quarta-feira, 10 de maio de 2017

Assédio moral e o adoecer do trabalhador

Por Arthur Lobato, psicólogo, responsável técnico pelo Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG.
O assédio moral no trabalho é um fenômeno perverso realizado através de constantes ataques por meio de atos repetidos, persecutórios, sistematizados. A vítima sofre humilhações, tratamento diferenciado, injustiças. Essas atitudes, feitas com a intenção de prejudicar alguém, criam uma ruptura na autoestima e na motivação do trabalhador, levando ao adoecer psíquico e emocional.
Três elementos são essenciais no assédio moral: o agressor, o alvo (vítima) e o contexto que permite que o assédio aconteça (organização do trabalho). Por isso, só se altera o ambiente de trabalho se a empresa ou a instituição estiver envolvida na mudança.
Em todo assédio moral existe a discriminação e não aceitação da diferença. Mas existem diversos tipos de assédio moral no trabalho. O termo “vertical” e “horizontal” tem relação com à hierarquia.
O assédio moral vertical descendente é o mais comum. É aquele praticado pela chefia contra seu subalterno. Segundo Freitas, Heloani e Barreto trata-se do caso mais comum de expressão de abuso de poder e tirania de chefes nas estruturas muito hierarquizadas. Os chefes se sentem “deuses” impunes e estão na raiz desta ocorrência.
Já o assédio moral vertical ascendente é quando algum subordinado pratica o assédio moral contra o chefe, e é muito raro em função das relações desiguais de poder, entre chefe e subordinado. Pode ocorrer quando o subordinado tem acesso privilegiado ao seu chefe ou aos pares de seu chefe, e utiliza esse acesso para maledicências, fofocas, intrigas, injúrias.
Quando o assédio moral acontece entre colegas é chamado de assédio moral horizontal. Parte do grupo exerce o assédio contra outro grupo: mais novos contra os mais velhos; mais capacitados que almejam promoções e discriminam aqueles que consideram menos capacitados. “Os grupos tendem a nivelar os indivíduos e a não suportar as diferenças. As distinções podem servir de pretexto para desencadear agressões que aos poucos podem se tornar assédio moral”.
Freitas, Heloani e Barreto afirmam: “no nível organizacional são vários os efeitos nocivos, entre eles: o afastamento de pessoal por doenças e acidentes de trabalho, a elevação do absenteísmo, e o turn-over (rotatividade)”. Marie-France Hirigoyen, especialista no tema, denuncia também o assédio institucional, que é um instrumento de gestão do conjunto de pessoal.
Em todo assédio moral há manipulação para se adquirir poder, sendo a inveja, o ciúme e a rivalidade o combustível do assédio moral. Caso não seja impedido, pode causar danos irreversíveis à saúde do trabalhador, prejudicando o ambiente de trabalho como um todo.
Somente a prevenção, o debate, o diálogo e as mudanças na organização do trabalho podem alterar esta realidade.

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