Encontro contou com a participação do Departamento de Saúde e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG
Nessa
terça-feira (09/08), a nova diretoria do SITRAEMG se reuniu com a
diretoria administrativa da Justiça Federal, sessão judiciária de Minas
Gerais. O objetivo, além de apresentar formalmente a nova diretoria, foi
discutir questões relativas à saúde do servidor, a avaliação de
desempenho, selo de qualidade das varas, planejamento estratégico e o
assédio moral decorrente desses processos. Representando
a administração participaram as servidoras Eloísa Cruz (Secad), Renata
Pimenta (Nubes), Amanda Nunes (Sepso), Auxiliadora Amâncio (Nucre) e
Claudete Iara Rodrigues (Semad). Pelo SITRAEMG, participaram o
coordenador geral Carlos Humberto Rodrigues, o coordenador financeiro
Nestor Santiago, ambos da Justiça Federal, e o psicologo responsável
pelo DSTCAM, Arthur Lobato.
Carlos
Humberto iniciou a reunião falando da nova diretoria, que teve sua
gestão iniciada há 2 meses, e de seu objetivo de estabelecer uma boa
relação de dialogo com a administração. O coordenador afirmou que a
composição da nova diretoria beneficiará essa relação, pois, diferente
da gestão anterior, agora há quatro coordenadores da Justiça Federal,
sendo dois deles na capital.
Já
entrando no tema da saúde do servidor, Carlos Humberto elogiou a
implementação do software de pausas, que avisa o servidor sobre a
necessidade de fazer pequenos alongamentos e pausas para comer e se
hidratar durante o trabalho. Não obstante, o coordenador ressaltou que o
software por si só não resolve, caso não haja uma superação da
resistência dos juízes, diretores de vara e dos próprios servidores em
aplica-las.
O coordenador financeiro
Nestor Santiago afirmou que a gestão da diretora do Foro, juíza federal
Simone dos Santos Lemos Fernandes, tem se demonstrado uma surpresa muito
agradável, por fazer uma gestão mais humanizada. O coordenador, porém,
pontuou algumas questões como o aumento do volume de trabalho,
acompanhada da redução crescente do número de servidores. Nestor pontuou
que o planejamento estratégico deve ser repensado em alguns pontos,
para evitar uma competição pouco saudável à saúde mental dos
servidores. Nestor também relatou que a o assédio moral é acentuado
pelas metas, e que isso muitas vezes não tem a ver com a prestação
jurisdicional. “Correr para atingir a certificação, mesmo quando as
metas estão muito distante de serem atingidas, sem avaliar a situação
específica de cada vara, são um terreno fértil para o assédio moral.
Claudete
Rodrigues explicou que desde 2004, com a EC 45/04. O modelo de gestão
da Justiça passou a cobrar dos servidores um profissionalismo e um grau
de exigência que eles não estavam acostumados. E que essa mudança de
mentalidade tem sido gradual. “A administração não tem sido alheia à
discussão da sobrecarga de trabalho, mas a diminuição de servidores
tende a aumentar com as aposentadorias e restrição ao concurso, impostos
pela emenda 95/16, temos que trabalhar com essa realidade”, justificou.
Mas o planejamento estratégico não se resumem a metas. Segundo a
servidora, relacionamento, equipe e gestão de tempo são prioridades pra
compensar o impacto das metas. “Mas os processos de trabalho assumem uma
dinâmica a partir da implementação da tecnologia, isso impõe que o
serviço público se adapte, assim como a iniciativa privada tem se
adaptado. A meta é só parte disso, e é um direcionamento de como as
coisas devem ser trabalhadas. Sou otimista, acho que o processo pode ser
lento, mas ele é trilhado. “, afirmou.
O psicólogo responsável pelo DSTCAM, Arthur Lobato, afirmou que uma das funções do Sindicato é escutar o que os trabalhadores têm a dizer, “sabemos que a fala de um servidor não representa a realidade de todo o Tribunal, mas entendemos que realidades como aquela, de sofrimento, podem se repetir e podem ser prevenidas”. Lobato concordou que as mudanças no serviço público são irreversíveis, “mas o tempo de mudança da cabeça do ser humano não acompanha a velocidade das atualizações tecnológicas, e precisamos entender isso, principalmente em uma categoria que envelhece numa velocidade maior do que se renova”. Lobato também ponderou sobre o “selo de qualidade”, que em um primeiro momento se mostra como um projeto interessante, “mas a medida que ele é implementado percebemos que existem falhas. É precisamos identifica-las para corrigi-las e preveni-las. O incentivo é positivo, mas a competição e os instrumentos de punição para os servidores com mais dificuldade de adaptação, podem ser muito danosos ao ambiente de trabalho”, comentou.
O psicólogo acrescentou que uma boa gestão deve ser construída com vários olhares. Por isso a democracia, transparência, participação do Sindicato e dos servidores é essencial para assegurar que o plano seja aplicado de forma eficiente, mas levando em consideração a realidade de cada local de trabalho. “Meta e produtividade por si só não é assédio moral. Assédio moral é uma coisa séria, não é só competição interpessoal, mas a competição pode agudizar processos de assédio e sofrimento psíquico”, e acrescentou “muitas vezes, o que precisamos combater é o imaginário coletivo, e as ambições que se criam em torno disso.”, para Lobato, a melhor forma de combate, é colocar os servidores para participar do processo.
As
representantes da administração concordaram com o Psicologo, mas
apontaram as limitações do próprio Tribunal. A administração também é
cobrada pelo CNJ é CJF. “Não queremos criar um clima de competitividade,
mas sim incentivar, expor as boas práticas. E tirar as pessoas da zona
de conforto mesmo. Mudar o comportamento e a forma de pensar do servidor
público não é fácil. Qualquer mudança traz reação”, observou a diretora
administrativa Eloisa Cruz.
Os
representantes do SITRAEMG explicaram que superar essas limitações é o
objetivo da Entidade. “Queremos discutir esses temas em uma instância
que isso possa ser realmente aplicado, por isso queremos participar do
comitê gestor, criado pela resolução 207/15”. Lobato ponderou que nas
Justiças do Trabalho e Eleitoral, esse objetivo já foi cumprido. Mas
ainda parece distante na Justiça Federal. “O projeto não foi criado nem
por essa sessão judiciária, assim, a implementação vai mesmo escancarar
as contradições. O SITRAEMG é essencial nesse processo de adequação, e o
departamento de saúde pode contribuir muito nisso”, pontuou.
Nestor
concordou com Eloísa, “o tamanho do TRF-1 é um problema”, mas advertiu
que é preciso disputar os espaços para que a sessão de Minas Gerais
tenha representação. “Minas não pode deixar de participar, se não todas
as decisões são tomadas de acordo a realidade de Brasília. Quando as
resoluções são tomadas sem a participação dos servidores, só nos resta
aplica-las e isso gera uma série de problemas, de insatisfação com o
trabalho, o que acaba recaindo na prestação de serviço ao
jurisdicionado”, comentou.
Encaminhamentos
Os
coordenadores do SITRAEMG propuseram uma parceria entre o DSTCAM e o
comitê de saúde da Justiça Federal, para promover palestras e rodas de
conversa sobre o tema do assédio moral e da saúde do servidor. Os Juízes
Federais têm formulado sobre a pauta do assédio moral, mas sobre uma
análise judicial; o DSTCAM, aborda o tema pela perspectiva do sofrimento
do assediado. Promover espaços que permitam esse dialogo e
contraposição de ideias, permitirá a abertura de horizontes pra prevenir
e remediar os problemas que existem.
O
SITRAEMG também quer fazer um estudo sobre o absenteísmo e suas
causas. Para isso, é preciso ter acesso aos números dos Tribunais. O
pedido será encaminhado formalmente através de ofício.
Também
foi solicitado uma explicação mais detalhada sobre os critérios e
aplicação do selo de qualidade. Com o glossário de normas, e os
resultados que o projeto tem trazido para o Tribunal.
Segundo
o coordenador geral Carlos Humberto Rodrigues, o Sindicato seguirá em
dialogo com a administração do Tribunal com a intenção de sempre buscar
as melhores saídas para as situações que possam comprometer a saúde do
servidor. O Sindicato também reitera o papel do DSTCAM, e a importância
dos atendimentos individuais aos servidores que se sentem vítimas de
assédio moral. “O Sindicato está aqui para ouvir e a acolher os
servidores em suas demandas, sempre com muito sigilo e respeito ao
servidor que se encontra em situação de sofrimento”, finalizou.
Publicado em: http://www.sitraemg.org.br/
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