Marie-France
Hirigoyen (pesquisadora francesa, psiquiatra, psicanalista) afirmou que
na origem do sofrimento no trabalho está o isolamento das pessoas, o
medo, a insegurança, a falta de reconhecimento e respeito, e, a perda do
sentido. No entanto, com relação aos efeitos do assédio moral sobre a
saúde do trabalhador, o assédio moral não pode ser confundido com a
“síndrome de burnout”, quando há um esgotamento emocional, físico e
psíquico de pessoas muito envolvidas com o trabalho.
Três
elementos são essenciais no assédio moral: o agressor, o alvo (vítima),
e o contexto que permite que o assédio aconteça (organização do
trabalho). Por isso, só se muda o ambiente de trabalho, se a instituição
estiver envolvida na mudança.
Apesar
de as agressões serem sutis e direcionadas a uma pessoa, Marie-France
Hirigoyen - uma das maiores pesquisadoras do tema no mundo -, destacou 4
categorias
de análise com relação aos atos hostis de assediar o outro:
- atitudes que geram isolamento e recusa de comunicação,
- atitudes que deterioram as condições de trabalho,
- atitudes contra a dignidade,
- violência verbal ou física.
O
objetivo do assédio moral é se livrar de alguém. E, o adoecer é causado
pela humilhação e degradação da vítima frente a pequenos ataques
difíceis de serem identificados. A desumanização da relação com o outro
causa perda da motivação e o assédio persiste no tempo, já que as
injúrias e humilhações não são esquecidas. Portanto, o assédio moral é
um atentado à dignidade e autoestima das pessoas, sendo que, a vítima
continua buscando respostas. - Por que estão fazendo isso comigo? - O
que esta acontecendo? Já que existe uma recusa da comunicação
e ambivalência no discurso do assediador.
Quando
há diálogo, há explicações, e isto, ajuda a superar o problema, mas
quando a vítima não entende o que aconteceu, não sabe o que fazer. É
isto o que adoece: a recusa da alteridade do outro. Enquanto a inveja e o
ciúme são os motivos do assediador, a culpa e a vergonha são os
sintomas do assediado. No assédio moral há uma dominação unilateral, o
que constitui o problema não é nomeado, e visa imobilizar a pessoa a fim
de eliminá-la.
Quando
a violência é “naturalizada” ela é menos visível. Por isso, é
essencial inserir a prevenção ao assédio moral nos riscos profissionais,
já que na prevenção primária busca-se reduzir riscos e consequências,
repensando a organização do trabalho. Na prevenção secundária busca-se a
erradicação do problema. E, na prevenção terciária o acompanhamento do
indivíduo com sofrimento, pois, é necessário reintroduzi-lo em sua
dimensão humana.
O
SINJUS-MG, espera que com o início das atividades das comissões
paritárias do TJMG e TJM, possamos avançar na luta contra o assédio
moral, em prol da dignidade e da dimensão humana, contra métodos de
gestão que causam o adoecer do trabalhador.
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Publicado no site http://www.sinjus.com.br/ |
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