10º CONGREJUFE
O painel Reestruturação Produtiva no PJU e MPU (condições de trabalho e política salarial) e Inteligência Artificial, na manhã desta segunda-feira (29/04), atraiu bastante a atenção dos servidores presentes no 10º Congrejufe (Congresso Nacional da Fenajufe), que se realiza no Monte Real Resort Hotel, em Águas de Lindóia (SP), de 27/04 a 1º de maio. O servidor da Justiça Eleitoral de São Paulo Démerson Dias falou sobre a primeira parte do painel (Reestruturação produtiva no PJU e MPU) e Edmundo Veras, secretário de Tecnologia da Informação do STF, abordou o tema Inteligência Artificial. Pena que o painel não contou também com a participação de representante da área administrativa do Supremo, para responder aos muitos questionamentos dos participantes do congresso à falta de relevância do servidor no projeto de implantação da Inteligência Artificial no Órgão e no Judiciário.
Démerson Dias, servidor da Justiça Eleitoral de São Paulo |
A propósito da reestruturação produtiva no PJU e MPU, Démerson Dias salientou que essa é uma discussão necessária na categoria. Lembrando que o salário foi a questão central de todos os Planos de Cargos e Salários (PCSs), ressaltou que, assim como desejado nas propostas do Plano de Carreira que nunca chegaram nem à condição de anteprojeto de lei, é preciso debater as várias questões visando à melhoria da qualidade de vida da categoria, como redução da jornada (sem redução dos salários), melhores condições de trabalho e outras. “Mas temos que colocar para a categoria que, lutar por direitos sem incluir a sociedade nessa discussão, não vai ter êxito. Temos que discutir justiça social para trazer a sociedade junto conosco”, advertiu.
Quanto à Inteligência Artificial, em implantação no Supremo Tribunal Federal, o servidor afirmou que as mudanças tecnológicas são sempre bem-vindas, pois trazem benefícios para a população. Porém, assim como no caso do PJe, é preciso que se discutam também os impactos que trazem sobre a mão de obra dos servidores. Caso contrário, a categoria vai ser dizimada, como aconteceu com categorias como a dos bancários, em consequência do processo de automação. “E a discussão sobre isso tem que começar o quanto antes”, asseverou. Acrescentou, ainda, que também o sindicalismo tem que ser repensado. Para terem êxito em seus objetivos, os sindicatos dos servidores do PJU e MPU devem buscar lutar em conjunto com as entidades de todas as demais categorias de trabalhadores, do serviço público e da iniciativa privada.
“Victor”, o robô do STF
Edmundo Veras é o responsável pela implantação da Inteligência Artificial no Supremo tribunal Federal. Ele explicou que o robô da inteligência artificial é um programa de computador como qualquer outro. O que o diferencia dos demais é que esse programa é feito para oferecer aprendizagem e generalização dos processos, até fazer com que repita as informações gravadas, para substituir o que faz o ser humano no manuseio processual.
Segundo o palestrante, a IA já existe desde 1950, mas se utilizava pouco dessa tecnologia em razão da capacidade limitada dos computadores mais antigos. Com a evolução dessas “máquinas”, passou-se a alcançar com maior êxito o nível da performance do ser humano.
“Victor” é o nome do robô que faz leituras dos processos pelo projeto de IA do STF. Esse nome, explica Veras, é uma homenagem ao ex-ministro Victor Nunes, que foi o responsável pela sistematização da jurisprudência do STF em súmula, o que facilitou a aplicação dos precedentes judiciais aos recursos.
A adoção da IA, com a criação de Victor, surgiu da necessidade de buscar a organização dos processos com maior grau de produtividade, assim como vem ocorrendo em todo o mundo, “para não perder competitividade”. Buscando economia de recursos, o Supremo contou com a pareceria da Universidade de Brasília (UnB) para o desenvolvimento do robô.
Os benefícios dessa ferramenta, assegura o secretário de TI do STF, é ter as pessoas trabalhando em atividade menos repetitivas e mecânicas, o aumento da performance geral em todo o fluxo do processo judicial no STF, economia de até R$ 2 milhões de reais por ano, estímulo à pesquisa e inovação.
Perguntas sem respostas
Passando para os debates, foram muitas queixas apresentadas pelos servidores sobre a implantação de novas tecnologias no poder judiciário. Uns reclamaram que a cúpula do judiciário só visa os resultados, não levando em consideração a situação dos servidores. Outros se queixaram que o Judiciário investe em tecnologia para não investir no servidor. Outro, que esses projetos são tocados com os tribunais totalmente alheios ao crescimento do número de casos de adoecimento, assédio moral e até suicídio em razão da precarização das condições de trabalho. Essa falta de diálogo, lembrou outra servidora, só faz aumentar a distância entre a base e a cúpula dos tribunais. E outro mais ponderou que o problema não é a tecnologia, mas essa política de encolher ou acabar com o Estado. “Tudo isso leva o servidor ao sofrimento, ao adoecimento, ao suicídio inclusive”, lamentou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário