* Arthur Lobato
Nunca devemos esquecer que em todo assédio moral há um problema com relação à não aceitação do outro. Há a intencionalidade de prejudicar. As agressões são sistematizadas, as humilhações são constantes. O assédio é realizado pelo assediador de forma dúbia, maliciosa, sempre negando a verdade. A vítima é ridicularizada por aspectos subjetivos de sua personalidade criando dúvidas, as quais atuam no psicológico e no emocional, afetando sua integridade e dignidade. Existe um objetivo - transformar a vítima em alguém que se sinta incapaz, desmotivado -, o que justifica o afastamento do trabalho, a mudança do setor e até mesmo a aposentadoria antecipada.
O assédio moral é um processo realizado ao longo do tempo, e não termina quando o servidor sai do trabalho. Aquele mal estar, as dúvidas criam pensamentos obsessivos, e, mesmo em casa, a vítima de assédio moral não consegue esquecer as humilhações, as perseguições e a violência moral, que não deixa marcas visíveis, mas, causam dor, choro, depressão, ansiedade, revolta, sinais de que algo está errado.
Sonhar com situações que envolvem o cotidiano do trabalho também é indício do estresse. O sono em vez de ser um repouso é mais um fator de fadiga. A qualidade de vida dessa pessoa vai caindo a cada dia. É preciso muita compreensão dos familiares e apoio dos amigos, pois a vítima tem uma tendência a se isolar, envergonha-se do que esta acontecendo, sente-se culpada sem saber porquê, e não divide seus pensamentos e sentimentos, o que agrava o mal estar. Por tudo isso, é importante a denúncia, e a solidariedade dos trabalhadores para impedir que este mal se alastre.
Arthur Lobato é psicólogo e pesquisador do assédio moral no trabalho e membro da Comissão de Combate ao Assédio SINJUS/Serjusmig
Publicado no jornal Expressão Sinjus nº 166 - 7 de agosto / 2008
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