Nota pública: FENAJ repudia violência e assédio contra mulheres jornalistas
Escrito por: Redação
Fonte: Fenaj
Fonte: Fenaj
A Federação Nacional de Jornalistas – FENAJ, por meio de sua Comissão
Nacional de Mulheres, vem a público manifestar repúdio ao jornalista
Guilherme Goulart e ao jornal Correio Braziliense pela coluna “A
Estagiária”, da Crônica da Cidade, publicada ontem, 11 de setembro.
Trata-se de manifestação misógina e reveladora de como as diferentes
formas de violência contra as mulheres jornalistas e estudantes de
Jornalismo ocorrem no exercício de suas atividades profissionais, as
quais vilipendiam os direitos das mulheres como trabalhadoras e cidadãs.
As mulheres são maioria no Jornalismo (64% da categoria). É inaceitável
que ambientes de trabalho se organizem por desigualdades e
discriminações com base em gênero, em que as relações de poder são
estabelecidas para tolher e penalizar as mulheres no mundo do trabalho.
É inadmissível o modo com que Gourlart naturaliza a sexualização de uma
estudante de Jornalismo, evocando o machismo que ataca as mulheres de
modo cruel e extremamente agressivo. Os assédios moral e sexual são
inadmissíveis na conduta de qualquer jornalista, em qualquer ambiente
profissional e no conteúdo de qualquer gênero e ou produção
jornalística, uma vez que violam os direitos humanos das mulheres, entre
eles, o de viver sem violência.
Arthur Lobato participou do Congresso Extraordinário para revisão do Código de Ética. Vitória, 04 de agosto de 2007/FENAJ |
O jornalista utilizou o mesmo espaço editorial para reconhecer seu erro
e pedir desculpas na edição de hoje, 12, do Correio Braziliense. Mas
eventuais retratações ou pedidos de desculpas públicos – muitos deles
empreendidos para silenciar as mulheres –, não podem escamotear o
urgente debate a ser travado pela categoria sobre as violações de
direitos sistemáticas dirigidas a mulheres jornalistas, o que invalida a
condição de igualdade no exercício da profissão e a necessária
transformação nas relações de trabalho entre homens e mulheres.
Por colegas de trabalho, chefias e fontes, as mulheres jornalistas têm
convivido – na maioria das vezes, silenciosamente e com rara
solidariedade – com o machismo, a despeito de denúncias que pouco têm
resultado em mudança de comportamento de profissionais e veículos de
comunicação.
A FENAJ, por meio de sua Comissão Nacional de Mulheres Jornalistas,
solidariza-se com todas as estudantes de Jornalismo e mulheres
jornalistas que tenham vivido ou ainda sejam alvo de práticas machistas
em redações jornalísticas, agências e assessorias de comunicação,
reiterando o seu posicionamento contrário ao machismo, ao racismo, à
lesbofobia e a outras formas de discriminação das mulheres. Ressalta o
compromisso com a equidade de gênero, raça e etnia e o empoderamento das
mulheres, compromisso que é resguardado nos congressos de jornalistas e
documentos normativos, para assegurar os direitos humanos das mulheres.
Brasília, 12 de setembro de 2017.
Comissão Nacional de Mulheres.
Diretoria da FENAJ.
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