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Carlos Eduardo Carrusca, doutor em Psicologia e professor da PUC/MG |
Segundo o palestrante, o que se vê, no
mundo do trabalho, são as práticas de gestão dentro da lógica do
capital, com mecanismos de controle cada vez renovados, exigências de
produtividade e celeridade, cumprimento de metas, e a iniciativa e
autonomia do trabalhador cada vez mais jogadas de lado. O trabalhador
vive pressionado, propício ao adoecimento e, por vezes, até ao suicídio.
Também
destacou a prática de assédio moral nos locais de trabalho, definindo o
assédio como uma violência psicológica capaz de atingir a dignidade e a
autoestima do trabalhador, expondo-o à humilhação e constrangimento,
podendo ser praticado de forma vertical, mas também horizontal. Mas essa
prática, ensinou, deriva da gestão e organização do trabalho.
Para
ele, existe também o assédio organizacional, que é o decorrente de uma
política de violência com a finalidade de melhorar a produtividade ou
reforçar o controle à submissão, podendo se dar por estresse, injúria ou
medo, e apresentando como principais sintomas a ansiedade, sensação de
incompetência e isolamento.
O professor
da PUC/Minas também mostrou o seguinte relato de um trabalhador
assediado: “A consequência pior que fica não é fisicamente é a
moralmente, psicologicamente é o trauma que você fica, você já fica
cismado com todo mundo, você já vai com medo do que você possa ouvir e
escutar de alguém. Fica o trauma mais é psicológico mesmo não é? A
consequência que fica é psicológica, porque fisicamente você toma o
remédio e cura, e psicologicamente você fica ali com isso”.
Citando
um caso de um trabalhador que teria sido vítima de um trauma psíquico
no trabalho, mas, na apuração do caso, apresentou uma explicação
confusa, o palestrante disse que é preciso o profissional de saúde
conhecer a fundo a história do reclamante, pois “cada caso é um caso
diferente”.
São as seguintes as medidas de prevenção
ao adoecimento psíquico que ele recomenda: a ameaça de morte sobre a
qual falam os trabalhadores não se refere, apenas, às agressões físicas,
geralmente, mais visíveis; ela se reporta às violências psicológicas,
praticadas por meio da linguagem; a proteção da saúde dos trabalhadores
deve passar pelo apoio aos trabalhadores e pela transformação dos modos
de gestão e organização do trabalho. Os primeiros auxílios psicológicos:
apesar da pesquisa incipiente, experiências de intervenção
imediatamente após um evento traumático mostram que o apoio psicológico
ajuda a suportar melhor os efeitos das situações, a pronta intervenção
pode revelar-se vital para evitar danos psicológicos no futuro.
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O palestrante recebe da coordenadora Vilma Lourenço uma lembrança da diretoria do SITRAEMG |
O
palestrante também informou que as primeira medidas preventivas devem
ser: oferecer proteção, segurança e esperança; proporcionar ou aliviar
de forma imediata os sintomas de stress agudo; facilitar a recuperação
espontânea; identificar e encaminhar afetados por emergências
psiquiátricas ou em risco de desenvolver algum transtorno psiquiátrico.
No
espaço para debates, Francisca Reis da Silva Barros Menzel, servidora
do TRT de outro estado que assina a “Declaração dos direitos de uma
vítima de assédio moral”, publicada na primeira página do jornal do
DSTCAM, editado dias atrás, disse que busca hoje a solidariedade, “que é
não aceitar o assédio moral, é sair da caverna e ver a realidade”. E
desabafou: “Se questiono algo, cale a sua boca, se estou insatisfeita, a
porta está aberta; luto por justiça, e ela sé existe quando tratamos as
pessoas por igual. Tudo passa pela valorização do ser humano, pelo
respeito ao ser humano”.
O palestrante
reafirmou que não se consegue eliminar o assedio moral sem mudar a
estruturação organizacional: o modelo precisa ser transformado. Para o
trabalhador reagir aos traumas psíquicos, é ter alguém para atendê-lo, e
o psicólogo faz esse trabalho, de leitura das marcas.
Ao final, foram sorteados alguns exemplares do livro "O Juiz sem Toga", de Herval Pina Ribeiro, como brinde para alguns participantes do evento:
Publicado em: http://www.sitraemg.org.br
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