sábado, 21 de março de 2020

Autoestima


*Arthur Lobato


O psicanalista francês Jacques Lacan afirmava que, na mente humana circulam três registros psíquicos: o real, o simbólico e o imaginário. No aspecto imaginário, temos a construção de nossa autoimagem, sempre referendada pelo outro. Assim, pensamos sobre o que somos e o que os outros pensam de nós.


Mas só nos conflitos temos acesso ao que os outros realmente pensam de nós – quando o desabafo revela o que estava oculto nas brincadeiras, sempre com uma verdade transmitida de forma ambivalente, com duplo sentido, nos atos falhos e lapsos de linguagem (que são manifestações do inconsciente no discurso racional), revelando algo que estava oculto.

A autoestima e o outro

Ter autoestima quer dizer gostar de si próprio. Mas, para isso, precisamos dos sinais positivos do outro, para que nossa autoestima fique em alta. Sabemos o quanto um elogio, ou reconhecimento de nosso valor, faz bem; e como é difícil aceitar a crítica, o erro. Assim, nossa autoestima varia “economicamente”, podendo estar em alta ou em baixa, como ações na Bolsa de Valores.
A autoestima tem, na família e no meio social, fatores preponderantes que vão marcar o sujeito pelo resto da vida. A genética também é importante, mas insistimos no “outro” como formador e “combustível” de nossa autoestima.


Trabalho e auto estima
Hoje em dia, o trabalho ocupa a maior parte do nosso tempo e é onde nos relacionamos com os outros. A autoestima é um valor subjetivo, mas está provado que pessoas que suportam melhor os desafios e sabem lidar de forma positiva com conflitos e problemas têm mais autoestima.


Por outro lado, quem está com a autoestima em baixa tem tendência a não suportar conflitos, mesmo sendo muito competente e eficaz. Racionalmente, são indivíduos capacitados; mas, emocionalmente, são vulneráveis. Assim, muitas vezes, brincadeiras de mau gosto, zombarias, piadas sobre o corpo, o gênero e a idade têm consequencias danosas sobre pessoas com baixa autoestima.


Afinal, as constantes humilhações, as injustiças, a perseguição e a discriminação causam marcas profundas no psiquismo. Dor que não tem fim, como as crises de choro (sintoma, dessa dor emocional), e a eterna dúvida: o que esta acontecendo? O que fiz de errado? Por que estou sendo discriminado e isolado?


Atacada e acuada, sem o referencial do outro, com a autoestima em baixa, a vítima não percebe que está sofrendo uma das formas mais torpes de se destruir um ser humano: o assédio moral. Prática que devemos combater, como um compromisso ético em prol da saúde mental e emocional de todos os trabalhadores.
Segundo a doutora Margarida Barreto, Esther Freitas e o professor doutor Roberto Heloani o conceito de assédio moral é:

Uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que ocorre no ambiente de trabalho, e que visa diminuir, vexar, constranger, desqualificar e demolir psiquicamente um indivíduo ou um grupo, degradando as condições de trabalho, atingindo sua dignidade e colocando em risco sua integridade pessoal e profissional.


Procure um psicólogo se você estiver com os sintomas descritos neste artigo, ou vivenciando conflitos, ou assédio moral no trabalho.


*Arthur Lobato, psicólogo cadastrado para atendimento on line pelo Conselho Federal de Psicologia



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