terça-feira, 30 de outubro de 2018

Estudo sobre saúde do servidor da Justiça estadual

Na noite da quarta-feira (24/10), o SERJUSMIG reuniu em sua sede professores pesquisadores da UFMG, alunos, diretores do Sindicato e colegas sindicalistas para o lançamento em livro do vasto estudo intitulado “Situação de saúde e condições de exercício profissional dos Servidores da Primeira Instância do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.”
Também estiveram presentes o coordenador geral do SITRAEMG Célio Izidoro e o psicólogo Arthur Lobato, que integram o Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral do Sindicato. Lobato é também psicólogo do Departamento de Saúde do Trabalhador do Serjusmig.

 A pesquisa teve início em 2015, quando o SERJUSMIG, preocupado com o crescimento do índice de adoecimento dos Servidores, decidiu contratar uma equipe multidisciplinar da UFMG para realizar uma pesquisa minuciosa, que refletisse a realidade vivenciada por servidores de todo o estado.
Ao longo de quase 100 páginas, o livro traz à tona dados concretos sobre os principais problemas geradores de insatisfação, adoecimento e afastamento do trabalho.
“Nosso principal objetivo com esse estudo foi conseguir mapear as condições laborais e de saúde dos servidores, para que possamos, assim, subsidiar as possíveis ações do Sindicato”, explica Sandra Silvestrini, presidente do SERJUSMIG. “Embora o Sindicato seja visto como um instrumento para se buscar melhoria salarial, isso não é tudo. Porque de nada adianta conquistar avanço na carreira se o Servidor não tiver saúde”, diz.
O trabalho teve início com visitas in loco para que os pesquisadores conhecessem de perto o universo a ser estudado. Em seguida, foram feitas entrevistas por telefone com uma amostragem de servidores que, cientificamente, representa todos os servidores da Primeira Instância do estado.
“A pesquisa é pioneira ao revelar o cotidiano desses servidores num momento de transformação tecnológica e de exigências da sociedade para a melhoria dos serviços jurisdicionais. A gente viu que é possível criar dispositivos e estabelecer estratégias para melhorar a qualidade dos serviços na medida em que haja valorização dos servidores, aprimorando o ambiente de trabalho, facilitando o trabalho, reconhecendo os problemas de saúde que existem e estabelecendo meios para a promoção da saúde”, argumenta a professora doutora Ada Ávila Assunção, editora chefe do trabalho.
Para o psicólogo da Saúde do Trabalhador do SERJUSMIG, Arthur Lobato, uma pesquisa como esta que foi encomendada pelo Sindicato tem uma força argumentativa muito grande, uma vez que mostra ao Tribunal que, antes de tudo, é importante valorizar o ser humano e a saúde desse servidor. “Números vêm sendo mais importantes que pessoas. O patrimônio verdadeiro, que é a saúde mental, é deixado de lado”, ressalta.
O professor Rafael Moreira Claro, professor do departamento de Nutrição da UFMG, que também fez parte da equipe, disse que foi impressionante constatar, pela pesquisa, que histórias que pensamos que haviam desaparecido com a informatização, como o excesso de trabalho, as longas jornadas e processos em grande volume tramitando em papel, permanecem fazendo parte da realidade do trabalhador do Judiciário. “Não podemos aceitar com normalidade muitos dos problemas hoje frequentes entre os servidores, como excesso de peso, problemas para dormir, uso de ansiolítico, acúmulo de trabalho e trabalho que excede a carga horária regular”, adverte.
“A minha equipe avaliou tanto as condições objetivas de trabalho, como o software (PJe), quanto as condições ambientais de trabalho e como essas condições estão relacionadas a alguns processos de adoecimento. Partindo disso, a gente fez um levantamento que foi usado, principalmente, para a composição do questionário. A grande importância disso é que quando nos aproximamos da ameaça, há chances de prevenir o adoecimento”, ressalta Adson Eduardo Resende, pesquisador do Laboratório de Interfaces e Produtos Ergonômicos da UFMG também membro da equipe.
O diretor do SINJUS, Alexandre Pires, destacou que há hoje no TJMG um intenso processo de estagiarização, de terceirização e de exigência de aumento da produção. “Esse trabalho vai ser muito útil para que outros sindicatos possam atuar com ele também em suas bases. Espero que este seja o primeiro trabalho de vários. Parabéns à direção do SERJUSMIG”.
Também presente ao evento, o coordenador do SITRAEMG, Célio Izidoro, considerou que “um dos papeis do movimento sindical é convencer os patrões que os trabalhadores têm limites. E esse estudo é uma ferramenta concreta que vai nos subsidiar no dia a dia para que o trabalho não seja o nosso vilão”.
Por fim, o vice-presidente do SERJUSMIG, Rui Viana, um dos idealizadores e grandes defensores do estudo, agradeceu o apoio de todas as pessoas que possibilitaram a realização dessa pesquisa sem precedentes. “Mesmo com todas as dificuldades, foi impressionante a grande acolhida que tivemos de todos os envolvidos nesse processo, especialmente dos servidores”, salientou. “Nos colocamos como parceiros do Comitê de Saúde do Tribunal de Justiça, principalmente porque este estudo não termina aqui. Aqui começa o início do nosso processo de atuação”.
O livro será distribuído a todas as comarcas durante o XX Encontro de Delegados do SERJUSMIG e também disponibilizado em nosso site.
Fonte: Serjusmig / Sitraemg

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