quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Organização do trabalho gera assédio moral, diz pesquisador da Unicamp


O assédio moral não é um problema individual; é coletivo. E tem como origem a organização do trabalho. A afirmação é do professor Roberto Heloani, pesquisador da Unicamp e FGV/SP, durante debate sobre o tema na sede do Sindicato, no último dia 26. A responsabilidade pela prática de assédio moral, segundo Heloani, é única e exclusivamente do empregador, que contrata, promove e impõe metas inatingíveis.

O pesquisador admite a existência de pessoas com índole perversa no ambiente de trabalho, porém trata-se de uma minoria. Essa conduta, destaca Heloani, é propiciada, desenvolvida pela própria organização do trabalho, que possibilita também qu e a pessoa se torne um candidato a assediador ou assediado. Em relação aos conflitos no ambiente de trabalho, Heloani disse que onde tem gente, tem conflito. Ou seja, algo normal no ambiente de trabalho. O gestor, se quiser, pode intermediar e resolver os conflitos, mas alguns não querem resolver nada e, sim, destruir a vítima.
O pesquisador pontua algumas situações que aumentam a vulnerabilidade organizacional para a incidência de assédio moral: 1) gestor que não tem capacidade e se impõe aos empregados através do medo; 2) promoções que não são feitas de uma maneira transparente (aumenta os casos de assédio entre os colegas devido a competição); 3) assédio de baixo para cima com o boicote de funcionários a gestores; e 4) assédio misto: os próprios colegas incorporando como verdade as injustiças praticadas pelo assediador. E recomenda: a) nunca conversar com o assediador em particular; e b) não mostrar fragilidade permitindo brincadeiras de mau gosto (exemplo, apelidos).

Para o diretor de Saúde do Sindicato, Gustavo Frias, “a exposição do professor Heloani foi esclarecedora, profunda e nos deu mais subsídios. A prática do assédio moral é nociva e deve ser combatida, denunciada. Só assim é possível mudar o ambiente de trabalho”. O evento contou ainda c om a participação do secretário de
Saúde da Contraf-CUT, Plínio Pavão, e do advogado  do Sindicato, Fernando Hirsch.


De: Rede Nacional de Combate a Violência Moral no Trabalho

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