente, são vulneráveis. Assim, muitas vezes, brincadeiras de mau gosto, zombarias, piadas sobre o corpo, o gênero e a idade têm consequencias danosas sobre pessoas com baixa autoestima.


A autoestima e assédio moral


Nos casos de assédio moral, é muito comum que uma diferença não aceita pelo outro seja motivo para se excluir a vítima do ambiente do trabalho. O ataque é feito com consequências danosas para autoestima.Aquele que sofre pode começar a desenvolver construções imaginárias que chegam a evoluir para sintomas paranóicos.


Por isso, é importante a solidariedade; a força do grupo como referencial da subjetividade de quem está sendo vítima de assédio moral.


Afinal, as constantes humilhações; as injustiças; a perseguição e a discriminação causam marcas profundas no psiquismo.


Dor que não tem fim, como as crises de choro (sintoma, dessa dor emocional), e a eterna dúvida: o que esta acontecendo? O que fiz de errado? Por que estou sendo discriminado e isolado?


Atacada e acuada; sem o referencial do outro; com a autoestima em baixa; a vítima não percebe que está sofrendo uma das formas mais torpes de se destruir um ser humano: o assédio moral. Prática que devemos combater, como um compromisso ético em prol da saúde mental e emocional de todos os trabalhadores.


*Arthur Lobato é psicólogo, estudioso do assédio moral no trabalho




Publicado no Expressão Sinjus Nº183 - 28 de setembro de 2009


Manutenção da jornada de seis horas: muito além do direito adquirido

*Arthur Lobato


O servidor, em seu trabalho diário, sofre intenso desgaste mental e emocional. Sua função exige: ouvir, comunicar-se com várias pessoas ao mesmo tempo, ler, entender, interpretar, raciocinar e redigir textos com rapidez e sem erros. Deve estar muito atento à leitura, pois analisar um processo para dar-lhe o andamento correto toma tempo e demanda energia mental. Ao final de uma jornada de 6 horas, a mente tem diminuída sua capacidade de assimilação, e pequenos erros ou descuidos por causa da fadiga mental podem ter consequências desastrosas para o cidadão e a sociedade. Os especialistas em saúde do trabalhador detectaram que, após horas trabalhando em frente à tela de computador, o usuário não consegue processar as informações. É o chamado “espelhamento”. É como ler um livro pensando em outras coisas: lê-se várias páginas, e não se lembra de nada.


Além do desgaste mental, há o desconforto físico, de ficar horas em cadeiras e mesas nem sempre nas condições ergonômicas ideais. Mas o servidor do TJMG também sofre intenso desgaste emocional. Os processos estão repletos de sentimentos de revolta, vingança, ódio, mágoa ‒ histórias de muita dor, como nos homicídios, crimes passionais movidos por ódio ou vingança, violência sexual contra mulheres e crianças, e tantas histórias que revelam o lado obscuro e perverso do ser humano. Diversos servidores relatam que, ao ler peças de um processo, se emocionam ou se revoltam com os fatos acontecidos. Muitos oficiais de justiça vivenciam histórias da injustiça no cumprimento de mandatos: Retirar uma máquina de lavar de uma pobre lavadeira que atrasou prestações,mesmo sendo a máquina a sua fonte de renda e trabalho. Retirar uma família de uma casa deixando-os ao relento, cumprindo ação de reintegração de posse.




Nas secretarias, cartórios, fóruns, as mesas estão abarrotadas de processos. Ao terminar uma pilha, já há outra esperando. Trabalho interminável como no mito de Sísifo, que é condenado a subir uma pedra até o alto de uma montanha, mas ao chegar ao topo a pedra rola para baixo e ele tem de repetir seu trabalho, por toda eternidade.


No outro lado do balcão, diversos olhares persecutórios, encarando quem faz o serviço interno, como se este servidor tivesse que parar seu trabalho, para ajudar no atendimento do balcão. Ao fazê-lo, interrompe o fluxo de pensamentos e ao voltar à mesa tem que começar a leitura, pois como uma bolha de sabão que explode, o raciocínio se esvai, desaparece.


O servidor também tem de manusear processos antigos, pesados, no alto de prateleiras, com fungos e bactérias. “Ufa! Que sufoco”. E ainda dizem que servidor trabalha pouco! Para cumprir Meta 2, o CNJ quer ampliar a jornada de trabalho de 6 para oito horas, pensando em “aumentar a produtividade”. Reparem na forma perversa que esta meta é apresentada nos comerciais de televisão, subliminarmente culpando o servidor pela morosidade da justiça. Processo judicial não é objeto produzido de forma industrial, cada processo deve ter sua análise criteriosa, para evitar problemas e inúteis perdas de tempo em seu andamento.


Manter a jornada de 6 horas é mais do que uma questão de direitos adquiridos; é uma necessidade absoluta para manter a saúde do trabalhador e a qualidade do serviço público.


Enquanto as centrais sindicais lutam pela redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas diárias, para aumentar a empregabilidade e proporcionar mais qualidade de vida ao trabalhador, o CNJ - na contramão da história - quer impor o aumento da jornada, tirando dos servidores direitos adquiridos. Aos sindicatos cabe a defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores e garantia da saúde física, mental e emocional do servidor e da qualidade no serviço público.


* Arthur Lobato, psicólogo, pesquisador sobre assédio moral no trabalho e membro da Comissão de Combate ao Assédio SINJUS-MG/Serjusmig


Publicado no Expressão Sinjus Nº187 - 22 de fevereiro de 2010


Autoritarismo nas chefias

* Arthur Lobato



No Jornal Expressão Sinjus  195, de 8 de novembro de 2010, o psicólogo Arthur Lobato fala sobre o autoritarismo das chefias como uma das maiores fontes de adoecimento dos servidores. Há dois anos, o TJMG se recusa à realizar projeto do Sinjus de prevenção à saude do servidor.






Há vários anos o pesquisador Herval Pina Ribeiro realiza trabalhos para o Sindicato dos Servidores da Justiça de Santa Catarina (SINJUSC), muitas vezes, em parceria com o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). Essa parceria rendeu frutos como o estudo da percepção dos juizes sobre trabalho, saúde e democracia no judiciário, que, posteriormente, deu origem ao livro intitulado: “O Juiz sem a Toga". Além disso, no ano passado, foi lançado o livro “Os operários do direito”, resultado de uma extensa pesquisa no judiciário catarinense. A obra aborda “relações sociais do trabalho com a saúde e a cidadania dos trabalhadores subalternos do Judiciário”, que trata do conjunto de pesquisas e ações sobre o tema promovido pelo SINJUSC.


Se no primeiro trabalho fica explícito o adoecer dos juizes; no trabalho mais recente, nos deparamos com uma das maiores fontes do adoecer do servidor: o autoritarismo das chefias.


Por autoritarismo, entendemos o abuso da autoridade, uma forma de opressão, um conjunto de práticas perversas ao gerenciar pessoas. Pina considera o autoritarismo “uma das principais causas da insatisfação dos trabalhadores públicos como processo de trabalho na administração judiciária.”


Segundo Rodrigo Collaço, juiz do TJSC, a pesquisa feita pelo SINJUSC é de suma importância “por colocar em confronto expectativas e aspirações pessoais com a estrutura do poder judiciário, cuja força institucional decorre em boa parte do seu conservadorismo e da sua observância da tradição, valores que normalmente tornam verticais e autoritárias as relações de poder.”


A Comissão de Combate ao Assédio Moral (Sinjus/Serjusmig) desenvolveu, também com o apoio de renomados pesquisadores, um projeto de pesquisa apresentado ao TJMG (há dois anos), mas até o momento o órgão tem se mostrado relutante em realizar o trabalho sobre a saúde do servidor mineiro. Segundo Herval, o objetivo das pesquisas sobre saúde do trabalhador é dar visibilidade “ao entrelace da violência do trabalho contemporâneo com adoecimentos e doenças. Detectar formas de violência oculta (...) onde o autoritarismo institucionalizado, antigo e silencioso, atingiu uma morbidez sem precedentes.” Ainda segundo o autor, a passagem coletiva do estado de saúde para o de doença depende menos do trabalho em si que das relações sociais hierarquizadas e autoritárias dentro e, também, fora do trabalho. As pesquisas ajudam a acumular conhecimentos e formular propostas e ações conduzidas pelo sindicato.
No TJSC a pesquisa demonstrou que “a assimetria nas relações sociais dentro do trabalho Judiciário esta relacionada estreitamente com a carência de democracia interna”. Portanto, é essencial a ação dos sindicatos para atenuar o autoritarismo, pois, conforme constatamos no plantão de atendimento às vítimas de assédio moral do SINJUS, o autoritarismo das chefias é uma das principais queixas, que tem como consequência adoecer do servidor, com o paradoxo de que o dano subjetivo não deixa marcas visíveis. O Sinjus tem feito atendimento a grupos de servidores, o que demonstra que o adoecer é coletivo, e conforme Ribeiro “as doenças coletivas de trabalho são doenças de sujeição e de classe social, e cobram ações no âmbito das políticas de trabalho e sociais”.


Mas, não basta apenas relatar que o servidor adoece. É necessário tomar medidas focais gerais e imediatas por parte do TJMG. Para isto é necessário identificar os focos de adoecer, entender as causas, para possibilitar ações que possam prevenir e coibir o autoritarismo, uma das facetas do assédio moral no trabalho.


* Arthur lobato é psicólogo e pesquisador da saúde do trabalhador


http://www.sinjus.org.br/sinjus/imgs/jornal/2010/jornal195/


Mandar ou Liderar





Publicado no Jornal Expressão Sinjus 200.
Por Arthur Lobato
Psicólogo da Comissão de Combate ao Assédio Moral do Sinjus-MG










O sociólogo Max Weber define o poder “como uma faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade”. Direito e poder são sinônimos de faculdade. O triunfo de uma vontade sobre outra vontade, pode ser analisado sob diversos ângulos: através do convencimento, do diálogo, da persuasão, da sedução, do logro, da violência. Na escravidão pela violência, pela força, o forte domina e escraviza o mais fraco. Cria-se uma relação de dominador e dominado. Para aumentar o domínio, ocorre disciplina, hierarquia, poder. Há nesta relação, pessoas violentas, sádicas, perversas, que tem prazer em infligir sofrimento no outro. A violência física aos poucos é substituída pela violência psicológica. Mas as estruturas perversas permanecem. Muitas empresas e instituições públicas ainda seguem este modelo hierárquico-militar-autoritário, no qual quanto mais alto o cargo mais poder tem o indivíduo, pois este poder é referendado pela sociedade, via instituição e cargo. Surge o grande perigo: o excesso de poder em cargos intermediários envaidece o homem ou a mulher. O orgulho cega, o autoritarismo é a marca da soberba de que tem a ilusão do poder. A violência moral, as humilhações, a intenção de prejudicar através de atos sistematizados e repetidos contra uma pessoa, que caracteriza o assédio moral, muitas vezes pode ser fruto deste excesso de poder, do autoritarismo da pessoa e da omissão da instituição.

O poder de uma instituição como o Tribunal de Justiça de Minas Gerais - TJMG deve existir para que a vontade da sociedade prevaleça sobre a violação de nosso código social. Entretanto, no trabalho diário para alcançar os objetivos desejados, a tarefa e o relacionamento são o amalgama para um serviço bem realizado. Em cada equipe o chefe tem deve ser também um líder. Estudos e pesquisas comprovam que “a força produtiva mais importante conhecida como força de trabalho, depende da estrutura psíquica do homem” (Wilhelm Reich). 



Constata-se que não adianta só chefiar, mandar, ordenar, tem de haver liderança. E como se forma um líder? É um talento nato? A liderança pode ser aprendida? O que é ser líder? Como ser líder? Estas são algumas perguntas e desafios tanto para as empresas, como para as instituições, e não adianta formulas mágicas, pois o ser humano é imprevisível, dinâmico, assim como o mundo do trabalho. Barreto, Heloani, Freitas, no livro Assédio Moral no Trabalho, comprovam por pesquisas acadêmicas e estudos científicos que “os gestores são responsáveis pela intervenção na organização do trabalho, modificando-a no sentido de torná-la menos indutora de violência e mais geradora de processos colaborativos”. Fica também a dica de James Hunter sobre liderança: “é a habilidade de fazer com que os outros façam as coisas de bom grado.”. 


http://www.sinjus.org.br/sinjus/imgs/jornal/2011/jornal200/



Mandar ou liderar?

James Hunter e o psicólogo
Arthur Lobato.
*Arthur Lobato 


O sociólogo Max Weber define o poder “como uma faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade”. Direito e poder são sinônimos de faculdade. O triunfo de uma vontade sobre outra vontade, pode ser analisado sob diversos ângulos: através do convencimento, do diálogo, da persuasão, da sedução, do logro, da violência. Na escravidão pela violência, pela força, o forte domina e escraviza o mais fraco. Cria-se uma relação de dominador e dominado. Para aumentar o domínio, ocorre disciplina, hierarquia, poder. Há nesta relação, pessoas violentas, sádicas, perversas, que tem prazer em infligir sofrimento no outro. A violência física aos poucos é substituída pela violência psicológica. Mas as estruturas perversas permanecem. Muitas empresas e instituições públicas ainda seguem este modelo hierárquico-militar-autoritário, no qual quanto mais alto o cargo mais poder tem o indivíduo, pois este poder é referendado pela sociedade, via instituição e cargo. Surge o grande perigo: o excesso de poder em cargos intermediários envaidece o homem ou a mulher. O orgulho cega, o autoritarismo é a marca da soberba de que tem a ilusão do poder. A violência moral, as humilhações, a intenção de prejudicar através de atos sistematizados e repetidos contra uma pessoa, que caracteriza o assédio moral, muitas vezes pode ser fruto deste excesso de poder, do autoritarismo da pessoa e da omissão da instituição.


Os homens passam, as instituições permanecem, por isso, a organização do trabalho deve estar sempre evoluindo em busca não só da produtividade e bom atendimento ao público, mas também oferecendo aos servidores condições para que o serviço seja realizado e garantir a saúde do trabalhador no ambiente de trabalho.


O poder de uma instituição como o Tribunal de Justiça de Minas Gerais - TJMG deve existir para que a vontade da sociedade prevaleça sobre a violação de nosso código social. Entretanto, no trabalho diário para alcançar os objetivos desejados, a tarefa e o relacionamento são o amalgama para um serviço bem realizado. Em cada equipe o chefe tem deve ser também um líder.


Estudos e pesquisas comprovam que “a força produtiva mais importante conhecida como força de trabalho, depende da estrutura psíquica do homem” (Wilhelm Reich). Constata-se que não adianta só chefiar, mandar, ordenar, tem de haver liderança. E como se forma um líder? É um talento nato? A liderança pode ser aprendida? O que é ser líder? Como ser líder? Estas são algumas perguntas e desafios tanto para as empresas, como para as instituições, e não adianta formulas mágicas, pois o ser humano é imprevisível, dinâmico, assim como o mundo do trabalho. Barreto, Heloani, Freitas, no livro Assédio Moral no Trabalho, comprovam por pesquisas acadêmicas e estudos científicos que “os gestores são responsáveis pela intervenção na organização do trabalho, modificando-a no sentido de torná-la menos indutora de violência e mais geradora de processos colaborativos”. Fica também a dica de James Hunter sobre liderança: “é a habilidade de fazer com que os outros façam as coisas de bom grado.”.


Arthur Lobato é psicólogo, integra a Comissão de Combate ao Assédio Moral do SINJUS MG.


ASSÉDIO MORAL: O ASSEDIADOR

Arthur Lobato*, psicólogo e pesquisador do assédio moral no trabalho


No assédio moral é sempre importante lembrar a questão da repetição, da sistematização, e da intencionalidade do ato de assediar. Estes três elementos, além da não aceitação da diferença do “outro”, comprovam o ato de assediar moralmente.


Geralmente o assédio é praticado por chefes ou subchefes, às vezes cumprindo “determinação superior”, ou seguindo um plano de metas impossível de ser alcançado, mas muitas vezes agindo por conta própria.


Além do assediador (aquele que exerce o assédio), alguém no grupo valida o assédio, ridicularizando a vítima, agindo “pelas costas”, referendando o discurso do assediador sobre a vítima, quase sempre uma pessoa competente ou questionadora. No entanto, pode acontecer o assédio moral entre grupos de funcionários que se unem em busca de poder e exclusão de outros funcionários.


O objetivo do assediador é desestabilizar psiquicamente, emocionalmente e profissionalmente um funcionário após um extenuante processo de assédio moral, transformando a vítima em alguém que se sinta incapaz, incompetente, desmotivado, o que justifica a demissão, perda do cargo de chefia, ou mudança de setor.


Na execução do assédio moral existe a ambivalência do discurso do assediador, sempre com duplo sentido, e a negação da verdade. As reprimendas são constantes assim como as múltiplas pequenas agressões, zombarias, sobrecarga de tarefas, sem que haja tempo hábil de executá-las ou retirada de tarefas e funções, e falta de condições materiais de trabalho (computador, mesa, telefone,...). As observações são sarcásticas, irônicas, cáusticas, há uma crítica sistemática do trabalho, recados e avisos não são repassados e muitas vezes como forma de humilhação há o desvio de função.


A vítima é vigiada, pressionada e aos poucos vai sendo isolada do grupo e do processo produtivo. Ridicularizada por aspectos subjetivos de sua personalidade, criando dúvidas e queda da auto-estima. Com a falta o apoio do grupo de trabalhadores é cada vez maior o isolamento da vítima. Pressionada, a vítima de assédio moral adoece. As faltas no serviço e licenças médicas servem como munição para o assédio continuar. Por outro lado, o assediador nega e deturpa os fatos, evidencia os erros, criando uma imagem de incompetência da vítima.


Na próxima edição trataremos do sofrimento psiquíco da vítima de assédio moral e a seguir as formas de defesa para quem é assediado.


* Psicólogo da comissão de combate ao assédio moral no Sinjus, Serjusmig e Sitraemg



Assédio Moral no serviço público

Confira na edição 126 do SERJUSMIG NOTÍCIAS, artigo do psicólogo Arthur Lobato, sobre o ASSÉDIO MORAL NO SERVIÇO PÚBLICO.


* Arthur Lobato


O trabalho no mundo globalizado, caracterizado por competitividade, individualismo e produtividade é campo fértil para disseminação de um dos grandes males para a saúde física e mental dos trabalhadores: o Assédio Moral.


Segundo Mary France Hirigoyen, uma das maiores estudiosas do assunto, o assédio moral é toda conduta abusiva e repetitiva, manifestada por comportamentos, palavras ou gestos, que possam trazer danos à dignidade, integridade física e psíquica de uma pessoa no ambiente de trabalho. O Assédio Moral se manifesta, por exemplo, quando o funcionário é sobrecarregado; retirado de suas funções, com tarefas que não condizem com seu cargo; é isolado e tem seu trabalho subestimado. Trata-se de uma prática autoritária, desumana, que adoece física e psicologicamente, incapacitando o assediado, até que ele peça demissão, ou, seja demitido por justa causa.


No serviço público, o assunto deve ser amplamente debatido, pois apesar da estabilidade, o assédio se apresenta de formas sutis: na avaliação de desempenho, nas promoções, no apostilamento, na obrigação de executar tarefas com prazos impossíveis de serem cumpridos. Perseguida, a vítima é frustrada na possibilidade de ascensão funcional, se acomoda ou cai em depressão, necessitando, muitas vezes de licenças médicas.


Quem já atendeu vítimas de assédio moral percebe, imediatamente, como o discurso racional está entrelaçado com o afeto. A palavra (significante) possui vários significados, remetendo a períodos de dor e frustração.O dano psicológico e emocional está avançado e, muitas vezes, são necessários muitos anos de acompanhamento psiquiátrico e psicológico para a superação deste processo de agressão psicológica.A vítima de assédio moral deseja mais do que tudo o resgate de sua dignidade.


Diante das conseqüências nocivas à saúde física e mental dos trabalhadores, o assédio moral tem sido motivo de preocupação de diversos setores da sociedade organizada. Para coibir esta prática são necessárias campanhas de esclarecimento sobre o que é o Assédio Moral em palestras, seminários e grupos de estudos. Além disso, é fundamental o fortalecimento e a união dos trabalhadores na denúncia dos abusos, dando visibilidade a essas práticas abusivas, pois a próxima vítima pode ser você.


SERJUSMIG-MG criou um grupo de estudos para debater, intervir e combater o Assédio Moral no serviço público.


Para isso, disponibilizou o email assediomoralnotjmg@yahoo.com.br , para denúncias, com sigilo absoluto, e um plantão de atendimento a vítimas de assédio moral, composto por psicólogo, advogado e sindicalista.


Somente unidos poderemos enfrentar este mal que assola a saúde dos trabalhadores.


*Arthur Lobato é psicólogo e pesquisador da questão do assédio moral


Artigo publicado no jornal SERJUSMIG NOTÍCIAS Nº 126, em março / abril de 2008


SERJUSMIG, NA LUTA EM DEFESA DOS DIREITOS DOS SERVIDORES


Veja nesta edição artigo do psicólogo Arthur Lobato sobre "Modalidades de Assédio Moral".
Em defesa da saúde e da qualidade de vida do servidor, o Serjusmig lidera frentes de batalhas e levanta a bandeira contra o Assédio Moral. 
Contra injustiças e perseguições, viaja o estado inteiro com seu corpo jurídico para defender os seus filiados em sindicâncias e processos administrativos.É o SERJUSMIG na defesa dos direitos e interesses dos servidores do judiciário mineiro!


MODALIDADES DE ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO 
* Arthur Lobato

O assédio moral afeta a integridade psíquica e física de uma pessoa, incapacitando-a para o trabalho, e é caracterizado por ataques sistemáticos repetitivos com a intenção de prejudicar. Em todo assédio moral existe a discriminação e não aceitação da diferença. Mas existem diversos tipos de assédio moral no trabalho.

O assédio moral vertical descendente é o mais comum. É aquele praticado pela chefia contra seu subalterno. Um gestor que constantemente desqualifica um servidor competente na avaliação de desempenho pode estar praticando assédio moral. Já o assédio moral vertical ascendente é quando algum subordinado pratica o assédio moral contra o chefe.

No serviço público, este tipo de assédio moral geralmente é exercido pelo grupo de servidores contra o gestor. Pode ser o caso do grupo que não aceita a nomeação de um novo gestor ou do grupo que se une contra o gerente por causa do excesso de rigor na avaliação de desempenho.

Uma avaliação de desempenho feita sem critérios, onde a nota máxima é dada para todos, pode trazer insatisfação de parte do grupo, que se revolta pelo benefício aos menos capacitados e a falta de valorização dos mais competentes.

Quando o assédio moral acontece entre colegas é chamado de assédio moral horizontal. Parte do grupo exerce o assédio contra outro grupo: mais novos contra os mais velhos; mais capacitados que almejam promoções e discriminam aqueles que consideram menos capacitados. Prática que causa danos a todos.

Em todo assédio moral há manipulação para se adquirir poder, sendo que a inveja, o ciúme e a rivalidade funcionam como combustível para o assédio moral.

O importante é perceber também a questão da vitimização - quando o servidor ou gestor utiliza-se de conceitos do assédio moral em benefício próprio ou para prejudicar outros, fazendo-se de vítima de assédio moral. Independentemente dos tipos de assédio, é necessário denunciar esta prática, pois todo processo de assédio moral, se não for impedido, pode causar danos irreversíveis à saúde do trabalhador, prejudicando o ambiente de trabalho como um todo.

Canal de denúncias contra a prática do assédio moral:assediomoralnotjmg@yahoo.com.br

* Arthur Lobato é psicólogo e coordenador de grupos de combate ao assédio moral no trabalho


Publicado no SERJUSMIG NOTÍCIAS edição 127, de julho de 2008


ASSÉDIO MORAL: O ASSEDIADOR



Arthur Lobato*, psicólogo e pesquisador do assédio moral no trabalho


No assédio moral é sempre importante lembrar a questão da repetição, da sistematização, e da intencionalidade do ato de assediar. Estes três elementos, além da não aceitação da diferença do “outro”, comprovam o ato de assediar moralmente.


Geralmente o assédio é praticado por chefes ou subchefes, às vezes cumprindo “determinação superior”, ou seguindo um plano de metas impossível de ser alcançado, mas muitas vezes agindo por conta própria.


Além do assediador (aquele que exerce o assédio), alguém no grupo valida o assédio, ridicularizando a vítima, agindo “pelas costas”, referendando o discurso do assediador sobre a vítima, quase sempre uma pessoa competente ou questionadora. No entanto, pode acontecer o assédio moral entre grupos de funcionários que se unem em busca de poder e exclusão de outros funcionários.


O objetivo do assediador é desestabilizar psiquicamente, emocionalmente e profissionalmente um funcionário após um extenuante processo de assédio moral, transformando a vítima em alguém que se sinta incapaz, incompetente, desmotivado, o que justifica a demissão, perda do cargo de chefia, ou mudança de setor.


Na execução do assédio moral existe a ambivalência do discurso do assediador, sempre com duplo sentido, e a negação da verdade. As reprimendas são constantes assim como as múltiplas pequenas agressões, zombarias, sobrecarga de tarefas, sem que haja tempo hábil de executá-las ou retirada de tarefas e funções, e falta de condições materiais de trabalho (computador, mesa, telefone,...). As observações são sarcásticas, irônicas, cáusticas, há uma crítica sistemática do trabalho, recados e avisos não são repassados e muitas vezes como forma de humilhação há o desvio de função.


A vítima é vigiada, pressionada e aos poucos vai sendo isolada do grupo e do processo produtivo. Ridicularizada por aspectos subjetivos de sua personalidade, criando dúvidas e queda da auto-estima. Com a falta o apoio do grupo de trabalhadores é cada vez maior o isolamento da vítima. Pressionada, a vítima de assédio moral adoece. As faltas no serviço e licenças médicas servem como munição para o assédio continuar. Por outro lado, o assediador nega e deturpa os fatos, evidencia os erros, criando uma imagem de incompetência da vítima.


Na próxima edição trataremos do sofrimento psiquíco da vítima de assédio moral e a seguir as formas de defesa para quem é assediado.


* Psicólogo da comissão de combate ao assédio moral no Sinjus, Serjusmig e Sitraemg




Trabalho da Comissão de Combate ao Assédio Moral SERJUSMIG/Sinjus é apresentado no Fórum Social Mundial


A doutora Margarida Barreto, o professor José Roberto Heloani e o psicólogo e jornalista, Arthur Lobato, durante painel sobre Assédio Moral no FSM

O jornalista e psicólogo, Arthur Lobato, membro da Comissão de Combate ao Assédio Moral, constituída pelos sindicatos SERJUSMIG e Sinjus, participou das discussões do Fórum Social Mundial, na cidade de Belém/PA, tratando sobre a saúde psíquica do trabalhador.

O evento, que aconteceu de 27 de janeiro a 1º de fevereiro, reuniu cerca de 100 mil pessoas de mais de 150 países, todos sob a mesma perspectiva: a construção de uma
outra sociedade, onde a exploração do mercado e a opressão das diversidades sejam superadas.

No dia 31, no painel sobre “Os impactos e as atuais transformações do trabalho à Saúde Psíquica dos trabalhadores e as violações dos direitos humanos no trabalho”, Arthur Lobato falou aos participantes sobre as atividades desenvolvidas pelos Sindicatos (SERJUSMIG/Sinjus) no combate ao Assédio Moral no serviço público mineiro, tais como: campanha de esclarecimento sobre o tema, produção de cartilhas, elaboração de projeto de Lei Estadual e o plantão realizado pelas entidades para atendimento ao servidor assediado.

O painel foi coordenado por duas autoridades no tema Assédio Moral no trabalho: a doutora Margarida Barreto (PUC/SP), destaque
por seus trabalhos de pesquisas envolvendo o assunto, publicações de livros e desenvolvimento do site www.assediomoral.com.br, e o professor José Roberto Heloani
(Unicamp/FGV).

O SERJUSMIG foi representado no Fórum pelo psicólogo, Arthur Lobato, já que compromissos junto ao TJMG e outros órgãos inviabilizaram a ida de membros
da diretoria do Sindicato.

O SERJUSMIG apóia e acredita na importância do Fórum Social Mundial (FSM) na medida em que possibilita um espaço aberto - plural,diversificado, não-governamental e não-partidário-, que estimula o debate, a reflexão, a formulação de propostas, a troca de experiências e a articulação entre organizações e movimentos engajados em ações concretas, pela construção de um outro mundo, mais solidário, democrático e justo.

Publicado no jornal SERJUSMIG NOTÍCIAS Nº 130


Projeto de Lei sobre o Assédio Moral


A prática do Assédio Moral no âmbito da administração pública no Estado de Minas Gerais agora terá punição prevista em Lei. Isso por que, o Governador encaminhou mensagem à ALMG, no final de setembro, dispondo sobre a matéria.


O PL nº54/09 trata, dentre outras coisas, sobre as características do Assédio, os agentes sujeitos à punição, as penalidades em caso de comprovação do Assédio e as medidas preventivas de iniciativa da Administração dos Poderes do Estado com a participação de representantes das entidades sindicais. (Acompanhe a tramitação do PL no site www.serjusmig.org.br)


O projeto, que representa uma importante conquista dos servidores públicos mineiros, é fruto de um intenso trabalho das entidades representativas dos servidores, incluindo o SERJUSMIG.


Atuação da Comissão de Combate ao Assédio Moral 


Há vários meses, o SERJUSMIG, através do Comitê de Combate ao Assédio Moral, integrado pelos sindicatos SERJUSMIG/Sinjus, o psicólogo Arthur Lobato e advogados das duas entidades, vem trabalhando intensamente junto às autoridades públicas do Estado, no sentindo de buscar instituir medidas preventivas de combate ao Assédio, bem como a elaboração de projeto de lei tratando da matéria.


Primeiramente, a Comissão iniciou um trabalho junto ao TJMG, defendendo a abordagem do tema dentro da Instituição,durante palestras e treinamentos, de forma a prevenir e combater o Assédio Moral. Para tal, reuniu-se por várias vezes com técnicos da Ejef e equipes da área de saúde do Tribunal.


Assim, a Comissão após um longo trabalho de convencimento, conseguiu que o Tribunal discutisse o assunto junto aos seus servidores, magistrados e desembargadores. Uma demonstração recente de avanço foi a apresentação da professora Lydia Guevara em um evento promovido pela Ejef, onde esta abordou o Assédio Moral no serviço público.


Paralelamente, a Comissão veio atuando na esfera legislativa e executiva, através da união a outras entidades representativas dos servidores públicos de Minas (Intersindical) na elaboração de uma minuta de projeto de lei a ser apresentada ao Executivo para envio à ALMG.


Este esforço foi coroado com êxito, por meio da distribuição do PL nº54/09, na ALMG, em setembro deste ano. Agora é imprescindível que os servidores acompanhem a tramitação do projeto e encaminhe e-mails aos parlamentares pedindo a aprovação do PL da forma como elaborado pelas entidades sindicais.


Publicado no Serjusmig Notícias 134 - Outubro 2009