sexta-feira, 22 de abril de 2011

Mandar ou liderar?

James Hunter e o psicólogo
Arthur Lobato.
*Arthur Lobato

O sociólogo Max Weber define o poder “como uma faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade”. Direito e poder são sinônimos de faculdade. O triunfo de uma vontade sobre outra vontade, pode ser analisado sob diversos ângulos: através do convencimento, do diálogo, da persuasão, da sedução, do logro, da violência. Na escravidão pela violência, pela força, o forte domina e escraviza o mais fraco. Cria-se uma relação de dominador e dominado. Para aumentar o domínio, ocorre disciplina, hierarquia, poder. Há nesta relação, pessoas violentas, sádicas, perversas, que tem prazer em infligir sofrimento no outro. A violência física aos poucos é substituída pela violência psicológica. Mas as estruturas perversas permanecem. 

Muitas empresas e instituições públicas ainda seguem este modelo hierárquico-militar-autoritário, no qual quanto mais alto o cargo mais poder tem o indivíduo, pois este poder é referendado pela sociedade, via instituição e cargo. Surge o grande perigo: o excesso de poder em cargos intermediários envaidece o homem ou a mulher. O orgulho cega, o autoritarismo é a marca da soberba de que tem a ilusão do poder. A violência moral, as humilhações, a intenção de prejudicar através de atos sistematizados e repetidos contra uma pessoa, que caracteriza o assédio moral, muitas vezes pode ser fruto deste excesso de poder, do autoritarismo da pessoa e da omissão da instituição.

Os homens passam, as instituições permanecem, por isso, a organização do trabalho deve estar sempre evoluindo em busca não só da produtividade e bom atendimento ao público, mas também oferecendo aos servidores condições para que o serviço seja realizado e garantir a saúde do trabalhador no ambiente de trabalho.

O poder de uma instituição como o Tribunal de Justiça de Minas Gerais - TJMG deve existir para que a vontade da sociedade prevaleça sobre a violação de nosso código social. Entretanto, no trabalho diário para alcançar os objetivos desejados, a tarefa e o relacionamento são o amalgama para um serviço bem realizado. Em cada equipe o chefe tem deve ser também um líder.

Estudos e pesquisas comprovam que “a força produtiva mais importante conhecida como força de trabalho, depende da estrutura psíquica do homem” (Wilhelm Reich). Constata-se que não adianta só chefiar, mandar, ordenar, tem de haver liderança. E como se forma um líder? É um talento nato? A liderança pode ser aprendida? O que é ser líder? Como ser líder? Estas são algumas perguntas e desafios tanto para as empresas, como para as instituições, e não adianta formulas mágicas, pois o ser humano é imprevisível, dinâmico, assim como o mundo do trabalho. Barreto, Heloani, Freitas, no livro Assédio Moral no Trabalho, comprovam por pesquisas acadêmicas e estudos científicos que “os gestores são responsáveis pela intervenção na organização do trabalho, modificando-a no sentido de torná-la menos indutora de violência e mais geradora de processos colaborativos”. Fica também a dica de James Hunter sobre liderança: “é a habilidade de fazer com que os outros façam as coisas de bom grado.”.

Arthur Lobato é psicólogo, integra a Comissão de Combate ao Assédio Moral do SINJUS MG.

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