domingo, 7 de maio de 2023

http://www.sitraemg.org.br/sitraemg-promove-seminario-saude-do-trabalhador-e-assedio-moral-no-sabado-29-de-abril/

 






Dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST) apontam que, somente em 2021, foram ajuizados, na Justiça do Trabalho, mais de 52 mil casos relacionados a assédio moral e mais de três mil relativos a assédio sexual em todo o país, reforçando a grave situação do trabalhador brasileiro. 

No Brasil, 2 de Maio marca o Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral, um dos maiores desafios dos sindicatos no país, importante bandeira do SERJUSMIG. Após o artigo abaixo, saiba mais sobre o trabalho de acolhimento à vítima de assédio moral oferecido pelo Sindicato. 

O psicólogo especialista Arthur Lobato, membro do Núcleo de saúde do SERJUSMIG, elaborou artigo especial sobre o tema:

 

Dia 2 de Maio: Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral

No dia de hoje gostaria de fazer uma homenagem a Margarida Barreto, pioneira no Brasil da pesquisa sobre assédio moral no trabalho, tema que dedicou parte de sua vida. 

Margarida Barreto faleceu no dia 3 de março de 2022, mas deixou suas ideias em livros, artigos, vídeos, “lives” e palestras, que realizou em sindicatos, congressos e seminários, no Brasil e no exterior, e também, no coração de todos nós que a conheceram e tiveram a oportunidade de conviver com esta guerreira incansável em sua luta em prol da classe trabalhadora. 

O assédio moral no trabalho é um problema grave que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Infelizmente, muitos trabalhadores ainda são vítimas de comportamentos abusivos por parte de colegas, superiores ou até mesmo de clientes. Barreto é uma das principais referências no estudo do assédio moral no Brasil e sua pesquisa tem ajudado a conscientizar a população, empresas, instituições públicas e sindicatos sobre a importância de criar ambientes de trabalho saudáveis e respeitosos.

Margarida Barreto era médica, professora de Psicologia Social,  Doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC/SP; entre tantos títulos e atividades laborais, sempre em prol da classe trabalhadora.

No início dos anos 1990, começou a trabalhar no Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Química, Plásticos e Cosméticos de São Paulo e no Sindicato dos Bancários de São Paulo. Lá, atendendo trabalhadores da produção de diferentes multinacionais, ela começou a ouvir histórias de dor e sofrimento, que a levaram a fazer mestrado e doutorado em Psicologia Social, com o objetivo de entender o que ouvia e se recusar a banalizar a escuta.

Dessa escuta ativa surgiu o título de sua dissertação: “Uma jornada de humilhações” defendida em 2000. Entre os objetivos de sua luta está a necessidade de esclarecer o conceito de assédio moral e compreender as múltiplas determinações e dimensões do significado da violência moral no Brasil.

Vamos relembrar o conceito de assédio moral, publicado em seu último livro em parceria com o professor doutor Roberto Heloani “Assédio Moral, gestão por humilhação”:

“Assédio moral é uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que ocorre no meio ambiente laboral, cuja causalidade se relaciona com as formas de organizar o trabalho e a cultura organizacional, que visa humilhar e desqualificar um indivíduo ou um grupo, degradando as suas condições de trabalho, atingindo a sua dignidade e colocando em risco a sua integridade pessoal e profissional.“  (Barreto; Heloani, 2018).

Em 2000, Barreto fundou o grupo de pesquisa Assédio Moral no Trabalho: Saúde, Direitos e Justiça, que se tornou referência no assunto no Brasil. Desde então, ela tem publicado diversos artigos e livros sobre o tema e também tem sido convidada a palestrar em eventos nacionais e internacionais.

Descobriu, em maio de 2000, que na França havia uma pessoa que, a partir de experiências diferentes da sua, escrevia sobre o mesmo assunto e chegava a conclusões semelhantes: era Marie-France Hirigoyen, pesquisadora francesa e também pioneira nos estudos sobre assédio moral, e elas estabeleceram contato.

Além de seu trabalho acadêmico, Barreto também atuou como consultora em sindicatos e órgãos públicos, ajudando a implementar políticas de prevenção ao assédio moral e a capacitar trabalhadores e sindicalistas para lidar com o problema.

Em 2011, circunstancialmente, foi possível dar mais um passo na consolidação das ideias de Margarida Barreto, desde que foi anunciado o I Congresso Ibero-americano sobre Assédio Laboral e Institucional, realizado de 6 a 8 de julho de 2011, na Escola Nacional de Antropologia e História da Cidade do México. Na sessão de encerramento, concordou em criar a Rede Iberoamericana para a Dignidade no Trabalho e nas Organizações.

Foram as discussões e reclamações dos trabalhadores que forçaram e facilitaram a inclusão do tema assédio moral no ambiente de trabalho, na pauta de diversos Sindicatos pelo país, assim como em outros espaços sociais. A partir deles, pôde compreender as múltiplas determinações e dimensões do significado da violência moral.

Entre suas atividades essenciais, destaca-se a promoção de reuniões, seminários, workshops, relatórios individuais, criação de grupos interinstitucionais, conferências, congressos, reuniões, publicações periódicas, cursos, consultoria de empregos, etc. Da mesma forma, incentivou a realização de pesquisas, escreveu alguns livros, capítulos de livros, artigos, apresentações e outros materiais, de modo que até hoje se tornaram comuns as referências ao tema do assédio moral no trabalho.

Promoveu a criação de grupos de trabalhadores de diferentes instituições, com o objetivo de funcionarem como grupo de apoio aos humilhados, pois sabe-se que necessitam de apoio, ombro amigo, compreensão e solidariedade. Nesse sentido, recomenda não esquecer essa dimensão do acolhimento, pois sempre haverá alguém que precisa expressar suas dúvidas, angústias e desesperos. Na composição do grupo, ressalta, deve haver a participação de profissionais de diversas especialidades.

Neste sentido, importa referir os workshops que realizava com as vítimas, onde consegue a concordância dos seus conhecimentos de medicina, psicologia social e direito do trabalho, com o objetivo de que os participantes identifiquem, reconheçam, libertem a situação que foi gerado para eles e, em prol de seu bem-estar, buscar alternativas para recuperar sua saúde socioemocional.

Por isso, é fundamental que empresas e órgãos públicos sejam responsáveis por garantir ambientes de trabalho seguros e saudáveis para seus funcionários. O trabalho de Margarida Barreto é um importante aliado nesse sentido, pois ajuda a promover a conscientização sobre o assédio moral e a orientar as empresas e instituições públicas sobre como prevenir e combater esse problema e a criar ambientes de trabalho mais saudáveis e respeitosos.

Segundo Elias Garcia, pesquisador e professor, mexicano “A vida e obra  de Margarida , amplamente conhecida no meio acadêmico e, sobretudo, no campo da luta pela dignidade no trabalho e em organizações de trabalhadores, inicialmente, pode ser resumida na seguinte frase: Aos trabalhadores: por vocês, para vocês e com vocês, sempre.

Arthur Lobato
Psicólogo/saúde do trabalhador
Núcleo de saúde do SERJUSMIG.

Colaboração: Dr. Elias Garcia Rosas
Professor e pesquisador da Faculdade de Ciências do Comportamento da Universidade Autônoma do Estado do México.

 

SERJUSMIG oferece Núcleo especializado para seus associados

Comprometido com o servidor, o SERJUSMIG oferece acolhimento e atendimento multidisciplinar às pessoas que se encontram em situação de assédio moral, sofrimento ou adoecimento no ambiente de trabalho. 

A assessoria apresenta orientações individualizadas sobre os direitos dos servidores e como utilizá-los para se defender ou melhorar as relações de trabalho. Em caso de eventual denúncia de assédio moral, o SERJUSMIG acompanha o caso junto à Comissão Paritária instituída pelo TJMG. 

Sendo necessário, psicólogos especializados realizam acolhimento imediato, buscando entender a situação de sofrimento do servidor ou servidora. Junto ao associado e outros profissionais da área, os psicólogos traçam estratégias que possibilitem o fim da situação vivenciada. 

Se for preciso adotar medidas judiciais, após avaliação dos profissionais, o servidor será encaminhado para a assistência jurídica, junto ao departamento responsável no Sindicato.

Para mais informações, entre em contato com Raquel, pelo telefone (31) 3025-3516, ou pelo e-mail asses.diretoria@serjusmig.org.br

 

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SERJUSMIG :: Assédio Moral: Dia 2 de Maio marca o combate à violência contra o trabalhador em todo o país

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