O debate sobre saúde do trabalhador, especificamente, não estava incluído na programação da Reunião do Conselho Deliberativo do SITRAEMG que está sendo realizada neste fim de semana (de 23 a 25/11), no Sênior Village Hotel (antigo Hotel Fazenda Canto da Siriema), na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Mas, a pedido do psicólogo Arthur Lobato, coordenador técnico do Departamento de Saúde e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do Sindicato, foi-lhe cedido espaço no início da tarde deste sábado (24/11) para apresentar um resumo do trabalho do setor.
Lobato lembrou que o departamento trabalha em três eixos: prevenção (estudos, análises), intervenção e acolhimento. Os tribunais, afinal, trabalham com o efeito final dos problemas dos servidores. “As instituições trabalham no efeito final: tratamento da doença. Como vai manter a saúde se você está passando por problemas por pressão nos locais de trabalho?”, questionou.
Ele também apresentou um resumo das atividades desenvolvidas neste ano de 2018, elencando, por exemplo, a análise de documentos do CNJ, TRT, TE, JF; muita leitura sobre o tema; produção de artigos para o site do Sindicato; elaboração de relatórios técnicos; atendimentos individuais e coletivos; participação em comitês gestores de saúde do TRT e TRE; realização de rodas de conversa; aprovação de teses do DSTCAM no XI Congresso do SITRAEMG, no último mês de maio, em Uberlândia; dentre outras. Ele, individualmente, participa também de congressos e seminários a respeito da saúde do trabalhador e de vários cursos de aprimoramento dos conhecimentos na área. As rodas de conversa foram com assistente de juízes e agentes de segurança. Está realizando agora um trabalho com os oficiais de justiça.
O psicólogo enumerou algumas medidas do governo que contribuem em muito para o adoecimento dos servidores. A EC 95 gerou cortes de recursos nos tribunais e a sobrecarga de trabalho traz insatisfação entre os servidores e, em consequência, mais sofrimento. Também prejudicam a categoria a terceirização sem limites, o teletrabalho e a política de metas por produtividade. Todas essas políticas trazem fortes impactos sobre a saúde do servidor, tais como esgotamento profissional, sensação de não dar conta do trabalho, dificuldade de não se adaptar às novas tecnologias. E o sofrimento e adoecimento, como são subjetivos, gera desconfiança, com as pessoas o tachando de fingido.
O neoliberalismo e toyotismo, que são modelos de gestão que visam à exploração da força de trabalho, traz precarização, perda de direitos e até o fim do emprego. Muitas vezes, pontuou o psicólogo, o servidor ainda se sente culpado por uma situação na qual é vítima. Quando procura o sindicato é que vai começar a entender que a culpa não é dele.
Lobato citou alguns exemplos de mortes decorrentes do excesso do trabalho. Por exemplo de uma pessoa que chegava a trabalhar até 110 horas por semana em uma companhia processadora de salgadinhos. Morreu de ataque cardíaco com 34 anos de idade. Um motorista morreu de esgotamento depois de ter trabalhador mais de 3000 horas por ano. Tem ainda a questão do suicídio, que é muito comum em razão do excesso de trabalho e pressão nos locais de trabalho.
“O mais importante é a prevenção. Se vocês conhecerem algum colega que esteja passando por sofrimento em decorrência do trabalho, fale com ele para procurar o Sindicato”, orientou.
Também compuseram a mesa, nesse debate, os coordenadores Wallace Marques (que conduziu os trabalhos) e Artalide Lopes, além dos diretores de base Carlos Wagner, servidor do TRT de Pará de Minas, e Deise Andrade, da Justiça Federal de Juiz de Fora.
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