terça-feira, 6 de novembro de 2018

Oposição pede audiência pública para debater PL que altera lei antiterrorismo

Relatório do senador Magno Malta, que não foi reeleito mas poderá participar do próximo governo, tipifica manifestações públicas como como crime de terrorismo.

O Brasil inteiro viu no último dia 28 de novembro, no primeiro pronunciamento de Jair Bolsonaro como presidente eleito, a presença do atual senador Magno Malta (PR/ES) ao lado do candidato vitorioso no pleito para o cargo máximo da República brasileira. Malta foi designado por Bolsonaro para conduzir uma oração de agradecimentos pelo êxito de sua campanha. O senador, que termina seu mandato em janeiro próximo, não foi reeleito. Mas, depois de ter sido até cogitado para compor a chapa vencedora, como candidato a vice, e pela frequência com que foi visto ao lado do candidato do PSL nos últimos dias da campanha para o segundo turno, há fortes indícios de que será convidado a ocupar um cargo no staff do próximo governo.

Detalhe: Malta é o relator do PLS 272/2016 (altera a Lei 13.260/2016, a fim de disciplinar com mais precisão condutas consideradas como atos de terrorismo), de autoria do senador Lasier Martins (PDT/RS). Com certeza, fará todo o empenho para que a matéria seja aprovada ainda neste ano, mas, não sendo possível, fará isso na próxima legislatura como provável interlocutor do executivo junto ao legislativo. E terá, evidentemente, “carta branca” de Bolsonaro para desenvolver esse trabalho, pois, ao longo de sua campanha, o futuro presidente da República afirmou que não toleraria “ativismos” em seu governo.

Na prática, o PLS 272/16 recupera pontos vetados à época da sanção da lei antiterrorismo. A matéria tramita na CCJ da Câmara, mas em caráter terminativo, devendo seguir direto para a Câmara após aprovada por essa comissão do Senado. Em seu relatório, Magno Malta acolhe emendas que acrescentam os movimentos sociais e sindicais, sujeitando as manifestações por quaisquer motivos, à interpretação como ato de terrorismo, por parte da autoridade, e prevendo punição para quem de alguma forma protege o acusado de terrorismo. “São dispositivos que abrem possibilidade a todo tipo de abuso contra a defesa de direitos e a ocupação dos espaços públicos como praça dessa defesa”, avaliou a Fenajufe em matéria publicada em seu site no ano passado.

Na última quarta-feira (31/10), foi protocolado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado requerimento do senador Lindbergh Farias (PT/RJ) reivindicando a realização de audiência pública para discutir mais amplamente o conteúdo do projeto e evitar que seja aprovado.

O Sindicato ficará atento ao andamento da matéria e orienta os servidores do Judiciário Federal a fazerem o mesmo e se prepararem para a luta para impedir sua aprovação. Afinal, caso o projeto venha a ser a provado, poderá praticamente inviabilizar a realização de manifestações dos movimentos sociais e sindicatos.


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