fotografias: Taís Ferreira
Arthur Lobato (psicólogo), Roberto Heloani (professor) Sônia Peres (SITRAEMG), Robert França (SINJUS)
Roberto Heloani (professor) Sônia Peres (SITRAEMG), Robert França (SINJUS-MG)
Sônia Peres (SITRAEMG), Rui Viana (SERJUSMIG), Robert França (SINJUS-MG), Roberto Heloani (professor), Arthur Lobato (psicólogo), Leonardo Militão (advogado), Adriana Martini (advogada)
O primeiro passo a ser seguido no enfrentamento ao assédio moral é discutir o problema de forma aberta, o segundo é fortalecer essa discussão no âmbito das entidades representativas dos trabalhadores e o terceiro é buscar as soluções para os casos de assédio de forma coletiva, jamais individualmente.
As sugestões foram apresentadas por um dos maiores especialistas no assunto, o psicólogo e bacharel em Direito José Roberto Heloani, professor da Universidade de Campinas e da Fundação Getúlio Vargas, em palestra proferida na última quinta-feira, 26, no auditório do SITRAEMG. Em discussão, um tema dos mais instigantes: o “Combate ao assédio moral na administração pública”.
Segundo Heloani, o assédio moral no trabalho era mais freqüente na iniciativa privada. Porém, vem crescendo acentuadamente também no serviço público, seguindo o primeiro modelo, marcado pela competitividade desenfreada. E ao contrário do que muitos pensam, alertou o palestrante, o assédio no serviço público é mais brutal do que na iniciativa privada, pois, no segundo caso, a perseguição ao trabalhador poderá se dar através da demissão. No serviço público, o assediador vai minando aos poucos o assediado, até deixá-lo em “frangalhos”. Humilhada, deprimida, a vítima busca uma válvula de escape no alcoolismo, no uso de drogas e, em situação de extremo desespero, no suicídio.
Cartilha
O auditório do SITRAEMG ficou completamente lotado por servidores dos Judiciários Federal e Estadual, que compareceram para acompanhar o evento promovido, em parceria, pelo SITRAEMG, Sinjus-MG e Serjusmig. Além de seus respectivos diretores, esteve presente o psicólogo e jornalista Arthur Lobato, que é membro das Comissões de Assédio Moral das três entidades.
A presidente Sônia Peres lembrou que foi a segunda vez, nesta gestão, que o tema assédio moral foi discutido no Sindicato. A primeira foi durante o Segundo Encontro Eleitoral Estadual, realizado no ano passado. Destacou, ainda, o trabalho da Comissão de Assédio Moral constituída pelo Sindicato, e abordagem do assunto em edição especial do programa “Conexão Solidária”, que é produzido pelo SITRAEMG e exibido pela TV Comunitária (a cabo). Durante o evento, foram distribuídos exemplares de cartilha sobre assédio moral publicada pelo Sindjus-MG e Serjusmig.
Diferença
O assédio moral no trabalho, afirmou o professor José Roberto Heloani, pode ter origens diversas. A inveja e o preconceito são apenas alguns exemplos. As mulheres na faixa de 35 anos, descasadas e com filhos, são um dos alvos preferidos dos assediadores, pois, nessas condições, não podem sequer pensar em perder o emprego. Mas, por outro lado, as mulheres de modo geral, pelo menos, procuram minimizar o sofrimento dividindo o problema com pessoas de sua confiança. O homem, normalmente propenso a se sentir atingido em sua virilidade, busca ajuda somente quando já se encontra em frangalhos.
Ele apontou duas diferenças básicas entre o assédio moral e o assédio sexual. Primeiro, no caso do assédio sexual, o assediador ou assediadora deseja o assediado; no assédio moral, quer destruir a vítima. Também em termos legais, no Brasil, a punição para os casos de assédio sexual está prevista em lei, através do Código Penal; para os casos de assédio moral, somente em algumas em leis municipais em pouquíssimas cidades pelo país. Informou, porém, que tramitam já algum tempo no Congresso Nacional, mas ainda em fase de discussão, cerca de 14 projetos de lei prevendo essa punição em âmbito nacional.
Assédio ascendente
O assédio, em sua ampla maioria, ocorre de forma descendente, vertical, das chefias sobre os subordinados. Mas ele se verifica, também, de forma horizontal, entre os próprios colegas do mesmo nível funcional. Mas, o que mais chamou a atenção dos participantes da palestra da última quinta feira foi a informação do professor José Roberto Heloani sobre a existência do assédio ascendente. Nesse caso, o subordinado, temendo que o novo chefe se torne autoritário, perseguidor, começa a miná-lo no ambiente de trabalho, até ridicularizá-lo e derrubá-lo do posto conquistado. Esse tipo de assédio ocorre ainda em situações muito raras, mas reflete a angústia e o grau de tensão vivido nos locais de trabalho.
Para o professor, a ação dos pretensos assediadores pode ser eliminada ou rechaçada se os trabalhadores procurarem se organizar e se fortalecerem no próprio ambiente de trabalho. E o jornalista e psicólogo Arthur Lobato, reforçando essa sugestão, conclamou os trabalhadores da iniciativa pública e privada a se unirem aos seus sindicatos para, juntos, mudarem a estrutura arcaica nas relações de trabalho que ainda persistem no país.
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Publicado no site do SITRAEMG em 27-06-2008
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