terça-feira, 26 de março de 2013

AUDIÊNCIA HISTÓRICA: Comissão de Direitos Humanos apoia causa dos Policiais Federais em Minas Gerais

Publicado em: http://www.sinpefmg.org.br/
 
Comissão levará casos de assédio moral também à Comissão Nacional da Verdade e à Câmara dos Deputados.

 
Aconteceu na quarta-feira, dia 27 de fevereiro, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, uma Audiência Pública para esclarecer denúncias de Assédio Moral e violação do Direito de Greve, cometidos pela Administração da Polícia Federal em Minas Gerais.
 
 
Além dos representantes do SINPEF/MG, estiveram presentes o Deputado Estadual, Sargento Rodrigues, o Presidente e Vice-Presidente da Comissão de Direitos Humanos, os Deputados Durval Ângelo e Rômulo Viegas, o Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG, William dos Santos, a Promotora de Justiça, Nívea Mônica da Silva, o Psicólogo, Arthur Lobato, e o Presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Minas Gerais, Denilson Martins.
 
 
 
Nenhum representante da administração da Superintendência da Polícia Federal em Minas Gerais, convidados pela Comissão de Direitos Humanos da ALMG, compareceu à audiência.

 
A audiência foi presidida pelo Deputado Durval Ângelo, representando a Comissão, e durante as 03 horas de explanações feitas por servidores da PF e representantes de órgãos do estado foram constatados casos de assédio moral e retaliação ao movimento grevista, realizado pelos policiais no período de 07/08/2012 a 14/10/2012.
 
 
 
 
As situações que foram examinadas na Audiência Pública configuram, em tese, violações às Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança Pública, objeto da Portaria Interministerial Nº 2 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e do Ministério da Justiça.
 
Segundo o Deputado Sargento Rodrigues, o Poder Judiciário considerou legal a greve nacional dos policiais federais realizada no final do ano passado. “Nós não vamos nos calar. Temos que mostrar que o tratamento humilhante e degradante que os policiais grevistas têm recebido é assédio moral. A Assembleia não vai ficar parada e levará essas denúncias ao Governo Federal, à Defensoria Pública da União e ao Ministério Público Federal”. Ele lembrou também que é o autor da Lei Complementar 116, de 2011, que tipificou o assédio moral na administração pública estadual. “O administrador público tem que lembrar que policiais também têm os direitos violados”.
 
 
Deputado Sargento Rodrigues
 

O Presidente do SINPEF/MG, Rodrigo Porto, pontuou algumas das diversas situações em que os servidores são expostos constantemente, entre elas citou a falta de organização da instituição, que designa servidores para missões com deslocamento e pernoite, sem que haja o pagamento anterior de diária. Salientou ainda que essa situação se agrava quando a Administração ainda determina o hotel no qual os policiais terão que pernoitar, exigindo o pagamento antecipado dessa pernoite, comprometendo os recursos financeiros pessoais dos servidores. Outro exemplo é o desvio de função e a subutilização de profissionais, em detrimento do movimento grevista.
 
 
Muitos policiais que foram vítimas de retaliação e assédio moral preferiram não comparecer à audiência por se sentirem envergonhados e emocionalmente instáveis com a situação na Polícia Federal. Em alguns setores, mais de vinte servidores já procuraram assistência psicológica.
 
O psicólogo Arthur Lobato sustentou que a retaliação sofrida por esses servidores afeta suas condições psíquico-emocionais. “Estão acabando com a saúde mental dos servidores e, em consequência, adoecendo todo o Departamento”, concluiu.
 
 
 
Arthur Lobato - Psicólogo
 

Um dos depoimentos de servidores que sofreram retaliação indaga o motivo pelo qual a instituição se sentiu incomodada com o movimento de greve. “Enquanto a greve estivesse discutindo apenas salários e estivéssemos fazendo apenas panfletagem e operações em aeroportos, estaria tudo bem, era só fazer acordos; mas a partir do momento em que nós começamos a pedir percentual de inquéritos que são utilizados pelo Ministério Público e cobrar auditoria desses grandes projetos como o VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado), começou a retaliação e a ferocidade, porque estamos discutindo gestão, estrutura e modelo de polícia”.
 
 
O deputado Durval Ângelo lembrou que o fim da greve foi acompanhado da assinatura de um acordo em Brasília estabelecendo a não repressão contra os participantes do movimento e a continuidade da negociação com o Governo Federal. “Pode ter certeza que vou levar essa questão ao ministro da Justiça. Essa proibição do superintendente, que determinou que o ponto dos policiais federais que viessem à reunião hoje às 9 horas seria cortado, foi quase uma comprovação do assédio moral. Por isso mudamos o horário da reunião e ela está acontecendo à noite. Não é assim que se constroem um Estado democrático de direito e a cidadania”.
 
 
Analisando os estudos e depoimentos dos servidores da Polícia Federal de Minas Gerais, os representantes da Comissão afirmaram que as atitudes da administração da PF são resquícios da ditadura, e sugeriram enviar o caso para ser acompanhado pela Comissão Nacional da Verdade.
 
 
Luiz Antônio Boudens - Diretor de Relações Sindicais do SINPEF/MG
 

A Comissão de Direitos Humanos ainda propôs um contato permanente com os Policiais Federais de Minas Gerais. Foi aprovado por todos os membros da comissão um requerimento para que as notas taquigráficas e os estudos documentados sejam enviados à Procuradoria Geral da República e à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, com a intenção de provocar um pedido de reunião com o superintendente da Polícia Federal de Minas Gerais, Sérgio Barbosa Menezes, com o ouvidor-nacional da Polícia Federal e com o ouvidor-nacional de Direitos Humanos.
 
Audiência Pública foi exibida ao vivo pela TV Assembleia
Rodrigo Porto - Presidente do SINPEF/MG concedeu entrevista à veículos de comunicação de Belo Horizonte
  


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