quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Sobre o medo da morte

É preciso saber lidar com as adversidades e a grande adversária da vida é a morte. O medo da morte é a raiz da nossa crise existencial, mas pode nos levar a ter uma existência significativa.
Por Arthur Lobato - psicólogo

Precisamos saber lidar com a adversidade e a grande adversária que a vida nos reserva é a morte. Este medo da morte é a raiz da nossa crise existencial. Este medo paralisante é encoberto em nossa sociedade por atividades como o trabalho, o consumo, os passatempos. Muitas vezes, é sublimado pela arte e religião. No entanto, segue como um mal-estar permanente.
Este mal estar que Freud chama de pulsão de morte e o filósofo Kierkegaard, de desespero humano, significa o encontro da consciência com a morte, sendo vista como uma realidade inevitável. O filósofo Karl Jasper afirmava que a morte é  a única experiência que não pode ser vivenciada pelo indivíduo, pois apenas pode-se refletir sobre ela a partir da realidade da morte do outro. Assim, pela lógica da razão, sabe-se que “ eu sou homem e todo homem é mortal. Logo eu também vou morrer”. Daí vem a crise existencial, a angústia insuportável, que se manifesta no mal-estar consigo mesmo/a e com os outros.
Não somos eternos e nem insubstituíveis
Nosso processo mental é regido pelas relações sociais, familiares, pela genética, pelo país em que se nasce, pela cultura, normas, leis e tabus. É nessa interação entre indivíduo, seu semelhante, sua sociedade e sua cultura, que surge o sujeito pensante, a razão e emoção. Pensar e ter consciência de nossa finitude é também o que nos move para a ação.



É o que nos levar a viver a vida, a entender que não somos eternos nem insubstituíveis. Aliás, há um ditado que diz que “o cemitério está cheio de pessoas que  eram insubstituíveis”,  mas que no outro dia após a morte já havia alguém ocupando seu posto no trabalho ou na sociedade. Se quem morre é um homem que ocupa um cargo público importante, por exemplo, logo ele será substituído por um suplente.
Como dizia Freud, somos definidos enquanto sujeito pela forma como lidamos com nossas pulsões, tanto as pulsões de vida quanto as de morte. E para lidar com elas, temos que nos relacionar com o mundo e com nossos semelhantes.
A certeza da nossa finitude deveria nos fazer sempre questionar a forma em que vivemos. Deveria nos ajudar a dar um basta quando somos obrigado a ser um ator social, representando um personagem que é falso. Quando agimos no trabalho obedecendo ordens absurdas, dizendo sempre “sim senhor”. Quando nosso potencial não está sendo bem aproveitado e mesmo assim continuamos levando uma vida desmotivadora, convivendo com fatores que geram tristeza, desanimo, melancolia. Quando somos pressionados a ser alguém que não queremos ser, simplesmente para sobreviver. Por mais que pense, esforce ou batalhe, não há nenhuma expectativa de melhora. Por isso, procura-se manter a imagem, a família, o emprego, mesmo não estando satisfeito ou feliz, e aos poucos, o desanimo, a frustração constante pode evoluir para um quadro depressivo.
Por isso, se você deseja levar uma vida mais satisfatória, com mais significado, e percebe que não está sendo capaz de encontrar seu caminho sozinho, talvez seja o momento de procurar um psicólogo para enfrentar suas questões.
Artigo escrito pelo psicólogo Arthur Lobato, que também realiza  atendimento online, licenciado pelo Conselho Federal de Psicologia 
Fotos: MundoPsicologos.com

Nenhum comentário: